O laudo pericial sobre o acidente da BR-277 que matou oito pessoas, no último domingo (2), no trecho entre Curitiba e São José dos Pinhais, ainda não tem prazo para ser concluído.
O documento é elaborado pela Polícia Científica do Paraná, que analisa as provas coletadas no local. Paralelamente, a Polícia Civil ouve cerca de 50 pessoas, entre testemunhas e sobreviventes.
O laudo deve auxiliar o inquérito aberto para apurar as responsabilidades pelo acidente. Em princípio, a polícia trata o caso como uma “fatalidade”.
Tanto a Polícia Científica quanto a Polícia Civil indicam a neblina e a fumaça de um incêndio ambiental como as prováveis causas do engavetamento. A concessionária Ecovia, responsável pelo trecho da BR-277, não conseguiu sinalizar o perigo em tempo.

LAUDO PERICIAL: ACIDENTE DA BR-277
A principal evidência coletada pela Polícia Científica no local do acidente é o disco do tacógrafo do caminhão. O veículo atingiu outros carros e motos, e atropelou pessoas que estavam fora dos veículos em busca de refúgio.
Em depoimento à Polícia Civil, o caminhoneiro disse que ficou “cego” pela neblina e pela fumaça. Em nota, a empresa responsável pelo veículo afirmou que o disco do tacógrafo indica que o motorista respeitava o limite de velocidade para o trecho, que é de 80 km/h.
A peça também foi analisada pelos investigadores. “O trabalho do perito de localística é fazer a coleta do maior número de informações possíveis acerca da ocorrência, para serem reproduzidas e analisadas”, explicou o perito Fernando Imay.
De acordo com a Polícia Científica, a velocidade média do caminhão era de 75 km/h. Além de informações sobre o ambiente e as condições da pista, o laudo pericial tem o objetivo de recontar, com detalhes, os eventos que levaram ao acidente da BR-277.
“Ou seja, o nosso trabalho é explicar as causas e entender o que aconteceu. Para isso, equipes do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal são enviados ao local, para fazerem a materialização do caso e, desta forma, poderem, por exemplo, reconstituir a cena do ocorrido o mais precisamente possível”, explicou o diretor-geral da instituição, Luiz Rodrigo Grochocki.

PRAZOS
A legislação penal brasileira prevê que laudos periciais sejam produzidos dentro de um prazo de 10 dias. No entanto, devido à precariedade da Polícia Científica, o período raramente é respeitado. A lei permite que o prazo seja prorrogado em “casos excepcionais”.
O acidente da BR-277, no km 76, envolveu um total de 23 veículos. Foram 16 carros, uma viatura da Polícia Militar, cinco motos e um caminhão.
Ao todo, 30 pessoas ficaram feridas, das quais oito morreram. Sete vítimas morreram na hora, e uma foi a óbito enquanto era levada ao Hospital Cajuru, em Curitiba. Entre os sobreviventes, todos já receberam alta.