(Foto: Vinícius Perbichi / Fundação Bienal de São Paulo)

Butantan começa ensaios clínicos da vacina Butanvac, contra a covid

Depois da aprovação pela  Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na última quarta-feira (7), o Butantan, em ..

Depois da aprovação pela  Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na última quarta-feira (7), o Butantan, em parceria com o Hemocentro de Ribeirão Preto, iniciou ma manhã desta sexta os ensaios clínicos da ButanVac. Trata-se de uma nova vacina do instituto contra a covid,  que será inteiramente produzida com insumos nacionais.

De acordo com divulgação feita pelo Instituto Butantan, para marcar o início da etapa A dos ensaios clínicos, um grupo de seis voluntários realizou uma de suas partes iniciais, a triagem. Nessa etapa, os  voluntários são examinados para saber se estão aptos a integrar a pesquisa.  O processo envolve pré-consulta, consulta, biometria e coleta de exames. Quem é aprovado recebe a primeira dose da ButanVac de uma a quatro semanas depois dessa triagem.

“Temos uma grande esperança nessa vacina do ponto de vista de desempenho. Os estudos clínicos serão fundamentais. É a primeira vez que o Brasil inicia um ensaio clínico de uma vacina deste calibre e nacional”, disse Dimas Covas. “É um exemplo que certamente ficará na história da nossa ciência, na história da saúde pública do Brasil”.

Primeira etapa deve durar algumas semanas

Na etapa A são avaliadas a segurança e a seleção de dose (dose de imunizante que será incorporada na vacina definitiva). A expectativa é que essa etapa seja realizada em algumas semanas, pois houve grande procura de voluntários.

“A ButanVac é a primeira vacina nacional contra o coronavírus. Isso não é pouca coisa. O Brasil se insere no rol de poucos países que chegaram à vacina”, disse Dimas Covas. Ele lembrou  que o imunizante é feito integralmente no Butantan e já está em produção. Sua tecnologia é fruto de uma parceria com outras instituições – o que é usual no mundo da ciência. Segundo ele, a ButanVac é uma vacina aperfeiçoada, de segunda geração, com potencial de melhorar a resposta imunológica contra o SARS-CoV-2 e combater suas variantes.

A Anvisa aprovou os ensaios clínicos da ButanVac divididos nas etapas A, B e C. A etapa A avalia a segurança. Já as etapas B e C avaliarão a resposta imune e envolverão mais de 5 mil voluntários de Ribeirão Preto e São Paulo. Nessas duas etapas, compara-se desempenho da nova vacina e de outras que estão em uso e já têm dados publicados, como a CoronaVac.

 

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Butanvac, vacina desenvolvida a partir do vírus modificado

Segundo o Butantan, a ButanVac é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado que contém a proteína S do vírus SARS-CoV-2 em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe). Barata e muito disseminada, essa técnica é uma especialidade do Butantan: o instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.

A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do novo coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas na Icahn School of Medicine de Mount Sinai, em Nova York. A proteína S estabilizada do vírus SARS-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas em Austin.