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Editorial: A bilionária Copel que virou as costas para os paranaenses

No que se transformou a Copel (Companhia Paranaense de Energia do Paraná) que, até pouco tempo atrás era orgulho dos par..

No que se transformou a Copel (Companhia Paranaense de Energia do Paraná) que, até pouco tempo atrás era orgulho dos paranaenses? A empresa era reconhecida não só pela eficiência técnica como prestadora de serviços, mas, sobretudo, pelo atendimento diferenciado à população, em especial à camada mais fina da sociedade.

A Copel, infelizmente, acabou se transformando em uma empresa que virou as costas para os paranaenses. Se rendeu ao capitalismo, com grandes negócios na bolsa de valores, visando apenas o lucro extremo e o paternalismo do seu quadrado. “Investimento social” não existe mais no vocabulário da Copel.

Hoje, a Copel, dona do monopólio da energia elétrica que movimenta as indústrias e que ilumina o campo e as cidades em 394 dos 399 municípios do Estado, não é mais dos paranaenses. Não existe mais valor, apenas tarifa e as regras do poder econômico avalizado pela agência reguladora, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

MONOPÓLIO NATURAL

A Copel, como bem define o professor e colunista do Paraná Portal, José Pio Martins, é um monopólio natural. “Se você não aceitar essa regra, o problema é seu, você não tem opção. Logo, não existe ‘formação de preço’ e nós, consumidores, pagamos uma tarifa que é fixada por eles, unilateralmente, não pelo mercado concorrencial”.

A resposta deles a qualquer questionamento da imprensa ou dos representantes do povo paranaenses na Assembleia Legislativa ou mesmo no Congresso Nacional é curta e grossa: é o governo que controla preço.

Nos últimos cinco anos a energia elétrica teve os seguintes reajustes de preços:

  • 2021: + 8,97%
  • 2020: – 0,95%
  • 2019: + 1,85%
  • 2018: + 15,06%
  • 2017: + 6,09%

No último dia 22 de junho, a Aneel aprovou o mais recente cálculo de revisão tarifária periódica. O reajuste médio para os consumidores residenciais foi de 8,9%. A Copel Distribuição S/A atende 394 municípios do Paraná e tem 4,8 milhões de unidades consumidoras.

ENERGIA CARA ATRAPALHA CADEIA PRODUTIVA

O impacto deste aumento recai sobre a carestia. Segundo o professor de economia do Ibmec, Tiago Sayão, deixar as luzes apagadas não irá promover alívio significativo no bolso. O problema maior é que a alta na tarifa de energia tem impacto no preço dos alimentos, produtos que ocupam a maior parte da renda dos mais pobres.

Com altos reajustes, todo o custo é repassado ao consumidor. “A produção de frango, por exemplo, consome muita energia e esse aumento do custo de produção vai ser repassado na ponta. Até a carne branca vai ficar mais cara”, observa o economista.

Entre os itens de consumo e serviços da amostra do IPC de agosto de 2021, a luz ocupou o primeiro lugar entre os produtos com maior impacto na inflação do mês, com aumento de 4,96%. Em julho, a luz já havia sofrido reajuste de 3,69%, impulsionando o impacto do grupo de utilidades públicas sobre o resultado da inflação. Em apenas dois meses, esse grupo já apresenta 4,3% de aumento.

COPEL ACUMULA LUCROS E AUMENTOS

O jornalista Angelo Sfair, da BandNews FM e Paraná Portal, mostra em reportagem desta quarta-feira (15) que a Copel registrou, nos últimos três anos, lucros líquidos cada vez maiores, passando de R$ 1,4 bilhão em 2018 para R$ 3,9 bilhões em 2020. Somente no ano passado, a diferença entre as receitas totais e os custos operacionais aumentou 89% em relação ao período anterior. Apesar disso, a empresa continuou a adotar reajustes conforme o teto estabelecido pela Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica.

Diante desses lucros exorbitantes, a Copel descarrega parte dessa gorda bolada ao seu funcionalismo quando deveria reverter em tarifa mais barata. Ninguém é contra a distribuição de lucros, o que é saudável dentro de uma organização, seja ela pública ou privada. Mas, no caso da Copel, ela também deveria reverter parte desse lucro aos consumidores industriais ou residenciais porque são eles os responsáveis pela gorda conta dividida entre acionistas e funcionários.