A Polícia Civil encontrou galões vazios e rótulos adulterados na empresa Impeseg, que é investigada pela explosão em um apartamento, no bairro Água Verde, em Curitiba. As buscas foram feitas nesta quarta-feira (10).
A explosão aconteceu no dia 29 de junho durante o processo de impermeabilização de um sofá e causou a morte de uma criança de 11 anos. Outras três pessoas ficaram feridas, duas delas em estado grave.
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De acordo com o delegado responsável pelo caso, Adriano Chohfi, da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), os rótulos continham informações que não são verdadeiras, como a fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"Foram colocadas bandeiras de outros países como se fossem produtos importados e o selo da Anvisa, como se a Anvisa tivesse fiscalizado. O que não é possível, pois o produto é de fabricação caseira", explicou.
A investigação também constatou que a empresa não tinha cuidados necessários para manipulação dos produtos inflamáveis. "Os produtos eram misturados e os rótulos davam a impressão que a empresa produzia aquele produto. Mas na verdade eram só misturados e repassados para outras empresas de impermeabilização. Há menção de produto inflamável, mas não poderia ser vendido desta forma", destacou o delegado.
Segundo o delegado, os proprietários podem ter retirado do local os produtos utilizados para impermeabilização de móveis após a explosão, já que só foram encontrados galões vazios. "Nós acreditamos que os produtos existiam sim e foram retirados logo em seguida da prática da explosão. Vizinhos relataram que no domingo eles foram lá e retiraram algumas coisas. Nós vamos ver pelas imagens. Os proprietários se comprometeram a fornecer mais amostras dos produtos utilizados", disse.
Durante as buscas, a polícia encontrou notas que apontam que o produto era vendido para outros estados. "Conseguimos notas fiscais de transporte dessa mercadoria para outros estados e isso tudo será juntado no inquérito policial", ressaltou.
O delegado ainda contou que funcionários relataram em depoimento que não utilizavam equipamentos de segurança na manipulação deste produtos inflamáveis. "Uma coisa ficou clara: os funcionários não utilizavam equipamentos de proteção. Isso nos leva a entender porque estava no rótulo a obrigatoriedade da utilização de equipamento de proteção e os próprios funcionários não utilizavam. Ele disse que os funcionários não utilizavam porque não queriam. Isso não é justificativa plausível", afirmou.
Conforme Chohfi, o casal proprietário do apartamento deve ser ouvido assim que a equipe médica liberar, para entender se medidas de segurança foram repassadas para eles. "Nós vamos agora através dos depoimentos das vítimas que estão no hospital saber se as instruções de segurança eram passadas para os clientes durante a impermeabilização", disse.