Sobe para 15 número de mortos pela chuva em Santa Catarina

Chegou a 15 o número de mortos pelas enxurradas no vale do Itajaí, em Santa Catarina, após as fortes chuvas que caíram pelo estado desde a madrugada de quinta-feira (17).

A informação foi confirmada neste sábado (19) pela Defesa Civil, em boletim divulgado por volta de 11h. A nova vítima é de Rio do Sul, cidade que agora soma dois óbitos e 21 desabrigados pela tragédia.

O prefeito de Rio do Sul, José Thomé, decretou estado de calamidade pública no município por conta dos estragos.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobrevoaria a região do vale do Itajaí ainda neste sábado.

O município mais atingido pela enxurrada é Presidente Getúlio, que soma 12 óbitos, 7 desaparecidos, 147 desabrigados, 137 desalojados e mais 1,6 mil pessoas afetadas.

Segundo a Defesa Civil do estado, só em Presidente Getúlio, foram registrados 120 mm de chuva em apenas seis horas –pouco menos do que o previsto para o mês todo.

A outra morte foi na cidade de Ibirama, que ainda teve mais 64 desalojados e 16 desabrigados.

Pelo menos mais 12 municípios foram afetados de alguma forma pela enxurrada. Em Aurora, ocorreram alagamentos em diversos pontos da cidade, transbordamento de lagoas e inundação de residências.

Já em Apiúna, os danos foram em estruturas públicas, pontilhões e ruas. Em Palhoça, foram 60 ocorrências, 8 deslizamentos, 5 casas interditadas e diversas ruas inundadas.

De acordo com o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina, o tempo continua instável no estado.

Existe o risco de temporais localizados com acumulado significativo de chuva em curto intervalo de tempo, raios, intensas rajadas de vento e granizo.

No Oeste do estado, o esperado é uma condição de acumulado de chuva em torno de 100 mm durante todo o fim de semana.

Taurus critica decisão de Bolsonaro de zerar imposto de importação de armas

Maior fabricante de armas do Brasil, a Taurus afirmou que vai priorizar investimentos fora do Brasil após decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de zerar o imposto de importação de armas de fogo, como revólveres e pistolas divulgada nesta quarta-feira (9).

Em nota, a empresa afirmou que, “lamentavelmente, a medida irá acelerar o processo de priorização de investimentos nas fábricas da Taurus nos Estados Unidos e na Índia, em detrimento aos investimentos que iriam gerar mais empregos e riquezas no Brasil”.

Segundo a empresa, esse cenário vai levar brasileiros a importarem armas fabricadas pela empresa no exterior em vez de adquira-la no país.

A Taurus afirma ainda que a medida irá afetar a geração de empregos e a arrecadação de impostos, além de prejudicar seus clientes.

Na visão da empresa, a decisão de zerar a tarifa é ruim “para o Brasil e para os brasileiros”, em especial nesse momento de grande crise econômica.

A Taurus é dona de uma fábrica na Georgia (EUA) e também tem programada uma futura operação na Índia.

Em nota enviada ao mercado, a empresa disse que o impacto da resolução não causará efeito significativo em suas operações, pois o mercado doméstico é inferior a 15% de suas vendas, cujas margens são inferiores às das exportações.

Às 13h desta quarta, as ações da empresa caíam 4,7%. Na véspera, os papéis haviam fechado com alta de 5,7%.

 

Pedidos em carteira no mercado americano

A Taurus declarou ainda que possui mais de 1,1 milhão de pedidos em carteira no mercado americano, o que representa oito meses de vendas.

No ano passado, representantes da indústria nacional de armas já reclamavam da discrepância tributária que prejudica o setor no Brasil em benefício de empresas estrangeiras.

A informação sobre a resolução foi publicada por Bolsonaro em suas redes sociais nesta quarta (9). Ele afirmou que a medida entrará em vigor a partir de janeiro do ano que vem.

O porte e a posse de armas são bandeiras do presidente e seus filhos desde a sua campanha eleitoral.

A expectativa é de que a iniciativa seja oficializada em reunião da Camex (Câmara de Comércio Exterior) marcada para esta quarta. O presidente incluiu a participação no encontro em sua agenda oficial. Não é comum a presença do chefe do Poder Executivo em encontros do órgão de comércio.

 

Leia também: Governo zera alíquota do imposto de importação de armas; Bolsonaro comemora

Desemprego bate novo recorde e chega a 14,6% no 3º trimestre

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro atingiu o patamar recorde de 14,6%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta (27).

É a maior marca da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que calcula a desocupação oficial do país e teve início em 2012.

Em termos absolutos, são 14,1 milhões de pessoas em busca de uma vaga de trabalho. Em comparação com o segundo trimestre, houve um aumento de 1,3 milhão de pessoas nessa categoria. A alta representa um aumento de 10,2% frente ao trimestre anterior e de 12,6% em relação mesmo trimestre de 2019, quando 12,5 milhões declararam estar em busca de colocação.

Setembro também foi o primeiro mês em que o novo valor do auxílio emergencial, reduzido para R$ 300, começou a vigorar. Em agosto, segundo especialistas, a proximidade do fim do benefício já pressionava a taxa de desemprego no país.

O mercado de trabalho sofre o baque dos efeitos da pandemia de Covid-19 que eclodiu em março no Brasil. As medidas adotadas para evitar a disseminação da doença impuseram o fechamento de comércio e serviços, setores que mais empregam na economia brasileira.

O pagamento do auxílio emergencial, destinado sobretudo a trabalhadores informais que perderam sua fonte de renda no período, também ajudou a segurar a pressão sobre as vagas. Com a reabertura da economia nos últimos meses e a redução do benefício, aumenta a procura por postos de trabalho, o que faz a taxa de desemprego subir. O IBGE só considera desempregado quem está em busca de uma ocupação.

Consumo frequente de álcool cresce no Brasil, especialmente entre as mulheres

Cresceu a proporção de brasileiros com 18 anos ou mais que costumavam ingerir bebida alcoólica uma vez ou mais por semana. A alta foi puxada pelas mulheres, que tiveram aumento considerável no consumo frequente de álcool.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde 2019 divulgada nesta quarta-feira (18) pelo IBGE, o percentual da população feminina que consumia bebidas alcoólicas cresceu 4,1 pontos percentuais frente a 2013 (indo de 12,9% a 17%), enquanto o percentual dos homens caiu (de 37,1% para 36,3%), queda considerada estável.

A alta entre as mulheres puxou também a média nacional, que subiu de 23,9% em 2013 para 26,4% no ano passado, no que diz respeito ao consumo de álcool uma vez ou mais por semana. Já a ingestão uma vez ou mais por mês, no Brasil, ficou em 30%, variando de 20,5% na região Norte a 35,6% no Sul.

A região Norte, por sua vez, apresentou o maior percentual (23,4%) de brasileiros que dirigem depois de beber. No Sul, essa proporção foi menor (14,8%). Este percentual, para o Brasil, foi de 17%, o equivalente a 7,2 milhões de pessoas.

Esse indicador é bem maior entre os homens (20,5%) do que entre as mulheres (7,8%). Na análise por idade, os condutores de 25 a 39 anos apresentam maior proporção de combinação entre bebida e direção (21,2%), enquanto idosos de 60 anos ou mais ficam bastante abaixo (11%).

A pesquisa estimou a proporção de indivíduos que conduziram veículo motorizado, carro ou motocicleta, após o consumo de bebida alcoólica, independentemente da quantidade ingerida.

O consumo de álcool ainda é mais frequente entre aqueles com nível superior completo, ficando em 36%, enquanto entre os adultos sem instrução e com o fundamental incompleto esse percentual fica em 19%.

De acordo com o IBGE, os resultados indicam uma prevalência de consumo abusivo de álcool nos últimos 30 dias anteriores à entrevista, de 17,1%, sendo 26% para os homens e 9,2% para as mulheres. A proporção foi maior entre as pessoas de 25 a 39 anos de idade (23,7%) e de 18 a 24 anos de idade (22,9%).

Em contrapartida, segundo a pesquisa, o tabagismo está em declínio no Brasil. Em 2019, entre a população com 18 anos ou mais de idade, a prevalência de usuários de produtos derivados de tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou ocasional, foi de 12,8%, contra 14,9% em 2013.

Ainda cresceu a média de brasileiros que praticavam o nível recomendado de atividade física no lazer, subindo de 22,7% em 2013 para 30,1% em 2019. Essa proporção é maior entre os homens (34,2%) do que em comparação às mulheres (26,4%).

No entanto, 40,3% dos adultos foram classificados como insuficientemente ativos -ou seja, pessoas que não praticaram atividade física ou praticaram por menos do que 150 minutos por semana.

Ministério Público vai apurar possível irregularidade em live de Bolsonaro para candidatos

O Ministério Público Eleitoral do Rio de Janeiro afirmou neste sábado (7) que vai apurar possível conduta eleitoral ilícita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em live exibida ao vivo na última quinta-feira (5) em suas redes sociais.

O órgão aponta que Bolsonaro fez propaganda em favor de vários candidatos no vídeo, inclusive políticos de municípios fluminenses. Os promotores iniciaram investigação a pedido da Procuradoria Regional Eleitoral.

A procuradora regional eleitoral Silvana Batini encaminhou ofício ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias Eleitorais/RJ solicitando que seja apurada a prática de ilícitos eleitorais pelo presidente, em atuação dos promotores em combate á propaganda irregular e abuso no uso dos meios de comunicação.

No vídeo, Bolsonaro pediu voto para dez candidatos a vereador, como seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos), no Rio de Janeiro. “Dispensa comentários. É um dos responsáveis pela minha eleição a presidente. Em consequência disso, é terrivelmente perseguido pela mídia. Obrigado a quem atender o pedido da gente aí”.

Outra candidata a vereadora lembrada por Bolsonaro foi a ex-funcionária-fantasma Wal do Açaí, em Angra dos Reis. “Wal Bolsonaro, ainda botou o Bolsonaro! Valeu, Wal, vou te adotar ainda”, disse o presidente na gravação. “Se alguém puder votar na Wal em Angra, agradeço”.

Bolsonaro também pediu por votos por mais oito candidatos em São Paulo, Belo Horizonte, Boa Vista, Fortaleza, Teresina e Aracaju. Ainda fez campanha para o Senado do Mato Grosso e para outros sete candidatos a prefeitos, entre eles Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Celso Russomano (Republicanos), em São Paulo.

Indústria cresce 2,6% em setembro e elimina perdas na pandemia

A produção industrial brasileira emendou o quinto mês consecutivo de alta após tombo recorde causado pela pandemia de Covid-19 e eliminou as perdas do pior período da crise. O crescimento da indústria em setembro foi de 2,6% em comparação com o mês anterior, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Nos cinco meses de recuperação, o setor compensou a perda de 27,1% entre março e abril, quando a pandemia atingiu o país e levou ao fechamento de comércio, bares, restaurantes e shoppings, a fim de promover o isolamento social para conter o avanço do coronavírus.

No pico da Covid-19, com tombos de 9,1% em março e 18,8% em abril, a produção industrial brasileira atingiu o pior patamar da história.

No acumulado do ano, a indústria brasileira recuou 7,2%. Em doze meses, retraiu 5,5%. Já na comparação com setembro do ano passado, a indústria cresceu 3,4%, interrompendo dez meses de resultados negativos seguidos nessa comparação.

Indústria automobilística puxou resultados do mês

Mais uma vez, a indústria automobilística puxou os resultados do mês, que teve avanço generalizado em todas as categorias. Em veículos automotores, reboques e carrocerias, a alta foi de 14,1%, com expansão de 1.042,6% em cinco meses consecutivos de crescimento. Porém, o setor ainda está 12,8% abaixo do patamar de fevereiro.

Outras atividades cresceram pelo quinto mês seguido, como máquinas e equipamentos (12,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (16,5%) de couro e artigos para viagem e calçados (17,1%).

Já os segmentos de produtos alimentícios (1,2%), metalurgia (3,5%) e produtos de minerais não-metálicos (4,2%) também contribuíram com o resultado de setembro, informou o IBGE.

A indústria foi o setor da economia com maior queda no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, quando recuou 12,7%, o maior tombo desde que o IBGE começou a calcular o PIB no formato atual, em 1996.

No trimestre, o PIB brasileiro caiu 9,7%, também um tombo inédito na história da pesquisa.

Para economistas, o ritmo da retomada vai depender da recuperação do mercado de trabalho, que ainda não deu sinais de reação à crise provocada pela pandemia.

Veja o levantamento completo e outras pesquisas no site do IBGE.

Desemprego bate recorde e chega a 14,4% em agosto

A flexibilização do distanciamento social e proximidade do fim do auxílio emergencial pressionaram a taxa de desemprego no Brasil, que alcançou o patamar recorde de 14,4% no trimestre encerrado em agosto.

É a maior marca da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que calcula a desocupação oficial do país e teve início em 2012. Isso representa 13,8 milhões de pessoas na fila do emprego, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quarta-feira (30).

No trimestre móvel anterior, terminado em maio, o desemprego no Brasil havia fechado em 12,9%. Em fevereio, a taxa estava em 11,6%. No mesmo trimestre de 2019, o desemprego era de 11,8%.

A alta do desemprego acontece em meio a flexibilização do isolamento social imposto no país como forma de conter o avanço da Covid-19.

A primeira morte conhecida de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia.

A partir de abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês. Já em junho, alguns estados e municípios passaram a promover a reabertura da economia, com a volta do funcionamento de shoppings, bares e restaurantes.

Em julho, esse movimento se intensificou, ao mesmo tempo em que o novo coronavírus continuava a deixar milhares de mortos pelo Brasil. De acordo com dados da Pnad Covid, pesquisa criada para mitigar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho, cerca de 10 milhões de brasileiros deixaram o isolamento rigoroso entre julho e agosto.

Com a flexibilização, muitos trabalhadores voltaram a procurar um emprego e passaram a figurar nas estatísticas oficiais dos desocupados do país. Além disso, a queda no auxílio emergencial para R$ 300 teve início em 17 de setembro e ajudou a pressionar a taxa a partir de agosto.

Mães responsáveis pelo sustento da casa continuaram com o direito à cota dobrada, agora de R$ 600 -antes, chegava a R$ 1.200. O IBGE só considera desempregado quem está em busca de uma ocupação. Com o isolamento social e o benefício de R$ 600, alguns optavam por adiar a procura.

Trabalho doméstico perde 500 mil postos durante a pandemia

A empregada doméstica Barbara Cristina, 40, começou 2020 trabalhando em três residências diferentes no Rio de Janeiro, com uma renda mensal próxima a R$ 2 mil. Ela chega ao fim do ano, no entanto, desempregada e sem nenhuma fonte de renda, contando com a ajuda do namorado para pagar as contas.

A situação de Cristina é a mesma que muitas domésticas enfrentam após a chegada da pandemia de Covid-19 ao país. As medidas adotadas para conter a disseminação da doença, como o distanciamento social e as restrições para o funcionamento de comércio e serviços, afetaram sobretudo trabalhadores do setor de serviços.

Segundo Barbara, os empregadores alegaram motivos distintos para a dispensa, mas sempre ligados à pandemia. Ela conta ter ficado sem trabalho em meados de março e abril, quando a maior parte do país passou a adotar medidas restritivas para combater o novo coronavírus.

“Em uma das casas, fui mandada embora porque o orçamento dos patrões caiu, eles trabalham com empresas que foram afetadas pela pandemia. Nas outras, como tinham idosos ou crianças, ficaram com medo que eu levasse a pandemia para dentro da casa deles e me dispensaram”, afirma.

Números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que os trabalhadores domésticos e ligados à prestação de serviços às famílias ainda são os que mais sofrem com a pandemia da Covid-19 no Brasil.

Mesmo com a ligeira recuperação em outras áreas, principalmente aquelas com trabalhos que exigem maior qualificação, que se adaptaram ao home office, esses segmentos seguem sem conseguir criar novas vagas.

Segundo dados da Pnad Covid, pesquisa criada pelo IBGE para mensurar os efeitos da pandemia no país, desde maio foram cerca de 500 mil postos de trabalho perdidos nos serviços domésticos. Em um ano, o setor doméstico perdeu 1,7 milhão de postos, de acordo com a pesquisa Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua referente a julho. Por utilizarem metodologias distintas, as duas pesquisas não são comparáveis, mas apontam o cenário dramático do trabalho doméstico.

Janaina Mariano de Souza, presidente do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo, diz que o setor está em queda livre: a cada 10 atendimentos feitos pela entidade, 8 são de domésticas desempregadas no período. “Para nossa categoria, a pandemia ainda está fazendo estrago, o número de doméstica desempregadas está crescendo.”

Além das demissões, contratos estão sendo suspensos. A estimativa é que para cada 100 novos papéis que chegam ao sindicato, 98 são para suspensão do serviço, com base na medida provisória instaurada pelo governo. A preocupação é que esses empregos sejam encerrados após o fim da iniciativa.

“Rodolpho Tobler, da Fundação Getulio Vargas, aponta que dois fatores estão prejudicando os serviços domésticos a voltar a criar vagas. O primeiro é a cautela em relação à renda, o segundo o medo de contágio da Covid-19.

“As pessoas evitam consumir serviços porque tiveram demissões ou salários reduzidos. E a pandemia não está controlada, esse tipo de serviço demanda presença física, não tem como ter serviço doméstico sem ser assim, precisa estar presencialmente e isso tudo complica”, afirma o economista. Ele avalia que, pelo fato de os empregados domésticos utilizarem transporte público para trabalhar, acabam causando temor nos patrões de se contaminarem e levarem a doença para seus lares.

“E tem a questão da renda, ninguém tem certeza de que o salário vai continuar estável, as pessoas estão postergando esse consumo e aproveitam para não ter gastos”.” O especialista da FGV afirma que o corte no auxílio emergencial vai pressionar o mercado de trabalho, fazendo as pessoas irem às ruas em busca de emprego.

“Com o benefício caindo pela metade, isso pressiona o orçamento das famílias e elas ficam obrigadas a procurar emprego. Os R$ 300 não são suficientes para se manter, mas a economia não reage tão rápido para absorver a todos, e muito vão fazer bico, para conseguir renda”, diz. Além do trabalho doméstico, outros serviços com características semelhantes, como baixos salários e alta informalidade, também foram duramente afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo a Pnad Covid, desde maio foram perdidos 350 mil vagas em alojamento e alimentação (como hotéis e restaurantes) e 300 mil em outros serviços. O segmento de outras atividades, que agrega serviços menores que não se encaixam em nenhum dos outros pesquisados, registrou perda de 2,9 milhões. Somados, esses serviços concentram 4 milhões de postos de trabalho perdidos durante a pandemia e ainda não mostraram reação, apesar do afrouxamento da quarentena nas últimas semanas.

Enquanto isso, outros setores já mostram uma retomada gradual, como os de construção, comércio e reparação de veículos e motocicletas, e nas indústrias geral e de transformação. Para o professor Ricardo Macedo, do Ibmec, esse cenário ainda se relaciona com a crise sanitária. Como serviços domésticos e prestados à famílias envolvem contato direto e aglomeração, a demanda segue desaquecida por um temor do consumidor de se expor.

O professor Otto Nogami, do Insper, diz que o processo de retomada do emprego nos serviços enfrenta dificuldades mesmo com a flexibilização. “Muitos empresários estão descobrindo que não está valendo a pena retomar a atividade, pois está tendo mais prejuízo que lucro. Eles preferem manter o negócio fechado até que a coisa realmente se estabilize e comece a voltar à normalidade de uma maneira mais consistente.”

Outro fator que explica a falta de reação do emprego nesses setores é o auxílio emergencial, o benefício elevou a renda dos mais pobres a patamares inéditos, permitindo com que ficassem em casa em vez de se expor ao vírus. Com o corte pela metade do benefício, a tendência é que esses brasileiros voltem às ruas para buscar um trabalho, o que vai pressionar a taxa de desocupação e de informalidade.

Soma-se a isso a alta na inflação de alimentos –em setembro, o IPCA registrou a maior alta para o mês desde 2003. “A cesta básica ficou comprometida. É uma questão de sobrevivência e manutenção de dignidade, essas pessoas serão obrigadas a voltar, e a informalidade vai crescer”, avalia o professor Ricardo Macedo.

Desemprego no Brasil bate recorde e atinge 13,1 milhões de pessoas

A reabertura de comércio e serviços em meio à pandemia intensificou o aumento do desemprego no Brasil, que bateu recorde e chegou a 13,8% no trimestre encerrado em julho. É a maior marca da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que calcula a desocupação oficial do país e teve início em 2012.

Isso representam 13,1 milhões de pessoas na fila do emprego, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quarta-feira (30). No trimestre anterior, terminado em abril, o desemprego no Brasil havia fechado em 12,6%. Em janeiro, a taxa estava em 11,2%.

A alta do desemprego acontece quando o país passa a sentir com mais força a flexibilização do isolamento social imposto em todo o Brasil como forma de conter o avanço do Covid-19. O primeiro óbito conhecido de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia.

Em abril, os efeitos econômicos começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês. Já em junho, alguns estados e municípios passaram a promover a reabertura da economia, com a volta do funcionamento de shoppings, bares e restaurantes.

Em julho, esse movimento se intensificou, ao mesmo tempo em que o novo coronavírus continuava a deixar milhares de mortos pelo Brasil. Com a flexibilização, muitos trabalhadores voltaram a procurar um emprego e passaram a figurar nas estatísticas oficiais dos desocupados do país.

O IBGE só considera desempregado quem está em busca de uma ocupação. Com o isolamento social e o auxílio emergencial, alguns optavam por adiar a procura. Diante desse cenário, economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg esperavam desemprego de 13,7% no trimestre encerrado em julho.

Na semana passada, o IBGE divulgou dados da Pnad Covid, pesquisa de caráter extraordinário criada para calcular os efeitos da pandemia no mercado de trabalho. Os dados, porém, não podem ser comparados à Pnad Contínua, que traz os números oficiais do desemprego no país.

Na divulgação de agosto, o IBGE apontou que o desemprego no Brasil aumentou 27,6% em quatro meses de pandemia. Em maio, a população desocupada era de 10,1 milhões, número que passou para 12,9 milhões em agosto. Em comparação com julho, a taxa de desocupação no país subiu de 13,1% para 13,6%.

Cerca de 13 milhões de brasileiros retornaram ao trabalho desde maio, diz IBGE

A população brasileira ocupada e não afastada do trabalho aumentou em 13 milhões de pessoas de maio até a primeira semana de setembro, informou nesta sexta-feira (25) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Ao mesmo tempo, o número de brasileiros em home office seguiu estável, estimado em 8,3 milhões, mas teve queda percentual de 13,4%.

Isso pode indicar que os empregos que estão retornando são os de menor qualificação, sem condições de trabalhar remotamente, ou ainda um sinal da flexibilização da economia pelo país, pois caiu também o percentual de pessoas afastadas do trabalho devido ao distanciamento social. Na primeira semana de setembro eram 3,4 milhões de brasileiros (4,2%) nessa situação, contra 16,6 milhões (19,8%) em maio.

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, os empregos em home office são os de melhor qualificação, com remunerações maiores, o que fez com que o home office virasse um novo indicador da desigualdade no mercado de trabalho brasileiro. “O home office não é para qualquer um, é para determinadas ocupações e setores, afirma João Luiz Maurity Saboia, da UFRJ.

Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa, destacou que a recuperação do emprego no país vem se dando especialmente entre os trabalhadores informais ou por conta própria, justamente os que normalmente recebem salários menores e possuem menos qualificações. “Foram os mais atingidos pela pandemia”, destacou Vieira.

Ana Beatriz Moraes, economista do Ibmec, apontou que é necessário torcer para que o aquecimento da economia consiga tirar a população da zona do desemprego. “O retorno da atividade econômica em um primeiro momento está relacionado à flexibilização de medidas relativas à pandemia”, disse a professora.

Nos últimos meses, o Brasil promoveu a reabertura gradual do comércio, com shoppings, bares e restaurantes voltando a funcionar, o que motivou a retomada de alguns postos de emprego. Apesar disso, a população que gostaria de trabalhar continuou estável com relação a maio, na casa das 27,3 milhões de pessoas.

Aproximadamente 17,1 milhões de pessoas fora da força que gostariam de trabalhar e não procuraram emprego foram impedidas pela pandemia ou por não encontrarem ocupação próximo de onde moram.

Ao mesmo tempo, aumentou a população desocupada no país em função da população fora da força de trabalho ir reduzindo com a flexibilização do distanciamento social. “As pessoas retornam ao mercado de trabalho, vão em busca de emprego e ocupação”, explicou Maria Lúcia.

Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado quem está na fila do emprego em busca de ocupação. Por isso, com o retorno gradual da economia e o auxílio emergencial diminuindo e com data para encerrar, os brasileiros vão retomando a procura por trabalho, o que pressiona a taxa de desocupação.

No início de setembro, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que o auxílio emergencial será reduzido para R$ 300 por quatro meses. A quantia representa metade da concedida nos primeiros cinco meses do programa.

Na primeira semana de setembro, a população desocupada ficou em 13 milhões de pessoas, considerável estável pelo IBGE, mas com redução de 700 mil brasileiros na comparação com o fim de agosto. Já com relação a maio, eram 9,8 milhões de trabalhadores desempregados na primeira semana do mês.