Flávio Bolsonaro afirma que Pacheco foi irresponsável e ingrato ao permitir a CPI

Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) criticou duramente o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por ter criado a CPI da Covid durante a pandemia. Antes da sessão, o filho mais velho do presidente já havia chamado Pacheco de “ingrato”.

“Rodrigo Pacheco está errando, está sendo irresponsável, porque está assumindo a possibilidade de durante os trabalhos dessa CPI acontecerem mortes de senadores, assessores, morte de funcionários, porque em algum momento a sessão vai ter que ser presencial”, afirmou.

O filho mais velho do presidente também afirmou que o governo se preocupa com a população brasileira durante a pandemia e que a CPI vai atrapalhar as ações de enfrentamento. Também disse que a população vai julgar quem “subir nos caixões dos quase 400 mil mortos” para fazer política.

O presidente também ironizou a oposição e as mulheres ao afirmar que elas não fizeram esforço para integrar a CPI. Nesse momento, houve um princípio de confusão, com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), suplente da comissão, erguendo a voz para falar que está presente e que homem nenhum “vai falar como as mulheres devem agir”.

Provável presidente da CPI da Covid diz que indicará Renan relator apesar de decisão judicial

Provável presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que vai indicar Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria da comissão, que será instalada nesta terça-feira (27), ignorando decisão judicial que barra o senador alagoano na função.

Aziz também afirmou que uma proposta do plano de trabalho da comissão -com as indicações de focos de investigação e possíveis convocados a dar explicações- será apresentado nesta terça-feira pelo relator, mas haverá um prazo de 24 horas para que senadores apresentem sugestões.

Na noite desta segunda-feira (26), o juiz Charles Morais, da 2ª Vara Federal do Distrito Federal, concedeu liminar para impedir que Calheiros seja escolhido relator da CPI da Covid. O magistrado acolheu pedido da ação popular ajuizada pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP).

A decisão provocou reação entre os senadores, entre eles o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que afirmou se tratar de uma questão interna do Senado “que não admite a interferência de um juiz”.

Aziz afirmou que a decisão judicial é “esdrúxula” e que não vai interferir no andamento da instalação da comissão. “Nós vamos hoje eleger o presidente, o vice e indicar o relator. Eu vou indicar o relator e vai ser o Renan”, afirmou Aziz à Folha.

“O juiz endereçou essa decisão ao presidente do Senado, sendo que quem toma essa decisão é o presidente da CPI”, completou. Aziz deve ser eleito com o apoio do chamado G6, grupo formado por senadores independentes e de oposição. Os governistas são minoritários e contam com apenas quatro membros da comissão.

Na noite de segunda-feira, os seis senadores do grupo – Tasso Jereissati (PSDB-CE), Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE) e Otto Alencar (PSD-BA) e mais o senador suplente na comissão Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se reuniram na casa de Aziz para selar o acordo para elegê-lo. Também reforçaram que Renan Calheiros seria o relator.

Os senadores também discutiram o plano de trabalho da comissão. Renan vai apresentar uma proposta do documento após ser confirmado relator, mas ficou acordado que será dado um prazo de um dia para que os senadores apresentem sugestões.

“O Renan vai dar 24 horas para apresentarem sugestões e depois aprova na quarta-feira (28), para em seguida ter as primeiras convocações. vai compilar tudo, até porque devem ter muitos pedidos iguais”, afirmou.

A Comissão vai ser instalada nesta terça-feira (27), após determinação do Supremo Tribunal Federal. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, havia recebido o requerimento com as assinaturas para instalar a CPI no início de fevereiro, mas não procedia com a abertura, alegando que não havia condições sanitárias para a sua instalação e que também uma CPI poderia atrapalhar as ações de enfrentamento à pandemia.

A CPI iria inicialmente investigar apenas as ações e omissões do governo federal, com enfoque para o colapso no sistema de saúde de Manaus (AM). No entanto, governistas assinaram em massa outro requerimento, para abordar os repasses a estados e municípios. Os dois requerimentos foram então unificados para formar uma única CPI.

OS MEMBROS TITULARES DA CPI

Governistas

Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI)

Demais

Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM)

Suplentes

Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

Ofício sobre uso de cloroquina pode ser prova contra governo em CPI

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), futuro relator da CPI da Covid, já tem em mãos um ofício no qual o governo federal orienta a Fiocruz a divulgar e indicar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19.

Para membros da comissão, o documento poderá ser usado eventualmente como prova para imputar crimes a integrantes do governo Jair Bolsonaro na gestão da pandemia.

Os senadores do grupo independente e de oposição que compõem a CPI definiram que uma das frentes de investigação deve ser a recomendação do uso de remédios sem eficácia comprovada contra a Covid, mais notoriamente da hidroxicloroquina.

Além da retórica do presidente da República, os parlamentares do colegiado querem apurar a atuação do Ministério da Saúde para incentivar o uso dos medicamentos por estados e municípios.

O governo recentemente passou a adotar a narrativa de que apenas disponibilizou os medicamentos para os entes federados que solicitaram a hidroxicloroquina, por exemplo, e que a decisão final cabe aos médicos.

Os senadores, no entanto, pretendem iniciar a investigação em um período anterior e por isso já trabalham na pesquisa de documentos que possam comprovar essa ação para estimular a administração do medicamento.

A CPI tem sua instalação marcada para a próxima terça (27). Além da confirmação de Renan na relatoria, a primeira sessão de trabalhos deve eleger o senador Omar Aziz (PSD-AM) presidente da comissão. A base do governo é minoria entre os 11 integrantes.

O ofício de 29 de junho do ano passado enviado pelo Ministério da Saúde à Fiocruz é um dos textos que estão na relação de evidências que comprovariam a orientação explícita de Bolsonaro para uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid –algo rechaçado por especialistas.

O texto, assinado pelo coronel Luiz Otavio Franco Duarte, então secretário de Atenção Especializada à Saúde na gestão Eduardo Pazuello, foi encaminhado também ao Instituto Evandro Chagas e a Fernandes Figueira, diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Ele solicita aos órgãos que indiquem e divulguem o uso do remédio no combate à doença.

“Solicito a ampla divulgação desse tratamento , considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos”, diz o ofício.

O documento lista medidas “essenciais a tomar e divulgar”. Em primeiro lugar, solicita que haja divulgação para se considerar a “prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do Sistema Único de Saúde”.

Em segundo, diz que as unidades de saúde devem “dispor visivelmente as orientações para prescrição para gestantes e pacientes adultos e pediátricos com sinais leves, moderados e graves nas três fases de tratamento”.

O ministério ainda orientou as instituições a disponibilizarem o Termo de Ciência e Consentimento aos médicos que prescreverem cloroquina ou hidroxicloroquina.

“Devem estabelecer um fluxo de atendimento e o monitoramento por meio de eletrocardiograma para pacientes nos primeiro, terceiro e quinto dias de tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina isolada ou em associação com azitromicina.”

Outra informação que deve ser usada para embasar eventuais acusações contra o governo são ofícios do meio do ano passado segundo os quais o governo mandou a Fiocruz produzir a cloroquina, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo em fevereiro.

Obtidos pelo jornal, os documentos do Ministério da Saúde datam de 29 de junho e 6 de outubro e mostram a produção de cloroquina e também de fosfato de oseltamivir (o Tamiflu) pela Fiocruz, com destinação a pacientes com Covid-19. O Tamiflu também não tem eficácia contra a doença, segundo estudos.

O dinheiro que financiou a produção partiu da MP (Medida Provisória) 940, editada em 2 de abril por Bolsonaro para o enfrentamento de emergência do novo coronavírus, como consta nos dois documentos enviados pelo Ministério da Saúde ao MPF (Ministério Público Federal) em Brasília.

A MP abriu um crédito extraordinário, em favor do ministério, no valor de R$ 9,44 bilhões. Para a Fiocruz, que é vinculada à pasta, foram destinados R$ 457,3 milhões para “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus”.

A ala governista que compõe a CPI, por sua vez, trabalha para afastar das investigações as questões relativas aos medicamentos sem comprovação de eficácia contra a Covid-19. Argumentam que se trata de uma questão subjetiva, uma vez que a decisão final de administrar ou não medicamentos como a hidroxicloroquina cabe aos médicos.

Um senador governista lembra que a CPI precisa focar em um “fato determinado” para cumprir os requisitos para a sua instalação, citando como exemplo a questão do colapso do sistema de saúde de Manaus, onde serão investigados fatos concretos, como a falta de leitos, de oxigênio e se os repasses do governo federal não foram empregados.

Segundo ele, não é possível criar uma linha de investigação a respeito da hidroxicloroquina, delimitar um fato a ser investigado, por conta da subjetividade da questão.

Os integrantes da CPI da Covid no Senado

Governistas

Jorginho Mello (PL-SC)

Eduardo Girão (Podemos-CE)

Marcos Rogério (DEM-RO)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Demais

Humberto Costa (PT-PE)

Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Renan Calheiros (MDB-AL)

Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM)

Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Eduardo Braga (MDB-AM)

Suplentes

Jader Barbalho (MDB-PA)

Luis Carlos Heinze (PP-RS)

Angelo Coronel (PSD-BA)

Marcos do Val (Podemos-ES)

Zequinha Marinho (PSC-PA)

Rogério Carvalho (PT-SE)

Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

Saiba quem é Arthur Lira, novo presidente da Câmara que construiu base para Bolsonaro

O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), 51 anos, chega à presidência da Câmara após dois anos de articulação e graças ao apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para alcançar o posto mais alto da Casa.

Parlamentar de terceiro mandato e um dos expoentes do chamado centrão, Lira ensaiou uma candidatura em 2019, quando tentou montar um grupo de apoio para se contrapor a Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Naquela ocasião, porém, o deputado, líder do PP, falhou em arregimentar votos suficientes para vencer Maia, que presidiria a Câmara pela terceira vez.

Na época, Lira abriu mão de se lançar candidato, deixando o caminho livre para o deputado do DEM. Dirigentes do PP contam que a opção de Lira por desistir da candidatura passou por um acordo para que o seu partido pudesse comandar a Casa no biênio seguinte. Maia nega que tenha feito trato nesse sentido.

A ideia era formar um amplo arco de apoio a um nome do PP, o que não aconteceu depois que os parlamentares dividiram-se entre aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e independentes.

Lira já vinha trabalhando junto a deputados para se viabilizar candidato à presidência da Câmara e era considerado um nome competitivo. A grande virada na sua articulação que lhe assegurou a vitória no comando da Casa, no entanto, ocorreu em abril de 2020, quando Lira e seu partido aliaram-se ao governo.

O deputado ajudou a construir uma base de apoio a Bolsonaro que poderia barrar a abertura de um processo de impeachment e permitir a aprovação de matérias de interesses do Palácio do Planalto.

Até aquele momento, Lira era um crítico do governo. Nos bastidores, reclamava que Bolsonaro tratava mal o Congresso, estimulava a base contra o Parlamento e não sabia negociar para aprovação de projetos.

O deputado foi favorável à reforma da Previdência, aprovada no primeiro ano de mandato do presidente, mas articulou pela retirada de trechos que alteravam o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e mudanças na aposentadoria de trabalhadores rurais.

Naquele momento, ele atribuía ao ministro da Economia, Paulo Guedes, adjetivos nada elogiosos. Lira apelidou o ministro de “vendedor de redes”, para dizer que ele falava muito, mas entregava pouco.

Menos de dois anos depois, Lira hoje é tratado por Guedes como importante aliado, capaz de ajudá-lo a tocar a agenda liberal que prega. Agenda que, aliás, não é defendida com tanto afinco pelo líder do PP. A base do mandatário no Congresso não veio a um preço baixo.

Pelo contrário. Bolsonaro teve de ceder diversos espaços em órgãos da máquina federal para indicados de parlamentares e concedeu bilhões em emendas e recursos extras para aliados.

Foi esse dinheiro, inclusive, que garantiu a Lira parte dos votos que ele teve na Casa, avaliam deputados. Para fazê-lo presidente, o Planalto deu ao deputado do PP a coordenação da distribuição das emendas parlamentares. Ele passou a privilegiar aqueles que o chancelaram.

O método de fazer política é semelhante ao de um antecessor de Lira na chefia da Câmara dos Deputados: Eduardo Cunha (MDB-RJ), que foi eleito presidente em fevereiro de 2015 e ficou até julho de 2016, quando enfrentou um processo de cassação do mandato.

Cunha deu lugar a Maia, que assumiu um mandato-tampão pela primeira vez. Foi o emedebista o responsável por deflagrar o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Lira era um dos seus principais aliados. Ajudou a articular o afastamento da petista e votou contra a cassação do mandato de Cunha.

Sua eleição representa o retorno do centrão ao comando da Câmara. Para apoiá-lo, Bolsonaro não apenas contradisse o discurso anterior, crítico ao centrão, a quem atribuía apetite por cargos, fisiologismos e toma lá, da cá. Teve também que chancelar um nome que responde a processos na Justiça.

Lira é alvo de ação apresentada por sua ex-mulher Jullyene Santos Lins, que o acusa de injúria e difamação e diz que “o medo a segue 24 horas por dia”. O deputado diz que, ao longo do tempo, as denúncias da ex-mulher “mostraram-se infundadas”.

No STF (Supremo Tribunal Federal), há dois casos que envolvem o parlamentar. Em um deles, o deputado foi acusado de receber propina propina de R$ 106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes Urbanos) Francisco Colombo, em troca de apoio dado ao executivo para se manter no cargo.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou o agora presidente da Câmara em 2018. Em 2020, a Primeira Turma do STF aceitou por maioria a denúncia. A conclusão do julgamento foi adiada após pedido de vista do ministro Dias Toffoli.

Já a Segunda Turma da corte aceitou denúncia contra o deputado pela acusação de organização criminosa no inquérito conhecido como “quadrilhão do PP”, resultado da Operação Lava Jato.

Embora tenha acatado parecer da PGR, o Supremo ainda não abriu a ação penal contra Lira nesses dois casos. Ou seja, tecnicamente, o deputado não é réu e poderia assumir a Presidência da República em caso de ausência de Bolsonaro e do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).

Ainda no final do ano passado, Lira foi absolvido de acusações de prática de “rachadinha” pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.

Conhecido por ser genioso, esquentado e “cumpridor de acordos”, Lira já expressou a pessoas próximas que deseja disputar o governo de Alagoas e que ele pode concorrer ao cargo em 2022. O deputado tentará compor com a família do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O filho dele, Renan Filho (MDB), é governador de Alagoas pela segunda vez e deve disputar o Senado em 2022.

A relação entre eles, porém, não é das melhores. Renan pai, por exemplo, declarou apoio a Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela Câmara.

Antes de ser deputado federal, Lira foi vereador e deputado estadual em Alagoas. É filho de Benedito de Lira, ex-senador e prefeito de Barra de São Miguel eleito no ano passado.

Sob pressão com decisão do DEM, Maia diz a aliados ter parecer e que avalia impeachment

Irritado com a decisão do DEM de deixar o bloco de apoio a Baleia Rossi (MDB-SP), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a dizer neste domingo (31) que pode acatar um dos pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido).

Segundo três pessoas próximas ao deputado, Maia afirmou que tem em mãos um parecer jurídico favorável ao processo e que pode ser usado pelo parlamentar para embasar uma eventual decisão nesse sentido.

O presidente da Câmara já havia indicado a ao menos três políticos que poderia dar a largada no impeachment, como revelou a Folha na última quinta-feira. Naquele mesmo dia, Maia negou a intenção.

Baleia disputa nesta segunda-feira a eleição para a presidência da Câmara contra Arthur Lira (PP-AL), apoiado por Bolsonaro. Portanto é o último dia de Maia no comando.

Neste domingo, segundo parlamentares que participaram de reunião na casa de Maia, o deputado foi mais incisivo e chegou a dizer inclusive que instalaria nesta segunda (1º) a comissão que avaliaria se dá prosseguimento ou não ao processo de afastamento de Bolsonaro com base em um dos pedidos protocolados até agora (há ao menos 56).

Pela legislação, cabe ao presidente da Câmara decidir, de forma monocrática, se há elementos jurídicos para dar sequência à tramitação do pedido. O impeachment só é autorizado a ser aberto com aval de pelo menos dois terços dos deputados (342 de 513) depois de uma votação em uma comissão especial. Após a eventual abertura pelo Senado, o presidente é afastado do cargo.

Apesar das ameaças de Maia, parlamentares dizem que o assunto ainda precisa ser discutido nesta segunda-feira. A posição foi dada após o DEM ficar isento na disputa para o comando da Câmara.

A saída do partido do bloco de apoio a Baleia fez integrantes de siglas de oposição aumentarem a pressão para Maia acatar um dos pedidos de impeachment.

Na tarde deste domingo, líderes dos partidos que apoiam Rossi reuniram-se com o presidente do DEM, ACM Neto, e cobraram dele ações para manter a sigla no bloco do emedebista.

Segundo relatos à Folha, parlamentares adotaram tom duro, insinuaram que ACM Neto não controlava a legenda e afirmaram que, se o DEM fosse para o bloco de Arthur Lira (PP-AL), adversário do emedebista, ele teria quebrado um acordo com as siglas de esquerda.

Na ocasião, deputados também afirmaram que a escolha pelo nome de Baleia para ser o candidato do grupo foi sugestão do próprio Neto. No encontro, o presidente do DEM indicou que não tinha como garantir que a sigla apoiasse o emedebista.

Neste momento, de acordo com presentes, Maia levantou-se, afirmou que entraria na Justiça caso a sigla fosse para o grupo de Lira e afirmou que Neto deveria se lembrar que ele ainda tinha um dia inteiro de poder.

Ainda na reunião, líderes de partidos como PT e PDT ameaçaram sair do bloco que apoia Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como candidato à presidência do Senado.

A decisão do DEM pela neutralidade foi tomada por unanimidade após reunião na noite deste domingo, na sede do partido, em Brasília (DF), evidenciando a perda de capital político do deputado que comandou a Casa por quatro anos e meio.

A proposta de ficar isento na disputa partiu de ACM Neto e teve a anuência de nomes importantes na legenda, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o ex-governador de Pernambuco Mendonça Filho e o ex-senador José Agripino.

Alguns deputados dizem que há dúvidas sobre se Maia poderia aceitar os pedidos de impeachment nesta segunda-feira. Isso porque existe uma discussão sobre se a sessão de votação é preparatória ou se é ordinária. Se o entendimento do Supremo Tribunal Federal for de que a sessão de votação é preparatória, Maia não poderia dar continuidade a um processo de impeachment.

Há também um registro oficial de Maia ameaçando deflagrar o impeachment contra Bolsonaro. As notas taquigráficas da reunião da Mesa Diretora da Câmara, no dia 18 de janeiro, trazem as seguintes declarações do deputado, que havia se irritado com a fala de uma aliada de Lira, que o acusou de adotar uma atitude ditatorial na Casa.

Ele respondeu lembrando a defesa que Bolsonaro faz da ditadura e disse: “E, se o presidente continuar apoiando vocês nesse clima pesado, ele vai levar um impeachment pela frente, hoje ou amanhã”.

Governo dá aval a compra de vacinas privadas contra Covid e envolve fundo de investimento

O governo enviou uma carta à fabricante AstraZeneca na qual dá aval para que empresas privadas brasileiras possam adquirir um lote de 33 milhões de doses de vacina desde que metade do lote seja doado ao SUS (Sistema Único de Saúde), como revelou o Painel, da Folha de S. Paulo, nesta segunda (25).

Na carta, encaminhada em inglês na sexta-feira (22), o governo envolve o fundo de investimento BRZ na negociação.

O texto é assinado pelos ministros Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União) e José Levi (Advocacia-Geral da União), além de Élcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde.

Em cópia, aparecem o fundo Black Rock Holdings, que tem ações da farmacêutica anglo-sueca, e Gustavo Campolina, da BRZ Investimentos, com sede em São Paulo.

Na carta, revelada pelo jornal O Globo e confirmada pela reportagem, o governo elenca algumas condições, como por exemplo que as companhias não podem comercializar os imunizantes e devem aplicá-los de graça em seus funcionários. Além disso, deve haver um sistema de rastreamento das vacinas.

O assunto foi debatido com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na semana passada e ele autorizou a liberação de compra pelas empresas. Para conseguir efetivar a aquisição, as companhias ainda precisam conseguir uma autorização para importação e para uso emergencial da vacina pela Anvisa.

Segundo integrantes do governo, o Executivo decidiu não se opor à compra porque o lote que é negociado pelas firmas privadas é muito mais caro do que o que já foi adquirido pelo Ministério da Saúde.

A dose, no acordo construído pelas empresas está na faixa de US$ 23,79, valor muito acima do praticado no mercado.

Além disso, o governo tem a expectativa de que as empresas doem ao Ministério da Saúde mais da metade do que será adquirido. Ou seja, o governo pode receber mais de 16,5 milhões de doses, suficiente para imunizar 8,25 milhões de pessoas.

Havia no Executivo quem discordasse da hipótese de as firmas vacinarem funcionários antes de o SUS concluir a imunização de idosos, mas essa visão foi vencida.

Embora grandes empresas tenham desistido de participar de um grupo que busca a comprar as vacinas, outras companhias reuniram-se nesta segunda (25) e insistem na negociação com o governo.

O encontro ocorreu por videoconferência e teve 72 participantes. Segundo pessoas à frente da articulação, o número de companhias interessadas em realizar a aquisição do imunizante tem aumentado a cada hora.

Na reunião, Fábio Spina, diretor jurídico da Gerdau, considerado o coordenador da negociação, pediu a cada empresa que se manifeste até esta terça-feira (26) sobre a intenção de realizar a compra ou não.

Ainda no encontro, foram discutidos termos que poderiam ser oferecidos ao Ministério da Saúde para viabilizar a compra.

Uma ideia, por exemplo, é que as empresas fiquem com um lote pequeno das vacinas e doem o resto ao SUS.

Um cálculo é que com pouco mais de 1% do total de doses seria possível imunizar os funcionários de todos interessados. O restante ficaria com o governo federal.

Um executivo que está à frente da negociação garante que as tratativas com o governo estão caminhando bem e por isso as empresas estão esperançosas com a possibilidade de compra.

Depois que a Folha de S. Paulo publicou nesta segunda a intenção de empresas privadas adquirirem as vacinas, grandes firmas manifestaram-se dizendo que apenas foram convidadas a participar do grupo e declinaram o convite ou então desistiram de participar. Entre elas estão Ambev, Itaú, JBS, Santander, Vivo e Vale.

Segundo empresários, a Ambev foi contatada pelo telefone, mas não quis participar de novas conversas. Já o Itaú, segundo a reportagem apurou, desistiu depois de avaliar que a repercussão do caso foi negativa para a imagem da empresa.

Outras, como a Vale, não concordaram com os termos que estavam sendo debatidos e defendiam que as companhias doassem 100% das doses para o governo.

Apesar da debandada de gigantes, articuladores da negociação garantem que várias empresas buscaram aderir à iniciativa.

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Grupo de Maia monta bloco para exibir união na disputa da Câmara

Aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), articulam a formalização de um bloco com MDB, DEM, PSDB, PV e Cidadania para a eleição do comando da Casa, em fevereiro. As siglas reúnem 106 deputados.

Congressistas ainda tentam atrair o Republicanos e parte do PSL. Integrantes das siglas, porém, dizem que só aceitam a composição quando estiver definido quem será o candidato à presidência no grupo.

Se essas legendas aceitarem o convite, o total de deputados vai a 158. São necessários 257 dos 513 para a eleger, em primeiro turno, quem comandará a Câmara pelos próximos dois anos.

O objetivo do bloco é justamente mostrar coesão entre os partidos do grupo de Maia.

Nesta semana, Maia e o presidente do DEM, ACM Neto, afirmaram a deputados aliados e da oposição, e também a ministros, que Maia não tentará a reeleição. Ainda assim, deputados desconfiam.

Mesmo nesse “núcleo duro”, por exemplo, há divergências sobre apoio a uma possível reeleição de deputado. O plano de Maia de tentar a recondução enfrenta resistência até mesmo nas bancadas de esquerda, que o apoiaram nas eleições anteriores.

A formação do bloco partidário na Câmara é um passo para tentar manter as alianças de Maia no poder. Se ele não conseguir se viabilizar, o grupo passa a representar a sustentação política do candidato da principal ala independente ao governo.

O grupo espera conseguir apoio do PSL se o partido concluir que a pré-candidatura de Luciano Bivar (PSL-PE), presidente da sigla, não é viável. Dos 41 deputados da legenda, espera-se o apoio de cerca de 20, mais ligados a Maia.

O líder do DEM, Efraim Filho (PB), disse que a intenção é oficializar a união das siglas o quanto antes. “O diálogo é permanente , a engenharia política está em andamento e até o início da semana que vem devemos ter o bloco formado”, afirmou.

Uma vez constituído o grupo, o objetivo será atrair a esquerda (PT, PSB, PDT, PC do B e PSOL), que tem reúne 132 deputados. Em encontro com líderes partidários dessa ala nesta semana, Maia ouviu que não teria o apoio das principais siglas –PT e PSB– para a reeleição. Foi um revés para a intenção de se manter no cargo mesmo se o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir, por maioria, liberar a candidatura.

Se sair da disputa, Maia tem uma lista de aliados para lançar. Os principais são Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Bivar. A indefinição gera discordâncias no seu entorno. Avançou na semana passada uma articulação para os partidos formarem um bloco na Câmara antes do recesso.

Por ora, o acordo entre esses nomes é que será candidato aquele que aglutinar a maioria dos apoios da esquerda e de outros partidos. MDB, DEM, PSDB, PV e Cidadania formam o “núcleo duro”, mas não estão livres de divergências, especialmente no momento de tentar se unir em torno de um único candidato do bloco à presidência.

Por isso, a ideia é que o grupo já busque um consenso até o fim do ano. Assim, a campanha em janeiro se concentraria em um candidato, e não em uma ala, para tentar derrotar os aliados do governo Jair Bolsonaro.

Se atraírem a esquerda na sua totalidade –o que é difícil ocorrer, já que há defecções também dentro das legendas da oposição–, os articuladores do bloco terão apoio de 290 parlamentares, mais do que suficiente para eleger o próximo presidente. Nesse cenário, mal haveria disputa na Câmara.

Já Arthur Lira (AL), líder do PP e principal adversário do grupo de Maia, teria hoje no seu entorno cerca de 150 deputados. Formam o grupo de apoio a Lira o PL, Solidariedade, Avante, PSD, Patriota e PSC.

Maia é presidente da Câmara desde julho de 2016. Apesar de, desde o ano passado, oficialmente negar a intenção de se reeleger, ele participou de articulações para que chegasse ao STF um questionamento sobre a possibilidade de recondução ao cargo.

Até a conclusão desta edição, o Supremo não tinha encerrado o julgamento do caso, que também pode beneficiar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A análise segue no plenário virtual da corte até o dia 14.

Relator do processo, o ministro Gilmar Mendes atendeu à expectativa de aliados de Maia e Alcolumbre. Declarou inconstitucionais os trechos dos regimentos internos da Câmara e do Senado que vedam a reeleição.

Caso a interpretação seja confirmada pela maioria dos ministros do STF –havia cinco votos favoráveis até a noite desta sexta-feira (4)– fica dispensada a alteração do regramento, o que demandaria aprovação dos deputados por meio de votação de uma nova resolução.

A necessidade de reforma do regimento era defendida principalmente por congressistas contrários à tese da reeleição, argumentando a vedação nas regras internas da Câmara e do Senado.

O voto de Gilmar elimina essa interpretação e segue a linha do que esperavam os apoiadores de Maia e Alcolumbre, que temiam ainda ter de aprovar novas normas para viabilizar a recondução. Caso isso ocorresse, haveria insegurança jurídica, argumentam.

Gilmar afirmou que a decisão por reeleição pode ser deliberada “por questão de ordem ou mediante qualquer outro meio de fixação de entendimento próprio à atividade parlamentar desde que observado, em qualquer caso, o limite de uma única reeleição ou recondução sucessiva ao mesmo cargo”.

Ou seja, caso seja aprovado o voto de Gilmar, bastaria um parecer de Maia e de Alcolumbre para mudar a regra em vigor. Hoje, qualquer deputado pode apresentar uma questão de ordem. Ocomandante de cada Casa tem a prerrogativa de acatar ou não. O maior empecilho para a estratégia de Maia se reeleger, portanto, é a costura política –não deve ser a questão jurídica.

Sem provas e com atraso do TSE, Bolsonaro levanta dúvidas sobre apuração das eleições

 No dia seguinte às eleições municipais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a questionar o sistema eleitoral do país e levantou questionamentos sobre o resultado das urnas.

O presidente foi questionado e deu a declaração sobre o pleito nesta segunda-feira (16) ao conversar com um grupo de apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

“Nós temos que ter um sistema de apuração que não deixe dúvidas. É só isso. Tem que ser confiável e rápido. Não deixar margem para suposições. Agora um sistema que desconheço no mundo onde ele seja utilizado. Só isso e mais nada”, disse.

“O Supremo disse que é inconstitucional o voto impresso, tem proposta de emenda constitucional na Câmara. Se nós não tivermos uma forma confiável de apurar as eleições, a dúvida sempre vai permanecer”, continuou o presidente.

Bolsonaro ainda afirmou que a demanda pelo voto impresso é do “povo” e que é preciso atender a população.

“Muita gente fala sem ouvir o povo. No meu caso, estou sempre ouvindo a população eles querem um sistema de apuração que possa demorar um pouco mais, não tem problema nenhum, mas que seja garantido que o voto que essa pessoa deu, vá para aquela pessoa de fato”, afirmou o mandatário.

Aparentando estar abatido, o presidente ainda disse ao grupo de apoiadores no Alvorada “que não está passando bem hoje” e que iria dormir “agora”. O mandatário sofreu uma derrota neste domingo ao ver a maioria dos candidatos que apoiou fracassar nas urnas.

Bolsonaro apoiou e fez campanha abertamente para 45 candidatos a vereador em diversas cidades do país.

Desse total, ao menos 33 não conseguiram se eleger neste domingo (15). Além desses, o mandatário pediu votos para 13 prefeitos, dos quais apenas dois foram eleitos, ambos de cidades interioranas –Mão Santa (DEM), em Parnaíba, no Piauí, e Gustavo Nunes (PSL), em Ipatinga (MG).

Em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) terminou o primeiro turno na quarta colocação. Das duas maiores capitais, apenas no Rio de Janeiro Bolsonaro viu seu candidato, Marcelo Crivella (Republicanos), passar para o segundo turno.

Apoiada pelo presidente na campanha suplementar para o Senado em Mato Grosso, Coronel Fernanda (Patriota), também perdeu. Todos os candidatos obtiveram o apoio nas “lives eleitorais gratuitas” de Bolsonaro.

Além desses, vários outros postulantes pelo país tentaram associar o seu nome ao do presidente, mas a maioria dos bolsonaristas acabou embolada nas últimas posições.

Neste domingo, Bolsonaro chegou a apagar posts em que pedia votos para candidatos, entre eles Russomanno.

Nas redes sociais, o presidente também minimizou a derrota dos nomes que tiveram seu respaldo e indicou uma vitória em 2022, com um “sistema eleitoral aperfeiçoado”. Ele afirmou que não se engajou completamente nas eleições.

“Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”, escreveu na noite deste domingo (15).

Bolsonaro ainda usou como exemplo do fracasso da campanha de Geraldo Alckmin à presidência em 2018 para relativizar o resultado da eleição municipal.

“Há 4 anos Geraldo Alckmin elegeu João Doria prefeito de São Paulo no primeiro turno”, escreveu.

“Dois anos depois Alckmin obteve apenas 4,7% dos votos na disputa presidencial”, completou.

Ao contrário do que afirmaram alguns analistas, o presidente também apontou que a esquerda sofreu uma “histórica derrota” o que sinalizaria que a “onda conservadora chegou em 2018 pra ficar”.

“Para 2022 a certeza de que, nas urnas, consolidaremos nossa democracia um sistema eleitoral aperfeiçoado. Deus, Pátria e Família”.

Bolsonaro diz que não vai surgir novo líder em 2 anos e que vida na Presidência é uma desgraça

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reagiu nesta terça-feira (10) a articulações que buscam uma alternativa ao seu nome nas eleições de 2022 e afirmou que não surgirá um “líder pronto” em dois anos. O mandatário também disse que quem pensa que “ele tem tesão” pela cadeira de presidente está “equivocado”.

Como a Folha de S.Paulo revelou no domingo (8), no dia 30 de outubro, o apresentador Luciano Huck foi a Curitiba para se encontrar com Moro e discutir a intenção de construir uma “terceira via” para a sucessão de Bolsonaro.

O governador de São Paulo, João Doria, também mantém diálogo com o ex-juiz. Outro nome que os articuladores da aliança também querem atrair é o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

“Não teremos um líder feito no Brasil de dois anos, não vai aparecer. A não ser montado na grana, comprando um tantão de coisa por aí, em especial os marqueteiros. Fora isso não terão outros líderes num curto espaço de tempo”, afirmou Bolsonaro nesta terça.

BOLSONARO FALA SOBRE ELEIÇÕES DE 2022 EM SOLENIDADE

A declaração foi dada em uma solenidade no Palácio do Planalto sobre ações para a retomada do turismo. No evento, Bolsonaro defendeu o combate ao coronavírus sem tornar rígido o isolamento e disse que é preciso agir agora porque “depois não terão oportunidade”.

Bolsonaro deu a declaração ao lembrar da derrota de Maurício Macri na Argentina para Alberto Fernandez, que tem Cristina Kirchner como vice e lembrou de outros governo na América do Sul que voltaram ou permaneceram alinhados à esquerda.

“Então, pessoal, nós temos que buscar mudanças, não teremos outra oportunidade. Aí vem uma turminha aí falar de ah, ‘queremos o centro’, ‘nem ódio para cá, nem ódio para lá’, ódio é coisa de maricas, pô”, afirmou.

O presidente afirmou que a vida dele na presidência é “uma desgraça”, “problema o tempo todo”, disse que sua cadeira “está à disposição”, mas afirmou ver pessoas articulando para ocupar seu lugar no Planalto.

Bolsonaro ainda disse que não há um sistema sólido no Brasil e que por isso “no futuro”, “tudo” poderia mudar “por fraudes”, em referência ao processo eleitoral e à vitória de candidatos de esquerda na América Latina.

“O Brasil não pode ir para esse lado (da esquerda), meu Deus do céu. Minha cadeira está à disposição. (…) Eu vejo pessoas articulando para chegar lá não pelos seus méritos, mas criticando, falando mal, falando besteira o tempo todo, mentindo, provocando, caluniando, perseguindo meus familiares o tempo todo”, reclamou.

“Não querem chegar pelos seus méritos, querem derrubar quem está lá. Quem acha que eu tenho tesão naquela cadeira está completamente equivocado”, continuou, sem citar nomes.

O ex-ministro Sergio Moro (Justiça), que participa da articulação por uma via alternativa a Bolsonaro em 2022 é hoje um dos principais adversários do presidente. Para o mandatário, o ex-juiz, que era responsável pela Lava Jato, sempre teve interesses eleitorais e buscava se cacifar para sucedê-lo em 2020.

A saída de Moro do governo foi conturbada. O ex-magistrado deixou o governo em abril deste ano e fez uma série de acusações contra Bolsonaro, alegando que o presidente tentou interferir na troca de diretores da Polícia Federal, principalmente no Rio de Janeiro, para favorecer sua família.

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é investigado por suspeita de ter abrigado um esquema de ‘rachadinha’ em seu gabinete como deputado estadual pelo Rio, em que um funcionário tinha de repassar parte do salário ao parlamentar, e por lavagem de dinheiro.

As acusações de Moro deram origem a um inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de interferência na PF.

Tem que deixar de ser um país de maricas, diz Bolsonaro sobre combate à Covid-19

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta terça-feira (10) que o Brasil precisa “deixar de ser um país de maricas” ao dizer que o país precisa enfrentar a pandemia do coronavírus.

“Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade, tem que deixar de ser um país de maricas”, afirmou o presidente.

“Temos que enfrentar, peito aberto, lutar”, continuou. Em seguida, Bolsonaro disse que a geração hoje em dia é de “Toddynho, Nutella, zap”.

O presidente fez a afirmação após dizer que estava correto ao propor medidas menos drásticas de isolamento social e criticar prefeitos e outros países que optaram por políticas mais severas e que agora “começam a amedrontar o povo brasileiro com a segunda onda”.

“É a vida. Tem que enfrentar. E todo chefe de estado tem que tomar decisões que não me deixaram tomar”, disse.

Bolsonaro deu as declarações ao falar para um público formado por empresários do setor do turismo num evento para lançar políticas para impulsionar a área no Brasil.

“Vem uma turminha aí falar ‘queremos o centro’, nem ódio para cá nem ódio para lá. Ódio é coisa de maricas. Meu tempo de bullying na escola era porrada. Agora chamar um cara de gordo é bullying. Nós temos como mudar o destino do Brasil, não teremos outra oportunidade”, disse.