A PCPR (Polícia Civil do Paraná) investiga a morte de uma criança, de apenas três anos, pelo próprio pai. A menina apresentava vários hematomas pelo corpo e traumatismo craniano, quando deu entrada no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, na madrugada desta terça-feira (3). Ao ser internada já apresentava um quadro de coma e agora segue os protocolos de morte encefálica.
O pai, um homem de 25 anos, foi preso em flagrante. A delegada que cuida do caso informou que a criança já havia sido internada no dia 06 de novembro, com um quadro grave de anemia e com sinais de fratura nas costelas.
Na época, a médica que fez o atendimento, juntamente com a assistência social do hospital, notificou o Conselho Tutelar sobre a necessidade de afastar a criança do convívio do pai.
“Em depoimento dado pela madrasta na primeira internação foi informado que o pai, que alimentava a menina, só dava bolacha e leite para criança. A médica que atendeu à criança solicitou ao Conselho Tutelar que não devolvesse a criança para o pai. O Conselho Tutelar, diante das suas atribuições, entendeu sim que a criança poderia ser entregue ao pai naquele momento”, afirmou a delegada Ellen Vycter, do NUCRIA (Núcleo de Proteção à criança e Adolescentes Vítimas de Crimes). A polícia agora vai investigar o procedimento adotado pelo Conselho Tutelar ao devolver a criança para pai, mesmo com o alerta do hospital.
Segundo as investigações, outras duas crianças, filhas da madrasta, moram com o casal e já haviam relatado aos Policiais Militares, que foram acionados por vizinhos em outras situações, que eram espancadas sistematicamente pelo homem.
A policia já ouviu até agora a madrasta, o pai, o avô da criança, o Conselho Tutelar, a médica que fez o atendimento e a assistente social do Hospital Pequeno Príncipe. A preocupação agora é com as duas crianças que vivem com o casal. “Essa é uma atribuição do Conselho Tutelar, eles é quem decidem se vão abrigar essas crianças ou se vão entrega pra família extensa”, completou a delegada.
Ellen Vycter relata ainda que o pai não demonstrou nenhum tipo de arrependimento ou emoção com relação à situação da filha. Ele se manteve frio e distante no depoimento e informou que a criança poderia ter caído da escada.
Procuradas pela reportagem do Paraná Portal, as conselheiras do Conselho Tutelar do Sítio Cercado, responsável pelo caso da criança, disseram que não dariam informações e que todos os casos tratados por eles seguem em segredo de Justiça.
A criança segue internada na UTI, em estado grave. A morte encefálica segue vários procedimentos até que seja decretada a morte do paciente. No momento a menina respira com ajuda de aparelhos e segue medicada.
RECORDE DE AGRESSÕES
Toda suspeita de agressão que chega no hospital é notificada às autoridades responsáveis. Seja agressão física ou sexual, a equipe médica segue os protocolos de segurança compartilhando informações com a polícia, no caso de agressões sexuais e com os conselhos tutelares no caso das agressões físicas.
Segundo dados do Hospital Pequeno Príncipe, de janeiro até o dia 03 de dezembro foram feitas 630 notificações de suspeita de agressão. É um número recorde. Em 2018, durante todo o ano, foram 587 casos de suspeita notificados.
DENUNCIE
As denúncias de casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes podem ser feitas aos Conselhos Tutelares, às Polícias Civil e Militar e ao Ministério Público, podendo ser noticiadas também aos serviços de disque-denúncia (Disque 100, nacional; Disque 181, estadual; e Disque 156, municipal).
Disque 100
As agressões podem ser feitas por meio do “Disque Direitos Humanos – Disque 100″, um serviço nacional, mantido pelo governo federal e que pode ser acionado de qualquer parte do país. Não há necessidade de identificação do denunciante.
Disque 181
Em âmbito estadual, há o Disque 181, que pode ser acionado de qualquer parte do Estado, para encaminhamento à autoridade do respectivo município e ao conselho tutelar, de modo a serem tomadas as providências pertinentes. Em casos de emergência, a Polícia Militar pode ser acionada pelo 190.
Disque 156
O município de Curitiba mantém o SAV (Vítima de Violência em Domicílio). Trata-se de um serviço de atendimento emergencial para crianças, adolescentes e idosos, vitimizados, em casa, por familiares ou responsáveis legais.