Economia
Economia vê necessidade de corte de gastos mesmo com PEC

Economia vê necessidade de corte de gastos mesmo com PEC

Técnicos do Ministério da Economia atualizaram suas projeções internas sobre o Orçamento do ano que vem e agora calculam..

Fábio Pupo - Folhapress - sábado, 4 de dezembro de 2021 - 07:48

Técnicos do Ministério da Economia atualizaram suas projeções internas sobre o Orçamento do ano que vem e agora calculam que, além de não haver espaço no teto de gastos para mais despesas, será preciso fazer um corte de R$ 2,6 bilhões em despesas discricionárias.

Os cálculos apontam que, do total de R$ 106 bilhões em espaço orçamentário gerado pela PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, R$ 42,2 bilhões serão usados com despesas sem opção de escolha.

Entre elas, as elevações de despesas corrigidas pela inflação (como aposentadorias e BPC, o benefício de prestação continuada) e as tradicionais emendas individuais e de bancadas (que aumentam obrigatoriamente conforme as despesas sobem).

Além disso, R$ 6,5 bilhões serão usados para gastos obrigatórios nas despesas discricionárias do Ministério da Saúde e do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico).

O restante, R$ 57,2 bilhões, era o que sobraria para despesas primárias com opção de escolha pelo Executivo. Mas o espaço já está ultrapassado pelo programa Auxílio Brasil (que usará mais R$ 54,6 bilhões do espaço surgido com a PEC) e a desoneração da folha de pagamentos (R$ 5,3 bilhões).

Somando os dois programas (Auxílio Brasil e desoneração), há um estouro de R$ 2,6 bilhões no teto de gastos.

De acordo com técnicos do Ministério da Economia, esse estouro será compensado com o corte em despesas discricionárias. Quais são elas dependerá de uma decisão ainda a ser feita.

As contas com o Auxílio Brasil estão desenhadas para atender 17,9 milhões de famílias, e não as 21,6 milhões estimadas por cálculos do governo -o que elevaria a demanda de recursos com o programa para mais de R$ 100 bilhões em 2022.

A Câmara inicialmente estabeleceu que não poderia haver filas de espera no programa e elevou a linha de pobreza de R$ 200 para R$ 210.

Com isso, o número de famílias atendidas passaria dos cerca de 17 milhões que o governo calculava originalmente para 20 milhões (de acordo com estimativas iniciais da Câmara).

Isso, por si só, elevaria a conta do programa em R$ 10 bilhões -conforme mostrou a Folha. Mas o Senado adicionou um trecho ao projeto autorizando, na prática, que o programa tenha filas de espera.

Com isso, o orçamento do Auxílio Brasil ficará abaixo do que seria necessário para atender toda a população pobre.

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