Usinas Hidrelétricas de Espora e Queixada, da JMalucelli, produzem 62 MW em Goiás

Unidades de produção elétrica da JMalucelli Energia geram energia capaz de abastecer uma cidade de aproximadamente 850 mil habitantes.

Do rio Corrente, no município de Aporé, em Goiás, surge por entre matas ciliares, um manto azul que cobre uma área aproximada de 30km² e estaciona silencioso na barragem de aproximadamente mil metros construída com terra e enrocamento. É o lago da Usina Hidrelétrica de Espora, onde a tomada da água alimenta três turbinas Francis Horizontal, com capacidade para produzir 32 MW de energia.

Produtora independente de Energia, a Usina Hidrelétrica de Espora é uma das unidades de produção de energia da JMalucelli Energia, construída em 2006, em sociedade com as empresas CMSA, PLANEX, LAR e MORA. A empresa paranaense é majoritária com 55%. 

Oito quilômetros abaixo da Usina de Espora, no mesmo rio Corrente, a JMalucelli Energia construiu a Pequena Central Hidrelétrica Queixada, com quatro turbinas e capacidade geradora de 30 MW de energia. As usinas possuem 62 MW de potência instalada, mas geram aproximadamente 50 MW médios.

A energia gerada pelas duas hidrelétricas é injetada na linha de transmissão de 110 km até uma central distribuidora que faz parte do Sistema Interligado Nacional – SIN – onde participam empresas de todo o país, trabalhando de forma integrada, o que permite o intercâmbio de energia elétrica entre as diversas regiões brasileiras

As duas usinas geram energia capaz de abastecer uma cidade de aproximadamente 850 mil habitantes, informa a diretora-presidente da JMalucelli Energia, Fernanda de Castro Sawaia. 

Engenheiros João Francisco Bittencourt e João Marcos Moro visitam usinas de Espora e Queixada. Foto: Divulgação

Em visita às duas hidrelétricas, os ex-diretores da JMalucelli Energia S/A, engenheiros João Francisco Bittencourt e João Marcos Moro, que acompanharam suas construções, destacaram os serviços de operação, manutenção e logística, sob a responsabilidade do engenheiro Marcio Sans que conta com uma equipe de 30 funcionários para atender as duas unidades.

QUALIDADE DA ÁGUA NO LAGO E SUSTENTABILIDADE

Equipes de manutenção fazem visitas semanais em torno dos dois lagos para garantia da qualidade da água e da sustentabilidade. Ao menor sinal de invasão por parte de fazendeiros que plantam milho, cana-de-açúcar, capim para alimentar gado e agora também soja nas margens das represas, são advertidos para não comprometer o ecossistema, bem como a abundante fauna silvestre.

Ao observar a sala de controle da produção de energia e explicar seu funcionamento, Moro diz que “o sistema de produção, distribuição e comercialização de energia é um dos mais organizados do Brasil. Energia não é problema no país. O que precisa acertar é o trâmite na liberação de projetos para a construção de novas unidades geradoras que chegam a demorar entre dois a três anos devido à burocracia”.

Segundo Moro, que também acompanhou a construção da Usina de Queixada, “o Brasil caminha para uma boa matriz energética, com as usinas Eólicas que surgem em todo o país, a Hídrica e a Solar. Nosso país é abençoado pela energia, principalmente a Hídrica e a Solar”. 

Hoje, no Brasil, a maior parte da energia gerada provém das hidrelétricas. Elas correspondem a, praticamente, 70% da capacidade de geração instalada no país. A segunda fonte que mais gera energia para o país são as termelétricas, com 14%, em terceiro lugar e com 8%, está a energia eólica. Começa a crescer também no país a energia solar.

O engenheiro João Francisco Bittencourt explica que a JMalucelli Energia surgiu a partir de 2001, no segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país enfrentou uma grave crise energética. A falta de energia afetou a produção, o fornecimento e a distribuição em praticamente todas as regiões.  À época, 89,6% da energia elétrica tinha origem hídrica. 

Com a escassez de chuva e crise energética, lembra Bittencourt, o governo tomou medidas drásticas de redução do consumo para evitar um apagão no País. A partir daí, entre outras medidas, o governo lançou o Plano Emergencial de Energia, estimulando empresas a construírem usinas que gerassem energia. A JMalucelli entrou no mercado e construiu sua primeira termoelétrica em Parnamirim no Rio Grande do Norte, com 96 MW e a PIERP (com utilização do bagaço de cana) em Ribeirão Preto, com 25 MW.

Depois, com a estabilização na produção e distribuição de energia, a JME vendeu seus equipamentos para uma empresa americana que atendeu ao desastre do furacão Katrina, em 2005, que devastou New Orleans. Com essa venda, “iniciamos a construção da Usina Hidrelétrica de Espora e em seguida a de Queixada, no estado de Goiás”, conta Bittencourt. 

COMO FUNCIONA O SISTEMA DE ENERGIA

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

SUSTENTABILIDADE E PRESERVAÇÃO DA FAUNA

Ao longo do lago da Usina de Espora e nas estruturas da Tomada da Água e Vertedouro, são constantes a presença de Araras que fazem desse local seu habitat para procriação e manutenção da espécie. Márcio Sans revela que várias espécies de aves e animais circulam livres no entorno das usinas, como Antas, Emas, Siriemas, javalis e queixadas, além de grande quantidade de tatus.

Araras são uma das espécies comumente encontradas e preservadas na Usina de Espora.
Foto: Divulgação/JMalucelli

“Todos os animais são bem-vindos e fazemos questão de que eles circulem pelas matas ciliares que recuperamos e plantamos ao longo dos lagos. Recentemente, um de nossos colaboradores encontrou uma cobra Sucuri próximo à casa de máquinas e a devolveu ao seu habitat”, diz Sans.

Cobra da espécie Sucuri sendo devolvida ao seu habitat natural. Foto: Divulgação/JMalucelli

Ainda segundo ele, uma Anta passeia quase que diariamente nas imediações da sede e alojamentos onde funcionários fazem suas refeições. O mesmo acontece com um casal e um filhote de Siriemas que se alimentam nos fundos da cozinha e, com seu som agudo,  avisa quando vai chover.

Rica em diversidade, fauna da região das usinas também concentra família de Siriemas.
Foto: Divulgação/JMalucelli