doação de sangueJosé Fernando Ogura/AEN

Com sangue raro, morador de Foz do Iguaçu ajuda a salvar vida de paciente no Piauí

O paranaense tem o sangue raro “Kell-Null” que é identificado em somente três pessoas em todo o Brasil - incluindo ele.

Um doador de sangue de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, vai ajudar a salvar a vida de uma mulher em Teresina, no Piauí. A paciente de 38 anos está internada com anemia, em estado grave. O paranaense tem o sangue raro “Kell-Null” que, segundo o Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), é identificado em somente três pessoas em todo o Brasil – incluindo ele.

O doador, que prefere não se identificar, foi convocado pela Hemorrede e fez a doação nesta quarta-feira (29). O sangue doado vai ser enviado para o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), em Curitiba, de onde será transportado para o Piauí. Serão mais de três mil quilômetros percorridos até a receptora.

SANGUE RARO

Além dos populares A, B, AB e O, positivos e negativos, que se enquadram no sistema ABO (combinado com o Rh), existem pelo menos 43 sistemas que descrevem mais de 373 antígenos sanguíneos diferentes identificados pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (International Society of Blood Transfusion – ISBT). A diferença entre eles é, principalmente, a variação das proteínas na composição.

O “Kell-Null” ou “fenótipo Bombaim” faz parte de uma subvariação do sistema Kell e é extremamente raro. Ele é encontrado em apenas 0,01% da população mundial, com destaque para países como Finlândia, Japão e Reino Unido. As pessoas que têm esse fenótipo só podem receber doações de pessoas com a mesma variação, o que dificulta a procura por sangue compatível.

PROCESSAMENTO

O Hemepar é credenciado no Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR) para identificação de doadores com fenótipos raros. Toda vez que uma pessoa faz uma doação, esse sangue é encaminhado para processamento, onde é separado em componentes (eritrocitários, plaquetários e plasmáticos) e passa por testes e fracionamento dos hemocomponentes para armazenamento.

A chefe de Divisão de Hemoterapia do Hemepar, Renata Pavese, destaca que o trabalho de identificação na rede paranaense é antigo. “Temos características no sangue que nos diferem de uma pessoa para outra e a descoberta desses doadores raros pode ser realizada por meio de um exame chamado biologia molecular, entre outros. O Hemepar realiza esses testes desde 1991 e aos poucos fomos estendendo isso também para as Regionais de Saúde”.

COMO DOAR SANGUE

Para ser um doador de sangue, o interessado deve procurar uma das unidades de coleta no Paraná. Neste local o doador é cadastrado, responde a um questionário e passa por uma triagem clínica para verificar se poder ser doador. Também é feito um exame rápido para constatar a presença de anemia. 

É preciso ter entre 16 e 69 anos (menores de idade devem estar acompanhados do responsável legal); pesar, no mínimo, 51 quilos; e estar em boas condições de saúde. 

Em cada coleta, são retirados cerca de 450 ml de sangue. Homens podem sangue a cada 60 dias, com um máximo de quatro doações a cada 12 meses. Já as mulheres podem doar a cada 90 dias, sendo no máximo três doações no período de 12 meses.

Também é possível agendar a doação de sangue pela internet, por meio do site do Hemepar.