Em um ano de pandemia, preço dos alimentos sobe quase três vezes a inflação

Em 12 meses desde o início da pandemia do novo coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% no país, quase três vezes a taxa oficial de inflação do período, que ficou em 5,20%, informou nesta quinta (10) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Foi a primeira divulgação do IPCA compreendendo 12 meses sob influência da pandemia, decretada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) no dia 11 de março de 2020.

Com forte influência dos reajustes da gasolina, o IPCA voltou a acelerar em fevereiro, fechando o mês em 0,86%, ante 0,25% no mês anterior. Segundo o IBGE a maior alta para fevereiro desde 2016.

A pressão inflacionária tem levado o mercado a constantes revisões de suas expectativas. Na última divulgação do relatório Focus, do Banco Central, nesta segunda (8), a projeção para 2020 subiu pela nona semana seguida e chegou a 3,98%, de 3,87% na semana anterior.

Para os próximos meses, a expectativa é de pressões ainda maiores dos preços da gasolina, item com maior peso na composição do IPCA, que já foi reajustada nas refinarias seis vezes desde janeiro. Sem refresco do dólar, itens como os combustíveis devem continuar em alta.

A escalada dos preços dos alimentos atingiu em cheio o consumidor já no início da pandemia, tornando ainda mais difícil a travessia dos meses de isolamento social e perda de renda provocada pelo fechamento de negócios e aumento do desemprego.

Em 2020 governo chegou a anunciar medidas para tentar conter a escalada, como a isenção de impostos para a importação de arroz, mas os impactos foram pequenos. A alta do custo de vida já se tornou tema de campanhas contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais.

Em fevereiro, o preço dos alimentos e bebidas subiu 0,27%, ante 1,02% registrados em janeiro, com desaceleração no custo da alimentação em domicílio (0,28%) devido a quedas nos preços de produtos como batata-inglesa (-14,70%), tomate (-8,55%), leite longa vida (-3,30%) e óleo de soja (-3,15%).

“Essa desaceleração na passagem de janeiro para fevereiro é explicada principalmente por alguns itens que haviam subido bastante ao longo do ano passado, como o óleo de soja e o arroz. Por outro lado, as carnes tinham tido uma ligeira deflação em janeiro, com queda de 0,08%, e agora voltaram a subir”, diz Kislanov.

A principal contribuição positiva para o IPCA de fevereiro foi o grupo transportes, com alta de 2,28%, influenciada pela alta de 7,11% no preço da gasolina. Já no campo negativo, o maior impacto veio da energia elétrica (-0,71%), com a manutenção da bandeira amarela na conta de luz.

Com alta de 2,48%, o custo da educação também teve contribuição importante para elevar a inflação. O maior impacto veio dos cursos regulares (3,08%), que já costumam ter impacto inflacionário nesta época do ano, diante dos reajustes anuais.

“Em fevereiro, nós captamos os reajustes das mensalidades cobradas pelas instituições de ensino. E além disso, verificamos que em alguns casos houve retirada de descontos aplicados ao longo do ano passado no contexto de suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia”, disse o gerente do IBGE.

Com a inflação em alta, a expectativa do mercado é que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central eleve a taxa básica de juros na semana que vem, que está inalterada em 2% ao ano desde agosto de 2020.

Erro trava repasse de isenção de tributo no gás

Um erro do governo na edição do decreto que isentou o botijão de gás dos impostos federais vem impedindo o repasse do benefício ao consumidor.

A medida foi publicada na terça-feira da semana passada (2), mas o setor afirma que até agora a Petrobras só emite notas com a incidência dos tributos.

Na última semana, em vez de perceber queda no preço, o brasileiro pagou mais pelo botijão. Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço médio do produto subiu 0,7% em relação à semana anterior, para R$ 81,43.

O problema, segundo empresas do setor, é resultado da falta de regulamentação do decreto que estabeleceu a isenção, que não definiu como separar os volumes de gás de cozinha destinados a botijões de 13 quilos daqueles volumes vendidos em vasilhames maiores ou a granel.

O desconto prometido pelo governo reduziria o preço em R$ 2,18 por botijão. Foi anunciado ao mesmo tempo da isenção de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, como parte de um esforço do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para enfrentar a insatisfação dos consumidores com a escalada dos preços dos combustíveis.

O presidente da Abragás (entidade que reúne os revendedores de gás de cozinha), José Luiz Rocha, afirma que o decreto limitou o benefício ao gás vendido para consumo residencial em botijões de 13 quilos ou menores, mas a Petrobras, que é responsável por recolher os impostos, não tem como identificar o destino do produto.

Esse papel é das distribuidoras e dos revendedores. As primeiras definem, de acordo com a demanda de seus clientes, quanto gás vão envasar em botijões menores e quanto destinarão a outros tipos de vasilhames.

Os últimos é que têm o contato com o consumidor final e poderiam saber se o uso é residencial. “O gás é um só. Como dividir o que vai para 13 quilos e o que vai para granel?”, questiona Rocha. “A Petrobras depende dessa informação para emitir notas fiscais diferentes.”

Petrobras, Receita Federal e distribuidoras vêm trabalhando para resolver o impasse, mas as alternativas propostas até o momento criam um ambiente de insegurança jurídica para as empresas do setor.

O setor negocia um mecanismos de autodeclaração, no qual as distribuidoras informariam à estatal quanto gás pretendem envasar em botijões de 13 quilos a cada compra do produto. A expectativa é que os primeiros descontos comecem a chegar ao mercado ainda nesta semana.

As distribuidoras de gás argumentam, porém, que a solução gera riscos e temem punições caso as previsões de destinação do gás não se confirmem. E reclamam de que o modelo pode levar a fraudes, com a venda em vasilhames maiores de gás com isenção de impostos.

Até março de 2020, a Petrobras praticava preços diferentes de acordo com o destino do produto: o envasado em vasilhames de 13 quilos era mais barato do que os outros usos. Mas quem definia os volumes era a ANP, com base no histórico de vendas de cada distribuidora.

As empresas do setor defendem que o modelo volte a ser utilizado, mas a proposta enfrenta resistência da Receita Federal.

No mercado, a avaliação é que a isenção foi anunciada sem planejamento e tem efeitos adversos, como subsidiar consumidores de alta renda. Segundo a Abragás, consumidores de baixa renda representam cerca de 25% das vendas de botijões no país.

“De novo, o governo deu subsídio para quem não precisava”, diz ele. “Se o governo precisa ajudar a baixa renda, tinha que ter criado programa de governo para atender essa população.”

Em 2021, o preço médio do botijão de gás no país já subiu 8,4%, acompanhando a alta das cotações internacionais do petróleo (hoje, o barril gira em torno de US$ 70) e a desvalorização do real, movimento que vem impactando fortemente também gasolina e diesel.

A escalada dos preços dos combustíveis neste início de 2021 se tornou um dos principais focos de preocupação do governo e levou ao anúncio de troca no comando da Petrobras, medida que derrubou as ações da empresa e provocou uma debandada inédita em seu conselho de administração.

Petrobras, Receita Federal e os ministérios da Economia e de Minas e Energia não haviam respondido aos pedidos de entrevista até a publicação deste texto.

Preço do diesel supera nível pré-greve dos caminhoneiros que paralisou país em 2018

Com o repasse dos mais recentes reajustes promovidos pela Petrobras em suas refinarias, o preço do diesel nos postos brasileiros já superou os patamares atingidos antes da greve dos caminhoneiros que paralisou o país em 2018.

Nesta segunda-feira (8), a estatal anunciou novo aumento, de 5,5%, que deve frustrar as expectativas de queda geradas pela isenção de impostos federais na semana passada. A gasolina também subirá a partir desta terça (9), 8,8%.

Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro de diesel era vendido na semana passada, em média, a R$ 4,23. É o terceiro maior valor da série histórica da pesquisa de preços da agência, iniciada em 2004.

Fica atrás só dos valores das duas últimas semanas de maio de 2018, quando o diesel era vendido, em valores corrigidos pela inflação, a R$ 4,26 e R$ 4,30 por litro, respectivamente. Naquele momento, porém, os preços refletiam problemas de abastecimento provocados pela greve.

Na comparação com as semanas que antecederam a paralisação, o preço atual já é maior: na primeira semana de maio de 2018, em valores corrigidos, o litro do diesel era vendido nos postos a R$ 3,94, em média.

A escalada atual ocorre mesmo com o petróleo em níveis mais baixos do que no período da greve. No primeiro dia de junho daquele ano, a cotação do Brent chegou a tocar os US$ 80 (R$ 300 pela cotação da época, em torno de R$ 3,70).

Agora, o petróleo está perto dos US$ 70, mas o real está muito mais desvalorizado, em torno dos R$ 5,80, pressionado pela crise fiscal e pelos erros na condução da política econômica do governo Bolsonaro em meio a um cenário de juros mais baixos.

Com petróleo em recuperação após o pior período da pandemia e dólar depreciado, a Petrobras promoveu cinco reajustes no preço do diesel apenas em 2021, com alta acumulada de 41%. O repasse às bombas já soma 16,7%, segundo a ANP.

Os dados da agência ainda não captam repasses do reajuste desta terça. Por outro lado, também não sofreram impacto da isenção de PIS/Cofins anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro há duas semanas, o que garantiria um desconto de R$ 0,30 por litro.

A medida foi anunciada como parte de um esforço para acalmar os caminhoneiros, que já tentaram paralisar as estradas neste ano, sem sucesso. ” Nos primeiros dias após o início da isenção, os preços chegaram a subir na bomba, com repasses de reajustes anteriores e do aumento no preço de referência para a cobrança do ICMS.

O reajuste desta terça, de R$ 0,15 por litro, deve segurar ainda mais os cortes. O preço da gasolina nas bombas acumula alta de 17,7% no ano. Nas refinarias, após seis reajustes em 2021, o aumento já é de 54%.

Na semana passada, o litro da gasolina era vendido nos postos, em média, por R$ 5,29, valor ainda bem abaixo dos recordes registrados na série histórica da ANP: em valores corrigidos pela inflação, o combustível chegou a custar mais de R$ 5,60 em 2006.

A escalada do preço dos combustíveis ocorre em meio ao recrudescimento da pandemia, que deve ter impactos no mercado de trabalho e na renda dos brasileiros, e pressionam as projeções de inflação para o ano.

O cenário abriu uma crise entre Bolsonaro e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que foi demitido em publicação em rede social no dia 19 de fevereiro, medida que derrubou as ações da companhia por medo de intervenção do governo na política de preços da empresa.

O anúncio da substituição de Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna, que comanda Itaipu Binacional, levou a uma debandada inédita no conselho de administração da estatal.

Nos comunicados em que informa os reajustes, a Petrobras tem defendido a política de preços, dizendo que o alinhamento às cotações internacionais “é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às regiões brasileiras”.

Brent fecha em queda após bater US$ 70 com ataque a sauditas. Os preços do petróleo terminaram esta segunda-feira (8) em queda, devolvendo ganhos iniciais que, na esteira de um ataque a instalações petrolíferas na Arábia Saudita, levaram o Brent a superar os US$ 70 por barril pela primeira vez desde o início da pandemia.

As forças iemenitas Houthi atacaram com drones e mísseis o coração da indústria petrolífera saudita no domingo (7), incluindo uma instalação da Saudi Aramco em Ras Tanura, vital para as exportações da commodity.

O Brent atingiu uma máxima de US$ 71,38, maior nível desde 8 de janeiro de 2020, mas fechou em queda de 1,6%, a US$ 68,24. Já o WTI cedeu 1,6%, para US$ 65,05, após tocar US$ 67,98, maior nível desde outubro de 2018.

Se Brasil quer ser economia de mercado, tem que ter preços de mercado, diz presidente da Petrobras

Um dia após anunciar o maior lucro trimestral da história das companhias abertas brasileiras, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, defendeu o alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional e rebateu falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o criticou por fazer home office durante a pandemia. Castello Branco foi demitido por Bolsonaro na última sexta (19), diante de insatisfações com reajustes nos preços dos combustíveis, mas fica no cargo até que o conselho de administração da companhia aprove a nomeação de seu sucessor, o general Joaquim Silva e Luna.

O executivo vem recebendo diversas críticas tanto do presidente, de seus apoiadores e até de políticos da oposição, que questionam a política de alinhar os preços dos combustíveis às cotações internacionais, que já provocaram em 2020 altas de 35% e 28% nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias, respectivamente.

Em teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 7,1 bilhões em 2020 divulgado nesta quarta (24), Castello Branco defendeu a política, dizendo achar “surpreendente, em pleno século 21, estarmos dando tanta atenção a isso”.

“Os combustíveis são commodities, como o açúcar, o café, o trigo. São commodities cotadas em dólar, seus preços são formados pela oferta e demanda internacional”, afirmou.

Ele defendeu que foi “desastrosa” a última experiência em fugir da paridade de importação no preço dos combustíveis, estratégia que teria gerado impactos negativos de US$ 40 bilhões nas finanças da companhia.

“Reduzimos a dívida em quase US$ 36 bilhões em dois anos, mas a Petrobras ainda é uma empresa muito endividada e nossa dívida é majoritariamente em dólares. Como é que se vai conciliar obrigações em dólares com receitas em reais?”, disse.

Castello Branco repetiu argumento que já vem sendo usado em campanhas publicitárias da Petrobras, ao afirmar que pesquisas internacionais indicam que os preços da gasolina e do diesel no Brasil estão abaixo da média internacional. “O preço não é caro nem barato, o preço é preço de mercado”, frisou o executivo. “E se o Brasil quer ser uma economia de mercado tem que ter preços de mercado. Preços abaixo de mercado geram muitas consequências, algumas imprevisíveis, outras previsíveis, mas sempre negativas”.

O executivo ainda não se manifestou publicamente sobre sua demissão da Petrobras, decisão criticada por investidores e pelos conselheiros de administração da empresa, que avaliam uma maneira de questionar Bolsonaro pelas críticas públicas feitas à gestão da empresa.

Mas respondeu, mesmo que indiretamente, a uma das principais críticas do presidente da República, depois replicada por seus apoiadores em redes sociais: a de que passou os últimos onze meses “em casa, sem trabalhar”.

“Home office não é uma invenção da Petrobras”, disse. “Muitas empresas no mundo adotaram home office e continuam em home office. Algumas já declararam home office permanentemente.”

Ele disse que a ideia é que, com o avanço da vacinação, a Petrobras migre para um modelo híbrido, com trabalho presencial e em casa, e defendeu que o home office contribuiu para reduzir custos e melhorar a produtividade da empresa.

“O home office não só reduziu a taxa de contaminação pelo vírus como também contribuiu para reduzir custos e para aumentar significativamente a produtividade. Vários estudos apontam isso. Não foi apenas a Petrobras que se beneficiou”, completou.

A conferência, como tem sido costume desde o início da pandemia, foi feita de forma virtual, com cada executivo da estatal em sua casa. Castello Branco vestia uma camisa de malha com o slogan do metrô de Londres “Mind the gap” (cuidado com o vão, em tradução livre). No fim de seu discurso de abertura da videoconferência, ele disse ter tido “a sorte de ter pessoas competentes, não só na diretoria executiva, mas também nos escalões inferiores”.

“A Petrobras está numa trajetória excelente para cumprir com nosso objetivo de ser a melhor companhia de petróleo e gás do mundo em geração de valor para o acionistas”, afirmou, na conclusão de seu discurso.

Entenda a isenção de impostos sobre o diesel anunciada por Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (18) que vai zerar os tributos federais incidentes sobre o óleo diesel durante dois meses, a partir de 1º de março. O anúncio foi feito durante live semanal transmitida nas redes sociais do presidente.

Os preços dos combustíveis têm gerado insatisfação, principalmente entre caminhoneiros, que fizeram uma greve no início do mês –o movimento, contudo, fracassou.

Também na quinta, a Petrobras anunciou a quarta alta consecutiva do preço da gasolina e a terceira do diesel só neste ano, que subiram 10,2% e 15,1%, respectivamente.

Na live, Bolsonaro questionou o reajuste feito pela estatal, classificado como “excessivo”. O presidente também disse que “‘tem que mudar alguma coisa” na petroleira.

Reflexo da sinalização, as ações da Petrobras caíam mais de 5% manhã desta sexta (19).

Entenda o o que foi anunciado:

Quais impostos serão zerados?

Durante live nesta quinta, o presidente anunciou o corte de impostos federais que incidem sobre os combustíveis, válido por dois meses. São eles: PIS, Cofins e Cide.

Por que a suspensão valerá por dois meses?

O prazo de dois meses, segundo o presidente, serve para o governo estudar uma via para zerar a tributação. Esse corte valerá do dia 1º de março até 1º de maio.

Quais itens serão incluídos na medida?

A medida vale apenas para o diesel, e os impostos federais continuarão a ser aplicados para a gasolina e o gás de cozinha.

Como o governo vai compensar a perda de receita?

Bolsonaro disse que discutiu a medida com o ministro Paulo Guedes (Economia), mas não deu detalhes de como a medida será implementada e nem de onde sairá o dinheiro para cobrir o rombo que a isenção dos impostos federais causará. Segundo a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), é necessário a compensação com a elevação de algum outro tributo ou corte de despesa.

Como funciona a composição do preço do diesel?

PIS, Cofins e Cide representam 9% sobre o preço final do diesel. A Petrobras fica, em média, com 33% do preço final da gasolina e com 51% do preço final do diesel. Os impostos estaduais correspondem a 28% e 14%, respectivamente.

Quanto subiu o preço do diesel neste ano?

Os reajustes que entraram em vigor nesta sexta-feira (19) foram os maiores do ano. Desde janeiro, o preço da gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 34,7%. O diesel subiu 27,7% no mesmo período.

Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), os repasses elevaram o preço da gasolina em 6,8% entre a última semana de dezembro e a semana passada. O preço do diesel nos postos subiu 4,6% no mesmo período.

O que está fazendo os preços aumentarem?

O preço da Petrobras acompanha o mercado internacional. O petróleo virou o ano em alta, diante de expectativas sobre a retomada da economia global com o avanço da vacinação contra a Covid-19. Nos últimos dias, as cotações vêm sendo pressionadas pela onda de frio no Texas, nos Estados Unidos, que paralisou parte da produção local de petróleo e combustíveis.

A sequência de altas acompanha a recuperação das cotações internacionais do petróleo e motiva embate entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores sobre as responsabilidades pelos altos preços dos combustíveis.

Como a Petrobras define os preços dos combustíveis?

A política de preços da Petrobras trabalha com um conceito conhecido como paridade de importação, que calcula quanto custaria a venda, no mercado brasileiro, de combustível comprado nos Estados Unidos.

Como fica a Petrobras com as declarações do presidente?

Nas últimas semanas, desde a paralisação dos caminhoneiros, é discutida a interferência do governo na estatal, o que tem impactado negativamente as ações da Petrobras.

Há outros projetos do governo federal para mudar o preço de combustíveis?

Sim. No fim da semana passada, Bolsonaro entregou ao Congresso um projeto de lei que altera o modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis. A ideia é que o imposto passe a ser cobrado apenas na etapa da produção e com um valor fixo em reais para todo o país, e não com uma alíquota percentual em cada estado, como é hoje.

O governo alega que o novo sistema daria maior previsibilidade aos preços. Os estados, porém, questionam a proposta. Além da perda de autonomia sobre a política tributária, a unificação dos impostos pode representar perda de arrecadação para quem cobra mais e aumento de preços nos estados onde o ICMS é menor, como São Paulo.

Petrobras eleva preço da gasolina em 10% e do diesel, em 15%

A Petrobras informou nesta quinta (18) dois novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, que subirão 10,2% e 15,1%, respectivamente, a partir desta sexta (19). É o quarto reajuste da gasolina e o terceiro do diesel em 2021.

​A sequência de altas acompanha a recuperação das cotações internacionais do petróleo e motiva embate entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores sobre as responsabilidades pelos altos preços dos combustíveis.

Os reajustes anunciados nesta quinta são os maiores deste ano. Desde janeiro, o preço da gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 34,7%. O diesel subiu 27,7% no mesmo período.

Nas bombas, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), os repasses elevaram o preço da gasolina em 6,8% entre a última semana de dezembro a semana passada. O preço do diesel nos postos subiu 4,6% no mesmo período.

Para analistas, mesmo com os elevados reajustes anunciados nesta quinta, ainda há espaço para novos aumentos nos preços internos dos combustíveis. A Ativa Investimentos, por exemplo, diz que seu “melhor modelo” aponta para alta de mais 5%.

“O preço da gasolina internacional segue sendo pressionado pelo preço do petróleo”, diz Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos. O economista ressalta ainda que a Petrobras pode não aumentar imediatamente os 5% que ainda faltam, mas que ainda há potencial para isso no curto prazo.

O petróleo virou o ano em alta, diante de expectativas sobre a retomada da economia global com o avanço da vacinação contra a Covid-19. Nos últimos dias, as cotações vêm sendo pressionadas pela onda de frio no Texas, nos Estados Unidos, que paralisou parte da produção local de petróleo e combustíveis.

Em nota, a Petrobras disse que “o alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras”.

“Este mesmo equilíbrio competitivo é responsável pelas reduções de preços quando a oferta cresce no mercado internacional, como ocorrido ao longo de 2020”, completou a empresa, que foi questionada pelo mercado há duas semanas após a divulgação de ajustes em sua política de preços.

No texto, a estatal reforça que o preço de refinaria representa apenas uma parcela do valor pago pelo consumidor na bomba. “Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis”.

A Petrobras fica, em média, com 33% do preço final da gasolina e com 51% do preço final do diesel. Os impostos estaduais correspondem a 28% e 14%, respectivamente.

No fim da semana passada, Bolsonaro entregou ao Congresso um projeto de lei que altera o modelo de cobrança do ICMS sobre os combustíveis. A ideia é que o imposto passe a ser cobrado apenas na etapa da produção e com um valor fixo em reais para todo o país, e não com uma alíquota percentual em cada estado, como é hoje.

O governo alega que o novo sistema daria maior previsibilidade aos preços. Os estados, porém, questionam a proposta. Além da perda de autonomia sobre a política tributária, a unificação dos impostos pode representar perda de arrecadação para quem cobra mais e aumento de preços nos estados onde o ICMS é menor, como São Paulo.

Taxa de desemprego vai a 14,3% mesmo com aumento da população ocupada

A taxa de desemprego subiu no trimestre encerrado em outubro, mas os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça (29) apontam para recuperação do mercado de trabalho brasileiro, com mais gente ocupada e retomada das contratações por setores importantes, como a indústria.

Segundo o instituto, o Brasil tinha 14,1 milhões de desempregados no trimestre, 931 mil a mais do que no trimestre móvel anterior, encerrado em julho. A taxa de desemprego subiu de 13,8% para 14,3%, a maior para o período desde o início da pesquisa, em 2012, mas abaixo das expectativas do mercado, que esperava 14,7%.

A piora do desemprego reflete o aumento do número de brasileiros que decidiu ir às ruas em busca de uma vaga após o relaxamento das medidas de isolamento social adotadas no período mais duro da pandemia. A estatística do IBGE considera desempregada a pessoa que procurou trabalho na semana da pesquisa.

Mas outros indicadores da pesquisa mostraram que o mercado de trabalho vem se recuperando do tombo, disse a coordenadora do IBGE Maria Lúcia Vieira, destacando que a continuidade da recuperação vai depender da evolução da pandemia após o repique de contaminações neste fim de ano.

O número de brasileiros com algum tipo de trabalho cresceu 2,8%, ou 2,2 milhão de pessoas no trimestre. A recuperação foi puxada pela informalidade: desse total, 2 milhões são trabalhadores considerados informais, grupo que compreende empregados do setor privado e domésticos sem carteira, trabalhadores por conta prória sem CNPJ e trabalhadores auxiliares familiares.

“A recuperação é bastante interessante, não pode ser vista como um ponto negativo”, disse o diretor-adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo. “Mostra um retorno das pessoas que foram afastadas por essa situação adversa que é a crise sanitária.”

Houve também um crescimento, ainda que pequeno, no número de trabalhadores com carteira assinada, que avançou 1,3% em relação ao trimestre encerrado em julho.

O crescimento na ocupação ocorreu em quatro dos dez grupos de atividades pesquisados: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (3,8%), Indústria (3,0%), Construção (10,7%) e Comércio e reparação de veículos automotores (4,4%).

Vieira destacou que, mesmo entre os setores que não tiveram recuperação, o número de ocupados ao menos parou de cair, em comparação com o trimestre encerrado em julho.

“A gente já começa a observar alguma recuperação do mercado, com o aumento da população ocupada, a interrupação da queda dos trabalhadores com carteira e com alguns sinais positivos do retorno da informalidade”, comentou a gerente do IBGE. “O fato da indústria ter virado é outro bom sinal, já que é um grupamento mais formalizado.”

Apesar dos dados positivos, a elevação da taxa de desemprego em relação ao trimestre anterior indica que o mercado ainda não tem condições de absorver todos os brasileiros que buscam uma vaga.

“Tem mais gente se oferecendo ao mercado de trabalho do que empregadores querendo empregar”, disse Vieira. “É necessário um tempo para que o mercado de trabalho volte a se ajustar, e isso considerando que as questões pandêmicas não piorarão.”

Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, porém, os dados ainda reforçam o estrago feito pela pandemia no mercado de trabalho. A população ocupada, por exemplo, ainda é cerca de 10 milhões de pessoas inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Nessa base de comparação, há recuo em oito dos dez grupos pesquisados pelo IBGE, com destaque para Alojamento e alimentação (-28,5%) e Outros serviços (-20,4%), atividades mais impactadas pelas medidas de isolamento social. Em Serviços domésticos, a queda é de 25,4%.

Vieira ressaltou que é difícil prever se a recuperação apresentada no trimestre é sustentável, diante de incertezas com relação ao cenário da pandemia. “Se não acontecer nenhuma situação inesperada em termos de conjuntura ou pandemia a gente pode esperar retomada do mercado de trabalho”, ponderou.

As incertezas em relação ao emprego e à capacidade de sobrevivência após o fim dos programas de socorro, alimentam protestos de trabalhadores e empresários pelo país. Em Manaus e Búzios (RJ), as mobilizações conseguiram reverter a imposição de medidas restritivas durante as festas de fim de ano.

“Apesar do bom resultado e da sinalização positiva da pesquisa, avaliamos que o desemprego deverá continuar avançando em 2021”, comentou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, que considerou o resultado de outubro “extremamente positivo”.

“O CAGED ficando ao redor de 16%”, completou.

O aumento da informalidade no trimestre teve impacto no rendimento médio do trabalhador, que caiu pela primeira vez desde o início da pandemia, chegando a R$ 2.529, 1,5% a menos do que o registrado no trimestre anterior. Nos trimestres anteriores, com maior presença de empregados formais, a renda média vinha subindo.

Azeredo destacou, porém, que interrupção da queda na massa de rendimentos, que ficou em R$ 207,8 bilhões, levemente acima do trimestre anterior, é outra boa notícia. Esse indicador, diz, sinaliza quanto dinheiro o conjunto de trabalhadores tem disponível para consumir.

Governo faz leilão de terminais portuários com previsão de R$ 400 milhões em investimento

No último leilão de infraestrutura do ano, o governo concedeu nesta sexta (18) três terminais portuários localizados na Bahia e em Alagoas. O leilão teve também a concessão de um terminal no porto de Paranaguá, que é do governo do Paraná.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, aproveitou o evento para defender o governo, afirmando que o país receberá nos próximos dois anos “a maior entrada de capital da história”, como resultado de leilões de concessões realizados pelos governos federal e estaduais.

“Não vamos aceitar o pessimismo, não há espaço mais para isso. Vamos acreditar que o Brasil está com tudo para dar certo e vai dar certo, está vocacionado para ser grande”, afirmou, criticando “pessoas que torcem contra o país”, sem, no entanto, indicar quem seriam.

As áreas leiloadas pelo governo federal têm investimentos estimados em R$ 400 milhões. No leilão desta sexta, apenas uma área teve competição: um terminal de granéis sólidos vegetais no porto de Aratu, na Bahia, foi concedido à CS Brasil Transporte de Passageiros por outorga de R$ 53,5 milhões. A companhia disputou a área com Intermarine Portos e Logística e Cejen Brasil.

Sem disputa, a CS levou um terminal de granéis sólidos minerais no porto de Aratu, sem concorrência, por R$ 10 milhões. O terminal do Porto de Maceió, de granéis líquidos, foi arrematado pela Tmac Agroindústria e Comércio de Fertilizantes, também em concorrência, com outorga de R$ 50 mil.

Em leilão disputado, a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) concedeu por R$ 25 milhões uma área para movimentação de cargas no porto de Paranaguá. A disputa foi vencida pela Acensus Gestão e Participações.

Desde 2019, os portos do Paraná atuam de forma descentralizada, com autonomia para tomar suas próprias decisões, sem necessidade de consultas ao governo federal. A área leiloada nesta quinta será dedicada à movimentação de veículos e receberá R$ 22,2 milhões em investimentos.

“O objetivo do Paraná, de forma muto clara e breve, é ser o hub logístico da América do Sul”, disse o governador do estado, Carlos Ratinho Jr. “Geograficamente, estamos no centro de 70% do PIB da América do Sul”, completou.

Em 2020, a Antaq (Agência de Transportes Aquaviários), concedeu cinco áreas portuárias. Para 2020, planeja a primeira privatização de porto do país, com a venda da companhia Docas do Espírito Santo. O projeto prevê investimento de mais de R$ 1 bilhão, disse o diretor-geral da agência, Eduardo Nery.

“É um projeto de suma importância porque vai ser um piloto para outras concessões cujos estudos já se iniciaram, que são os casos dos portos de Santos e Itajaí”, afirmou Nery.

O ministro da Infraestrutura destacou os diversos leilões de concessão e privatização feitos em 2020, como uma defesa da confiança do setor privado no país. Na manhã desta sexta, o Rio Grande do Sul concedeu um trecho rodoviário com investimentos previstos em R$ 2,7 bilhões.

Na quinta (18), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) leiloou 11 lotes de linhas de transmissão de energia, em oferta com grande concorrência, que têm investimentos previstos em R$ 7,3 bilhões. Freitas lembrou também de leilões de saneamento realizados durante o ano.

Para 2021, o governo já agendou, entre outros, leilões de concessão de aeroportos, novos terminais portuários e da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste Leste).

Além disso, afirmou Tarcísio, o governo finaliza os termos para conceder seis lotes de rodovias no Paraná. A consulta pública será aberta em janeiro e a expectativa é oferecer os lotes em um único dia em 2021.

Também nesta sexta, o governo assinou a renovação de contratos de duas ferrovias operadas pela Vale, que preveem investimentos de R$ 19 bilhões em modernização e ampliações, incluindo um ramal ligando a região metropolitana de Vitória a Anchieta, no sul do Espírito Santo.

Freitas afirmou que o ramal garantirá a retomada das operações do terminal de minério de Ubu, que escoava a produção da Samarco, em Mariana (MG) e está subutilizado desde o rompimento da barragem que deixou 19 mortos em 2015.

“O dia de hoje é um dia especial para o setor de infraestrutura no Brasil”, disse o ministro. “Contratamos R$ 30 bilhões só no ano de 2020, que foi um ano difícil. um ano de pandemia.

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Duas crianças morrem em tiroteio na Baixada Fluminense

Duas crianças morreram após serem baleadas durante tiroteio na noite desta sexta (4) em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Emilly Victoria, 4, e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7, brincavam na porta de casa quando foram atingidas.

Elas foram levadas por moradores para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na região, mas segundo a Secretaria Estadual de Saúde, já chegaram mortas ao local. Emilly foi baleada na cabeça e Rebeca, no tórax.

A Polícia Militar diz que uma equipe do 15º BPM (Batalhão de Polícia Militar) fazia patrulhamento na região quando foram ouvidos disparos de armas de fogo. “Não houve disparos por parte dos policiais militares”, afirmou a corporação.

Ainda segundo a PM, o 15º BPM foi acionado depois para verificar a entrada de duas pessoas feridas na UPA. No local, foi constatado que tratavam-se de duas crianças.

A Polícia Civil disse que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense. “Diligências estão sendo feitas e a investigação está em andamento”, afirmou a corporação, em nota.

Dados da plataforma Fogo Cruzado, que compila registros de disparos de arma de fogo, a região metropolitana do Rio já soma 22 crianças baleadas em 2020, destas, 8 morreram.

Outras crianças Neste ano, a primeira foi Anna Carolina de Souza Neves, 8, atingida por uma bala perdida na cabeça no sofá de casa em Belford Roxo, na região metropolitana, em 9 de janeiro.

Vinte dias depois, foi a vez de João Vitor Moreira dos Santos, 14, também baleado na cabeça quando voltava de uma festa com a família no bairro Vila Kosmos, zona norte do Rio.

Em 6 de fevereiro, Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva, 14, foi atingido na perna assim que saiu de uma consulta no psicólogo com a mãe adotiva em São João de Meriti, também na região metropolitana, e morreu no dia seguinte.

Um dos casos que causou maior comoção foi o do menino João Pedro Mattos, 14. Ele foi baleado nas costas dentro da casa de seus tios durante uma operação.

Os três policiais que fizeram a incursão dizem que houve troca de tiros com bandidos que fugiram pelo muro, mas os primos de João afirmam que não havia bandidos e que os agentes chegaram atirando.

Consumo das famílias cresce 7,6% e puxa comércio e indústria, aponta IBGE

Estimulado pela injeção de cerca de R$ 400 bilhões em estímulos fiscais em três meses, o consumo das famílias brasileiras voltou a crescer no terceiro trimestre de 2020, em relação aos três meses anteriores. A expansão foi de 7,6% e se seguiu a uma retração de 11,3% no trimestre mais crítico da pandemia.

O dado foi divulgado nesta quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e explica parte da alta de 7,7% do PIB (Produto Interno Bruto) no período, puxando setores como o comércio e a indústria de transformação.

O consumo das famílias é o principal componente do PIB sob a ótica da demanda, respondendo por quase 70% do cálculo do indicador, e tem sustentado a lenta retomada da economia nos últimos anos. Segundo o IBGE, o consumo teve contração de 6% em relação ao mesmo período de 2019.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, frisou que no terceiro o consumo de bens subiu bastante, especialmente bens duráveis e bens alimentícios da cadeia agroalimentar. “O consumo de serviços teve crescimento, mas foi bem menor do que a queda anterior, pois as famílias não voltaram a consumir no patamar anterior à pandemia”, disse.

Com o consumo em alta, o comércio cresceu 15,9% no trimestre, em comparação com o trimestre anterior, o mais duro da pandemia. As indústrias de transformação avançaram 23,7%. Os números do PIB mostram ainda que os investimentos públicos e privados na economia brasileira também cresceram no trimestre. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo avançou 11% em relação ao mesmo período de 2019.

Palis ressalta, porém, que o desempenho é explicado pela baixa base de comparação com o segundo trimestre, quando o indicador caiu 16,5%. “No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. E o país ainda tem investimento em equipamentos importados e como o dólar está alto, influencia para baixo”, diz Rebeca.

A despesa de consumo do governo cresceu 3,5% em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE. O resultado desse componente é influenciado por fatores como números de matrículas nas escolas públicas, internações no SUS (Sistema Único de Saúde) e gastos com salários do funcionalismo.

Outros dois componentes da demanda são as exportações e as importações. As exportações tiveram queda de 2,1%, enquanto as importações caíram 9,6%. O câmbio é um dos fatores que explica o movimento.

“A importação cai devido à baixa atividade econômica e ao câmbio desvalorizado. Por outro lado, a exportação não cresceu devido aos problemas de parceiros comerciais. Além das quedas na importação e exportação de serviços como viagens internacionais, que despencou assim como transporte aéreo de passageiros”, diz Palis.