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Anvisa pede alteração em bula da vacina de Oxford para citar coágulo como muito raro

Anvisa pede alteração em bula da vacina de Oxford para citar coágulo como muito raro

Após decisão da agência europeia, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou ter pedido à AstraZeneca ..

Natália Cancian - Folhapress - quinta-feira, 8 de abril de 2021 - 08:50

Após decisão da agência europeia, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou ter pedido à AstraZeneca alterações na bula da vacina de Oxford, que também é produzida no Brasil pela Fiocruz. O objetivo é incluir uma advertência sobre possíveis casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos que podem estar associados ao uso da vacina.

A medida ocorre após casos como esses terem sido relatados em alguns países da Europa. Agências locais, porém, têm frisado que a recomendação de uso da vacina ainda está mantida e que os registros são muito baixos frente ao total de doses aplicadas.

Posição semelhante é reforçada pela Anvisa em comunicado emitido nesta quarta-feira (7). No documento, a Anvisa mantém a recomendação de continuidade da vacinação com o imunizante de Oxford, “uma vez que, até o momento, os benefícios superam os riscos”. Diz ainda que as ocorrências em investigação no mundo são “extremamente raras”.

“A vacinação é efetiva na prevenção da Covid-19, reduzindo o risco de hospitalizações e mortes”, completa. Segundo a agência, a alteração na bula deve ser incluída no item “advertências e precauções”. O objetivo é frisar o alerta sobretudo a profissionais de saúde.

Mais cedo, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) divulgou que passou a considerar acidentes vasculares raros relatados em pessoas que tomaram a vacina de Oxford/AstraZeneca como um “efeito colateral possível” do imunizante.

Em conjunto com a medida, a agência europeia frisou a recomendação de que o produto deve continuar a ser usado para prevenir casos graves de Covid-19 e mortes provocadas pelo coronavírus, já que os benefícios superam largamente os riscos do efeito colateral.

Em geral, o registro e a investigação de possíveis casos suspeitos de eventos adversos é comum a vacinas e medicamentos, e intensificada sobretudo quando há produtos novos, como as vacinas contra a Covid. No Brasil, os casos são registrados no VigiMed e seguem para investigação.

Segundo a Anvisa, dentre 4 milhões de doses aplicadas da vacina de Oxford por aqui, foram registrados até o momento 47 casos suspeitos de eventos adversos tromboembólicos, sendo apenas um associado à trombocitopenia (diminuição do número de plaquetas, que são fragmentos de células que ajudam a coagular o sangue).

O volume é baixo, assim, frente ao total de doses já administradas, frisa a agência. Além disso, ainda não há comprovação de que esses casos tenham relação com o uso da vacina.

“Até o momento, não foi possível estabelecer uma relação direta e de causalidade entre esses 47 casos suspeitos de eventos tromboembólicos e o uso da vacina no Brasil. Também não foram identificados fatores de risco específicos para a ocorrência do evento adverso”, informa.

A Anvisa reconhece, no entanto, que pode haver possível associação que precisa ser investigada, daí as medidas de precaução e alerta. A postura é semelhante à adotada por outras agências internacionais.

Ainda de acordo com a agência, “o risco de ocorrência de coágulos sanguíneos é baixíssimo, mas o cidadão deve estar atento a possíveis sintomas para que procure atendimento médico imediato”.

Entre eles, estão falta de ar, dor no peito, inchaço na perna e dor abdominal persistente, além de sintomas neurológicos, como dores de cabeça fortes e persistentes ou visão turva, informa.

“Reforça-se que a maioria dos efeitos colaterais que ocorrem com o uso da vacina são de natureza leve e transitória, não permanecendo mais que alguns poucos dias”, diz o órgão.

Em nota, a AstraZeneca disse que “tem colaborado ativamente com as agências reguladoras para implementar alterações na bula do produto e já está trabalhando para entender os casos individuais, a epidemiologia e os possíveis mecanismos que poderiam explicar esses eventos extremamente raros”.

Antes da divulgação da Anvisa, o grupo de especialistas em risco farmacológico da OMS (Organização Mundia da Saúde) também divulgou uma avaliação nesta quarta, segundo a qual, “com base nas informações atuais, uma relação causal entre a vacina e a ocorrência de coágulos sanguíneos com baixo teor de plaquetas é considerada plausível, mas não foi confirmada”.

“São necessários estudos especializados para compreender totalmente a relação potencial entre a vacinação e os possíveis fatores de risco”, declarou o grupo.De acordo com os especialistas, em campanhas extensas de vacinação, é normal que os países identifiquem eventos adversos potenciais. “Isso não significa necessariamente que eles estejam relacionados à vacinação em si, mas devem ser investigados para que questões de segurança sejam tratadas rapidamente”, afirmou a OMS.

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