Xuxa fala sobre cobrança por estar ‘velha’ perto dos 60

A apresentadora Xuxa Meneghel constantemente precisa lidar com comentários e cobranças em suas redes sociais, principalmente a respeito da sua idade. Prestes a celebrar 60 anos em alto mar, ela falou como se sente ao ler comentários falando que ela “está velha”.

“As pessoas me cobram: ‘A Xuxa tá velha’. Não fico magoada. Eu tenho espelho em casa. Eu sei. Eu entendo elas. Eu sei me olhar com o olhar delas. Mas meus fãs de antigamente também envelheceram. E não querem se ver desse jeito. Muitas dessas pessoas, pelo visto, não têm maturidade para curtir essa fase”, comentou Xuxa em entrevista a Patrícia Kogut, colunista do jornal carioca O Globo.

Ela aproveitou para refletir sobre a palavra “velha” e dizer que se sente privilegiada ao afirmar que não sofreu preconceitos ao longo da carreira e que continua trabalhando.

“Moramos num país onde ‘velha’ vem como um negócio pesado. Colocam uma coisa ruim ao lado da experiência que a maturidade traz. Eu sou uma privilegiada, se você puser a minha história ao lado das de tantas outras mulheres. Não sofri preconceitos ao longo da minha carreira. E continuo trabalhando aos 60”, disse Xuxa.

Ela fará 60 anos no final de março e faz uma leitura da chegada desta nova idade: “Vejo este momento por dois aspectos. Um, de mulher realizada com o homem que eu amo. Chegar aos 60 com um cara que te ama como o Ju [Junno Andrade], me ama, faz a minha vida íntima ser redondinha. Minha filha é independente e me manda mensagem todos os dias, de manhã e de noite e sempre envia uma foto em que está sorrindo. Estou no auge [do] que um ser humano pode alcançar como amante, como mulher, como mãe”.

“Mas olho minha pele enrugadinha e é um outro lado da idade. O colágeno não existe. Minha pele é castigada do sol, que continuo pegando, porque adoro. Por mais que eu use os melhores cremes, me olho no espelho e não me vejo como antes. Ju fica dizendo que sou linda e gostosa. Mas eu trabalho com a imagem desde jovem e sei que não é igual. É difícil. Me olho e falo: nunca mais terei aquele corpo, aquela cinturinha”, conta.

ATAQUE DE EX-MINISTRO

Na entrevista a Kogut, Xuxa comentou indiretamente sobre as críticas que recebeu do ex-ministro do governo Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), após ter o nome anunciado para ser a nova embaixadora da campanha de vacinação no Brasil pelo governo Lula (PT).

Xuxa diz que ela mesma se ofereceu para fazer parte da campanha, após ver que o índice de vacinação atual está muito baixo.

“Com a música ‘Ilariê’ a gente já conseguiu que 96% das crianças brasileiras se vacinassem. Campanha de vacinação é um negócio assim que dá uma alegria… Agora estamos lá em baixo. Como pode? Eu que me ofereci para ser embaixadora da Campanha de Vacinação do Ministério da Saúde. Procurei descobrir o telefone da Janja (a primeira-dama) e me pus à disposição”, revelou.

“Eu fiz isso com todos os ex-presidentes do Brasil. Menos com aquele que chamo de tudo, menos de gente [em menção a Jair Bolsonaro]. Quero voltar a trabalhar ao lado do Zé Gotinha”, declarou. Ela disse que pretende mostrar a carteirinha de vacinação da filha Sasha: “Já pedi autorização a ela, porque Sasha é discreta e não gosta de aparições públicas. Ela topou”.

Ainda no contexto político, Xuxa afirmou que nunca foi petista, mas que era contra Jair Bolsonaro (PL) desde o começo.

“Nunca fui petista, pelo contrário. Mas fui contra esse homem desde o início. Mas antes, eu era contra o genocida. Só que depois que o Bozo falou aquilo de ‘pintou um clima’ para se referir a meninas adolescentes, tive muito nojo. Queria muito fazer uma campanha chamada ‘Pintou um crime’. Contra velhos babões que olham para crianças de 12, 13, 14 anos. Como eu fui olhada quando era criança”, desabafou.

“Crianças dessa idade não se prostituem, são exploradas. A gente tem que mostrar que isso está muito errado. Não podem passar a mão na cabeça. No mínimo, ele deveria ter chamado a polícia, se achou que havia algo errado ali”, complementou, lembrando o episódio relatado pelo ex-presidente.

Lula e PT tropeçam nos argumentos ao criticar o Banco Central

 Além de pressionar as expectativas de inflação e a curva de juros, causando um efeito reverso ao pretendido, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT contra o Banco Central (BC) têm sido permeadas por imprecisões e exageros.

Apesar de a autoridade monetária fazer mais referências à área fiscal agora do que sob Bolsonaro – mais até que durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando as contas públicas registraram um rombo sem precedentes -, citações a números errados, reclamações de que a autarquia supostamente teria se calado no governo anterior e a desconsideração sobre o risco inflacionário na artilharia contra os juros representam tropeços que minam o discurso do partido.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falou nos últimos dias que o BC não deu “um pio” no ano passado sobre a elevação de gastos do governo Bolsonaro em meio à corrida eleitoral. Mas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, comandado por Roberto Campos Neto, e as atas das reuniões mostram o contrário.

“A nota divulgada [pelo Copom sobre a decisão de manter juros e que cita o cenário fiscal] está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger”, afirmou Gleisi em rede social.

Na verdade, ao longo de 2022 o BC fez diferentes alertas sobre o cenário fiscal, a ponto de gerar reclamações do então ministro Paulo Guedes (Economia), e ainda elevou cinco vezes a taxa de juros (de 9,25% para 13,75%, percentual visto até hoje). Desde o começo daquele ano, o Copom repetia, inclusive, os riscos que o teto de gastos corria.

“O Comitê reforça que a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que sustentem a demanda agregada podem trazer um risco de alta para o cenário inflacionário e para as expectativas de inflação”, afirmou o Copom em junho, por exemplo.

No mês seguinte, foi promulgada pelo Congresso uma PEC (proposta de emenda à Constituição) de interesse do governo Bolsonaro para turbinar benefícios sociais em meio à corrida eleitoral até o fim daquele ano. O então presidente estava em segundo lugar na disputa e as medidas poderiam ajudar sua popularidade entre a população mais carente, tradicionalmente mais disposta a votar em Lula.

A medida aumentou os gastos do governo em R$ 41 bilhões em 2022. Foi elevado o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, foi expandido o Auxílio Gás, foram criados benefícios para caminhoneiros e taxistas e liberadas outras medidas.

Conforme o tempo passava, novos comentários eram inseridos nos textos do BC. Em agosto de 2022, em meio ao crescimento das especulações sobre a perpetuação das novas despesas, o Copom considerou que o prolongamento delas poderia “elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação à medida que [tais medidas] pressionam a demanda agregada e pioram a trajetória fiscal”.

Após a vitória de Lula, o que pode ser observado pelos textos do Copom é que os alertas feitos sobre o cenário fiscal se intensificaram.

Em 2022, o Copom fez referência às palavras “fiscal” e “fiscais” no máximo 5 vezes em cada ata do Copom até setembro. Em outubro, pouco antes do resultado das eleições, foram 7. Em dezembro, após a vitória de Lula, as menções dobraram para 14 e, na mais recente (de fevereiro), foram 15.

Até então, o maior número havia sido em dezembro de 2020, quando o governo chegou a um rombo histórico de R$ 743 bilhões no ano devido às medidas para enfrentar a pandemia de Covid-19 e seus efeitos (foram 11 menções).

No documento do fim do ano passado, o Copom se voltou ao novo governo adicionando ao texto trechos em que dizia acompanhar “os desenvolvimentos futuros da política fiscal e seus potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva”. Além disso, disse que havia “muita incerteza sobre o cenário fiscal prospectivo” e que o momento demandava “serenidade na avaliação de riscos”.

Falou ainda que o impacto para a inflação decorrente de estímulos fiscais significativos “tende a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade econômica”. E ainda levantou o risco de reversão de reformas, que, para o Copom, poderia resultar em “uma alocação menos eficiente de recursos” e “reduzir a potência da política monetária”.

Com algumas variações, o Copom manteve e até subiu o tom de alertas na ata mais recente, divulgada em fevereiro mas adicionou um trecho em que cita o pacote fiscal apresentado pelo governo para melhorar as contas públicas. O movimento foi interpretado pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) como uma mensagem mais amigável do que o observado até então.

“O comitê […] reconhece que a execução de tal pacote atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”, afirmou o Copom. O texto, contudo, ressalta em outro momento que será importante “acompanhar os desafios” na implementação das medidas anunciadas por Haddad.

Embora possa se discutir o tom em cada momento, as atas mostram que a preocupação com o cenário fiscal é presente nos recados do Copom ao longo dos últimos anos.

A série de mensagens públicas trocadas entre petistas e BC continua. Nas redes sociais, Gleisi disse recentemente que “as grandes economias controlam inflação sem aumentar juros, menos o Brasil”. Na verdade, mais de 40 países aumentaram os juros para conter a inflação ao longo de 2022.

Entre eles, os Estados Unidos, cujo mais recente movimento aconteceu neste mês ?quando o Federal Reserve (banco central americano) elevou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual. Apesar de o movimento marcar um retorno a aumentos mais lentos, a taxa de referência está agora entre 4,5% e 4,75% ?o nível mais alto desde setembro de 2007.

O próprio Lula tem cometido uma série de imprecisões no debate. Neste mês, criticou o BC por “esse aumento de juro” – embora a taxa tenha sido elevada antes das eleições (em agosto de 2022). O percentual está, desde então (após quatro reuniões do Copom), inalterado.

Lula também já afirmou duas vezes que a taxa de juros está em 13,5% (quando o correto é 13,75%). Também reclama de ter sido estabelecida uma meta de inflação de 3,7%, que ele considera exageradamente baixa (na verdade, a meta deste ano é de 3,25%; e o objetivo de 3,75% foi fixado para o ano de 2021).

Ao criticar a autonomia do BC, o presidente da República também já falou que o país poderia “não ter nem juro”. Juro real zero ou negativo é uma possibilidade em algumas economias mais desenvolvidas, mas uma realidade ainda difícil de ser alcançada em um país como o Brasil – que tem um mercado de crédito sob significativa inadimplência, é pressionado pela inflação e vive um cenário fiscal de desconfiança.

O juro real ou negativo também teria suas complexidades. Apesar de a princípio incentivar empresas e pessoas a retirarem dinheiros dos bancos para que rendam em outros tipos de investimentos, movimentando a atividade, parte dos economistas vê efeitos colaterais, como para o sistema bancário do qual a economia também depende.

Na saraivada de ataques ao presidente do BC pelo patamar dos juros, o PT aponta os dedos para a autoridade monetária desconsiderando em grande parte a pressão inflacionária existente no país por diferentes fatores – entre eles, os que dependem do governo e que poderiam ajudar a reduzir as incertezas do cenário.

Na lista, estão a decisão acerca da tributação sobre combustíveis, a efetiva implementação do pacote de medidas para melhorar as contas públicas e a apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos.

Carnaval não é feriado nacional: veja os direitos dos trabalhadores

O trabalhador que está contando os dias para o início oficial do Carnaval 2023 precisa se assegurar que terá direito à folga antes de começar o planejamento para a festa.

Apesar de ser listado com destaque em boa parte das folhinhas de calendários, o Carnaval não é feriado nacional. Isso significa que as empresas não são obrigadas a conceder folga aos funcionários e podem convocar o profissional para trabalhar sem a necessidade de pagar hora extra.

No entanto, por ser um evento com grande apelo cultural, é comum que os empregadores e funcionários negociem um acordo.

Neste ano, o Carnaval será celebrado no dia 21 de fevereiro, terça-feira. É o primeiro ano de celebração sem restrições desde o início da pandemia de Covid-19.

O Rio de Janeiro é o único estado brasileiro a considerar a data um feriado. Neste caso, há direito à folga e pagamento de horas em dobro em caso de expediente.

Outras cidades e estados, no entanto, consideram o Carnaval ponto facultativo. É o caso da cidade de São Paulo, que declarou ponto facultativo para servidores municipais em 20 e 21 de fevereiro. No dia 22, o ponto será facultativo até as 12h.

Segundo a advogada Stéfany Klein, do escritório Silveiro Advogados, enquanto um feriado é determinado por lei, o ponto facultativo é um decreto publicado no Diário Oficial de cada estado ou município. “No ponto facultativo, as empresas podem escolher ou não suspender as atividades”. Já no funcionalismo público, a folga é garantida quando há o fechamento de determinado órgão.

Para muitas categorias, a decisão de não trabalhar durante o ponto facultativo é definida nas convenções coletivas e varia de acordo com a área de atuação de cada categoria.

Os bancos, por exemplo, seguem uma resolução do Conselho Monetário Nacional, que não considera dias úteis para fins de operações bancárias sábados, domingos e feriados de âmbito nacional, bem como a segunda-feira e a terça-feira de Carnaval.

Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) o expediente nas agências bancárias retorna somente na Quarta-Feira de Cinzas (22), a partir das 12h. A programação vale tanto para os bancos públicos quanto para os privados.

Já o comércio funcionará normalmente no Carnaval e nos dias que antecedem à festa. Segundo o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo Ricardo Pata o carnaval tem um grande relevância no movimento do comércio, por isso a categoria não libera os funcionários durante os dias de folia.

QUE TIPO DE ACORDO PODE SER DEFINIDO ENTRE PATRÃO E FUNCIONÁRIO?

Segundo os especialistas, é bastante comum que empregadores e funcionários cheguem a um acordo para não trabalhar no dia de Carnaval. O mais recorrente é um acordo de compensação de horas.

“Empresas que já adotam banco de horas podem compensar essas horas não trabalhadas dos funcionários”, afirma a advogada Stéfany Klein.

Contudo, nas empresas menores, os acordos acabam sendo diferentes. Segundo a especialista, uma das alternativas é oferecer para o funcionário a opção de estender a jornada de trabalho durante alguns dias na semana para compensar as horas não trabalhadas no dia de folga.

“O funcionário pode trabalhar uma hora a mais toda a semana para folgar no Carnaval. Mas, de acordo com o que diz a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), o máximo que o trabalhador pode fazer é duas horas extras por dia.”

O QUE ACONTECE SE O FUNCIONÁRIO FALTAR?

No caso de a empresa optar por manter o expediente durante os dias de folia, e o funcionário faltar ao trabalho sem justificativa, ele estará desrespeitando uma ordem patronal, diz o advogado Luís Carlos Mello, do escritório Atique e Mello Advogados.

Neste caso, a empresa pode descontar esse dia no salário e deixar de remunerar o dia do descanso semanal. “A lei 605/49 assegura ao trabalhador a remuneração do dia do descanso somente se tiver cumprido a jornada da referida semana com assiduidade e pontualidade”.

Em alguns casos, ele também pode ter desconto nas férias, na cesta básica e outros benefícios. Mas, apesar dessas consequências, a falta injustificada não é razão para uma demissão por justa causa, afirma Stefany.

“Para configurar uma demissão por justa causa, seria preciso no mínimo 30 dias de falta. Dependendo do empregador, além do desconto, a punição pode ser uma suspensão ou até uma advertência”.

A EMPRESA QUE DISPENSAR O FUNCIONÁRIO PODE COBRAR REPOSIÇÃO DE HORAS?

De acordo com os especialistas, a empresa que decidir por conta própria não abrir no Carnaval não pode descontar o dia do salário dos funcionários ou exigir que as horas não trabalhadas sejam compensadas.

“Neste caso, por se tratar de decisão da própria empresa, ela não poderá descontar [o salário]. Na eventualidade de existência de banco de horas, em tese, a empresa poderá debitar tais horas no referido banco”, afirma Mello.

Já nos municípios onde a data está inserida na lista de feriados locais, o trabalhador tem o direito ao dia de descanso garantido por lei. O empregado que for trabalhar na ocasião tem o direito de receber os valores em dobro, caso o empregador não garanta a folga pelo dia de trabalho.

SHOPPINGS TAMBÉM NÃO TERÃO ALTERAÇÃO NO FUNCIONAMENTO

Quem trabalha em loja ou restaurante dentro de shopping center também terá pouca mudança na rotina durante os dias de carnaval. Segundo a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), praticamente não haverá nenhuma alteração no funcionamento dos estabelecimentos.

No sábado (18) e na segunda (20), o horário de abertura será normal, das 10h às 22h. Já no domingo (19), o funcionamento será das 14h às 20h.

Na terça-feira de Carnaval (21) e na Quarta-Feira de Cinzas (22), os shoppings também foram orientados a manter o horário normal de funcionamento, das 10h às 22h. No entanto, fica a cargo da administração de cada centro de compras decidir se mantém o período integral ou o horário reduzido, afirma Luis Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop.

“Isso é uma decisão interna de cada empresa. Não há uma regra que estipule isso”, diz SilvaNo dia 21, os centros de compras que decidirem reduzir o horário de funcionamento podem abrir das 14h às 20h. Já no dia 22, quem optar por diminuir o expediente pode funcionar do meio-dia às 22h.

Mulheres ocuparam menos de 10% dos cargos de comando do Congresso nos últimos 20 anos

Nos últimos 20 anos, mulheres ocuparam menos de 10% dos assentos das Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Realizada na semana passada, a eleição dos cargos para este biênio elegeu apenas a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que será a 2ª secretária na Câmara. No Senado, não foram eleitas mulheres.

Esse cenário não difere do das últimas dez eleições das Casas.

Levantamento da Folha com dados oficiais do Congresso aponta que dos 121 cargos disponíveis na Câmara nos últimos 20 anos, apenas 10 foram ocupados por mulheres. No Senado, elas ficaram com apenas 11 dos 121 cargos.

Nenhuma mulher, na história, foi eleita presidente da Câmara ou do Senado.

Quem chegou mais alto nos postos de comando foram as ex-senadoras Rose de Freitas (ES) e Marta Suplicy (SP), em 2011. Rose, à época deputada federal, foi 1ª vice-presidente da Câmara. Marta foi 1ª vice do Senado, mas deixou o cargo no ano seguinte para ser ministra da Cultura no governo Dilma Rousseff (PT).

Na Câmara, o biênio com maior representatividade das parlamentares foi há dois anos, com três mulheres na Mesa em 2021: Marília Arraes (2º secretária), Rose Modesto (3º secretária) e Rosângela Gomes (4º secretária).

Marília Arraes e Rose Modesto, no entanto, não terminaram o período nos cargos porque trocaram de partido e perderam as vagas. Elas foram substituídas por Odair Cunha (PT) e Geovânia de Sá (PSDB), respectivamente.

No Senado, 6 dos 11 cargos ocupados por mulheres no período foram de suplentes. O biênio com maior participação de mulheres foi 2011-2012, com três delas: Marta Suplicy (1ª vice-presidência), Maria do Carmo Alves (3ª suplente) e Vanessa Grazziotin (4ª suplente).

Embora a decisão final seja no voto, a indicação do parlamentar que vai disputar o cargo normalmente é feita pelo líder do partido –e de forma já acordada com os demais líderes da Casa.

A participação de mulheres pode ainda subir ligeiramente neste ano com a escolha dos suplentes no Senado, já que lá apenas os titulares foram definidos até o momento.

Para a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), líder da bancada feminina do Senado, a escolha de mulheres para as vagas de suplência não resolve nem minimiza o problema, já que as parlamentares só vão assumir os cargos se e quando os titulares estiverem ausentes.

“Eu tenho muita convicção hoje: a gente não vai avançar sem ser através do sistema de cotas, de uma ação mais coercitiva para ocupar espaços de poder. [A indicação de mulheres para a Mesa] não vai ocorrer a bel-prazer dos líderes do Congresso Nacional”, afirma.

Como, segundo ela, a situação não vai mudar se depender apenas da vontade dos homens –que estão em ampla maioria na Câmara e no Senado– é preciso aprovar projetos como a PEC (proposta de emenda à Constituição) apresentada em 2015 pela deputada Luiza Erundina (PSOL-SP).

O texto garante a representação proporcional de mulheres na composição das Mesas e das comissões. Eliziane Gama também defende um projeto de sua autoria que estabelece que, a cada eleição com duas vagas para o Senado, uma delas seja reservada pela chapa a mulheres.

Mesmo com a maior bancada feminina da história do Senado –com 15 das 81 vagas–, as mulheres também não conseguiram “chegar lá” neste ano. A falta de representatividade foi motivo de reclamação durante a eleição da Mesa Diretora, após a vitória de Rodrigo Pacheco (PSD).

“Estamos no século 21 e não é mais possível, toda vez em que se tem um processo nesta Casa, uma senadora ter que se levantar e dizer: presidente, nós existimos!”, protestou a senadora Leila Barros (PDT-DF) na sessão do último dia 2.

Em resposta, Pacheco pediu para que os líderes indiquem senadoras para os cargos de suplência. Para Leila, o apelo do presidente mostra que o machismo ainda está enraizado no Congresso Nacional –e que o processo de mudança será árduo.

“O Brasil ainda está muito atrasado com relação à igualdade entre homens e mulheres. Nós estamos vivendo um processo de mudança que começou em 1979, com a posse da primeira senadora eleita, Eunice Michiles. De lá para cá, conquistamos espaços, mas o Brasil ainda é uma nação machista”, diz.

Única mulher na Mesa Diretora da Câmara desse biênio, Maria do Rosário diz que é preciso realizar mudanças legais para alterar esse cenário, como aplicação de um critério crescente de cotas para alcançar a paridade de gênero, e que o tema seja discutido na sociedade “como elemento constitutivo da democracia”.

Ela será a 2ª secretária, cargo responsável pelas relações internacionais da Casa com as embaixadas e o Ministério das Relações Exteriores, auxiliando na emissão dos passaportes diplomáticos, passaportes oficiais e vistos para missão oficial concedidos a parlamentares e servidores.

Para a parlamentar, é preciso aumentar muito o número de mulheres na representação política “para que sejamos vistas igualmente como capazes e confiáveis para o exercício de cargos de poder”.

“Vemos que no Judiciário as mulheres obtiveram esse avanço, porque o acesso é por critérios mais técnicos do que políticos e culturais. Por isso é preciso superar as visões de gênero na própria sociedade, elegendo mais mulheres, e reunir forças para promover sua ascensão nestas instâncias políticas”, diz.

Para Flávia Biroli, professora do Instituto de Ciência Política da UnB, a sub-representação de mulheres nos cargos das Mesas Diretoras é um efeito da falta de representatividade delas nas próprias Casas.

“Mulheres têm dificuldades para se eleger e, uma vez eleitas, são mantidas em posições periféricas do ponto de vista das hierarquias internas das Casas. O que é necessário para uma mulher ocupar um espaço de destaque não é o mesmo que é necessário para os homens.”

Ela afirma que isso passa pelos partidos políticos –e defende a adoção de um mecanismo de cotas. “Se não tiver reserva e cotas os partidos seguem com as mesmas práticas. O que muda é quando tem uma regulamentação”, diz Biroli.

Desde os anos 90, cotas eleitorais de gênero e raça surgiram visando elevar a participação feminina e de negros na política. Apesar de serem maioria na sociedade, são minoria no Legislativo e no Executivo. Em 2022, por exemplo, dos 513 deputados federais eleitos, 422 eram homens.

Nos EUA, Lula diz que não pedirá a extradição de Bolsonaro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não irá falar com o homólogo americano, Joe Biden, sobre a extradição de Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estado Unidos, e que essa decisão depende da Justiça brasileira. A afirmação foi feita em entrevista à CNN Internacional em Washington, nesta sexta (10), onde Lula se encontra com Biden.

“Um dia ele vai ter que voltar ao Brasil e enfrentar os processos que ele responde. Eu não vou falar com Biden sobre a extradição do Bolsonaro, isso vai depender dos tribunais, e eu quero que ele seja considerado inocente até que seja provado o contrário, o que não aconteceu comigo”, afirmou Lula. “Só falo com Biden sobre o assunto se ele falar disso.”

O ex-presidente está no estado da Flórida, para onde foi antes da cerimônia de posse de Lula. No último dia 30, Bolsonaro pediu visto de turista para permanecer mais tempo nos Estados Unidos, já que seu visto diplomático iria expirar.

Em Washington, Lula deve apresentar a Biden a ideia do “clube da paz”, grupo de países que, na visão do Planalto, não estão envolvidos diretamente no conflito e, portanto, poderiam negociar a paz entre Rússia e Ucrânia. Ele voltou a defender o plano durante a entrevista, quando perguntado se estava comprometido com a democracia fora do país como se diz com relação ao sistema democrático brasileiro.

“Estou comprometido com a democracia. No caso da Ucrânia e da Rússia, é preciso que alguém esteja falando sobre paz. Precisamos falar com o presidente Putin sobre o erro que foi a invasão [do território ucraniano], e devemos falar para a Ucrânia conversar mais. O que quero dizer a Biden é que é necessário um grupo de países pela paz”, afirmou.

Um alto funcionário do governo americano indicou, no entanto, que os Estados Unidos têm muitas ressalvas à ideia. Segundo ele, os esforços pela paz devem reconhecer que há violação da integridade territorial e da soberania ucranianas pela Rússia, seguindo os critérios da Carta da ONU.

Lula defende que um dos países que poderia participar dos diálogos pelo fim do conflito é a China, aliada do presidente russo Vladimir Putin, com quem disse ter “amizade sem limites” poucas semanas antes do início da guerra. Pequim, no entanto, evita participar diretamente da disputa.

Como adiantou a Folha de S.Paulo no último dia 27, o presidente Lula negou o pedido da Alemanha e vetou o envio de munições de tanques Leopard-1, operados pelo Brasil, à Ucrânia, sob o argumento de que, se as enviasse, estaria se envolvendo diretamente com o conflito.

“Eu não quis mandar [munição], porque se eu mandar, eu entrei na guerra. E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra”, disse Lula, repetindo a segunda frase em seguida. “Esse é meu dilema e o meu compromisso.”

O movimento vem na contramão da intensificação do envio de armas à Ucrânia que tem sido feita pelos aliados ocidentais de Kiev. Recentemente, americanos e europeus enviaram tanques Leopard-2 e Leopard-1, no caso dos alemães, e M1 Abrams, no caso de Washington.

Lula tem viagem confirmada para a China em março, onde deve se encontrar o líder chinês Xi Jinping, em meio a tensões entre Washington e Pequim relativas ao conflito europeu, aos incidentes dos balões chineses considerados espiões pelos americanos e à expansão da presença militar dos Estados Unidos no Indo-Pacífico.

Durante a entrevista, o presidente brasileiro também falou sobre os compromissos do Brasil com a redução do desmatamento e dos planos de integrar as ações relativas ao clima e ao meio ambiente do governo federal com estados e municípios.

Após o encontro na Casa Branca, os Estados Unidos devem anunciar a intenção de injetar recursos no Fundo Amazônia, principal iniciativa de arrecadação de verba para conservação da floresta e combate ao desmatamento. Atualmente, é gerido pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e bancado pela Noruega e pela Alemanha, além de, em menor parte, pela Petrobras.

Desmatamento na Amazônia tem queda 61% em janeiro, aponta Inpe

O desmatamento na Amazônia em janeiro deste ano caiu 61% em comparação com o mesmo período anterior. Foram 167 km² desmatados, em comparação com 430 km² em 2022. Ainda, houve queda em relação a dezembro de 2022, que registrou 229 km² derrubados.

Os alertas foram divulgados nesta sexta (10) pelo Deter, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que divulga informações para o combate ao desmatamento em tempo real. O número confirma as reduções parciais de janeiro e é o quarto mais baixo da série histórica recente do Deter, iniciada em 2015.

A diminuição ocorre em meio ao período de chuvas na região, que dificulta a derrubada. Os números altos nesta época são considerados pontos fora da curva.

Os indicadores para janeiro são os primeiros no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem Marina Silva (Rede) no comando da pasta de Meio Ambiente 15 anos depois de sua primeira passagem e em um contexto muito mais complexo para o combate ao desmatamento.

Ainda, o governo Lula precisa enfrentar o cenário deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para cumprir as promessas de desmatamento zero e redução de emissões, reforçadas no discurso de posse e mesmo antes dela.

As ações, como as primeiras operações do governo contra desmatamento e garimpo, têm peso na imagem do país e nas possibilidades de recursos para o combate ao desmatamento. Os Estados Unidos, por exemplo, estão considerando sua primeira contribuição para o Fundo Amazônia.

Um possível anúncio é esperado durante reunião de Lula com Joe Biden na Casa Branca nesta sexta-feira (10), disseram duas autoridades dos EUA com conhecimento direto do assunto.

Golpe usa nome de escritórios de advocacia para extorquir dinheiro por WhatsApp

A estreia do Brasil na última Copa do Mundo foi um episódio triste para a aposentada Solange Amoedo, 63. Por volta das 11h, ela recebeu uma ligação de uma mulher que se identificava como secretária do advogado Gabriel Chiavassa, que antes havia acionado seu filho.

O motivo era informar que ela havia obtido decisão judicial favorável em um processo e tinha dinheiro para receber. Mas precisava pagar R$ 5.000, no dia, para receber o valor total. “Eu disse que não tinha dinheiro, que só tinha cerca de R$ 1.800. Eles disseram que podia ser, e eu fiz o pagamento”, conta Solange.

A insistência para fazer o depósito em mensagens de WhatsApp causaram estranhamento, mas, com as atenções voltadas para o jogo, a aposentada fez o pagamento. Ela só saberia mais tarde, com a ajuda da nora, que havia caído em um golpe.

Ocorre que Gabriel Chiavassa é um advogado real, que integra o escritório Chiavassa Advogadas Associadas. Segundo Rosana Chiavassa, sócia do escritório, Solange não foi a única que repassou dinheiro aos suspeitos. Desde abril do ano passado, quando começou o assédio aos clientes, oito pessoas perderam, juntas, cerca de R$ 150 mil.

“A pessoa entra em contato, recebe um documento falso, claro, mas com papel timbrado do TJ-SP [Tribunal de Justiça de São Paulo] e um número de processo que é verdadeiro”, afirma.

A advogada diz que ficou impressionada com o golpe, direcionado a processos de indenização na área de saúde. Também notou a existência de um perfil de vítimas, geralmente mulheres e idosos.

Em nota, o TJ-SP afirma que mantém alertas sobre golpes em seu site e ressalta que não comunica ajuizamento de ações ou supostas liberações de créditos por telefone.

Ainda, afirma que o número da ação e os nomes das partes envolvidas no processo, assim como os dos advogados, são de livre acesso. “Outras informações das partes e peças dos autos estão na pasta digital e, para acessá-la, é preciso ser advogado, estar cadastrado e logado no sistema ou, se for parte, ter a senha do processo”, diz o texto.

E os mesmos números, após um período, são usados para aplicar golpes com nomes de outros escritórios. Um deles, que enviou mensagens a Solange, chegou a mudar a foto e manteve o nome anterior.

Segundo Lucas Cavina, do escritório Sandoval Filho, o golpe que consiste em pagar uma taxa para receber dinheiro existe há muitos anos -o que muda é o acesso aos processos.

“Antes de 2013, as histórias de golpe eram menos frequentes, porque a pessoa precisava ir ao fórum olhar o processo, que é público e tem os dados das pessoas, como nome, CPF, profissão. Só não tem número de telefone”, diz o advogado.

Ele afirma que as facilidades de consultar processos públicos, agora digitais, e comprar bases de dados com telefones facilitam o esquema. “São ferramentas legalizadas, como as usadas por empresas de cobrança, como as antigas listas telefônicas.”

Os especialistas afirmam que, além de não existir taxa para receber dinheiro, uma alternativa para evitar golpes é ligar para um número de telefone oficial do escritório, informado no site próprio.

“Nunca use o contato que indicam. Entre em contato com o advogado que entrou com a ação no telefone oficial do escritório”, orienta Messias Falleiros, advogado do escritório Sandoval Filho e integrante da comissão de precatórios da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo.

Os precatórios são pagamentos que o governo deve fazer para quem venceu um processo contra um órgão público. Outro termo que tem sido usado por golpistas é um suposto “alvará DAI (declaração anual de isenção)”, que deveria ser pago para receber o precatório e não precisar declarar o valor no Imposto de Renda, também falso.

Falleiros conta que o escritório ajudou a polícia em uma ação que prendeu, em Fortaleza, quatro pessoas suspeitas de terem aplicado 49 golpes pelo país. A investigação começou a partir de denúncia feita por uma professora de Mococa, no interior paulista, cliente do Sandoval Filho.

Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, foram desviados um total de R$ 657 mil, e os suspeitos responderão pelos crimes de associação criminosa e estelionato.

Fora da prisão, Suzane von Richthofen abre MEI e vende produtos nas redes

Vinte anos depois do assassinato dos pais, Suzane von Richthofen deixou a prisão em janeiro após a Justiça de São Paulo conceder a ela a progressão ao regime aberto.

Fora da cadeia, ela abriu um registro de MEI (Microempreendedor Individual) cuja atividade principal é de promoção de vendas especializado na confecção de peças de vestuários. O município que ela declara como sede do negócio é Angatuba, a cerca de 200 km de São Paulo.

Essa é a cidade do empresário Rogério Olberg, que Suzane começou a namorar em 2016. Entre seguidores da página “Sú Entre Linhas”, criada nesta semana no Instagram e atribuída à ex-detenta, está Josiely Olberg, irmã de Rogério e de quem Suzane se aproximou desde o início do relacionamento.

Na descrição, a página afirma que se trata de um comércio de “produtos feios à mão”, com sede em Angatuba e monitorado por uma pessoa chamada Josiely, também responsável pelas solicitações e encomendas.

A reportagem entrou em contato por meio do telefone informado, que confirmou que os produtos são confeccionados por Suzane. Nem na página do Instagram nem na troca de mensagens com a reportagem, Josiely informou seu sobrenome.

Além de Josiely, a página também segue páginas como @su_perfeita e @mensagem.de.gratidao. Entre os produtos anunciados estão chinelos customizados que variam entre R$ 150 e R$ 180. Até a manhã desta quinta (9), a conta já possuía 12 mil seguidores – na terça, eram cerca de 3 mil.

Após a repercussão, diversas páginas chamadas “Sú Entre Linhas” surgiram. A conta original postou um Stories (post temporário) para alertar aos seguidores que é a única oficial. Além disso, uma “caixinha de perguntas” foi aberta para os seguidores tirarem dúvidas a respeito dos produtos e confecções.

“Apenas dúvidas relacionadas à loja e à página serão respondidas. Quaisquer outros assuntos serão ignorados”, especificou a página. Porém, as questões não se restringiram aos produtos.

Um dos seguidores questionou se Richthofen se envolve pessoalmente pela produção das peças. “Sim”, explica a página. “Suzane é responsável pela produção das peças, porém as páginas (insta, face e wpp) são administradas por mim, Josiely.”

Entre os comentários dos seguidores estão mensagens que encorajam o negócio de Suzane. “Espero que as vendas estourem e você consiga uma nova vida”, diz um seguidor. Outros ironizam com recados como “os preços vão matar a concorrência” e “esse valor tá de matar, vai vender tudo numa paulada só”.

O assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em 31 de outubro de 2002, chocou o país. Na época, Suzane von Richthofen tinha quase 19 anos e era estudante de direito da PUC-SP.

Segundo a investigação, ela abriu a casa para o namorado, Daniel Cravinhos, e um irmão dele, Cristian, golpearem o casal. Inicialmente, a polícia acreditava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento, e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados.

Dias após o crime, a compra de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos irmãos. Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal.

Suzane foi condenada em 2006 a quase 40 anos de prisão e estava desde 2015 no regime semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares.

Já no regime aberto o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

Também em janeiro, o Ministério Público de São Paulo informou que iria recorrer da decisão que autorizou o regime aberto para Suzane. A defesa dela declarou que o processo corre em segredo de Justiça, e, por isso, é “sigiloso em toda sua tramitação e desdobramentos”.

Terremoto deixa mais de 3.400 mortos e milhares de feridos na Turquia e na Síria

Um terremoto de magnitude 7,8 matou mais de 3.400 pessoas na Turquia e na Síria, segundo balanço de autoridades locais. O tremor foi sentido na madrugada desta segunda (6), noite de domingo (5) no Brasil.

Pelo menos 1.762 pessoas morreram na Turquia, de acordo com a agência de desastres turca, no pior evento do tipo no país desde 1939. Já na Síria, o regime de Bashar al-Assad somou mil mortos até aqui. Há, ainda, 700 mortes relatadas pelos Capacetes Brancos em áreas controladas por rebeldes.

Segundo o governo turco, mais de 11 mil pessoas ficaram feridas e 2.818 prédios desabaram. Na Síria, o número de feridos chega a 1.284 nas áreas controladas pelo regime e a mil em porções dominadas por rebeldes. Centenas de vítimas ainda estão nos escombros, e as cifras de mortos e feridos podem aumentar.

O epicentro do sismo foi registrado na região entre as cidades turcas de Gaziantepe e Kahramanmaras, a uma profundidade de 10 a 24 quilômetros, de acordo com os serviços geológicos dos EUA e da Alemanha. Os tremores puderam ser sentidos na capital turca, Ancara, no Chipre, no Líbano e também no Iraque.

Raed Fares, um integrante dos Capacetes Brancos, disse à agência Reuters que o grupo tenta salvar sobreviventes nos escombros. Acostumados a resgatar vítimas nessas situações devido a ataques aéreos, eles agora são a principal força em território rebelde para atuar no socorro pós-terremoto.

Na cidade de Jandaris, barras de aço e roupas de residentes se misturavam nos escombros de um prédio que desmoronou. Um jovem com a mão enfaixada que aguardava ali disse que 12 famílias viviam no local. Nenhuma havia saído desde o tremor. Abdul Salam al Mahmoud, um sírio da cidade de Atareb, disse que o cenário parecia de apocalipse.
Horas depois do episódio, a mídia estatal ligada ao regime de Assad informou que um tremor foi sentido na capital, Damasco, sem fornecer detalhes sobre a magnitude. Por volta das 8h desta segunda-feira, no horário de Brasília, um novo sismo de magnitude 7,5 também foi detectado no sudeste da Turquia.

O terremoto atingiu uma zona remota e pouco desenvolvida da Turquia, o que escala o desafio das equipes de emergência. Autoridades relataram mais de 50 réplicas dos tremores nas primeiras dez horas a partir do sismo inicial, e alertaram que outras devem ser registradas durante os próximos dias.

O primeiro terremoto ocorreu às 4h17 (22h17 em Brasília), e imagens nas redes sociais logo mostraram os efeitos imediatos da tragédia, com o desabamento de construções. A transmissão da rede de TV estatal TRT exibiu moradores saindo às ruas sob neve para avaliar os estragos em alguns locais, assim como ocorreu em Damasco, onde relatos dão conta de desmoronamentos nas cidades de Aleppo e Hama.

Também houve sismos secundários, cerca de dez minutos depois do primeiro, de magnitudes que chegaram a 6,7, de acordo com a agência de notícias Associated Press. Segundo testemunhas relataram à agência de notícias Reuters, o tremor durou cerca de um minuto.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou solidariedade às vítimas e destacou que os serviços de emergência e resgate vão trabalhar em conjunto sob coordenação da Autoridade de Gerenciamento de Desastres e Emergências. “Esperamos superar esse desastre juntos, o mais rapidamente possível e com o mínimo de danos.”

A região de Gaziantepe, muito atingida, é um importante centro industrial da Turquia. Atravessado por grandes falhas geológicas, o país está entre os mais propensos a tremores no mundo. Em 1999, um sismo de 7,4 sacudiu Izmit, no noroeste, deixando mais de 17 mil mortes e 500 mil desabrigados.

Em 2011, um tremor de 7,1 na província de Van matou mais de 600 pessoas. Em janeiro de 2020, 40 pessoas morreram durante um sismo de magnitude 6,8 na província de Elazing. Meses depois, em novembro, novo episódio em Esmirna fez quase cem vítimas e provocou um minitsunami que inundou cidades próximas e provocou danos severos na costa da Grécia.

A Turquia está sobre o encontro de duas placas tectônicas —uma espécie de bloco que flutua sobre o manto, uma das camadas no interior da Terra. As placas podem se mexer, de forma divergente (movendo-se em direções contrárias), convergente (chocando-se uma contra a outra) e transformante (movendo-se lateralmente); os dois últimos movimentos costumam causar terremotos.

Diversos países manifestaram solidariedade e se prontificaram a enviar ajuda. Em nota, o Itamaraty manifestou solidariedade às autoridades turcas e sírias e disse que, por meio da Agência Brasileira de Cooperação, providenciará formas de oferecer ajuda humanitária para os atingidos.

O Ministério das Relações Exteriores disse ainda que não há, até o momento, notícias de brasileiros mortos ou feridos e que as embaixadas do Brasil em Ancara e Damasco, assim como o consulado em Istambul, estão acompanhando os desdobramentos.

O governo de Vladimir Putin, na Rússia, disse que dois aviões Ilyushin-76, da era soviética, estão com equipes de resgate disponíveis para voar para a Turquia. O russo tem importantes laços com Bashar al-Assad, que apoia na guerra civil síria, e com Erdogan, que flerta entre a Otan, a aliança militar ocidental, e Moscou.

Na mesma toada, o governo da Ucrânia também se prontificou a enviar “um grande grupo de resgate”. O americano Joe Biden disse estar profundamente entristecido pelo terremoto. Segundo o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que seu país já está prestando assistência a Ancara e que organizações humanitárias apoiadas pelos EUA fazem o mesmo na Síria.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou o envio de equipes de emergência à Turquia e disse que pretende fazer algo semelhante pela Síria. A União Europeia, por sua vez, afirmou que dez times de resgate foram mobilizados de Bulgária, Croácia, República Tcheca, França, Grécia, Holanda, Polônia e Romênia para apoiar os esforços na Turquia.
 

Grammy 2023 consagra Beyoncé, e premia Adele e Harry Styles

O Grammy, principal prêmio da música mundial, chegou à 65ª edição na noite deste domingo (5), com uma festa cheia em Los Angeles, nos Estados Unidos, que coroou Beyoncé como a artista com mais estatuetas da história do evento e deixou Anitta, indicada a artista revelação, de fora da lista de premiados.

A americana estava a quatro prêmios de superar a marca de artista com maior quantidade de estatuetas da história do Grammy, detida até então pelo maestro George Solti, que ganhou 31 prêmios em vida.

Assim foi feito, e ainda antes do fim da premiação a cantora já havia sido premiada nas categorias gravação dance/eletrônica, com “Break My Soul”, melhor performance de R&B tradicional, por “Plastic Off the Sofa”, melhor música de R&B, por “Cuff It”, e melhor álbum de dance/eletrônica, por “Renaissance”.

Beyoncé agradeceu o último deles com a voz embargada. “Estou tentando não ficar emocionada, e só receber isso. Quero agradecer a Deus e ao meu tio Jonny, que não está mais aqui. Quero agradecer meus pais por me incentivarem, meu marido, minhas lindas crianças, e à comunidade queer por inventarem este gênero”, disse.

O recorde é simbólico para a cantora, e não só pelo marco. Beyoncé tem um histórico de ser esnobada pela premiação -ganhou uma única estatueta nas quatro categorias principais, por exemplo, com “Single Ladies (Put A Ring On It)” eleita como música do ano em 2010, e perdeu para Adele em 2017 com o elogiado “Lemonade”, considerado sua obra-prima.

A noite de Beyoncé começou com o show do porto-riquenho Bad Bunny, o artista mais ouvido do mundo nos últimos dois anos. Em uma premiação conhecida pelo olhar americanizado, mas que tem acenado a nomes latinos, Bad Bunny fez a americana Taylor Swift dançar com músicas como “Después de la Playa”. No final, berrou “viva a música latina” para a plateia.

Ele depois ganharia o prêmio de melhor álbum de música latina por “Un Verano Sin Ti” com um discurso feito majoritariamente em espanhol. “Isso faz eu me sentir agradecido. Fiz esse álbum com amor, paixão, e nada mais, e quando você faz as coisas assim a vida fica mais fácil. Obrigada a todos os latinos do mundo”, disse.

A noite correu sem grandes surpresas -com exceção do prêmio de música do ano para Bonnie Raitt- com artistas que dominaram paradas, serviços de streaming e TikToks mundo afora sendo coroados. O primeiro deles foi Harry Styles, que levou o primeiro prêmio da noite -de melhor álbum pop vocal, por “Harry’s House”. “Foi a melhor experiência da minha vida”, disse no palco.

O cantor depois apresentou o principal single do disco, “As It Was”, música com a qual disputava três estatuetas na noite. Foi uma apresentação morna, ao contrário de outras escaladas para a noite.

Stevie Wonder e Smokey Robinson, por exemplo, animaram a plateia de celebridades com músicas como “Higher Ground”, numa performance que homenageou a Motown, gravadora que ajudou a pavimentar a black music nos anos 1960. Lizzo exalou autoestima ao cantar “Special”, uma das faixas do seu disco homônimo indicado à categoria de álbum do ano. Foi uma performance elegante, marcada por seu vozeirão.

Outro destaque foi a apresentação de “Unholy”, de Sam Smith e Kim Petras, que mais cedo haviam levado a estatueta de melhor performance pop solo ou grupo pela canção –a primeira dada nesta categoria a uma pessoa trans, Petras apontou. Quem introduziu os artistas foi Madonna, a quem Petras agradeceu pelo apoio à comunidade LGBTQIA

“Preparados para controvérsia? A todos os perturbadores, a coragem de vocês não passa despercebida. Vocês estão sendo ouvidos, vocês são apreciados”, disse Madonna. Smith cantou vestido de diabo, enquanto Petras dançava numa gaiola sob uma forte luz vermelha.

Outra vitória celebrada foi a de Kendrick Lamar, cujo elogiado “Mr. Morale & the Big Steppers” foi eleito álbum de rap do ano. “Acho que eu atingi algo próximo à perfeição com este álbum”. O rapper foi indicado a oito categorias neste ano.

Os brasileiros, no entanto, já haviam aparecido no evento. Na cerimônia prévia, o grupo de MPB Boca Livre ganhou o prêmio de melhor álbum de pop latino, com “Pasieros”, em que toca ao lado do panamenho Rubén Bladés. E Gal Costa e Erasmo Carlos, dois dos artistas mais celebrados da música brasileira, tiveram suas fotos estampadas na homenagem a pessoas da indústria musical que morreram no último ano.