
Não errei o presente Parte 3
João Marcos
02 de fevereiro de 2018, 05:13
Começo de noite fria outonal, vou fechar o portão e ao olhar a Câmara de Vereadores, me veio na lembrança a imagem do qu..
João Marcos - 09 de fevereiro de 2018, 05:02
Começo de noite fria outonal, vou fechar o portão e ao olhar a Câmara de Vereadores, me veio na lembrança a imagem do querido e saudoso vereador Amadeu Mario Margraf!
Grande amigo, alma singela e um coração do tamanho do dia inteiro. Gozador sem precedentes, irradiava simpatia. Um carisma ímpar. Por inúmeras vezes, fora eleito sem gastar um tostão sequer. Sua moeda era a amizade, a caridade e o bem fazer para todos.
Sempre íamos pescar lambaris e até chegar no destino, distribuía balas às pessoas que encontrava na estrada ou que estavam paradas em frente às suas casas. Dizia que adoçando a boca dos eleitores retribuiriam o voto açucarado.
Homem correto, tinha na generosidade sua marca registrada.
Por falar em marca registrada, abaixo registro quatro microcontos pitorescos do lembrado amigo.
Certa feita, sua esposa Dona Luci, perguntou-lhe:
- Onde está a fôrma de cuque que eu fiz?
- Dei para um pedinte que passava por aqui!
- Está bem! Mas onde está a fôrma?
- Foi junto com o cuque, ora bolas!
- Mas Amadeu, quantas vezes já falei... pode dar a comida, mas a vasilha, não!
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Uma vez, defronte ao correio, encontrou com o médico Odilon Cordeiro que notou palidez em seu semblante e falou:
- Vejo que não está bem. Dê um pulo no meu consultório para examiná-lo!
- Sim, Dr. Odilon! Assim que melhorar vou lá!
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Num dia qualquer o Amadeu pediu-me uma carona até a rodoviária. Tinha nas mãos uma broa. Queria dar à Dona Dila.
Era perto da hora do almoço. Ao entrarmos na rodoviária, um bebum encostou nele e por saber da sua bondade atirou:
- Seu Amadeu! Que bom ver o senhor aqui. Votei no senhor! Me paga um pastel?
E mais do que depressa ouviu como resposta:
- Não! Não vou pagar o pastel senão depois você não almoça!
Dei muita risada do ocorrido...
Depois da broa entregue, comprou o pastel e deu ao pedinte etílico!
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Durante algum tempo, toda quarta-feira pontualmente às 7h30min, o Mario Ribeiro também de saudosa memória, ía para Ponta-Grossa.
O Amadeu, pontualmente às 7h25min estava em frente ao escritório Factotum para descolar uma carona.
Esta cena repetiu-se por inúmeras vezes, até que um dia, o Mario, para ver o jeito do Amadeu falou:
- Desculpe Amadeu, mas hoje não estou indo a Ponta-Grossa... meu destino é Curitiba.
- Que sorte a minha! Não há de ver que é para lá que preciso ir hoje?!
Abriu a porta do carro, sentou-se e com a maior "cara de pau" e falou:
- Boa viagem para nós! Que Deus nos acompanhe! Mas antes de irmos a Curitiba, vamos dar uma passadinha por Ponta Grossa?
Este era o Amadeu Margraf! Tinha o bom humor impregnado no seu DNA... Está fazendo uma falta danada.
Fechei o portão, orei pela sua alma.
Lembrei que um dia lhe falei para dar mais atenção à sua saúde...
Escutei:
- Pois é... mas quem não morre não vê Deus!
Por certo está vendo-o agora!
Descanse em paz, grande amigo!
Saudade!
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