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Trabalhadores protestam contra fechamento de fábrica de fertilizantes da Petrobras

Trabalhadores protestam contra fechamento de fábrica de fertilizantes da Petrobras

Quase duas mil pessoas, de acordo com FUP (Federação Única dos Petroleiros), protestam nesta sexta-feira (17) contra o f..

Francielly Azevedo - sexta-feira, 17 de janeiro de 2020 - 11:34

Quase duas mil pessoas, de acordo com FUP (Federação Única dos Petroleiros), protestam nesta sexta-feira (17) contra o fechamento da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. Na última terça-feira (14), a Petrobras anunciou o encerramento das atividades e a demissão de quase 400 funcionários diretos.

Segundo a estatal, a decisão do encerramento da Ansa ocorre após o fim das tentativas de venda do ativo por mais de 2 anos. As negociações teriam avançado com uma companhia russa, mas não houve efetivação da venda.

Segundo a FUP e o Sindiquímica-PR, não houve qualquer negociação anterior entre a diretoria da Petrobras e os trabalhadores da unidade sobre uma possível paralisação das atividades. Além dos funcionários diretos, a medida deve afetar quase 2 mil pessoas.

“Foi uma notícia muito de última hora, pegou todos nós de surpresa. Ela só relatou que ia fechar a unidade e demitir todo mundo, inclusive, descumprindo uma cláusula do nosso acordo coletivo. O que causou mais espantos são essas alegações infundadas de prejuízo que a unidade dá”, destacou diretor de Comunicação da FUP, Gerson Castellano.

A FUP destaca que cálculos do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra) apontam que somente o município de Araucária, onde está instalada a Ansa, vai sofrer impacto negativo de R$ 75 milhões anuais com a demissão dos trabalhadores e a perda de suas rendas. A perda se estende também aos cofres do governo do estado do Paraná, que pode deixar de recolher cerca de R$ 50 milhões em ICMS.

Diante disso, representantes dos trabalhadores pediram uma reunião com o prefeito de Araucária, Hissam Hussein Dehaini, e com o governador do Paraná, Ratinho Junior. “Nós estamos tentando conversar com todos os atores. Nós queremos essa conversa para mostrar os prejuízos para a cidade e para o estado em relação a arrecadação de impostos”, afirmou.

MOBILIZAÇÃO EM TODO PAÍS

A maior mobilização, conforme a FUP, é na entrada da Ansa, em Araucária, mas também há manifestações no Edifício da Petrobras (Ediba) em Salvador (BA); na Refap, em Canoas (RS); na Regap, em Betim (MG); e na Replan, em Paulínia (SP). Além de atos na Reman (Amazonas), no Polo Guamaré (Rio Grande do Norte), na Refinaria Abreu e Lima e no Terminal de Suape (Pernambuco), no Terminal de Vitória/Tavit (Espírito Santo), na Reduc (Rio de Janeiro) e na Recap (São Paulo).

PREJUÍZOS

O comunicado da Petrobras afirma que a Ansa vem apresentando recorrentes prejuízos desde que foi adquirida em 2013. Conforme a estatal, de janeiro a setembro de 2019, a Araucária gerou um prejuízo de quase R$ 250 milhões. Para o final de 2020, as previsões indicam que o resultado negativo pode superar R$ 400 milhões.

A Petrobras afirma que no contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica, que é o resíduo asfáltico, está mais cara do que seus produtos finais – amônia e ureia – e as projeções para o negócio continuam negativas. A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima.

PRODUÇÃO

Usando resíduo asfáltico (RASF), a unidade é capaz de produzir diariamente 1.303 toneladas de amônia e 1.975 toneladas de ureia, de uso nas indústrias química e de fertilizantes. A planta também produz 450 mil litros por dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas.

A planta ainda pode produzir 200 toneladas/dia de CO2, que é vendido para produtores de gases industriais; 75 toneladas/dia de carbono peletizado, vendido como combustível para caldeiras; e 6 toneladas/dia de enxofre, usado em aplicações diversas.

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