Se Brasil tiver voto eletrônico em 2022, vai ser a mesma coisa dos EUA, diz Bolsonaro

No dia seguinte à invasão do Congresso americano por vândalos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (7) que a falta de confiança nas eleições levou “a este problema que está acontecendo lá” e que, no Brasil, “se tivermos voto eletrônico” em 2022, “vai ser a mesma coisa”.

Na quarta-feira (6), a sessão de certificação do resultado da eleição de novembro foi interrompida quando uma turba inflamada pelo presidente Donald Trump invadiu o Capitólio.

Ao contrário de outros governos, que condenaram o episódio, a administração brasileira não se manifestou. Nesta quinta, Bolsonaro comentou a situação dos EUA com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada.

“O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Basicamente, qual foi o problema, a causa dessa crise toda. Falta de confiança no voto. Então, lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí”, disse Bolsonaro.

“Então, a falta desta confiança levou a este problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa”, afirmou o presidente. Nos 17 minutos de vídeo divulgados por um canal bolsonarista, o presidente da República fez diversos ataques à imprensa.

“A fraude existe. Daí a imprensa vai falar ‘sem prova, ele diz que a fraude existe’. Eu não vou responder esses canalhas da imprensa mais. Eu só fui eleito porque tive muito voto em 18. Não estou falando que vou ser candidato ou que vou disputar as eleições”, disse Bolsonaro.

O presidente brasileiro também criticou o fato de Trump ter tido suas redes sociais bloqueadas após publicações favoráveis aos invasores. “Pode ver: ontem, nos Estados Unidos, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas”, declarou Bolsonaro.

Após dizer que país está quebrado, Bolsonaro convoca reunião ministerial no Planalto

Um dia após dizer a apoiadores que o Brasil está quebrado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reuniu seus ministros, na manhã desta quarta-feira (6), no Palácio do Planalto.

Segundo o governo, participaram 17 dos 23 ministros, além do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. O ministro Paulo Guedes (Economia), que estava de férias, foi ao encontro, que começou às 8h e acabou cerca de uma hora e meia depois.

Já os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Rogério Marinho (Infraestrutura), André Mendonça (Justiça), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Roberto Campos Neto (Banco Central).

De acordo com assessores de alguns ministros, o encontro já estava previsto, embora só tenha aparecido na agenda oficial do presidente com a reunião já em curso. O encontro acontece depois de Bolsonaro passar 17 dias sem compromissos oficiais e de retornar de um recesso pelos litorais de Santa Catarina e São Paulo.

Na terça-feira (5), em seu primeiro dia de trabalho, ele fez declarações em dois encontros com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada. Pela manhã, afirmou que o Brasil está quebrado e que ele não consegue fazer nada.

“Chefe, o Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter.

É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia”, disse o mandatário pela manhã, também em conversa transmitida pelo canal bolsonarista na internet.

A declaração destoa de posições apresentadas publicamente pela equipe econômica, que tem batido na tecla de que a atividade econômica do país está em plena recuperação, o que trará resultados positivos para a arrecadação de impostos.

No fim da tarde, Bolsonaro disse que “a gente não tem recursos para investir” e voltou a falar de sua promessa de campanha de atualização da tabela de Imposto de Renda.

“Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda. O cara me cobra: ‘compromisso de campanha’. Mas não esperava esta pandeia pela frente. Nos endividamos em aproximadamente R$ 700 bilhões. Complicou mexer nisso aí”, afirmou no fim da tarde.

Ele também afirmou que uma das explicações para o desemprego no país é que parte dos brasileiros não tem preparação para fazer “quase nada”. “Então, vários motivos. Um é a formação do brasileiro. Uma parte considerável não está preparada para fazer quase nada. Nós importamos muito serviço”, disse o presidente.

A retomada do emprego ainda é dúvida, mesmo com a geração recorde de vagas com carteira em novembro. No total, o desemprego bateu novo recorde em novembro, atingindo 14 milhões de brasileiros.

A taxa de desocupação chegou a 14,2%, o maior percentual da série histórica da Pnad Covid, pesquisa do IBGE iniciada em maio para mensurar os efeitos da pandemia no país. Esse indicador considera o mercado informal de trabalho, autônomos e funcionários públicos.

PARTICIPANTES DA REUNIÃO DESTA QUARTA-FEIRA (6):

Braga Netto, ministro da Casa Civil;

Fernando Azevedo, ministro da Defesa;

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores;

Paulo Guedes, ministro da Economia;

Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura;

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

Milton Ribeiro, ministro da Educação;

Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania;

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde;

Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia;

Fábio Faria, ministro das Comunicações;

Gilson Machado Neto, ministro do Turismo;

Wagner Rosário, ministro da CGU (Controladoria-Geral da União);

Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;

Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa, ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República;

Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional);

José Levi, ministro da AGU (Advocacia-Geral da União);

Pedro Guimarães, presidente da Caixa;

Brasil mantém voos vindos do Reino Unido e diz acompanhar situação

Enquanto mais de 40 países já estabeleceram vetos para voos oriundos do Reino Unido para se proteger de uma mutação do coronavírus, o Brasil limitou-se, até o momento, a acompanhar a situação e exigir resultado negativo no teste de RT-PCR para qualquer viajante que quiser ingressar em território nacional.

“A portaria número 630, de 17 de dezembro de 2020, em seu artigo 7º, exige o teste do RT-PCR negativo para qualquer viajante, brasileiro ou estrangeiro, que queira ingressar no Brasil por via aérea, inclusive os passageiros de procedência do Reino Unido”, disse a Casa Civil em nota enviada no início da noite desta segunda-feira (21).

“Cabe destacar que o Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 acompanha diariamente a situação do coronavírus no Brasil e no mundo”, encerra o breve comunicado da pasta comandada pelo general Walter Braga Netto.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que as decisões sobre o fechamento ou abertura de fronteiras e de políticas restritivas para a entrada no país cabem a um grupo interministerial.

O GEI (Grupo Executivo Interninisterial em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional) foi criado em janeiro, quando o novo coronavírus ainda estava praticamente restrito ao território chinês. O objetivo era estabelecer medidas de preparação e enfrentamento da pandemia de Covid-19.

Integram o grupo sete ministérios, além da Anvisa. Sob a coordenação do Ministério da Saúde também estão Casa Civil, Ministério da Justiça, Ministério da Defesa, Ministério da Agricultura, Ministério do Desenvolvimento Regional e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

“Dessa forma, a decisão de bloquear voos do Reino Unido é do GEI”, informou a agência em nota.

“A Anvisa participa do grupo como órgão de caráter técnico, fornecendo os subsídios necessários para a avaliação e decisão dos ministérios. Neste momento a agência está trabalhando neste assessoramento”, completa.

A reportagem apurou que uma nota técnica pode ser enviada ao GEI nas próximas horas. O documento está sendo elaborado pela Gerência Geral de Portos, Aeroportos e Fronteiras.

Antes da pandemia, a decisão final cabia à própria Anvisa. No entanto, com a criação do GEI, que é coordenado pelo Ministério da Saúde, a decisão saiu da esfera da agência.

O GEI toma decisões referentes a isolamento social, quarentena e também sobre “restrição excepcional e temporária de entrada e saída do país, conforme recomendação técnica e fundamentada da Anvisa, por rodovias, portos ou aeroportos”, afirma legislação de fevereiro.

A reportagem procurou o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que não respondeu ao questionamento.

O Ministério das Relações Exteriores informou que não é responsável pelo assunto e sugeriu que fossem procuradas a Casa Civil, ou as pastas da Justiça, da Infraestrutura e da Saúde.

A ausência de uma medida do governo brasileiro é alvo de crítica.

“Mundo fecha as portas para o Reino Unido, devido a preocupação com a alta transmissibilidade da nova variante do vírus. O Brasil, até o momento, não impôs restrição. Estamos sem vacinas. O que está ruim pode piorar. Mas nós cientistas é que somos ansiosos. Para que a pressa?”, escreveu em uma rede social Ethel Maciel, enfermeira, epidemiologista e professora da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo).

Ela já havia criticado o governo no dia 12 de dezembro. Maciel é uma das pesquisadoras que assessoravam o governo na elaboração do Plano Nacional de Vacinação da Covid-19. A epidemiologista e outros 35 colegas assinaram uma nota à época relatando surpresa ao saber pela imprensa da existência do plano já consolidado.

Uma série de nações anunciou nesta segunda-feira que vai bloquear a entrada de viajantes oriundos do Reino Unido, aumentando o isolamento de Londres e deixando o país à beira do caos a apenas dez dias do brexit.

Os vetos vieram dois dias após o governo britânico endurecer o lockdown na capital e em outras cidades por causa da mutação do vírus.

De acordo com levantamento da agência de notícias AFP, 42 nações haviam tomado esse tipo de medida até a tarde desta segunda -na noite de domingo, eram 13.

Na América do Sul, Argentina, Colômbia, Peru e Chile já anunciaram o veto para voos com passagem do Reino Unido.

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Bolsonaro diz que Bolsa Família não terá 13º por culpa de Maia, que chama presidente de mentiroso

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transferiu para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a responsabilidade por beneficiários do Bolsa Família não receberem uma 13ª parcela do programa neste ano. O deputado respondeu chamando o chefe do Executivo de mentiroso.

A 13º cota do benefício era uma promessa de campanha de Bolsonaro e foi paga apenas em 2019 por meio de uma MP (medida provisória). Durante a tramitação no Congresso, o relator da matéria, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), propôs que a parcela extra fosse estabelecida para todos os anos seguintes.

A medida perdeu a validade em 25 de março, quando estava na pauta da Câmara dos Deputados e ainda seguiria para o Senado.

“Você está reclamando do 13º do Bolsa Família, que não teve. Sabia que não teve este ano? Foi promessa minha? Foi. Foi pago no ano passado? Mas o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara, que o Supremo agora não deu o direito de ele disputar a reeleição. Cobra dele”, disse Bolsonaro em sua transmissão semana pela internet na noite desta quinta-feira (17).

À época, porém, a MP não foi votada por causa de uma articulação do próprio governo, que previa um impacto de R$ 8 bilhões aos cofres públicos.

“Nunca imaginei que Bolsonaro fosse mentiroso”, disse Maia à reportagem, ao ser informado da acusação feita pelo presidente na live.

“Foi pedido do governo, mas tem um projeto do deputado Darci de Matos criando o 13º. Posso votar amanhã [sexta-feira (17)], se ele quiser”, afirmou o presidente da Câmara.

 

Relação já tensa piorou nos últimos dias

O projeto de lei nº 4439/20 autoriza o pagamento, no mês de dezembro de cada ano, de abono de até um salário mínimo à pessoa com deficiência e ao idoso com mais de 65 anos que recebam o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

Bolsonaro e Maia sempre tiveram uma relação tensa, mas isso piorou nos últimos dias porque Bolsonaro está patrocinando a candidatura do líder do Progressistas na Câmara, Arthur Lira (AL), na disputa pelo comando da Casa.

O STF (Supremo Tribunal Federal) barrou a possibilidade de Maia tentar a reeleição para o cargo. Agora, o deputado tenta viabilizar um candidato para enfrentar o nome apoiado pelo Palácio do Planalto.

Jair Bolsonaro comentou o assunto ao rebater críticas de seus seguidores na internet por estar apoiando a candidatura do líder do centrão, grupo de partidos que troca cargos e emendas por sustentação no Congresso, ao qual o presidente da República, em campanha, havia dito que não se aliaria.

“Vai mudar as Mesas da Câmara e do Senado, agora, em 1º de fevereiro. Já sofro críticas por isso, né? ‘Ah, não quero este cara’. Ô, cara, quem você quer? Vai e arranja 257 votos na Câmara e 41 votos no Senado para o teu candidato, para o seu cara, que você acha que é o bom. Eu estou, logicamente, acompanhando as eleições nas duas Casas. O que eu pretendo na Mesa da Câmara e do Senado? Eu converso com parlamentar, fui 28 anos parlamentar. Que alguém que vá para lá que não trave as pautas de interesse do Brasil, que bote em votação as matérias”, disse Bolsonaro.

 

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Não vai ter vacina para todo mundo, diz Bolsonaro ao criticar decisão do STF

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou na noite desta quinta-feira (17) a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de permitir que Estado imponha restrições a quem não tomar vacina contra Covid-19.

Em sua live desta noite, ele também afirmou que não haverá imunizante para toda a população. “O Supremo, com todo respeito, tomou uma medida antecipada. Nem vacina tem. Não vai ter para todo mundo”, disse Bolsonaro.

“O Supremo não mandou impor medidas restritivas, o Supremo falou que o presidente da República, os governadores e os prefeitos podem impor. Da minha parte, zero. Agora, todos os governadores vão impor medidas restritivas? Eu não acredito. Eu não quero botar a mão no fogo por ninguém. Eu acho difícil, não acredito”, completou o chefe do Executivo.

Ele disse que a medida do STF pode ter sido “inócua” porque “o ano que vem, dificilmente, vamos supor que (a vacinação) comece no final de janeiro, não temos como conseguir a vacina pra todo mundo até o final do ano. Então não vai ter medida restritiva nenhuma”.

O presidente gastou boa parte de sua live semanal para justificar o voto do ministro Kassio Nunes Marques, seu indicado para o STF.

O magistrado afirmou que a vacinação obrigatória é constitucional, mas divergiu dos colegas ao dizer que ela depende de “prévia oitiva” do Ministério da Saúde e que só pode ser usada como “última medida”.

Todos outros integrantes da corte concederam autonomia a governadores e prefeitos para impor a obrigatoriedade e mantiveram a linha adotada pelo STF desde o começo da pandemia de Covid-19 no sentido de esvaziar os poderes do governo federal.

Apoiadores de Bolsonaro, no entanto, criticaram Bolsonaro por causa do voto de Nunes Marques.

Demonstrando irritação, o presidente referiu-se a seus críticos como “direita burra, direita idiota, fedelho, papagaio de internet e analfabeto funcional”. Ele não explicitou a quem se referia especificamente e afirmou que teria votado como o ministro que indicou.

“Impressionante, os caras descem a lenha em mim”, reclamou Bolsonaro. “Lógico que a esquerda bate palma para essa direita burra, direita idiota. Bateram palmas para vocês. Vocês não sabem, não interpretam, não conseguem saber o que foi votado e descem o cacete”, prosseguiu. “Não fica agindo como papagaio, repetindo o que um idiota escreve.”

Bolsonaro também defendeu Kassio Nunes Marques por ele integrar a maioria do STF que decidiu na terça (15) que o Brasil não admite a existência de duas uniões estáveis ao mesmo tempo, o que impede o reconhecimento de direitos de amantes em discussões judiciais.

Ao falar sobre o tema, Bolsonaro afinou a voz para se referir a um hipotético homossexual.

“Está lá no velório, todo mundo chorando, triste, e apareçam três, quatro mulheres e falem ‘oh, eu transava com este cara que está morto aí e vou ter direito à partilha dos bens e pensão’. E aparece um homem também. ‘Eu também transava com ele'”, afirmou, afinando a voz nesta última vez.

“Se você reconhecer este direito, você abriu as portas para a poligamia. Fodeu a família. Deu para entender que fodeu a família, você, fedelho, que está me criticando”, disse Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda não ter ascendência sobre Nunes Marques e que o indicou “por aquilo que tinha de afinidade com ele”.

Ao voltar a falar sobre a vacina, ele disse que não obrigaria ninguém a tomar vacina por ser “responsável” e que tratar a questão dos imunizantes com açodamento é “uma irresponsabilidade”.

Barrado pelo STF, Alcolumbre quer candidato à sua sucessão entre PSD, DEM e PP

Impedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de disputar a reeleição para o cargo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), fez uma lista preliminar com seis nomes de PSD, DEM e PP e, dela, vai definir quem apoiará na disputa pelo comando da Casa. A eleição ocorre em fevereiro.

Nessa lista de Alcolumbre não há menção a nenhum senador do MDB, partido de onde deve sair o nome apoiado pelo Palácio do Planalto.

Segundo auxiliares de Jair Bolsonaro (sem partido), hoje os favoritos do presidente são os líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

O STF barrou na noite deste domingo (6) a possibilidade de reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Alcolumbre.

O placar ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Alcolumbre, e 7 a 4 contra a de Maia. Para a maioria dos ministros, a recondução é inconstitucional.

A Constituição proíbe os chefes das Casas de tentarem a recondução no posto dentro da mesma legislatura. A legislatura atual começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.

Bolsonaro chamou Alcolumbre para uma conversa, que deve ocorrer até esta quarta-feira (9). Aliados do senador dizem que Alcolumbre ficou bastante decepcionado com o comportamento do Planalto ao longo do julgamento no STF que terminou na noite de domingo (6).

Por causa da articulação do governo para impedir a possibilidade de reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara, o presidente do Senado, aliado do governo, se sentiu abandonado.

Na lista de Alcolumbre estão Antonio Anastasia (PSD-MG), Nelsinho Trad (PSD-MS), Lucas Barreto (PSD-AP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Marcos Rogério (DEM-RO) e Daniella Ribeiro (PP-PB).

Irmã do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que tenta se cacifar para presidir a Câmara, Daniella está licenciada desde o fim de setembro por motivos pessoais e retorna em janeiro. Ela entrou na lista de Alcolumbre não exatamente por ser do Progressistas, mas por ser mulher.

Segundo uma pessoa próxima a Alcolumbre, o presidente do Senado quer definir o nome de seu candidato antes da conversa com Bolsonaro. A intenção é estar preparado para reagir, caso o chefe do Executivo peça apoio a seu ungido.

Alcolumbre estava em Macapá (AP) cuidando da eleição do irmão, Josiel (DEM), e retornou a Brasília na noite de segunda-feira (7).

Desde então, tem visitado senadores em seus apartamentos funcionais para conversas individuais.

A estes interlocutores o presidente do Senado tem dito que não deixará de conversar com ninguém, inclusive do MDB, mas que não aceitará nenhuma imposição do Planalto.

Auxiliares de Alcolumbre ponderam que os nomes defendidos por ele não são diretamente ligados ao Planalto, mas têm diálogo com o governo e identidade com a pauta econômica.

Bolsonaro diz para Doria arrumar outro para pagar vacina e fala em reeditar decreto do SUS

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nesta quinta-feira (29), criticando a obrigatoriedade da vacina contra Covid-19 e afirmando que não patrocinará o imunizante produzido pela chinesa Sinovac.

“Então, querido governador de São Paulo, você sabe que sou apaixonado por você, sabe disso. Poxa, fica difícil, né? E outra coisa: ninguém vai tomar tua vacina na marra, não, tá ok? Procura outra. E eu, que sou governo, não vai comprar sua vacina também não. Procura outro pra pagar sua vacina”, disse Bolsonaro em sua live desta noite.

Em 16 de outubro, Doria afirmou que a vacinação contra o novo coronavírus em São Paulo será obrigatória, exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico. Além de Bolsonaro ser contrário à vacinação obrigatória, ele e Doria protagonizaram nas últimas semanas uma disputa sobre as pesquisas para o desenvolvimento de um imunizante contra o coronavírus.

O presidente chegou a desautorizar um acordo do Ministério da Saúde com o estado de São Paulo para a compra de 46 milhões de doses da Coronavac –desenvolvida por uma farmacêutica chinesa em parceria com o instituto Butantan. Em resposta, Doria classificou de criminosa a atitude de Bolsonaro caso ele negue o acesso a qualquer vacina aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) contra a Covid-19.

Doria é considerado pelo Palácio do Planalto um potencial adversário nas eleições de 2022. Na transmissão, Bolsonaro disse que deve reeditar na semana que vem o decreto revogado na quarta-feira (28) que colocava UBS (unidades básicas de saúde) no escopo de interesse do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).

“Revoguei o decreto, fiz uma nota explicando o que era esse decreto, dizendo que nos próximos dias poderia reeditar o decreto, o que deve acontecer na semana que vem”, disse o presidente. Bolsonaro revogou o decreto na tarde de quarta após intensa oposição de parlamentares e entidades ligadas à área de saúde.

Publicado na terça-feira (27), o decreto colocava a atenção primária –porta de entrada do SUS– na mira do programa de concessões e privatizações do governo, e foi recebido com críticas de especialistas e entidades de saúde que disseram temer a privatização de um pilar do sistema.

O texto oficial era assinado por Bolsonaro e pelo ministro Paulo Guedes (Economia) e previa estudos “de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de unidades básicas de saúde”. Não havia estimativa de quantas das 44 mil unidades poderiam ser incluídas nessas parcerias.

O principal ponto do projeto, conforme argumentou o PPI na terça, era “encontrar soluções para a quantidade significativa de unidades básicas de saúde inconclusas ou que não estão em operação no país”. Questionado sobre qual seria a contrapartida ao setor privado, o programa disse apenas que a medida estava em análise de possíveis “modelos de negócios”.

A ampla oposição de entidades ligadas à saúde a parlamentares e secretários acabou por levar a Presidência a revogá-lo. Além da reação das entidades, um abaixo-assinado contra o decreto somava até o início da noite de quarta mais de 50 mil assinaturas.

Em vídeo divulgado ainda na terça, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, disse ver na medida uma privatização dos postos de saúde. Avaliação semelhante sobre os riscos da medida é apontada por Ricardo Heinzelmann, da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), que reúne médicos que atuam na atenção básica.

O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) também saiu em defesa da revogação do decreto e disse que decisões relativas à gestão do SUS não podem ser tomadas de forma unilateral, mas em consenso entre as esferas federal, estadual e municipal. No Congresso, onde parlamentares foram à internet criticar a medida sob a hashtag #DefendaOSUS, a desconfiança com a norma veio até mesmo de aliados.

Brasileira está entre as vítimas de atentado na França, informa Itamaraty

Uma brasileira de 44 anos está entre as três vítimas de um atentado a faca ocorrido nesta quinta-feira (29) dentro da Basília de Notre-Dame de Nice, na França, informou o Itamaraty.

O Ministério das Relações Internacionais não revelou seu nome, mas disse que ela tem três filhos e mora na França.

Segundo a agência RFI, a vítima é a baiana Simone Barreto Silva, que vivia no país havia 30 anos e trabalhava como cuidadora de idosos.

Um agressor com uma faca matou três pessoas –duas mulheres e um homem– na basílica de Notre-Dame de Nice, na França, por volta das 9h (horário local, 5h no Brasil) desta quinta.

Segundo a polícia, uma mulher de cerca de 70 anos foi degolada, e o sacristão da igreja também foi morto a facadas dentro do edifício –ambos tinham cortes na garganta. Identificado como Vicente, ele tinha cerca de 55 anos, dois filhos e abria a igreja às 8h30 todas as manhãs.

Em nota, o governo brasileiro disse que “deplora e condena veementemente o atroz atentado”.

“O presidente Jair Bolsonaro, em nome de toda a nação brasileira, apresenta suas profundas condolências aos familiares e amigos da cidadã assassinada em Nice, bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e governo franceses”, diz a nota.

O comunicado segue dizendo que “o Brasil expressa seu firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo, independentemente de sua motivação, e reafirma seu compromisso de trabalhar no combate e erradicação desse flagelo, assim como em favor da liberdade de expressão e da liberdade religiosa em todo o mundo”.

A nota diz ainda que o governo manifesta em especial “sua solidariedade aos cristãos e pessoas de outras confissões que sofrem perseguição e violência em razão de sua crença”.

O Itamaraty disse que, por meio do Consulado-Geral em Paris, presta assistência consular à família da cidadã brasileira vítima do ataque terrorista.

Bolsonaro diz que juiz não pode decidir sobre obrigatoriedade de vacina para Covid-19

Após o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, afirmar que vê com bons olhos a Justiça entrar na discussão sobre a vacina do novo coronavírus e tomar uma decisão a respeito, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (26) que não pode um juiz querer decidir sobre a obrigatoriedade da imunização contra a Covid-19.

“Entendo que isso é uma questão de Justiça, é uma questão de saúde acima de tudo. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar a vacina. Isso não existe. Nós queremos é buscar a solução para o caso”, afirmou Bolsonaro a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada em uma transmissão editada feita por um canal pró-governo.

O presidente disse que terá uma reunião nesta segunda-feira com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que foi diagnosticado na semana passada com Covid-19. O evento não aparece na agenda oficial do presidente. A declaração de Bolsonaro vem na esteira de uma manifestação de Fux na sexta-feira (3).

“Podem escrever, haverá uma judicialização, que eu acho que é necessária, que é essa questão da vacinação. Não só a liberdade individual, como também os pré-requisitos para se adotar uma vacina”, ressaltou o ministro. Ele não deu detalhes de como isso ocorreria.

Também na sexta, o ministro Ricardo Lewandowski, relator de ações em curso no STF sobre o tema, aplicou o rito abreviado aos processos, o que indica a intenção de dar celeridade à discussão.

Com o despacho, o julgamento do caso no plenário poderá ser feito diretamente no mérito, sem prévia análise de pedido de liminar. Além disso, Lewandowski requereu a manifestação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), da AGU (Advocacia-Geral da União) e da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre o tema.

As vacinas contra a Covid-19 viraram protagonistas de uma guerra política entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), virtuais oponentes na eleição presidencial de 2022.

Na semana passada, Bolsonaro esvaziou um acordo anunciado na véspera por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, em desenvolvimento pela chinesa Sinovac com o Instituto do Butantan, ligado ao governo paulista.

Nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro comemorou a publicação de uma notícia sobre a vacina que está sendo desenvolvida em parceria entre a universidade de Oxford e a farmacêutica britânica Astrazeneca.

Segundo a agência de notícias Reuters, o imunizante em desenvolvimento produz resposta imune tanto em jovens quanto em idosos. Além disso, gerou baixa resposta adversa entre os idosos, informou a farmacêutica, segundo a agência.

“São várias empresas, universidades que estão aí buscando a vacina para a Covid. O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem nenhuma comprovação ainda”, afirmou Bolsonaro, que disse aguardar a publicação em uma revista científica para falar melhor sobre o assunto.

O presidente disse não saber a razão de se querer celeridade com a vacina para o novo coronavírus se “todo mundo diz que a vacina que menos demorou foram quatro anos” para que ficasse pronta. Bolsonaro também chamou de cura para a Covid-19 o uso de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e o vermífugo Anitta.

“Pelo que tudo indica, todo mundo que tratou precocemente com uma destas três alternativas aí foi curado”, afirmou, sem informar qual o embasamento científico para a declaração.

General Ramos nega crise com Salles e diz que uma briga só ocorre quando há duas pessoas

Em meio a mais uma disputa entre os grupos ideológico e militar que compõem o governo Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, passeou de moto com o presidente na manhã deste domingo (25) e negou interesse de protagonizar uma briga com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

“Rapaz, não tem briga nenhuma”, afirmou à Folha de S.Paulo quando se dirigia à moto para deixar o posto de gasolina em que foi com Bolsonaro em Sobradinho, no Distrito Federal. “Tem uma definição: briga é quando duas pessoas”, disse o ministro. Indagado sobre como vai o clima no governo diante de mais uma crise entre ministros, Ramos limitou-se a falar de sua relação com Bolsonaro.

“Minha relação com o presidente está excepcional como sempre.” O estopim para a crise entre Salles e Ramos foi uma nota no jornal O Globo na quinta (22) que afirmava que o ministro estava esticando a corda com a ala militar do governo em decorrência do episódio envolvendo a falta de recursos no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) -Salles disse que, sem dinheiro, brigadistas interromperiam atividades de combate a incêndios e queimadas.

As críticas de Salles a Ramos são amparadas pelos filhos de Jair Bolsonaro e fazem parte de estratégia do núcleo ideológico para convencer o presidente a trocar o responsável pela articulação política do governo, como mostrou a Folha na sexta-feira. A pressão ocorre nos bastidores desde agosto, mas agora veio a público com a manifestação de Salles nas redes sociais. Republicando imagem com o título da nota do jornal O Globo, ele citou nominalmente Ramos e pediu ao militar para parar com uma postura de “maria fofoca”.

“@MinLuizRamos não estiquei a corda com ninguém. Tenho enorme respeito e apreço pela instituição militar. Atuo da forma que entendo correto. Chega dessa postura de #mariafofoca”, escreveu. A decisão de Salles de tornar público o embate, segundo assessores palacianos, busca acelerar o desgaste de Ramos para que seja possível convencer Bolsonaro a incluir o general na minirreforma ministerial programada para fevereiro.

A ideia é repetir a fritura realizada no ano passado com o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que também comandava a Secretaria de Governo e foi criticado pelo núcleo ideológico por sua postura moderada. Bolsonaro foi influenciado a substituí-lo no posto. O grupo que defende a substituição de Ramos conta com o respaldo do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Para reforçar o apoio a Salles, o filho 03 do presidente postou mensagem desejando força ao ministro. “O Brasil está contigo e apoiando seu trabalho”, escreveu.

A troca de Ramos também tem respaldo do secretário da Pesca, Jorge Seif, e do escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru da família presidencial. Até o momento, Bolsonaro não deu sinais de que pretende sacar Ramos do cargo. O general conta com a confiança do presidente. Na sexta, Bolsonaro fez acenos aos dois ministros. Chegou com Ramos em seu carro à Base Aérea de Brasília para a cerimônia de apresentação do Gripen, caça da FAB (Força Aérea Brasileira), que fez seu voo inaugural. Salles estava na plateia, junto com outros auxiliares presidenciais.

Em determinado momento, os dois ministros ficaram próximos a Bolsonaro, que deu um abraço em Salles. Ramos apenas observou. O vice-presidente Hamilton Mourão foi questionado por repórteres na sexta sobre as divergências entre os ministros. “Isso não passa por mim, os ministros são do presidente e eu não me meto nessa guerra”, afirmou.

Caso Bolsonaro seja convencido a fazer uma mudança até fevereiro, assessores presidenciais apontam que o nome favorito para desempenhar a função é o do ministro das Comunicações, Fábio Faria. Em conversas com aliados, porém, Faria tem dito que não pretende assumir o posto e que apoia a manutenção de Ramos. Nos bastidores, Faria já desempenha informalmente o papel de articulador, fazendo a ponte entre Executivo e Legislativo.

A disputa entre militares e ideológicos era frequente no início da atual gestão, mas passou por um arrefecimento neste ano, após o presidente ter fortalecido a cúpula fardada, entregando a ela todos os cargos ministeriais do Palácio do Planalto. No sábado (24), os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o centrão saíram em defesa do ministro da Secretaria de Governo.

“O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”, escreveu Maia em uma rede social. Pouco depois, o presidente do Senado também entrou na discussão.

“Sem entrar no mérito da questão, faço duas ressalvas. 1. Como chefe do Legislativo, registro a importância do ministro Luiz Eduardo Ramos na relação institucional com o Congresso. 2.Não é saudável que um ministro ofenda publicamente outro ministro. Isto só apequena o governo e faz mal ao Brasil”, escreveu Alcolumbre.

O ministro do Meio Ambiente evitou o confronto neste sábado ao ser questionado pelo jornal O Estado de São Paulo sobre as declarações dos dois líderes do Congresso. Salles afirmou que, para ele, “este assunto está encerrado”.

Bolsonaro não comentou o caso. Ao ser abordado pela Folha na manhã deste domingo, o presidente disse apenas “imprensa não” e um agente do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) puxou o repórter pela alça da mochila, afastando-o do chefe do Executivo.