Lira chama governadores para conversa sobre pandemia após ataques de Bolsonaro a medidas restritivas

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamou governadores neste sábado (27) para uma conversa virtual na próxima semana para discutir questões relacionadas à pandemia diante do recrudescimento de casos e mortes por Covid-19.

O aceno ocorre um dia depois de os chefes de Executivo dos estados serem atacados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por causa da adoção de medidas restritivas quando o Brasil enfrenta o seu pior momento na pandemia.

Os governadores criticam campanha de Bolsonaro contra medidas restritivas e falam em insensatez e negacionismo.

A data da conversa entre Lira e os governadores ainda não foi divulgada, mas a intenção do deputado é discutir alocação de recursos no Orçamento e definir projetos emergenciais para pautá-los na Câmara.

Na publicação que fez em uma rede social para expor sua intenção, o presidente da Câmara disse que as propostas a serem votadas terão que respeitar o teto de gastos.

O encontro contará com a participação da presidente da CMO (Comissão Mista de Orçamento), deputada Flávia Arruda (PL-DF), e o relator do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC).

“Com o recrudescimento e nova onda da pandemia, quero chamar todos os governadores para contribuírem com sugestões na formulação do Orçamento Geral da União”, escreveu Lira.

“Também ouvirei os governadores sobre sugestões legislativas emergenciais para tramitarem em caráter de urgência que possam ser adotadas, respeitando o teto fiscal, com o objetivo de enfrentar os efeitos da Covid 19”, afirmou o deputado.

Lira encerrou o comunicado mencionando medidas restritivas que estão sendo adotadas por governadores por causa do aumento de casos. O Brasil registrou na sexta-feira (26) 53,7 mil casos e 1.148 mortes, totalizando 10,5 milhões de casos e 253 mil óbitos. Diante deste cenário, dez estados e o DF endureceram as restrições.

“Neste momento em que inúmeros governadores estão tendo que tomar a difícil decisão do lockdown, é hora de contribuir, buscando novas alternativas e novas vias legais para, juntos, mitigarmos essa crise”, escreveu Arthur Lira.

Pouco antes, Bolsonaro foi às redes sociais divulgar vídeo com trecho de seu discurso, no dia anterior, em um dos eventos com aglomeração e com pessoas sem máscara que ele promoveu no Ceará.

“Os que me criticam, façam como eu: venham para o meio do povo. O que mais ouvi no meio deles foi: EU QUERO TRABALHAR”, escreveu o presidente da República, destacando em letras maiúsculas trecho de sua fala.

“A satisfação de estar no meio de vocês não tem preço. Aos políticos que me criticam, sugiro que façam o que eu faço, tenho um prazer muito grande de estar no meio de vocês e dizer a esses políticos do Executivo, o que eu mais ouvi por aqui é: presidente eu quero trabalhar. O povo não consegue mais ficar dentro de casa, o povo quer trabalhar”, disse Bolsonaro em Tianguá.

No mesmo discurso, o presidente da República disse que “esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer”.

“Não me critiquem, vá para o meio do povo mesmo depois das eleições porque durante as eleições é muito fácil. Eu quero ver é depois.”

Horas depois, ainda na sexta-feira, Bolsonaro voltou ao assunto em novo discurso em Fortaleza, transferindo para os governadores que adotam medidas restritivas o pagamento de auxílio emergencial.

Em sua live de quinta-feira (25), o presidente disse que o governo deve pagar, a partir de março, uma nova rodada do benefício. Agora, seriam R$ 250, durante quatro meses.

O governo considera fundamental a aprovação da PEC Emergencial antes de encaminhar ao Congresso a proposta para uma nova rodada de auxílio emergencial. Esta proposta de emenda à Constituição prevê o acionamento de medidas em caso de crise nas contas públicas.

“O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói o emprego, ele é que deve bancar o auxílio emergencial. Não pode continuar fazendo política e jogar para o colo do presidente da República essa responsabilidade”, disse Bolsonaro.

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), não foi eventos com o presidente. Em uma rede social, Camilo disse, antes da visita, que não queria participar de aglomerações.

“Sobre a vinda do Presidente da República, ao Ceará, amanhã, para a assinatura de ordens de serviço e visitas a obras, conforme a imprensa tem noticiado, não estarei presente a qualquer desses eventos, diante da real possibilidade de muitas aglomerações, algo frontalmente contrário à gravíssima crise sanitária que vivemos neste momento, com o aumento preocupante de casos e óbitos”, escreveu o governador.

“Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco”, concluiu Camilo Santana.

O Ceará registra um total de 11.227 mortes e 421.763 casos. Em fevereiro, Fortaleza registrou a maior média diária preliminar de casos confirmados de coronavírus, segundo informe semanal epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde –até o dia 20, a média diária preliminar atingiu 664 casos, um aumento de cerca de 40%.

O estado adotou restrições mais severas a partir deste fim de semana. Entre as medidas, foi imposto um toque de recolher entre 20h e 5h, de segunda a sexta-feira, e entre 19h e 5h aos sábados e domingos. A circulação está permitida somente em situação de comprovada necessidade.

Bolsonaro diz que auxílio emergencial deve ficar em R$ 250 por quatro meses a partir de março

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (25) que o governo deve fechar em R$ 250 o valor do auxílio emergencial que será pago a partir de março por um período máximo de quatro meses.

“Estive hoje com o Paulo Guedes . A princípio, o que deve ser feito? A partir de março, por quatro meses, R$ 250 de auxílio emergencial. Então, é isso que está sendo disponibilizado. Está sendo conversado ainda, em especial com os presidentes da Câmara [Arthur Lira (PP-AL)] e do Senado [Rodrigo Pacheco (DEM-MG)] porque a gente tem que ter certeza de que o que nós acertarmos, vai ser em conjunto, não vai ser só eu e a equipe econômica, vai ser junto com o Legislativo também, na ponta da linha, aquilo seja honrado por todos nós”, disse Bolsonaro em sua live semanal.

Inicialmente, Guedes defendia que o valor fosse de R$ 200, mas parlamentares queriam mais. No ano passado, foram pagas cinco parcelas de R$ 600 e outras quatro de R$ 300.

“Então, mais quatro meses para ver se a economia pega de vez, pega para valer”, prosseguiu Bolsonaro.

Ele disse que, ao final deste período, espera ter uma proposta para o novo Bolsa Família a ser pago a partir de julho, segundo o presidente.

“Esta é nossa intenção e trabalhamos neste propósito”, declarou.

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Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras, diz Bolsonaro após intervenção

Diante do derretimento da Petrobras após o anúncio de intervenção do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (22) que não irá interferir na política de preços da estatal.

“Ninguém vai interferir na política de preços da Petrobras”, disse Bolsonaro a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

As declarações na porta da residência oficial foram transmitidas por um canal simpático ao presidente com acesso à área em que a imprensa não pode entrar.

“Eu não peço não, eu exijo transparência de quem é subordinado meu”, disse o mandatário.

As ações da Petrobras caem mais de 17% na manhã desta segunda, enquanto outras estatais como Eletrobras, Banco do Brasil e Sabesp acompanham o rítmo de queda. Em Nova York, os papéis da petroleira também despencam mais de 16%.

Na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro concretizou as insinuações que começou a fazer na noite anterior, em sua live, e anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras.

Se a intervenção de Bolsonaro na estatal for confirmada pelo conselho de administração da companhia, ele substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro.

Logo depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado –R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.

No domingo, a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).

“É sinal que alguns do mercado financeiro estão muito felizes com a política que só tem um viés na Petrobras: atender os interesses próprios de alguns grupos no Brasil, nada mais além disso”, afirmou Bolsonaro.

O presidente também criticou o atual presidente da Petrobras porque Castello Branco vinha trabalhando de casa durante a pandemia. Ele também criticou o salário do chefe da estatal.

“O atual presidente da Petrobras está 11 meses em casa sem trabalhar, né, trabalha de forma remota. Agora, o chefe tem que estar na frente, bem como seus diretores. Isso, para mim, é inadmissível. Descobri isso há poucas semanas”, disse Bolsonaro.

“Imagine eu, presidente, em casa, com medo do Covid, ficando aqui o tempo todo no Alvorada. Não justifica isso daí. Inclusive, o ritmo de muitos servidores lá está diferenciado. Ninguém quer perseguir servidor, muito pelo contrário, temos que valorizar os servidores. Agora, o petróleo é nosso ou é de um pequeno grupo no Brasil?”, indagou o chefe do Executivo.

Um pouco depois, Bolsonaro indagou se seus apoiadores tinham ideia de quanto ganha o presidente da Petrobras.

“Queremos saber de números concretos do que acontece lá, bem como a política salarial do presidente e seus diretores”, disse Bolsonaro.

“Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa. Não quero que ele ganhe R$ 10 mil por mês também não, tem que ser uma pessoa qualificada, mas não ter este tipo de política salarial lá dentro”, disse Bolsonaro.

“E para ficar em casa, trabalhando de casa. No meu entender, não justifica. Pode até estar fazendo um bom trabalho de casa, mas, para mim, não justifica essa ausência da empresa.”

Mourão não vê intervenção na Petrobras e defende criação de fundo para amortecer aumento

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse nesta segunda-feira (22) não ver a troca no comando da Petrobras como uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Em entrevista ao chegar à Vice-Presidência, Mourão defendeu a criação de um fundo cujos recursos seriam utilizados para amortecer aumentos nos preços dos combustíveis.

Na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras. Na véspera, durante sua live semanal, o presidente havia afirmado que faria mudanças na estatal.

Se a intervenção de Bolsonaro na Petrobras for confirmada pelo conselho de administração da companhia, que tem reunião marcara para esta terça (23), Silva e Luna substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro.

Questionado sobre os episódios da semana passada, Mourão negou que tenha havido intervenção. “Não, pô, está dentro da atribuição do presidente. O mandato do Roberto terminava dia 20 de março, poderia ser renovado ou não, a decisão é não renovar”, afirmou Mourão.

Para o vice-presidente, não há como o governo interferir na política de preços da Petrobras e atribuiu a troca de comando a uma questão de confiança.

“É uma questão de confiança na pessoa que está lá, pelo que o presidente colocou”, afirmou, complementando que, em sua opinião, talvez tenha havido “uma falta de comunicação do Roberto com o presidente”.

Diante dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, Mourão defendeu a criação de um colchão compensatório para os momentos de flutuação, mesma proposta que chegou a ser discutida em 2018, durante a greve dos caminhoneiros no governo Michel Temer (MDB).

“Na minha visão, a solução para isso é se a gente conseguisse criar um fundo soberano com base nos royalties do petróleo e este recurso, quando houvesse essas flutuações, fosse utilizado para amortecer os aumentos. Não tem outra solução fora disso aí.”

Logo depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado –R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.

No domingo (21), a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).

“Isso tudo é especulação. Mercado é rebanho eletrônico. Sai correndo para um lado, daqui a pouco eles voltam correndo de novo. Não vejo que vá prejudicar demais isso aí, daqui a pouco volta tudo”, argumentou Mourão.

Mourão defendeu o nome de Silva e Luna e disse que a presença de um general no comando da Petrobras não prejudicará nem a empresa nem as Forças Armadas.

“Essa simbiose aí entre a Petrobras e as Forças Armadas, em particular o Exército, a Marinha também tem muita gente que trabalhou lá, não vejo como algo que vá prejudicar a empresa, muito pelo contrário”, disse o vice-presidente.

Bolsonaro anuncia isenção de impostos federais sobre gás e diesel

Sob críticas pelo sucessivo aumento dos preços dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse em sua live desta quinta-feira (18) que promoverá mudanças na Petrobras e anunciou isenção de impostos federais.

Bolsonaro disse que “não tem quem não ficou chateado com o reajuste” e fez críticas ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

“Não posso chamar a atenção da Agência Nacional de Petróleo, porque é independente, mas tem atribuição também. Não faz nada. Você vai em cima da Petrobras, ela fala ‘opa, não é obrigação minha’. Ou como disse o presidente da Petrobras, há questão de poucos dias, né, ‘eu não tenho nada a ver com caminhoneiro, eu aumento o preço aqui, não tenho nada a ver com caminhoneiro’. Foi o que ele falou, o presidente da

Petrobras. Isso vai ter uma consequência, obviamente”, disse Bolsonaro.

A Petrobras informou nesta quinta dois novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, que subirão 10,2% e 15,1%, respectivamente, a partir desta sexta (19). É o quarto reajuste da gasolina e o terceiro do diesel em 2021.

“Teve um aumento, no meu entender, aqui, eu vou criticar, um aumento fora da curva da Petrobras. 10% hoje na gasolina e 15% no diesel. É o quarto reajuste do ano. A bronca vem sempre para cima de mim, só que a Petrobras tem autonomia”, afirmou.

Bolsonaro chamou o aumento de abusivo e informou que, em reunião com o ministro Paulo Guedes (Economia), decidiu zerar por dois meses, a partir de 1º de março, o PIS/Cofins que incide sobre o diesel.

“O que é que foi decidido hoje? ​A partir de 1º de março também não haverá qualquer imposto federal no diesel por dois meses. Então, por dois meses, não haverá qualquer imposto federal em cima do diesel. Por que por dois meses? Porque nestes dois meses nós vamos estudar uma maneira definitiva de buscar zerar este imposto no diesel. Até para ajudar a contrabalancear este aumento, no meu entender, excessivo da Petrobras”, afirmou.

Logo em seguida, sem dar detalhes, prometeu mudanças na petroleira.

“Mas eu não posso interferir nem iria interferir na Petrobras. Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias. Você tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”, disse Bolsonaro.

Na mesma transmissão, ele anunciou que vai zerar tributos federais que incidem sobre o gás de cozinha.

“Hoje à tarde, reunido com a equipe econômica, tendo à frente o ministro Paulo Guedes, decisão nossa. A partir de 1º de março agora, não haverá mais qualquer tributo federal no gás de cozinha, ad eternum.”

“Então, não haverá qualquer tributo federal no gás de cozinha, que está em média, hoje em dia, R$ 90, na ponta da linha, lá para o consumidor lá. E o preço na origem está um pouco abaixo de R$ 40. Então, se está R$ 90, os R$ 50 aí é ICMS, imposto estadual, e é também para pagar ali a distribuição e a margem de lucro para quem vende na ponta da linha”, disse Bolsonaro.

Pressionado em suas redes sociais, ele voltou a cobrar de governadores a redução do ICMS, imposto estadual.

​”Temos agora que achar uma maneira de mostrar à população quanto é o ICMS de cada estado e sobra, então, uma margem de lucro da distribuidora, né, e o valor da distribuição. Para o pessoal saber quem é que, realmente, porventura está abusando aí para vender o gás na ponta da linha”, disse Bolsonaro.

Responsável pelas negociações com caminhoneiros e cotado para ser vice de Bolsonaro em 2022, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, participou da live desta quinta e fez coro ao presidente nas críticas ao aumento.

“Salgado demais, mas é isso: o governo está tomando a medida que pode tomar hoje, emergencial, tirando o tributo federal por um período de tempo para a gente pensar em medidas realmente estruturantes para a gente combater esta volatilidade do preço do diesel”, disse o ministro.

Ainda comentando o preço dos combustíveis, Bolsonaro queixou-se do valor do dólar, que nesta quinta subiu 0,55%, a R$ 5,4430.

“Tem que baixar da casa dos R$ 5. E baixa como? Com reformas, com medidas estruturantes, que possam aí despertar, mais do que atenção, a segurança do investidor”, afirmou.

“Ninguém vai comprar nada aqui no Brasil se tiver insegurança. Eu vou investir e não sei se vou ter o retorno no tocante a isso daí. Então nós vamos fazendo o possível, a gente espera, se Deus quiser, brevemente a gente acalme aqui as questões do mercado. E o dólar baixando, os combustíveis baixam.”

Assim como na semana passada, o presidente fez críticas aos investidores do mercado financeiro.

“Agora, a gente apela a todos do Brasil que são responsáveis por isso que nós falamos aqui. Eu sei que eu apelar não vale porque o pessoal que vai em cima do lucro não tem coração, mas se o Brasil aí não enveredar por um bom caminho, todo mundo vai perder. Então é melhor esse pessoal todo ganhar um pouco menos por mais tempo do que ganhar muito por pouco tempo, que o prejuízo vai ser enorme”, disse Bolsonaro.

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Bolsonaro diz que foi citado em mensagens hackeadas entregues a Lula e quer acesso a elas para divulgá-las

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores nesta sexta-feira (12) que foi citado nas mensagens hackeadas da Operação Lava Jato e que, por isso, quer ter acesso a elas para divulgá-las.

“Para que não haja dúvida, mandei pedir aquela matéria hackeada que está na mão do PT, na mão do Lula. Tem meu nome lá. Alguma coisa já passaram para mim. Vocês vão cair para trás. Chegando, eu vou divulgar. O Lula não vai divulgar. Já falou que não vai. Eu vou divulgar.”, disse Bolsonaro a seus eleitores.

Nesta semana, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) manteve a decisão que permitiu à defesa do ex-presidente Lula (PT) o acesso a mensagens trocadas entre integrantes da Lava Jato.

Os diálogos foram hackeados e, mais tarde, apreendidos pela Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing, que investiga os invasores dos celulares de membros da operação.

A permissão para acessar as mensagens deu força ao pedido de Lula para que o Supremo declare a suspeição do ex-juiz Sergio Moro e anule a condenação contra o ex-presidente no caso do tríplex de Guarujá.

O cenário mais provável, porém, é que o petista siga inelegível, pois deve ser mantida a condenação sobre o processo do sítio de Atibaia porque Moro não foi o responsável pela sentença de primeira instância nesse caso.

Uma parte das conversas foi entregue em 2019 ao site The Intercept Brasil, que, em parceria com outros veículos, já havia publicado parte dos diálogos no que ficou conhecido como o escândalo da Vaza Jato.

Nesta sexta, em conversa com apoiadores transmitida por um canal bolsonarista, Bolsonaro disse que sua vida financeira foi investigada irregularmente e que quer identificar quem “vendia informações” sobre ele no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão federal.

“Você vê a perseguição ali, conversas de autoridades falando como é que entravam na minha vida financeira, da minha família. Você pode entrar, mas tem que ter uma ordem judicial. Ou tu respeita a lei ou não respeita. Eu quero pegar o cara que vendia informações. Dentro do Coaf, por exemplo”, disse o presidente.

Bolsonaro disse ainda que já tem “alguma coisa” que “tem chegado” para ele e afirma esperar que o STF libere todas as mensagens para ele. “O que conseguiram contra eu , Jair Bolsonaro? Não tem nada, pô. Agora, ficam em cima de filho, em cima de esposa, parente, amigo, advogado que advogava para mim”, disse Bolsonaro.

Um relatório de inteligência financeira do Coaf de 2018 motivou as investigações.

O documento identificou movimentações suspeitas na conta bancária do ex-assessor parlamentar e PM aposentado Fabrício Queiroz, amigo do presidente que trabalhava para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) quando o filho do presidente era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Flávio foi denunciado em novembro de 2020 pela Promotoria fluminense sob acusação dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele nega as acusações.

Na mesma conversa, Bolsonaro disse também aos apoiadores que deverá haver a publicação ainda nesta sexta-feira de decretos sobre armamentos. Uma das medidas, segundo Bolsonaro, envolve airsoft, esporte de ação que simula situações de combate e que, para isso, utiliza armas de pressão que disparam bolinhas plásticas.

Ele voltou a defender a facilitação de armas à população sob o argumento de que “nenhum governante vai querer dar uma de herói se o povo estiver armado”.

O presidente também criticou o Facebook. Ele se disse censurado pela rede social que, segundo o mandatário, impediu que seus apoiadores enviassem fotos de notas fiscais de abastecimento em postos de combustíveis.

Pressionado por sua base popular, Bolsonaro está em campanha para mostrar que estados cobram mais impostos que o governo federal sobre os combustíveis.

Bolsonaro leva de volta ao Planalto secretário demitido por uso imoral de avião da FAB

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) trouxe de volta ao Palácio do Planalto José Vicente Santini, amigo da família que foi demitido do posto de secretário-executivo da Casa Civil em janeiro do ano passado após usar um jato da FAB (Força Aérea Brasileira) para uma viagem exclusiva para a Índia.

A nomeação para o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República foi publicada no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira (8).

Ele será o número dois de Onyx Lorenzoni, que deverá ser nomeado titular da pasta nos próximos dias na reforma ministerial a conta-gotas que Bolsonaro se organiza para fazer ao longo dos próximos meses.

Onyx é atualmente ministro da Cidadania e era chefe de Santini à época da demissão, quando era ministro da Casa Civil. O retorno do auxiliar, porém, não está sendo creditado ao ministro, mas ao próprio presidente, segundo auxiliares do mandatário.

Santini é amigo da família Bolsonaro e chegou ao governo com respaldo dos filhos do presidente, que se refere a ele como “cabeludo”.

Procurado pela reportagem na semana passada, quando a notícia sobre seu retorno ao Planalto começou a circular, Santini disse não sabia da indicação. “Continuo colaborando com o governo como assessor do ministro Ricardo Salles”, afirmou.

Então secretário-executivo da Casa Civil, Santini usou um jato da FAB com apenas três passageiros para voar da Suíça, onde participava do Fórum Econômico Mundial, para a Índia, onde Bolsonaro cumpria agenda oficial.

Na ocasião, Bolsonaro chamou de inadmissível o uso do voo oficial com apenas três passageiros.

“Inadmissível o que aconteceu. Já está destituído da função de executivo do Onyx . Destituído por mim. Vou conversar com Onyx para decidir quais outras medidas podem ser tomadas contra ele. É inadmissível o que aconteceu, ponto final”, afirmou o presidente à época.

Ao dizer que Santini deixaria o cargo de secretário-executivo, Bolsonaro não excluiu a possibilidade de ele ocupar outras funções no governo federal. Para o presidente, a conduta de Santini havia sido “completamente imoral”.

“O que ele fez não é ilegal, mas é completamente imoral. Ministros antigos foram de aviões lá comercial, classe econômica. Eu mesmo já viajei no passado, não era presidente, para Ásia toda de comercial, classe econômica, e não entendi. A explicação que chegou no primeiro momento: ‘ele teve de participar de reunião de ministros por isso…’ Essa não, essa desculpa não vale.”

Um dia depois, porém, Santini ganhou um novo cargo no Planalto, sendo nomeado assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. Diante da repercussão negativa, Bolsonaro afirmou em rede social que iria tornar sem efeito a nova contratação de Santini.

Depois disso, em setembro do ano passado, Santini já havia sido reintegrado ao governo Bolsonaro com um cargo de assessor especial do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Santini é formado em direito pela Universidade Católica de Brasília e possui mestrado e doutorado pela UniCeuB. Antes de ser o número dois da Casa Civil, foi da Subchefia de Acompanhamento e

Monitoramento, onde acompanhou casos como o desastre de Brumadinho (MG), por exemplo.

Santini conheceu a família Bolsonaro dos círculos de militares por ser filho de general do Exército. Desde que entrou para o governo, costumava fazer publicações com filhos do presidente, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), além de trocarem mensagens em tom elogioso um ao outro.

Antes de assumir cargo público, era sócio de um escritório de advocacia em Brasília. Em seu currículo público, disponível em suas redes sociais, Santini diz ter trabalhado entre 2007 e 2012 no Ministério da Defesa com assuntos ligados a privatizações e aviação civil.

O comando da Secretaria-Geral está interinamente sob Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa, subchefe para Assuntos Jurídicos da pasta, desde o final do ano passado, quando o titular da pasta, Jorge Oliveira, também amigo da família Bolsonaro, tomou posse como ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).

O interino continuará à frente da SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos), mas vai se reportar diretamente a Bolsonaro, não a Onyx.

O deputado licenciado do DEM-RS assume a Secretaria-Geral para abrir o Ministério da Cidadania, que cuida, entre outras coisas, do Bolsa Família, para abrir espaço para o centrão no governo.

A pasta deve ser entregue ao Republicanos, legenda vinculada à Igreja Universal do Reino de Deus. O partido poderá indicar centenas de cargos vinculados a 19 secretarias e subsecretarias e sete diretorias.

Ao levar de volta Onyx para dentro do Planalto, onde funciona o gabinete da pasta, a ideia do presidente é restabelecer um equilíbrio à chamada cozinha do governo, hoje dominada por ministros militares, alvos de críticas por falta de traquejo político.

Seja feliz, tudo acaba um dia, diz Bolsonaro em recado a Rodrigo Maia

Instado por apoiadores a mandar um recado para o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (1º) que deseja que seu desafeto “seja feliz” e que “tudo acaba um dia”.

“Seja feliz, tudo acaba um dia. Meu mandato vai acabar um dia. Nós devemos nos preparar para este momento aí”, disse após ser questionado por um integrante da claque no jardim do Palácio da Alvorada. A declaração foi transmitida por um canal simpático ao presidente.

Maia e Bolsonaro iriam se encontrar ainda nesta manhã na sessão de volta aos trabalhos do STF (Supremo Tribunal Federal), mas o deputado não compareceu.

Irritado com a decisão do DEM de deixar o bloco de apoio a Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente da Câmara voltou a dizer neste domingo (31) que pode acatar um dos pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo três pessoas próximas ao deputado, Maia afirmou que tem em mãos um parecer jurídico favorável ao processo e que pode ser usado pelo parlamentar para embasar uma eventual decisão nesse sentido.

O presidente da Câmara já havia indicado a ao menos três políticos que poderia dar a largada no impeachment, como revelou a Folha na última quinta-feira. Naquele mesmo dia, Maia negou a intenção.

Ao responder a uma apoiadora que disse apoiar Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro, o presidente afirmou que “se Deus quiser, vai dar tudo certo hoje”.

Bolsonaro admite recriar 3 ministérios com eleição de aliados para comando da Câmara e do Senado

Em evento com esportistas fechado à imprensa mas transmitido por seus filhos em redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (29) que pretende recriar os Ministérios da Cultura, o do Esporte e o da Pesca, que hoje tem status de secretarias de seu governo.

O presidente condicionou a recriação das pastas à eventual vitória de seus aliados na disputas pelos comandos da Câmara e do Senado, em eleições marcadas para esta segunda-feira (1º).

Hoje o governo Bolsonaro tem 23 ministérios, 8 a mais do que os 15 prometidos durante a campanha eleitoral -sob a gestão de Michel Temer (MDB), seu antecessor, eram 29 ministérios.

Nesta sexta-feira, o presidente também voltou a demonstrar seu interesse em disputar a reeleição e só deixar a Presidência em 1º de janeiro de 2027, após um eventual segundo mandato no cargo.

“Pouca gente resiste ou resistiu dois meses de ataques que nós temos resistindo há dois anos. E isso eu tenho um sentimento, só um, que é entregar o Brasil em 2023 ou 2027, não sei, melhor do que eu recebi”, afirmou.

O evento não consta da agenda oficial do presidente e aconteceu em uma sala fechada apenas com convidados -a maioria deles sem máscara, ignorando as regras contra o coronavírus.

“Eu queria que hoje eu tivesse sido eleito presidente porque algumas coisas a mais eu faria, outras eu não faria. Como, por exemplo, eu tenho três secretários que, seu eu soubesse do potencial de vocês e tivesse mais conhecimento com profundidade da importância, seria um ministério”, disse Bolsonaro em seu discurso.

O presidente citou os atuais secretários Jorge Seif (Pesca), Mário Frias (Cultura) e Marcelo Magalhães (Esporte).

Mais adiante, em sua fala, Bolsonaro retomou o assunto e afirmou que a recriação dos ministérios pode ser viabilizada com a eleição de seus candidatos às presidências da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

“Se tiver um clima no Parlamento, pelo o que tudo indica as duas pessoas que nós temos simpatia devem se eleger, não vamos ter mais uma pauta travada, a gente pode levar muita coisa avante, quem sabe até ressurgir os ministérios, esses ministérios”​, declarou.

O presidente reconheceu que pode ser alvo de críticas ao ampliar o número de pastas dos atuais 23 ministérios. “Alguém pode falar: ‘Ah, quer criar ministério de novo’. O tamanho do Brasil, pessoal, só o Brasil é maior que toda a Europa Ocidental”, afirmou.

Nós diminuiremos o tamanho do Estado. Teremos no máximo 15 ministérios, de aproximadamente 150 estatais no primeiro ano no mínimo 50 ou nós privatizamos ou nós extinguimos

A eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado é tida como a senha para mais mudanças na Esplanada dos Ministérios.

As alterações em discussão envolvem até mesmo a chamada cozinha do Planalto, pastas que despacham na sede administrativa do governo. Uma delas é a transferência da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para a Secretaria de Governo, pasta responsável pela articulação política.

Bolsonaro avalia que a ministra teve um desempenho positivo nas negociações com a China e a Índia para a liberação de insumos e vacinas para o Brasil e considera também como necessária a reaproximação do governo com a bancada ruralista do Congresso.

Apesar de ser um dos pilares de sustentação da atual gestão, a frente parlamentar distanciou-se do Planalto durante a crise sanitária do coronavírus e parcela dela chegou a anunciar apoio a Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela Câmara, o que irritou o presidente.

A ideia de Bolsonaro é indicar um dos nomes da bancada, que seja filiado a uma sigla do chamado bloco do centrão, para substituir Tereza Cristina na Agricultura.

Não vai ter mais indicação pro BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste, com esse critério: botar lá indicação de um amigo pra que use a instituição pra causa própria

Além da Secretaria de Governo, o presidente considera remanejar o ministro Onyx Lorenzoni da Cidadania para a Secretaria-Geral da Presidência, abrindo mais espaço para o centrão. Caso Onyx assuma essa pasta, que despacha no Planalto, a ideia é retirar dela a SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos) e vinculá-la à Casa Civil ou diretamente à Presidência.

Bolsonaro ainda avalia se entregará o Ministério da Cidadania, cobiçado devido à atribuição de coordenar programas sociais, para o Republicanos ou para o PSC, partidos que têm forte relação com igrejas evangélicas.

Para acomodar as duas siglas, o Planalto considera novamente desmembrar da Economia e recriar a pasta de Indústria e Comércio.

Caso ele leve adiante a proposta, mesmo a contragosto do ministro Paulo Guedes, a ideia é de que ela seja entregue ao presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).

Bolsonaro também tem avaliado como contemplar o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que não conseguiu disputar a reeleição ao cargo. Uma das hipóteses em avaliação é a pasta do Desenvolvimento Regional.

Apesar da pressão pelas saídas de Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o presidente tem sinalizado que não fará mudanças por ora. Bolsonaro, contudo, não descarta trocá-los a qualquer momento caso o desgaste de ambos se agrave.

Para a Saúde, é defendido desde o ano passado o nome do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que foi ministro da pasta durante o governo de Michel Temer (MDB). O nome dele chegou a ser citado inclusive em reunião promovida na Casa Civil.

Para o Itamaraty, três nomes são avaliados, sendo o de dois embaixadores: André Corrêa do Lago, hoje na Índia, e Nestor Forster, nos EUA. O primeiro é neto do diplomata Oswaldo Aranha e ajudou a destravar o transporte das vacinas da Índia.

O segundo conta com o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Com a indicação, além de nomear alguém de sua confiança para o cargo de ministro, o presidente sinalizaria ao governo do novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma mudança de postura ao escolher um novo embaixador.

Uma terceira opção em análise é o nome do atual secretário de Assuntos Estratégicos, almirante Flávio Rocha. Além de falar cinco idiomas, o militar já foi enviado pelo presidente para missões diplomáticas no Líbano e na Argentina.

A indicação de Rocha para o Itamaraty ainda abriria a possibilidade de Bolsonaro acomodar Ramos na Secretaria de Assuntos Estratégicos caso ele decida deslocar Tereza para a Secretaria de Governo.

Mourão sinaliza que Ernesto Araújo pode ser trocado em reforma ministerial

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) sinalizou nesta quarta-feira (27) que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pode ser trocado na reforma ministerial que deve ocorrer após as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, na segunda-feira (1º).

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Mourão foi indagado sobre a situação de Ernesto, alvo de críticas por causa das dificuldades para trazer vacinas da Índia e insumos para imunizantes da China, país atacado inúmeras vezes pelo chanceler de forma virulenta.

O vice-presidente fez uma série de ponderações de que não tem participado das discussões sobre troca de ministros, mas sinalizou a saída do chanceler como uma possibilidade.

“Não resta dúvida que tem alguns ministros que são destaque inconteste pela sua capacidade gerencial e sua visão estratégica. Não preciso citar nomes. Mas o caso específico que você colocou , na questão das Relações Exteriores, isso é algo que fica na alçada do presidente, né? Eu acho, julgo, não tenho bola de cristal para isso, nem esse assunto foi discutido comigo, que, num futuro próximo aí, após essa questão das eleições dos novos presidentes das duas Casas do Congresso, poderá ocorrer uma reorganização do governo para que seja acomodada a nova composição política que emergir deste processo”, disse Mourão.

“Então, talvez, nisso aí, alguns ministros sejam trocados e, entre eles, o próprio das Ministério das Relações Exteriores. Então, prefiro aguardar. Até porque esse assunto não foi discutido comigo em nenhum momento, e tudo o que eu puder falar aqui será pura especulação”, concluiu.

Na semana passada, houve rumores entre diplomatas brasileiros de que o ex-presidente Michel Temer poderia ser o substituto de Ernesto, mas a chegada do carregamento de vacinas da Índia ao Brasil pareceram, nos bastidores, dar uma sobrevida ao ministro.

Nesta semana, porém, parte do núcleo militar do governo passou a dizer que o desconforto com a figura do chanceler havia chegado “ao limite” por causa de seus embates com a China num momento crucial da pandemia e, de acordo com esses militares, a saída de Ernesto havia se tornado inevitável.

As declarações de Mourão nesta quarta foram interpretadas como forma de externar o sentimento que já dominava parte do setor militar e dos técnicos do Itamaraty.

O nome de Temer, no entanto, é visto de maneira cética entre os diplomatas. Um dos motivos é o fato de o escritório de advocacia do ex-presidente atuar no processo de instalação das redes 5G no país, o que seria considerado um conflito de interesse muito grande.

Na entrevista à Rádio Bandeirantes, Mourão também reclamou da pouca participação que tem tido nas decisões do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Na minha visão, acho que o presidente poderia me utilizar mais para a discussão de determinados assuntos, de modo que a gente pudesse chegar às decisões que fossem as mais adequadas às situações que têm sido vividas. Sempre estou pronto para auxiliar, tenho procurado fazer isso dentro dos limites estabelecidos para a minha atuação, mas é óbvio que eu gostaria de ter uma participação maior”, afirmou.

O vice-presidente também criticou a comunicação do Palácio do Planalto, hoje sob o guarda-chuva do ministro Fábio Faria.

“Nossa comunicação tem deixado a desejar. Temos feito muita coisa e isso não consegue ser divulgado porque, na maioria das vezes, perdemos naquilo que eu chamo da briga de varejo”, declarou Mourão.