Agronegócio
Novas tecnologias no campo ampliam faturamento de produtores rurais paranaenses em 30%
Foto: Arquivo/Jaelson Lucas/ANPr

Novas tecnologias no campo ampliam faturamento de produtores rurais paranaenses em 30%

Sistemas de gestão otimizam processos, aumentam produtividade e garantem sustentabilidade em propriedades no Estado.

Rafael Nascimento - quinta-feira, 21 de dezembro de 2023 - 11:02

O uso de novas tecnologias no agronegócio tem ampliado o faturamento de produtores rurais em até 30% no Paraná. Entre as soluções para o campo estão sistemas de gestão e de precisão, que otimizam processos, aumentam produtividade e garantem sustentabilidade em propriedades, agroindústrias e cooperativas no Estado.

Com o apoio da tecnologia, as anotações a lápis em cadernos e planilhas de computador para o controle de propriedades rurais têm ficado cada vez mais no passado. O estudo “O futuro do agro”, da consultoria Inventta, confirma que digitalização e gestão técnica de fazendas são tendências em consolidação no agronegócio e indica que os dados gerados pelas tecnologias emergentes no campo têm imenso potencial de subsidiar a tomada de decisões estratégicas para o produtor.

“A mecanização e automação serão cada vez mais intensas e necessárias para realizar um manejo mais preciso, eficiente e com impactos positivos na receita da fazenda”, sinaliza o estudo.

Com possibilidade de ganhos financeiros até 30% maiores, é crescente o número de produtores agropecuários que investem em soluções tecnológicas integradas para monitorar sua produção em tempo real.

Na outra ponta do negócio, empresas fornecedoras de sistemas de gestão e de ferramentas digitais de precisão para o setor, como sensores e estações meteorológicas, crescem bem acima da média da economia.

De acordo com o Radar Agtech Brasil 2023, da Embrapa e das consultorias SP Ventures e Homo Ludens, o número de agtechs (startups do setor agropecuário que trabalham com tecnologia) aumentou 14,7% em relação a 2022, enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,9% no último ano.

A tendência desse mercado é expandir ainda mais, impulsionado pelos resultados transformadores de quem já aderiu ao “novo agro”, como otimização de processos, aumento de produtividade e garantia de sustentabilidade. A consultoria 360 Research & Reports estima que o mercado global de agricultura digital crescerá, em média, 15,9% ao ano até 2026, quando atingirá US$ 8,3 bilhões. Até lá, a expansão da conectividade no campo aumentará em R$ 79,6 bilhões o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), aponta estudo do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Gestão baseada em dados

Mulheres e jovens encabeçam a gestão rural baseada em dados. “A tecnologia facilita a gestão a distância, já que não estou 100% do tempo na fazenda”, resume Camila Kunz Boch, sucessora da AJC Agricultura, que administra três propriedades da família no interior do Paraná.

Há um ano e meio, ela usa o software de gestão de propriedades rurais eProdutor para registrar em tempo real as rotinas dos funcionários, como rota diária, limpeza, plantio e máquinas usadas, além do controle de estoque. O sistema também resolveu a dificuldade de conectar o financeiro à lavoura de cereais.

Foto: Divulgação

“O pessoal da fazenda registra as informações ao sair do talhão e outra pessoa faz o checklist. Facilitou para analisar custos e produtividade. Conhecer os números do negócio guia nossas decisões para sermos mais assertivos nos investimentos e melhorarmos”, completa Camila.

Confiabilidade e transparência também levaram o jovem engenheiro agrônomo André Assis, de Terra Roxa, a adotar o eProdutor na gestão dos negócios familiares, como a produção de grãos, piscicultura, avicultura, bovinocultura de corte e silvicultura.

“Consegui separar tudo por centro de custo. Os funcionários acessam do campo, no tablet, notebook ou celular, lançam os dados e, no fim do dia, gerencio as informações para tomar as decisões corretas. Na agricultura, vejo imagens de satélite da localização das pragas no campo, comparo mapas de produtividade, fertilidade do solo e chuva e me planejo melhor para comprar insumos, sabendo preços e consumo da última safra. Na piscicultura, visualizo gráficos de arraçoamento, qualidade e temperatura da água, e faturei 30% a mais no primeiro lote após usar a plataforma. O sistema também ajuda na gestão fiscal e tributária do conglomerado familiar, para sabermos como investir nos próximos anos”, explica André Assis.

Foto: Divulgação

Nas propriedades administradas por Camila e André, a tecnologia também está presente em estações meteorológicas para o monitoramento climático completo de todas as culturas e espécies em tempo real.

“Por muito tempo, os produtores se preocuparam em produzir, mas não paravam para olhar o administrativo. Agora, estão buscando a gestão por causa da diversificação de atividades e para cortar custos”, destaca o engenheiro agrônomo Lucas Dierings, diretor comercial do eProdutor, empresa integrante do grupo SPRO.

Desenvolvido por produtores rurais do Oeste do Paraná, o software foi lançado em 2020. Com módulos de gestão financeira, fiscal, agronômica e zootécnica, permite que produtores de todos os portes gerenciem qualquer espécie animal ou cultura agrícola. 80% dos clientes são mulheres.

“Dobramos o faturamento a cada ano e hoje o eProdutor é usado em 17 estados brasileiros e três países. O desafio é transformar o produtor familiar em uma família empresária”, completa Lucas Dierings.

Veja também: Puxadas pelo Paraná, exportações brasileiras de carne de frango têm alta de 5,6% no ano

Compartilhe