EUA anunciam que vão doar 20 milhões de doses de vacinas aprovadas no país

O presidente Joe Biden anunciou nesta segunda-feira (17) que os Estados Unidos vão compartilhar com outros países mais 20 milhões de doses de vacina contra a Covid-19 até o fim de junho.

O número se soma aos 60 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca que a Casa Branca já havia se comprometido a distribuir, totalizando 80 milhões de doses enviadas pelos americanos ao exterior.

Em pronunciamento, Biden não detalhou quais nações receberão as vacinas –o Brasil tenta, desde março, conseguir excedentes de doses dos americanos–, mas disse que o montante distribuído representa 13% de todos os imunizantes produzidos nos EUA até o mês que vem.

“Hoje estamos dando mais um passo para ajudar o mundo. Sabemos que os EUA nunca estarão totalmente seguros enquanto esta pandemia se alastrar globalmente”, disse o presidente. “Até o final de junho, quando teremos recebido vacinas em quantidade suficiente para proteger a todos nos EUA, vamos compartilhar pelo menos 20 milhões dessas doses extras com outros países. Isso significa que, nas próximas seis semanas, os EUA enviarão 80 milhões de doses para o exterior.”

O governo americano comprou vacinas para imunizar três vezes toda a população de 330 milhões de pessoas e já aplicou ao menos uma dose em 60% dos adultos do país –ou em 47% do total de residentes.

Com a compra antecipada, a Casa Branca pode decidir o que fazer com as doses, que são de posse do governo federal.

Em sua fala de cerca de 15 minutos, Biden disse que iria trabalhar com o consórcio Covax Facility, iniciativa vinculada à OMS (Organização Mundial da Saúde), e outros parceiros para tentar garantir uma distribuição igualitária a quem precisa, mas não enumerou quais países poderão receber as doses.

“Não usaremos nossas vacinas para garantir favores de outros países. Trabalharemos com a Covax e outros parceiros para assegurar que as vacinas sejam distribuídas de forma equitativa e de acordo com a ciência e com os dados de saúde pública.”

Segundo auxiliares do presidente, a força-tarefa da Casa Branca para a pandemia e o Conselho de Segurança Nacional debaterão o destino das doações, junto ao Departamento de Estado.

Sob pressão internacional para compartilhar doses com países pobres e em desenvolvimento, Biden ressaltou que a medida era a coisa “certa e mais inteligente” a fazer, inclusive diante da guerra da diplomacia da vacina que opõe as principais potências.

“De repente, compartilhamos mais vacinas do que qualquer outro país até hoje. Cinco vezes mais do que a Rússia e a China, que doaram 15 milhões de doses até agora. Muito se fala da influência da Rússia e da China no mundo das vacinas. Queremos liderar o mundo com nossos valores.”

Biden e diversos governadores têm estimulado a vacinação no país, inclusive entre turistas que visitam os EUA, já que hoje a quantidade de vacina oferecida é maior que a procura em vários lugares.

O presidente disse que nesta segunda, pela primeira vez desde o início da pandemia, o número de casos de Covid-19 caía em todos os 50 estados americanos, mas pediu que a população não baixe a guarda.

Biden explicou que os novos 20 milhões de doses compartilhadas serão provenientes das levas das três vacinas que já foram aprovadas para uso nos EUA: Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson –as duas primeiras necessitam de duas doses para eficácia completa, a última, de apenas uma.

Já as doses da AstraZeneca devem receber o aval da FDA, agência americana que regulamenta medicamentos, antes de serem enviadas para o exterior.

As três vacinas aprovadas nos EUA são produzidas no próprio país, e o governo Biden invocou a Lei de Produção de Defesa, da época da Guerra da Coreia (1950-1953), para dar às empresas acesso aos suprimentos necessários para fabricar e embalar vacinas, acelerando ainda mais o processo.

A legislação permite que o presidente fortaleça a produção de empresas privadas para bens considerados estratégicos, como a vacina, e já havia sido utilizada diversas vezes por Donald Trump.

Os EUA haviam doado em março 4 milhões de doses da AstraZeneca para México e Canadá, mas o número destinado aos dois países vizinhos foi considerado simbólico. Depois disso, no fim de abril, houve o anúncio do compartilhamento das 60 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca que estavam parados nos estoques, sem autorização de uso concedida pela FDA.

Agora, com a aceleração da imunização no país e a promessa de volta ao normal em julho, Biden quer dar um passo ruma à liderança da diplomacia da vacina, espaço que, até agora, estava sendo ocupado pelos seus principais rivais geopolíticos, China e Rússia.

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Na abertura da cúpula, Biden anuncia nova meta de emissão dos EUA

Sob pressão de ver testada sua liderança global, Joe Biden abriu nesta quinta-feira (22) a Cúpula de Líderes sobre o Clima com um discurso contundente, em que fez anúncios ambiciosos de novas metas climáticas para os EUA e deu caráter de urgência para o combate ao aquecimento global.

O presidente americano disse que este é “um momento imperativo” em termos morais e econômicos, e a ciência, inegável. “Não temos escolha, temos que fazer isso”, afirmou.

Biden formalizou o anúncio de que os EUA vão cortar 50% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030, uma meta nova e ambiciosa que foi celebrada pelos ambientalistas, mas ressaltou que os EUA são responsáveis por menos de 15% das emissões do mundo -o país é o segundo do ranking, atrás da China, que emite cerca de 26%- e que é preciso um esforço conjunto do planeta.

“Os EUA colocam-se a caminho para reduzir os gases de efeito estufa pela metade até o final da década. É para lá que estamos indo, como nação. E é isso que podemos fazer, se agirmos para construir uma economia que não seja apenas mais próspera, mas mais saudável, justa e limpa para todo o planeta”, disse o presidente americano.

Ele destacou ainda que a medida colocará o país na rota para “zerar emissões líquidas de carbono até 2050”, mas que “nenhuma nação pode resolver essa crise por conta própria.” Biden pediu “um passo à frente” a todos os países participantes da cúpula, mas “particularmente aqueles que representam as maiores economias do mundo.”

Com os anúncios desta quinta, Biden tenta cristalizar sua mensagem debatida com líderes estrangeiros nas últimas semanas: se todos trabalharem juntos, é possível estabelecer metas mais ousadas do que as estabelecidas em 2015 no Acordo de Paris para frear o aquecimento global, modernizando a cadeia de produção de países ricos e ajudando os mais pobres que conseguirem demonstrar resultados positivos na agenda verde.

De forma simbólica, Biden abriu seu discurso de pouco mais de cinco minutos com as consequências que a agenda climática pode ter sobre a criação de empregos nos EUA. O democrata avalia que essa é uma forma de tentar angariar mais apoio popular para sua empreitada, ciente de que há muita divisão no Congresso, entre republicanos e democratas, sobre a agenda verde.

Biden lançou um pacote trilionário de infraestrutura que precisa de aprovação parlamentar, e promete modernizar a cadeia produtiva americana ao mesmo tempo em que cria postos de trabalho em campos de energia limpa.

“É por isso que estamos falando sobre clima, empregos dentro de nossa resposta climática, criação de empregos, oportunidade prontos para serem acionados”, disse o presidente. “Vejo uma oportunidade de criar milhões de empregos sindicais de classe média bem remunerados.”

Integrantes do Departamento de Estado americano dizem que o encontro desta quinta e sexta não é considerado “uma resposta final” das nações sobre as metas ambientais, mas “parte de uma conversa” para revisar os compromissos que serão formalizados na COP-26, a conferência da ONU sobre o clima, marcada para novembro na Escócia.

Biden disse que esse era “o primeiro passo” rumo à conferência do fim do ano. O presidente quer recolocar os EUA como líderes do mundo no combate às mudanças climáticas, mas enfrenta obstáculos, principalmente diante de poderosas economias, como China e Índia, que, em um primeiro momento, não se mostraram dispostas a se comprometer com números ambiciosos para 2030.

Anfitrião de 40 líderes mundiais no encontro virtual, o democrata comanda a primeira sessão da cúpula com o objetivo de mostrar que os EUA são confiáveis na liderança para uma economia mais justa e sustentável, recuperando o prestígio do país no cenário multilateral depois de quatro anos de isolacionismo sob Donald Trump.

Ao anunciar metas contundentes, Biden queria estimular outros países a fazerem o mesmo, na tentativa de frear o aquecimento global em 1,5°C. Para isso, o planeta precisa neutralizar as emissões de carbono até 2050.

Reduzir em pelo menos 50% as emissões de poluentes nos EUA nesta década é quase o dobro do que havia sido acordado anteriormente pelos americanos no âmbito do Acordo de Paris. Em 2015, Barack Obama, de quem Biden era vice, prometeu reduzir de 26% a 28% das emissões até 2025, em relação aos índices de 2005.

Dois anos depois, Trump retirou os EUA do acordo, mas Biden retomou a posição em seu primeiro dia de governo. Agora, o democrata quer mostrar que é preciso ir além das metas estabelecidas há seis anos para evitar catástrofes ambientais ainda maiores.

Ao lado de sua vice-presidente, Kamala Harris, Biden falou na primeira sessão da cúpula, intitulada “Aumentando nossas Ambições Climáticas”, na qual falam também os líderes das principais economias do globo -e mais poluentes- e dos países com importantes credenciais ambientais, como Brasil, China, Índia, Rússia, Reino Unido, Alemanha e França -com três minutos de discurso cada.

Por causa do formato virtual, não houve espaço para reuniões ou fechamentos de acordos bilaterais, segundo diplomatas envolvidos nas negociações.

Em reunião privada, embaixador dos EUA dá ultimato a Bolsonaro em metas ambientais

O governo dos EUA considera a Cúpula de Líderes sobre o Clima, marcada por Joe Biden para a próxima semana, como a última chance de o Brasil mostrar preocupação ambiental para recuperar a confiança dos americanos e ampliar as relações com a Casa Branca.

O recado contundente foi dado pelo embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, durante reunião virtual privada no domingo (11) com políticos, economistas, diplomatas e empresários brasileiros.

Participantes do encontro, promovido pelo Grupo Parlatório, relataram à reportagem que Chapman foi firme ao dizer que o meio ambiente vai nortear as relações entre Brasil e EUA, e que acordos comerciais entre os dois países e a entrada do Brasil na OCDE, por exemplo, dependem da latitude do plano que o governo Jair Bolsonaro vai apresentar na cúpula organizada por Biden, entre os dias 22 e 23 de abril.

“As relações entre nossos países dependerão muito dessa postura ambiental do Brasil”, disse Chapman. O diplomata afirmou que existe uma percepção de que o desmatamento ilegal na Amazônia cresceu muito e que esse “não é um problema de comunicação”, como justificam auxiliares de Bolsonaro, mas uma realidade que precisa ser revertida, inclusive com o envolvimento do setor privado.

De acordo com dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia voltou a bater recordes em março e foi o maior dos últimos seis anos.

A destruição da floresta no mês passado teve crescimento de 12,6% em relação ao mesmo período de 2020, ano em que o desmatamento atingiu os níveis mais elevados em 12 anos, mesmo em meio à pandemia da Covid-19.

O embaixador americano classificou a cúpula do clima como “uma oportunidade” para o Brasil virar o jogo e resgatar a preocupação ambiental diante dos olhos do mundo, e disse que o país vai “se tornar herói” se fizer uma “declaração contundente” e retomar seu papel de protagonista no debate sobre meio ambiente.

A mensagem foi vista pelos participantes da reunião como a forma mais firme de traçar as prioridades da agenda de Biden e dar um ultimato a Bolsonaro diante de influentes nomes dos setores público e privado, que podem capitanear pressões sobre o Planalto quando o assunto for mudanças climáticas.

Os EUA querem que o Brasil se comprometa durante a cúpula com metas objetivas de redução de desmatamento ilegal, zerando a prática até 2030, e apresente resultados ainda neste ano.

O ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), por sua vez, insiste na ideia de que o Brasil vai se comprometer com números apenas se receber dinheiro antecipado de países estrangeiros, mas os americanos condicionam o financiamento a resultados concretos.

Nos últimos dias, equipes técnicas dos governos brasileiro e americano mergulharam em uma série de reuniões em busca de um acordo. Chapman conversou nesta semana também com Salles e com integrantes da Apib (Articulação dos Povos Indígenas), que pediram abertura de um canal direto com o governo Biden para tratar da preservação da Amazônia.

A entidade questiona o comprometimento americano com uma gestão como a de Bolsonaro, que patrocina políticas ambientais negligentes.

Entre os convidados para a reunião com Chapman no domingo, estavam o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o ex-embaixador dos EUA no Brasil Rubens Barbosa, que quis saber o motivo de o Brasil ter ficado de fora da primeira viagem do enviado de Biden à América do Sul.

Diretor sênior para o Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional, Juan Gonzalez viajou nesta semana para Colômbia, Argentina e Uruguai na esteira da agenda verde e da pandemia.

Chapman respondeu que Gonzalez passaria pelos países onde as conversas estavam mais avançadas, o que foi entendido pelos presentes como a sinalização de que as tratativas com o Brasil não caminham no ritmo desejado.

Moro, por sua vez, perguntou se haveria alguma coisa que o setor privado pudesse fazer caso o governo brasileiro não cooperasse com o meio ambiente, e ouviu de Chapman que muitas empresas americanas estão exigindo uma resposta mais contundente sobre meio ambiente, porque não querem pagar a conta de quem está envolvido com ilegalidades e desmatamento.

Segundo o diplomata, não há marca melhor que “salvar a Amazônia”, e é preciso um acordo global sobre mercado de carbono. Outro tema em que Chapman destacou a necessidade de envolvimento do setor privado foi o 5G. Os EUA tentam banir ou ao menos limitar a participação da empresa chinesa Huawei no leilão da frequência no Brasil.

O embaixador disse que a decisão sobre a tecnologia é do Brasil, mas que é preciso decidir se o país quer “tecnologia de ponta ou tecnologia sem compromisso com proteção de dados”.

“O setor privado precisa se manifestar”, insistiu Chapman. O argumento dos americanos é que a Huawei repassa informações sigilosas ao governo chinês, o que ameaça a segurança de dados do Brasil e a cooperação com os EUA.

Após bater meta, Biden dobra meta e mira 200 mi de doses nos primeiros 100 dias

Nos planos de Joe Biden, sua primeira entrevista coletiva como presidente dos EUA seria palco para capitalizar os recentes sucessos de seu governo, como a aprovação do pacote de US$ 1,9 trilhão de alívio econômico e os avanços significativos na vacinação dos americanos.

Nesta quinta-feira (25), o presidente conseguiu dobrar sua meta de campanha e anunciou a imunização de 200 milhões de pessoas até o fim de abril, quando completa cem dias no cargo. Mas, ao subir no púlpito da Casa Branca, o presidente sabia do escrutínio que sofreria diante de uma grave crise imigratória e a pressão por medidas mais rígidas no controle de armas no país.

Diante dos jornalistas, Biden afirmou que dobraria a meta inicial de vacinar 100 milhões de pessoas nos primeiros cem dias de gestão. “No meu centésimo dia de mandato, teremos administrado 200 milhões de doses de vacinas nos braços das pessoas, isso mesmo, 200 milhões em 100 dias”, afirmou Biden. “Eu sei que é ambicioso dobrar a meta inicial, nenhum país está nem perto disso.”

O presidente cumpriu em 58 dias a promessa inicial e, diante dos saltos no programa de imunização –são 2,5 milhões de doses aplicadas em média por dia– decidiu usar o anúncio como boa notícia diante dos temas adversos.

Questionado sobre os problemas sobre imigração e controle de armas, que não têm sido enfrentados com rapidez por seu governo, Biden disse que foi contratado “para resolver problemas e não criar divisões”, mas afirmou que vai resolver as questões, consideradas por ele políticas de longo prazo.

“Eu fui eleito para resolver problemas, e o mais urgente era Covid-19 e a crise econômica para milhões de americanos, por isso coloquei todo o meu foco nisso”, afirmou o presidente. “Os outros problemas de imigração, armas são políticas de longo prazo, estaremos aptos a fazer, mas o fundamental era dar às pessoas alguma paz de espíritio para que elas não estejam preocupadas se vão perder algum membro da família.”

Auxiliares do democrata marcaram a coletiva com nove dias de antecedência, o que foi considerado um erro por quem observa Washington de perto. A dinâmica dentro da Casa Branca, é volátil e as críticas a Biden têm aumentado pelo descontrole na fronteira entre México e EUA, com número recorde de detenção de imigrantes, e cobranças para agir de forma mais assertiva sobre a regulação de armas, após dois massacres a tiros que deixaram 18 mortos em menos de uma semana.

Biden foi aconselhado a tentar falar diretamente à população, controlar a narrativa e mostrar que está preparado para o próximo desafio em meio às crises que ele mesmo elegeu como prioridades: a pandemia, a crise econômica, a desigualdade racial e as mudanças climáticas.

De acordo com levantamento da CNN, o democrata é o presidente que mais demorou para conceder uma entrevista coletiva nos últimos cem anos. Seus 15 antecessores mais recentes o fizeram com até 33 dias de Casa Branca -Biden já está há dois meses no posto.

PANDEMIA

Biden tem capitalizado o avanço da campanha de vacinação, que deu um salto nos EUA desde sua posse e, junto com a queda nas mortes e hospitalizações, levou o país a uma rota de mais confiança. O democrata diz que os americanos poderão viver algo perto do normal até julho.

O presidente havia prometido vacinar 100 milhões de pessoas nos 100 primeiros dias de seu governo, mas atingiu o número em apenas 58 dias e decidiu dobrar a meta. Anunciou que, até o fim de abril, 200 milhões de pessoas terão sido vacinadas no país –duas vezes o previsto inicialmente.

Ao todo, cerca de 125 milhões de doses da vacina já foram aplicadas nos EUA –44 milhões de americanos estão completamente imunizados e 81 milhões receberam ao menos a primeira dose, ou seja, 26% da população.

Os EUA seguem líderes em número de casos e vítimas por Covid-19 –são mais de 545 mil óbitos– mas as curvas têm melhorado, e as mortes caíram 30% nas últimas duas semanas, segundo o jornal The New York Times.

Em 11 de março, Biden havia anunciado que todos os americanos adultos poderiam ser vacinados a partir de 1º de maio, zerando as filas de prioridade, mas a vacinação acelerada fez com que a meta pudesse ser atingida antes disso.

Após um começo de vacinação considerado lento (com média de 900 mil vacinas aplicadas por dia entre dezembro e janeiro), os EUA deram um salto para a média de 2,5 milhões de imunizantes administrados diariamente –a abertura de centros de vacinação em massa, farmácias e supermercados aderindo à campanha, e pesquisas que mostram o aumento do apoio dos americanos ao imunizante contribuíram para os avanços.

IMIGRAÇÃO

A primeira grande crise do governo Biden é o descontrole na fronteira entre México e EUA, onde autoridades não mostram ter capacidade ou recursos para lidar com uma escalada recorde em duas décadas no número de imigrantes que tentam entrar em território americano sem documentos –muitos deles são crianças desacompanhas.

Biden tentou minimizar a crise, disse que o aumento das pessoas chegando na fronteira é sazonal, que acontece “todos os anos” nesta época.

O presidente afirmou que seu projeto é “reconstruir o sistema” para tentar acomodar os números recordes de pessoas que tentam entrar no país. “Não é porque sou um cara legal , acontece todo ano”, afirmou Biden.

Jornalistas experientes relatam restrições à imprensa para acompanhar o trabalho das patrulhas na divisa, o que não acontecia nem mesmo no governo Donald Trump, conhecido por adotar medidas agressivas na fronteira.

Sob pressão, Biden começou a agir no início desta semana na tentativa de mitigar o desgaste. Nesta quarta-feira (24), anunciou que a vice-presidente, Kamala Harris, vai liderar os esforços dos EUA para conter a crise na fronteira, em trabalho conjunto com o México e países da América Central.

Um dia antes, o Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) havia publicado fotos vídeos que mostravam as condições de crianças imigrantes detidas, em um movimento que autoridades chamaram de “esforço pela transparência.”

A divulgação das imagens pelo governo foi feita um dia após o site de notícias Axios revelar fotos internas de um centro de detenção no Texas, mostrando condições de superlotação e improviso das instalações em meio à pandemia.

Cerca de 9.400 menores estão entre os detidos e expulsos no mês passado, segundo dados do CBP. Se considerados os números de outubro a fevereiro, o total é de quase 30 mil crianças e adolescentes. Muitas ficam nos centros de detenção mais do que as 72 horas permitidas pela lei americana e em condições pouco apropriadas.

Donald Trump reemerge para tentar mostrar que tem força

Após cinco semanas submerso em uma rotina que revezou algumas partidas de golfe com incontáveis horas em frente à TV, Donald Trump decidiu retomar suas atividades políticas, em um roteiro pavimentado por vingança e teorias conspiratórias. Antes de tomar a decisão sobre ser candidato em 2024, o ex-presidente precisa mostrar que seguirá no comando do Partido Republicano e da extrema direita dos EUA.

O palco de reestreia será a Cpac, sigla em inglês para Conferência de Ação Política Conservadora, onde Trump fará neste domingo (28) o discurso de encerramento do maior evento anual da direita americana.

Faz uma década que o republicano falou pela primeira vez na Cpac e, agora, em seu primeiro discurso público desde 6 de janeiro, quando seus apoiadores invadiram o Capitólio, pretende usar o espaço para renovar sua narrativa falsa de fraude eleitoral e ataques a quem considera inimigo.

O líder mais controverso da história dos EUA quer demonstrar força diante da plateia cativa, cristalizando a ideia de que, mesmo banido do Twitter e fora do Salão Oval, ainda controla grande parte da base republicana.

A estratégia é observar –e impulsionar– o desempenho de aliados nas eleições legislativas e para governos estaduais no ano que vem, como forma de medir o poder do trumpismo e fazer um cálculo mais certeiro sobre sua própria candidatura à Casa Branca. Mas, antes disso, pretende fomentar seus eleitores e dar argumentos para que eles sigam pregando suas ideologias radicalizadas e teses mentirosas sobre a vitória de Joe Biden.

Diante da plateia na Cpac, Trump deve vestir seu habitual figurino agressivo e recorrer à temática que o levou ao poder em 2016, colocando-se como o líder que vai lutar contra o establishment. A ofensiva, dizem aliados, é para atingir a oposição tanto fora como dentro do Partido Republicano.

O ex-presidente trata como traidores republicanos que votaram a favor de seu impeachment neste ano no Congresso –muitos deles já foram punidos com retaliações da sigla nos estados, mas Trump seguirá medindo forças, como é de seu feitio.

Trump entrou em embate público com o líder do partido no Senado, Mitch McConnell, que votou por sua absolvição e, depois do veredito, justificou sua posição dizendo que o ex-presidente era responsável por provocar a invasão do Capitólio, mas não via respaldo constitucional para seu impedimento fora do cargo.

Apesar de absolvido, Trump promete vingança. A partir desta semana, inicia série de reuniões para traçar seus próximos movimentos políticos e fazer uma seleção dos candidatos alinhados à sua ideologia e que estão dispostos a atacar os que o querem mais distante da sigla.

Segundo o site Politico, o ex-presidente já recebeu seu ex-chefe de campanha Brad Parscale para discutir propostas de financiamento online e como usar as redes sociais apesar de seu banimento de Facebook e Twitter. Além disso, teve conversas com seu filho mais velho, Donald Jr., considerado um dos herdeiros políticos, e com o líder da minoria na Câmara, o deputado Steve Scalise.

A partir de agora, a ideia é criar um calendário formal para que os candidatos que queiram o apoio de Trump sejam recebidos pelo ex-presidente e sacramentem seu comprometimento com o trumpismo. Ele já expressou suporte a dois de seus mais leais aliados, a presidente do Partido Republicano no Arizona, Kelli Ward, que deve concorrer ao governo do estado, e a ex-secretária de imprensa da Casa Branca Sarah Sanders, que já anunciou que vai disputar o governo no Arkansas em 2022.

Esses e outros nomes receberão dinheiro de uma espécie de fundo de campanha de Trump, que conta com milhões de dólares em caixa e um banco com dados de milhões de americanos –Trump teve 74 milhões de votos na eleição do ano passado, mais de 10 milhões a mais do que em 2016.

Muitos desses eleitores estarão na plateia do encerramento da Cpac. Trump deve argumentar que muitas de suas previsões sobre o governo Biden já se tornaram realidade e se ancorar na tese de que quem o ataca está atacando a base republicana, alimentando o sentimento de ódio de seus apoiadores. Mesmo que ainda não tenha decidido se vai ou não concorrer em 2024, Trump quer se manter como a principal referência republicana e evitar que outro nome da sigla ganhe tração política nos próximos anos.

Criada em 1973, a Cpac era um guarda-chuva mais amplo para a direita dos EUA, mas se radicalizou ao trumpismo, assim como o Partido Republicano. Por mais que existam republicanos de perfil moderado, pesquisas mostram que grande parte dos eleitores da sigla ainda se escora na imagem e no discurso do ex-presidente –e a maioria dos parlamentares não quer arriscar perder essa fatia com eleições legislativas no ano que vem.

Os republicanos têm controle do Executivo e Legislativo em 24 dos 50 estados americanos, e alguns analistas já preveem que a legenda pode retomar a maioria da Câmara em 2022 –hoje nas mãos dos democratas por uma margem pequena, 221 a 211 deputados. Trump sabe que não precisa do establishment partidário para se lançar candidato em 2024, mas precisa dar capilaridade ao trumpismo e manter a base sob sua influência até lá.

O imprevisível Trump pode, inclusive, não concorrer de novo à Casa Branca, mas manter viva a possibilidade –ou ameaça– de que sua candidatura é garantia de que, pelo menos por enquanto, ele estará onde mais gosta: no centro das atenções.

Senado dos EUA absolve Trump de impeachment pela 2ª vez e dá sobrevida ao trumpismo

Donald Trump acumulou ineditismos e entrou mais uma vez para a história americana. Neste sábado (13), o ex-presidente dos EUA seguiu o roteiro esperado e foi absolvido pelo Senado em seu segundo julgamento de impeachment.

Em uma votação nominal, Trump se livrou da acusação de ter incitado a violenta invasão do Capitólio, em 6 de janeiro, no maior ataque à democracia do país desde a Guerra Civil.

O Senado americano está hoje divido em 50 votos para democratas e 50 para republicanos e, para a condenação, eram necessários 67 dos 100 votos da Casa. A votação ainda não acabou, mas ao menos 34 senadores já votaram pela absolvição, o que torna impossível alcançar o número necessário para condenar Trump.

O resultado cristaliza o forte poder e influência que o líder mais controverso da história americana ainda tem sobre o Partido Republicano, que tem se radicalizado à direita.

Trump se tornou o primeiro presidente a enfrentar dois processos de impeachment –um deles concluídos com ele já fora do cargo– e agora seu desafio é permanecer no comando da direita populista americana até 2024, se quiser concorrer mais uma vez à Casa Branca.

Líder republicano no Senado e um dos parlamentares mais influentes do Congresso, Mitch McConnell votou pela absolvição de Trump, apesar de ter dito publicamente que o ex-presidente havia provocado o episódio daquele 6 de janeiro. McConnell avisou aos colegas do teor de seu voto pouco antes do início da sessão deste sábado, em uma sinalização de que o establishment do partido ainda está sob a sombra de Trump.

O ex-presidente era acusado de insuflar seus apoiadores a invadir o Congresso dos EUA há pouco mais de um mês, em um ação violenta que deixou cinco mortos. O processo de impeachment foi aprovado na Câmara, de maioria democrata, em janeiro, e seguiu ao Senado para um julgamento rápido, que durou apenas cinco dias.

Um reviravolta no início da sessão deste sábado, porém, deu a impressão de que o veredito poderia atrasar alguns dias. Isso porque a acusação fez um movimento inesperado e disse que queria convocar ao menos uma testemunha, a deputada republicana Jaime Herrera Beutler, para ser ouvida no processo.

Na noite de sexta-feira (12), Beutler disse ter sido informada de que Trump havia se aliado à multidão durante o ataque ao Capitólio, o que chamou a atenção da acusação.

Por 55 votos a 45 –cinco republicanos se uniram aos democratas– a convocação de testemunhas foi aprovada no Senado, mesmo sob protesto da defesa de Trump.

Com isso, iniciou-se uma série de debates desencontrados para tentar achar a melhor maneira de prosseguir com o julgamento que ambos os partidos tinham pressa para encerrar. Depois de quase três horas de incertezas, democratas recuaram e desistiram de convocar testemunhas, incluindo apenas o depoimentos de Beutler nos autos.

Uma dos dez parlamentares republicanos que votaram pelo impeachment de Trump na Câmara, no mês passado, a deputada conta que, no dia do ataque, Trump conversou com o líder da minoria na Casa, Kevin McCarthy, e disse: “Bem, Kevin, acho que essas pessoas estão mais chateadas com a eleição do que você.”

Nada disso, no entanto, foi suficiente para convencer 17 senadores republicanos a rifar Trump. Por mais que existam republicanos de perfil moderado, que se cansaram da postura agressiva do ex-presidente, o cálculo político foi minucioso diante de números que mostram que grande parte da base do partido ainda se ancora na retórica trumpista.

Às vésperas da eleições legislativas, no próximo ano, os parlamentares republicanos não querem se arriscar.

Apesar do cenário previsivelmente difícil, a acusação democrata usou doze horas do julgamento, que começou na terça-feira (9), para marcar uma argumentação assertiva de que Trump liderou e facilitou o acesso da multidão ao Congresso naquele 6 de janeiro –e precisava ser punido por isso.

O objetivo era fazer do julgamento um registro histórico, apostando no tom emocional e na demonstração institucional de que um ataque ao Capitólio e à democracia americana não poderia se repetir.

Com vídeos e áudios inéditos, gravados pelas câmeras de segurança do Congresso, os deputados democratas –que funcionam como promotores no caso– sustentaram que Trump é um perigo para a democracia e poderia incitar mais violência caso não fosse condenado e voltasse à Casa Branca.

Se fosse declarado culpado por dois terços do Senado, Trump poderia perder seus direitos políticos e seria, assim, impedido de concorrer às eleições.

Os democratas apostaram em evidências que mostravam que os invasores só puderam marchar até Capitólio após o aval de Trump. O esforço da acusação foi criar uma espécie de linha do tempo para sustentar que o republicano incitou por vários meses a violência e facilitou o acesso da multidão ao caminho que culminou no mais brutal ataque ao Congresso americano em 200 anos.

Na sexta, foi o dia da defesa de Trump entrar em campo, em uma exposição rápida, de pouco mais de três horas. Os advogados do ex-presidente sustentaram que o republicano era vítima de perseguição política e não tinha sido responsável por incitar a invasão ao Congresso.

Segundo eles, o julgamento no Senado representava “a cultura do cancelamento constitucional.”

Os advogados de Trump sabiam que corriam pouco risco de perder o caso e fizeram um defesa baseada em argumentos políticos, com poucos detalhes objetivos sobre a postura do ex-presidente diante da ação no Capitólio.

Eles tentaram reescrever as palavras do republicano, sob a tese de que seu discurso –que pedia que apoiadores “lutassem como nunca”– fazia parte de uma retórica política comum, usada inclusive por democratas, e protegida pelo direito à liberdade de expressão.

A rapidez na exposição dos defensores já era esperada, assim como os principais eixos de sua tese: o ex-presidente não poderia ser responsabilizado pela ação do grupo que invadiu o Capitólio; seu discurso foi figurativo e está protegido pela Primeira Emenda da Constituição americana, que versa sobre liberdade de expressão; um processo de impeachment contra um ex-presidente é inconstitucional.

Este último ponto, porém, já havia sido vencido na terça, primeiro dia de julgamento, quando o Senado decidiu, por 56 votos a 44, que Trump poderia, sim, ser julgado mesmo fora do cargo.

No Senado, os dois lados desejavam terminar o julgamento em tempo recorde. Correligionários de Biden não queriam atrasar ainda mais as tentativas do presidente de aprovar um pacote de alívio econômico à pandemia, no valor de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões), enquanto republicanos tinham pressa para enterrar o tema e tirar os holofotes do divisionismo do ex-presidente.

Biden chegou a dizer que acreditava que os argumentos fortes da acusação poderiam ter mudado “algumas mentes” republicanas. Político profissional, porém, Biden sabia que a condenação de Trump era improvável e comentou com auxiliares que não esperava surpresas no veredito.

Após incitar a violência e insistir na tese mentirosa de que a eleição de novembro fora fraudada, Trump teve sua conta no Twitter suspensa. Sem sua principal plataforma para dialogar com a base, ainda não é possível projetar como o ex-presidente vai se manter na liderança da extrema direita nos EUA.

Sua absolvição neste sábado, porém, é a prova mais concreta de que, ao menos por enquanto, a maior parte de seus colegas de partido não aposta em seu eventual fracasso.

Biden reverte liberação de Trump e volta a impor restrições de viagens do Brasil

O presidente Joe Biden decidiu restabelecer as restrições de viagem a passageiros não americanos que chegam aos EUA vindos do Brasil e da Europa. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25), a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, confirmou que o democrata vai reimpor a medida que havia sido derrubada por Donald Trump na semana passada, e adicionou a África do Sul à lista de limitações.

Biden assinou a ordem executiva nesta segunda para que as novas restrições passem a valer já a partir desta terça-feira (26). Em sua proclamação, o presidente dos EUA cita a variante do coronavírus que foi identificada no Brasil e que, segundo o texto do democrata, pode “impactar o potencial de reinfecção.”

“A emergência nacional causada pelo surto de Covid-19 nos Estados Unidos continua a representar uma grave ameaça à nossa saúde e segurança. É política do meu governo implementar medidas de saúde pública de base científica, em todas as áreas do governo federal, para prevenir a propagação da doença”, diz o documento assinado por Biden e divulgado pela Casa Branca.

Dessa forma, a maioria dos cidadãos não americanos que estiveram nos últimos 14 dias no Brasil, na África do Sul, no Reino Unido, na Irlanda e nos 26 países europeus da zona Schengen não poderá entrar nos EUA -há exceções para vistos diplomáticos, residentes permanentes (portadores de green card), filhos ou cônjuges de americanos ou para quem viaja por razões humanitárias, de saúde pública e de segurança nacional, por exemplo.

A decisão de Biden já era esperada em meio ao surgimento de novas variantes do coronavírus, mas frustrou o governo brasileiro, que tinha esperanças de que o democrata não voltasse a proibir a entrada de viajantes do Brasil nos EUA.

A restrição não tem data para acabar -depende de uma nova determinação do presidente.

Desde a campanha eleitoral, Biden tem dito que sua prioridade é o combate à pandemia que já matou quase 420 mil americanos e assinou diversas ordens executivas sobre o tema em seus primeiros dias de governo -os decretos não precisam do aval do Congresso para entrarem em vigor.

Na semana passada, o novo presidente americano assinou uma medida exigindo teste com resultado negativo para Covid-19 e quarentena de sete dias aos estrangeiros que chegam aos EUA, e muitos diplomatas brasileiros acreditaram que esse já era um endurecimento da política do novo governo contra a pandemia -o democrata, porém, afunilou ainda mais o caminho para os países onde a situação está longe de se normalizar.

“Estamos adicionando a África do Sul à lista de restrições por causa da preocupante variante que já se espalhou para além da África do Sul”, disse Anne Schuchat, vice-diretora do CDC (Centro de Controle e Proteção de Doenças dos EUA).

Segundo a agência de notícias Reuters, a especialista acrescentou em entrevista no domingo (24) que o conjunto de medidas está sendo tomado para “proteger os americanos e também reduzir o risco de essas variantes se espalharem e agravarem a pandemia atual.”

Algumas autoridades de saúde estão preocupadas com o fato de que as vacinas atuais podem não ser eficazes contra novas variantes do coronavírus e têm orientado redobrar a cautela. Nesta segunda, a farmacêutica Moderna, por sua vez, afirmou que sua vacina funciona contra as variantes encontradas no Reino Unido e na África do Sul, mas lançaria, pelo que classificou de “excesso de zelo”, trabalhos para impulsionar a imunização contra as novas cepas do coronavírus.

Os EUA lideram o número de casos e mortes por Covid-19 no mundo e a expectativa é que o país chegue à marca sombria de meio milhão de mortos no mês que vem.

Em 18 de janeiro, às vésperas de deixar o cargo, Trump suspendeu as restrições de viagem a não americanos que chegam aos EUA do Brasil e da Europa.

De acordo com a decisão do republicano, os passageiros poderiam entrar nos EUA a partir de 26 de janeiro, contanto que apresentassem um teste com resultado negativo para Covid-19 feito com até 72 horas de antecedência à viagem.

Minutos depois do anúncio de Trump, a porta-voz de Biden afirmou que o novo governo não pretendia suspender as restrições -o democrata tomaria posse em menos de 48 horas.

“Seguindo o conselho de nossa equipe médica, o governo não pretende suspender essas restrições em 26/1. Na verdade, planejamos fortalecer as medidas de saúde pública em torno das viagens internacionais, a fim de mitigar ainda mais a disseminação da Covid-19”, escreveu a assessora de Biden no Twitter.

Para isso, o novo governo precisaria impor novamente um bloqueio na entrada dos viajantes -como aconteceu nesta segunda.

Assim como os EUA, Europa e Brasil têm assistido a novos picos no número de casos por Covid-19 nas últimas semanas, e diversos países europeus, estados americanos e brasileiros, como São Paulo, voltaram a adotar restrições para tentar conter uma nova onda da doença.

Trump determinou a proibição de entrada de estrangeiros vindos da China em 31 de janeiro de 2020, ainda no início da pandemia, quando o país asiático era o epicentro da crise. No mês seguinte, adicionou à lista o Irã e, em março, estendeu as restrições a pessoas vindas da zona Schengen, Reino Unido e Irlanda.

A restrição à entrada de viajantes do Brasil foi imposta no final de maio. Enquanto o bloco europeu ainda restringe a entrada de americanos, o Reino Unido e a Irlanda solicitam duas semanas de isolamento. O Brasil não tem restrições para quem chega dos EUA.

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Joe Biden tem vitória na Eleição dos EUA confirmada pelo Colégio Eleitoral

Os delegados do Colégio Eleitoral se reuniram em seus respectivos estados nesta segunda-feira (14), e o resultado da votação confirma que Joe Biden será oficializado o 46º presidente dos Estados Unidos.

Às 19h30, no horário de Brasília, o democrata já somava ao menos 302 votos, marca que garante a vitória -com base nos resultados das eleições gerais de 3 de novembro, Biden deve ter, até a conclusão do processo, 306 votos, contra 232 de Donald Trump. Já votaram 49 estados e falta apenas o Havaí.

As atenções estavam voltadas para ao menos seis estados fundamentais para sedimentar a vitória do democrata: Arizona, Geórgia, Nevada, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, onde Trump travou batalhas judiciais para reverter o resultado. Em todos eles, o democrata garantiu os votos conquistados no pleito.

Em Michigan, os 16 delegados receberam escolta policial até o local de votação, onde manifestantes eram esperados durante o dia. Devido às ameaças de violência, o comando do Legislativo local ordenou que a sede da Assembleia, onde ocorreu a votação, ficasse fechada ao público.

Os escritórios do legisladores estaduais, dentro do prédio, também não abriram nesta segunda por questões de segurança.

Esta é ainda a penúltima etapa do longo e vagaroso processo para chancelar a vitória do democrata à Casa Branca. Os resultados certificados nesta segunda serão enviados ao Congresso, que fará a contagem das cédulas em 6 de janeiro, numa sessão conjunta entre Câmara e Senado e presidida pelo atual vice-presidente do país, Mike Pence.

Somente então Biden é declarado oficialmente eleito e segue para a posse, marcada para 20 de janeiro.

A vitória de Biden foi declarada pelas tradicionais projeções da imprensa americana em 7 de novembro, após alcançar os 270 votos no Colégio Eleitoral, sistema indireto que escolhe o presidente dos EUA.

Nesta segunda, os delegados do colegiado formalizaram os votos dos 50 estados mais o Distrito de Columbia, onde fica a capital do país, Washington. Biden será eleito porque os votos dos delegados seguem a preferência mostrada nas urnas. Os resultados da apuração, certificados pelos estados, mostram que o democrata obteve 81,3 milhões de votos, ante 74,3 milhões de Trump.

Tradicionalmente, a votação do Colégio Eleitoral é considerada uma mera formalidade, que desperta pouca ou nenhuma atenção dos americanos. Mas este ano foi diferente.

O processo acontece em meio à recusa do presidente Trump em aceitar a derrota e de sua insistência na tese fantasiosa e sem provas de que o pleito foi fraudado. O presidente e seus aliados pressionaram autoridades republicanas a ignorar o voto popular em estados em que Biden venceu por margem pequena, na tentativa de que eles indicassem seus próprios delegados para favorecer Trump no Colégio Eleitoral.

Apesar das pressões, não há disposição política, mesmo entre republicanos, para subverter o processo democrático do país, e o resultado desta segunda não teve nenhuma surpresa.

Biden pretende fazer um pronunciamento à nação ainda nesta noite, logo após a votação do colegiado, mas parte de seu discurso foi adiantado à imprensa.

“Na América, os políticos não assumem o poder -as pessoas o concedem a eles. A chama da democracia foi acesa nesta nação há muito tempo. E agora sabemos que nada, nem mesmo uma pandemia -ou um abuso de poder-, pode apagar essa chama”, diz um trecho.

“Nós, o povo, votamos. A fé em nossas instituições foi mantida. A integridade de nossas eleições permanece intacta. E agora é hora de virar a página. Para unir e curar. Como eu disse nesta campanha, serei um presidente de todos os americanos.”

Os integrantes do Colégio Eleitoral são figurões dos partidos democrata e republicano, escolhidos nas eleições primárias. Eles votam para presidente e vice-presidente por meio de cédulas de papel.

Segundo as regras regionais, 33 estados e o Distrito de Columbia exigem que seus delegados escolham o candidato que teve a maioria do voto popular no estado, enquanto outros 17 não vinculam seus delegados ao voto popular, o que significa que eles poderiam votar no candidato que quiserem.

A probabilidade de delegados infiéis, porém, é praticamente nula, já que eles são integrantes do establishment partidário e comprometidos com as regras do jogo. Eles se reúnem em local escolhido pelo Legislativo estadual, geralmente na capital do estado. Neste ano, Nevada foi o único estado a realizar sua reunião de forma virtual, em razão da pandemia do coronavírus.

Depois da votação, os delegados contam as cédulas e certificam os resultados por estado -estes são enviados ao Congresso, que tem a chance de apresentar objeções na sessão em 6 de janeiro.

Essas contestações, porém, precisam ser chanceladas pelas duas Casas -como a Câmara tem maioria democrata, é tida como nula a chance de os parlamentare barrarem a oficialização da vitória de Biden.

Trump não reconhece a derrota, tem dificultado a transição de poder para a equipe do democrata e insiste, sem apresentar provas, que venceu a eleição.

O presidente, porém, já perdeu inúmeros processos judiciais para tentar reverter o resultado do pleito e encontrou nesta segunda a barreira constitucional para sua cruzada fracassada: o prazo legal para resolver queixas sobre a apuração termina justamente com o envio dos votos dos delegados do Colégio Eleitoral a Washington, o que marca o republicano como um presidente de um mandato só.

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Biden evita declarar vitória, mas fala como presidente e pede união nos EUA

MARINA DIAS

WILMINGTON, DELAWARE, EUA (FOLHAPRESS) – Com vitórias projetadas em estados decisivos, como Wisconsin e Michigan, que abrem caminho para sua chegada à Casa Branca, o candidato democrata, Joe Biden, fez nesta quarta (4) um discurso em que falou como presidente, prometendo unir o povo americano, embora ainda não tenha se declarado vitorioso.

Diante de apoiadores em Delaware, estado onde vive, Biden disse que está confiante que, no fim da apuração, sairá como vencedor.

“Eu não estou aqui para declarar que nós vencemos, mas estou aqui para dizer que, quando a contagem terminar, acreditamos que seremos os vencedores”, afirmou. “Após uma longa noite de apuração, está claro que estamos ganhando em estados suficientes para alcançar os 270 votos necessários para conquistar a Presidência.”

A estratégia de Biden é tentar controlar a narrativa da disputa acirrada que trava com Donald Trump, já que o presidente se declarou vencedor na madrugada de quarta, antes de haver um resultado final divulgado, e prometeu levar a eleição para a Justiça.

O republicano pediu recontagem de votos em estados decisivos do Meio-Oeste americano, onde venceu em 2016 mas, desta vez, o jogo virou para o democrata com margem apertada, como projetado nesta quarta.

Enquanto Biden discursava, a projeção da CNN indicava que o ex-vice de Barack Obama havia levado Michigan, fazendo-o chegar mais perto dos 270 votos que precisa para vencer a disputa. Mais cedo, ele havia ganhado Wisconsin.

Em tom de estadista, Biden disse que era preciso para de tratar os oponentes como inimigos e unir o povo americano, deixando para trás a retórica eleitoral agressiva em tempos de tanta polarização.

“Competi como democrata, mas vou governar como um presidente americano. É hora de deixar a campanha para trás, ouvir uns aos outros. Isso não será fácil. Não sou ingênuo. Sei como são profundas as discordâncias. Mas para termos progresso, temos de parar de tratar oponentes como inimigos. O que nos une como americanos é mais forte do que o que nos separa”, disse.

Sem citar as manobras de Trump, que trava uma cruzada contra o voto por correio, de maioria democrata, Biden disse que ninguém vai tirar a democracia do povo americano.

“Nós, o povo, não seremos silenciados, não iremos nos render. Estou confiante de que vamos sair vitoriosos, mas não será minha vitória sozinho, vai ser a vitória do povo americano.”

Biden lembrou ainda que tem liderado a apuração também no voto popular, com margem de mais de 3 milhões de votos – ele se tornou o candidato mais votado da história dos EUA, com mais de 70 milhões de votos, o que superou o recorde de Obama.

O sistema eleitoral americano é o de Colégio Eleitoral e o voto popular não é determinante para escolher o presidente, mas sim alcançar os 270 dos 538 votos do colégio.

O democrata comparou a margem de vantagem que teve nos estados de Wisconsin e Michigan com a do próprio Trump em 2016. Há quatro anos, o republicano ganhou de Hillary Clinton no Meio-Oeste por vantagem, muitas vezes, de menos de 1%.

Essa foi uma forma que Biden encontrou para vacinar a tentativa de Trump de contestar o resultado na Justiça. O presidente entrou nesta quarta com ações para pedir a recontagem de votos em Wisconsin, onde Biden venceu por 20 mil votos, e para parar a apuração na Pensilvânia e em Michigan.

Vitória de Trump na Flórida enterra perspectiva de triunfo massacrante democrata

Os EUA chegaram ao último dia de votação com expectativa de atingir o maior comparecimento eleitoral em mais de um século, em uma disputa acirrada entre Donald Trump e Joe Biden.

Os primeiros resultados da noite desta terça-feira (3) pareciam abrir caminho para o presidente seguir na disputa à reeleição e mostravam que a corrida não teria ampla vantagem do democrata, ao contrário do que mostravam as pesquisas. Apesar disso, a disputa seguia indefinida por volta das 23h (1h em Brasília).

Com 96% das urnas apuradas na Flórida, Trump conseguiu 51,2% dos votos no estado que era seu tudo ou nada, segundo o New York Times, o que fez o presidente ganhar musculatura na disputa. Os holofotes passaram, então, para os estados do Meio-Oeste, no chamado Cinturão da Ferrugem, onde a eleição americana deve ser decidida mais uma vez.

Assim como em 2016, os resultados na Pensilvânia, Michigan e Wisconsin terão peso decisivo na disputa.

PANDEMIA DA COVID-19 IMPULSIONOU VOTO ANTECIPADO

A pandemia de coronavírus impulsionou o voto antecipado -presencialmente e por correio-, e mais de 100 milhões de eleitores já haviam votado quando as urnas abriram nesta terça. O número representa mais de 70% do total de votos registrados em 2016, disputa que levou até agora mais pessoas às urnas -140 milhões.

Em um país onde o voto não é obrigatório, os índices hiperbólicos deste ano sinalizavam que a disputa entre Trump e Biden poderia alcançar 160 milhões de votantes, ou seja, 67% de comparecimento -patamar alcançado pela última vez em 1908, segundo projeções do US Elections Project.

Em razão da pandemia que já matou mais de 232 mil pessoas no país, os estados americanos, que controlam as próprias regras de votação e apuração, facilitaram o acesso ao voto por correspondência.

As transformações, porém, também poderiam gerar atrasos e distorções iniciais na apuração e, portanto, ainda não era possível projetar um vencedor. Isso porque a maior parte dos votos antecipados foi feita por correio, e contabilizá-los leva mais tempo do que contar os registrados pessoalmente.

Estados que apuram primeiro os votos presenciais, portanto, poderiam dar vantagem inicial para Trump, porque essa é a modalidade mais usada por republicanos, mas nada impedia que o cenário mudasse conforme a contagem avançasse, com a entrada dos votos feitos por correio, de maioria democrata.

A confirmação de que Trump venceu na Flórida saiu por volta de 0h40 (2h40 no horário de Brasília), dando ao presidente os 29 votos que o estado tem no Colégio Eleitoral. Esse foi o primeiro resultado dos estados-pêndulo a aparecer de forma mais clara. Arizona, Carolina do Norte, Geórgia e Texas, também decisivos na corrida, não tinham nem mesmo projeções perto das 23h. Biden estava na frente no Arizona, o que lhe daria uma vitória importante.

HÁ 20 ANOS, QUEM VENCE NA FLÓRIDA LEVA TAMBÉM A CASA BRANCA

Há 20 anos, quem vence na Flórida leva também a Casa Branca e, desde 1924, um republicano não ganha a Presidência sem o estado. Segundo projeções do site FiveThirtyEight, o presidente tinha, de saída, 125 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para ser eleito. Os votos são provenientes de 20 estados em que liderava com folga, de tradição republicana, como Tennessee e Indiana, cujas projeções de vitória de Trump já haviam saído às 21h (23h em Brasília).

Biden, por sua vez, tinha 212 votos de início, de 17 estados mais o Distrito de Columbia, que costumam votar em democratas. Nova York e Illinois eram dois deles, e suas projeções de vitória para Biden também já haviam sido feitas no início da noite. A Flórida, por sua vez, era um dos 13 estados considerados em disputa e fundamentais para construir o caminho à Casa Branca. Trump, porém, ainda precisa vencer em outras regiões decisivas para conseguir se reeleger.

Na tarde desta terça, Biden tinha dito que, se os resultados da Flórida chegassem e o mostrassem vencedor, a disputa acabava. “Se os resultados da Flórida chegarem e mostrarem que eu ganhei, é isso. Acabou. Se eu não ganhar, tem a contagem dos votos antecipados, e devemos nos sair bem em outros estados”, disse. “Tenho um bom pressentimento sobre isso.”

As urnas da Flórida fecharam às 19h (21h de Brasília), e a lei local permitiu que a contagem dos votos por correio fosse feita conforme eles chegassem. Assim, no início da apuração, o estado já tinha uma votação adiantada -e com vantagem de Biden, já que a maioria dos eleitores que votaram por correspondência é de democratas.

Trump, porém, virou logo, impulsionado, principalmente por latinos de ascendência venezuelana e cubana, além dos latinos evangélicos. Em alguns condados, o presidente foi melhor do que em 2016, quando venceu Hillary Clinton por apenas um ponto no estado.

Biden, por sua vez, tinha dificuldade de conquistar latinos -20% do eleitorado local- e tentava compensar com o voto de idosos da região central do estado, descontentes com a postura de Trump diante da pandemia que já matou mais de 232 mil americanos.

Às vésperas da eleição, o democrata liderava as pesquisas no estado, mas por pouca margem, média de dois pontos percentuais. Em outras regiões consideradas chave, como no Texas, os resultavam flutuavam durante a noite.

A disputa era apertada no estado, reduto republicano que, nos últimos anos, tem se movido mais à esquerda em razão de mudanças demográficas, com mais jovens e progressistas em suas áreas urbanas.