Entenda as diferenças entre gastrite, dor de estômago e outros problemas digestivos

Especialista em gastroenterologia explica sobre sintomas e causas dos principais problemas digestivos e detalha que nem todos estão associados ao estresse

Muito se fala da relação entre o estresse e as doenças cardiovasculares, como hipertensão e infarto. Mas e as doenças digestivas? Será que elas também estão ligadas ao estresse? De acordo com especialistas, existem diversas doenças que possuem a sua origem no estresse.

Certamente, todos já ouviram falar em gastrite ou má digestão. Há quem associe, inclusive, a episódios de alto estresse ou nervosismo. Em geral, a dor de estômago, azia, má digestão, enjoos e outros sintomas não são sinônimos de gastrite, mas sim de desconfortos que podem estar associados ao estresse e à má alimentação. Porém, existem outras várias doenças facilmente confundidas.

Uma delas, curiosamente, está associada ao intestino, considerado o “segundo cérebro” do corpo humano. Tal título deve-se ao fato de o órgão possuir um sistema nervoso próprio, que libera substâncias digestivas e controla os movimentos de todo o sistema digestório. Além disso, o sistema também produz a serotonina, um neurotransmissor que causa bem-estar. Isso explica porque problemas digestivos e estresse estão intimamente ligados e ambos interagem enviando mensagens.

A médica gastroenterologista cooperada da Unimed Curitiba, Danielle Kiatkoski, destaca que a microbiota (soma de todos os microrganismos que habitam o trato digestivo, composto principalmente de bactérias ‘boas ou ruins’) também está envolvida nesse processo. “Dietas ricas em gorduras aumentam as bactérias nocivas e matam as do ‘bem’, com isso há aumento da formação de gases, distensão e desconforto abdominal”, explica.

De uma forma geral, as pessoas apresentam diferentes reações ao estresse. Não existe uma regra. Porém, diarreia, perda de apetite, dor abdominal e azia são os sintomas mais comumente encontrados. “Muitos dos sintomas digestivos eram chamados de gastrite nervosa. Hoje, sabemos que essa patologia não existe, porém traduz os sintomas de várias doenças onde o estresse é um fator agravante”, pondera a especialista.

“Não há segredos: boa ingesta de frutas, verduras e legumes, evitando frituras e gorduras. Entretanto, outros, trocaram as refeições por alimentos industrializados, ricos em sódio, açúcares e gorduras, cheios de conservantes e aditivos alimentares, sem valor nutricional, cujo principal objetivo é aumentar a vida útil do alimento, prolongando seu prazo de validade. Essas substâncias podem ser tóxicas e estão relacionadas com a hipersensibilidade alimentar desencadeando sintomas dispépticos (má digestão) ou a famosa dor de estômago”, detalha.

A especialista em gastroenterologia também lembra que o corpo envia sinais o tempo todo, cabe a nós interpretá-los. “Se você estiver com sintomas digestivos como azia, dor abdominal, queimação, diarreia ou constipação, primeiro reveja sua rotina. Como está sua saúde emocional? Está adaptado às mudanças? Como pode diminuir seu estresse? Sua alimentação está adequada? Não estamos em férias, não podemos nos comportar como se todos os dias fossem domingo. Tire um tempo para relaxar, faça uma atividade física ou ouça uma boa música. Lembre-se de incluir alimentos frescos em sua alimentação, não usar temperos prontos e não abusar de refrigerantes ou sucos industrializados. Prepare suas refeições e aproveite esse tempo para ficar em família, incorporando essa prática a sua nova rotina”, orienta.

Mas Danielle Kiatkoski faz um alerta. “Não se automedique, pois você pode mascarar os sintomas e postergar seu diagnóstico. Muitas vezes, eles são negligenciados e, com isso, há demora para iniciar o tratamento”.  A orientação é sempre procurar um médico se houver a persistência dos sintomas, sangue nas fezes, perda inexplicável de peso ou desconforto digestivo que impeça a alimentação habitual.