Grupo de médicos espalha outdoors de tratamento precoce contra covid em Curitiba
O grupo Médicos pela Vida, que contém profissionais de diferentes especialidades, promove a procura pelo tratamento prec..
O grupo Médicos pela Vida, que contém profissionais de diferentes especialidades, promove a procura pelo tratamento precoce contra a covid-19 em outdoors de Curitiba, mesmo sem evidências científicas sobre a eficácia dos medicamentos. As peças estão espalhadas por 10 bairros da cidade: Água Verde, Boqueirão, CIC, Fazendinha, Hauer, Pinheirinho, Santa Cândida, São Lourenço, Tarumã e Uberaba.
“Não dê chances à covid-19. O tratamento precoce salva vidas”, diz o outdoor para divulgação do próprio grupo.
Segundo o site do Médicos pela Vida, 315 médicos do Paraná apoiam o movimento. São Paulo (656 profissionais), Minas Gerais (629), Rio Grande do Sul (412) e Rio de Janeiro (319) aparecem à frente em número de apoiadores.
Apesar disso, nenhum médico de Curitiba aparece na lista para encontrar profissionais que ofertam o tratamento precoce. Há apenas dois profissionais de Londrina, na região norte do Estado, sendo um da área de atendimento pré-hospitalar e outro cirurgião torácico.
AUTORIDADES AFIRMAM QUE NÃO EXISTE TRATAMENTO PRECOCE PARA A COVID-19
Desde o início da pandemia, surgem especulações do que pode ajudar a prevenir a covid-19. A maioria das autoridades sanitárias afirmam que ações como uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos (com água e sabão ou álcool gel) são atitudes para evitar a transmissão do coronavírus. Já o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promove o ‘kit covid‘, que contém zinco, vitaminas D e C, azitromicina, ivermectina e cloroquina.
A cloroquina e hidroxicloroquina são os principais medicamentos recomendados por quem defende o tratamento precoce. No entanto, a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda devido a possíveis efeitos colaterais e nenhuma comprovação científica sobre a eficácia do medicamento.
“Conforme a pandemia foi avançando, estudos grandes, com 1.000, 5.000 pacientes demonstraram que a cloroquina não tem eficiência contra o coronavírus. Atualmente, a Anvisa reconheceu o fato e não recomenda o uso desse medicamento para a Covid-19”, afirmou Andréa Stinghen, professora e pesquisadora da UFPR em um evento da universidade para esclarecer dúvidas sobre os medicamentos.
“A cloroquina possui efeito potencialmente tóxico no endotélio, camada que reveste os vasos sanguíneos e que está presente em qualquer parte do organismo. A Covid-19 afeta primariamente o endotélio, que é responsável por suas manifestações sistêmicas (em vários órgãos) e seus efeitos trombóticos. Adicionar um tratamento possivelmente tóxico, como com este medicamento, apresenta riscos para o paciente”, completou o professor Fellype de Carvalho Barreto, do curso de Medicina.
Outro remédio bastante usado é a ivermectina, usado para combater parasitas e piolhos. Em fevereiro deste ano, a própria fabricante publicou um comunicando afirmando que não recomenda o uso para tratamento da covid-19 por falta de evidências sobre benefícios.
Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca (DEM) e a secretária da Saúde Márcia Huçulak descartam o uso desses remédios. “Ivermectina não mata vírus. Se a cloroquina fizesse alguma coisa, Manaus não teria casos, já que lá o medicamento é usado devido à malária”, disse Greca na semana passada ao anunciar a prorrogação do decreto da bandeira vermelha.