Pedro Ribeiro
agide meneguette FaepFoto: Divulgação/Faep

Produtores rurais de todas as regiões do Paraná têm amargado prejuízos significativos em razão de quedas recorrentes no fornecimento de energia elétrica ou de oscilações na tensão da rede. A reclamação é da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).

Nos últimos meses, o Sistema FAEP/SENAR-PR recebeu 18 ofícios de sindicatos rurais e núcleos de sindicatos, que, juntos, correspondem a 54 unidades sindicais. Os documentos detalham os problemas enfrentados por agricultores e pecuaristas e que impactam diretamente na produção agropecuária. Os apagões têm se imposto como um obstáculo a quem produz, mas com impactos que se refletem na economia do Estado.

“A energia elétrica é um dos insumos mais importantes da produção agropecuária. Os problemas no fornecimento afetam diretamente a nossa força produtiva e, em consequência disso, prejudicam a economia do Paraná. O sentimento manifestado pelos produtores é de completo abandono. Por isso, pedimos medidas urgentes, para que os prejuízos não sejam ainda maiores”, ressalta o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette. “É uma questão que causa reflexos diretos dentro da propriedade e indiretos em toda a sociedade paranaense”, observa.

PROBLEMAS E PREJUÍZOS

Um dos reflexos da deterioração da rede elétrica no campo é a oscilação recorrente de carga, que tem provocado a queima de sistemas elétricos de equipamentos, como motores, bombas de irrigação, climatizadores e painéis de controle, entre outros. Em alguns casos, o prejuízo vai além. Em outubro de 2023, após uma série de oscilações na rede, um disjuntor se queimou em um dos aviários de Luiz Bertolassi, no município de Jardim Alegre, no Norte do Paraná. Com isso, equipamentos que mantinham as condições de iluminação do galpão deixaram de funcionar, provocando a morte de praticamente todo o lote de frangos: de 15.548 aves, apenas 11 sobreviveram.

“Com a queima do disjuntor, as cortinas abriram, os frangos assustaram com a luz e morreram na hora. O frango é um bicho muito sensível. E nem estava tempo ruim. Isso

foi num sábado, ao meio-dia. Estava um sol que Deus mandava”, relembra Bertolassi. “Ainda não acertamos como vai ficar, mas se a empresa for cobrar de mim, estou morto!

Pela tabela, cobram R$ 10 por animal”, diz o produtor, se referindo à integradora, que fornece os pintainhos e os insumos, para que o avicultor produza o lote de frangos. Bertolassi ainda teve que arcar com os custos do descarte das mais de 15 mil aves mortas.

Outro problema sentido reiteradamente pelos produtores rurais são as quedas de energia. No último quadrimestre de 2023, houve mais de 38 mil interrupções de distribuição de energia registradas no Paraná, aumento de 23,6% em relação ao mesmo período de 2022, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em alguns casos, os episódios são sequenciais. Em Guamiranga, na região Centro-Sul do Paraná, por exemplo, houve dez quedas em apenas uma hora, o que fez com que diversos equipamentos queimassem – conforme ofício enviado ao Sistema FAEP/SENAR-PR pela prefeitura e assinado por 13 associações de produtores, que representam mais de 1,8 mil famílias.

O QUE INFORMA A COPEL

A Copel informou que encaminhou respostas individualizadas a cada um dos sindicatos rurais e à FAEP. A empresa disse que “fez um levantamento das redes que fornecem energia aos clientes rurais dos municípios em questão e que está intensificando a execução de inspeções e manutenções onde necessário, visando a melhoria na continuidade do abastecimento”.

Além disso, a companhia enfatizou que em 2023 o Paraná enfrentou 24 temporais de grandes proporções que provocaram danos graves à rede elétrica. Além de causar maior número de interrupções no fornecimento de energia, esses eventos interferem no cronograma de manutenção preventiva.

“Trata-se do maior número de temporais registrados no Estado em um ano. A ação das intempéries provocou a quebra de 5.637 postes da rede da Copel no ano passado. A instalação dos novos postes no lugar dos avariados equivale à quantidade de estruturas necessárias para construir uma rede nova de cerca de 320 quilômetros de extensão”, consta de nota emitida pela Copel.

A companhia também afirma que destinou, em 2023, R$ 1,878 bilhão a obras de ampliação e reforço na distribuição de energia do Paraná. O montante foi aplicado em grandes programas de modernização, como o Paraná Trifásico, além da construção de novas linhas, redes, subestações e sistemas de reconfiguração automática. Para 2024, estão previstos o investimento de mais R$ 2,1 bilhões em obras de melhoria do sistema elétrico.

CONTA DE LUZ NO CAMPO

Nos últimos cinco anos, os produtores rurais do Paraná viram sua conta de luz disparar. O custo da energia elétrica no campo subiu 76,4% no período, enquanto a tarifa residencial teve reajuste de 45,1% – em ambos os casos, as altas foram superiores à da inflação, medida pelo IPCA. Com o fim de subsídios, a tarifa rural se equiparou à urbana. No campo, entretanto, os serviços têm gargalos estruturais. Em 2021, por exemplo, o produtor paranaense ficou, em média, 30 horas sem energia, enquanto esse período médio foi de sete horas na cidade.

CIDA, A QUERIDA

O jornalista Valdir Cruz, muitas vezes ácido em suas palavras, dobrou os joelhos para homenagear, em seu instagran, a ex-governadora Cida Borghetti. Com o título Querida, ele traça um belo perfil sobre sua conterrânea de Caçador (SC). O que ele escreveu eu assino embaixo e compartilho:

Quem conhece a ex-governadora Cida Borghetti só a chama de “querida”. A razão não está na bajulação gratuita. Mas no jeito de ser dela: simpática, carinhosa e afetuosa.

Cida Borghetti
Foto: Divulgação

A história da Cida une sofrimento, determinação e vitórias. Começa no seu nascimento precoce, em Caçador (SC). Sua vida estava por um triz. Os pais e ela própria acreditam que sobreviveu graças a um milagre.

Em 1965, um acidente de ônibus ocorreu em Matos Costa, próximo a Caçador. Dona Iris Borghetti, no sétimo mês de gravidez, estava entre os passageiros.

Apesar de não ter ferimentos graves, o bebê acabou nascendo prematuro e frágil. Iris, muito católica, quando do acidente, clamou por Nossa Senhora Aparecida.

Como promessa, pela saúde da menina, batizou-a como Maria Aparecida. E mandou construir uma gruta para a Santa no local onde houve o acidente.

Cida cresceu com saúde. A fé e a honra da promessa mostraram seus resultados.

Já em Curitiba, na década de 1980, Cida “ralou” – no linguajar dos jovens – para ganhar a vida. Trabalhava de manhã, tarde e noite na TV Curitiba – Canal 2 – que ainda não tinha a programação da Band.

A sede da emissora ficava nos fundos da Rede OM – atual CNT. E a programação, toda local. Cida era uma faz-tudo. Literalmente. Dirigia o velho Gol da TV. Filmava. Gravava entrevistas, produzia comerciais e editava tudo e de tudo.

O trabalho dela deixava boquiabertos os jornalistas da Rede OM, que retransmitia a Band. Eu inclusive, que era o diretor de jornalismo da TV da família Martinez. Nunca tinha visto alguém com tanta disposição. E o salário dela, como dizia o “professor Raimundo”, era assim, ó…

Foi trabalhando sem parar, que, numa das produções, conheceu o então prefeito de Maringá, Ricardo Barros. Viraram namorados. Casaram. A filha tem no nome, o prolongamento da jornada da mãe: Maria Victória.

Cida também enveredou na política. E teve uma carreira no melhor estilo Ayrton Senna: muito rapidamente foi de deputada a governadora do Paraná. Aliás, a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Na terça, 27, às 18h30, Cida vai ter mais um reconhecimento: receberá, em sessão solene na Assembleia, o título de Cidadã Honorária do Paraná.