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Sistema de governo da China não nos diz respeito, diz Kátia Abreu

Sistema de governo da China não nos diz respeito, diz Kátia Abreu

Recém-eleita presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Kátia Abreu (PP-TO) critica o co..

Ricardo Della Coletta - Folhapress - sábado, 27 de fevereiro de 2021 - 07:39

Recém-eleita presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Kátia Abreu (PP-TO) critica o componente ideológico na política externa conduzida pelo chanceler Ernesto Araújo e afirma que não cabe ao governo brasileiro opinar sobre o sistema de governo na China.

“O ministro Ernesto deve ter as suas qualidades, ou não teria sido escolhido para o Itamaraty. Eu só acho que precisa repensar a respeito desses conceitos ideológicos”, disse ela, em entrevista à reportagem em seu gabinete nesta quinta-feira (25).

“Se não funcionou no governo da esquerda, não funcionará no governo da direita”, afirmou a senadora, lembrando do período em que as administrações do PT eram criticadas por apostar suas fichas na cooperação Sul-Sul.

Abreu foi ministra da Agricultura no governo Dilma Rousseff e candidata a vice na chapa de Ciro Gomes (PDT) em 2018. Ligada ao agronegócio, foi escolhida para comandar a comissão no biênio 2021-22.

A senadora defende que Ernesto precisa abandonar a retórica de confrontação com a ditadura comunista chinesa. O chanceler tem um histórico de choques com Pequim.

Ernesto já declarou que o Brasil “não venderá a alma” para exportar minério de ferro e soja e, mais recentemente, atacou o que chamou de “tecnototalitarismo” de países com “diferentes modelos de sociedade” -referências à China.

Além do mais, o chanceler praticamente rompeu o diálogo com a embaixada da China em Brasília. Ele chegou a pedir a demissão do diplomata Yang Wanming. A solicitação foi ignorada.

“O sistema de governo chinês não me diz respeito. O Brasil é um vendedor, um comerciante de produtos agropecuários e de tantos outros. Não estamos lá para discutir isso deve ter mudanças de comportamento”, afirmou.

“Há coisas que não são mais opção, são imposição. Nós não temos a opção de não querer a China, nós não temos a opção de não querer a União Europeia”, disse a senadora.

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional sabatina todos os diplomatas indicados para comandar embaixadas fora do país. O novo comando do colegiado gera apreensão entre aliados de Ernesto no Itamaraty.

Abreu esteve no centro da maior derrota do chanceler no Senado: a rejeição da indicação do diplomata Fabio Marzano para chefiar a missão do Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas) em Genebra.

A senadora garantiu que não comandou o voto negativo a Marzano. Ela afirmou, porém, que houve solidariedade dos demais senadores após uma desavença dela com o diplomata. Segundo Abreu, o Senado deu uma “sinalização geral” com a rejeição.

A senadora disse também que o governo precisa “abandonar o negacionismo” nas questões ambientais para permitir o avanço do acordo comercial União Europeia-Mercosul.

“Esse negacionismo, de que isso? Não.”

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