Economia
Investidor reavalia Bolsa diante das pressões de juros, inflação e crise política

Investidor reavalia Bolsa diante das pressões de juros, inflação e crise política

Nos últimos meses, o Brasil viu o cenário econômico mudar rapidamente. Em pouco tempo, o país saiu de um ambiente de jur..

Larissa Garcia - Folhapress - domingo, 8 de agosto de 2021 - 18:47

Nos últimos meses, o Brasil viu o cenário econômico mudar rapidamente. Em pouco tempo, o país saiu de um ambiente de juros mais baixos da história para uma escalada de preços e sucessivas elevações da Selic.

Segundo economistas ouvidos pela reportagem, a nova conjuntura favorece a renda fixa e a tendência é que investidores aumentem o percentual desses ativos em suas carteiras nos próximos meses.

A taxa básica, que hoje está em 5,25% ao ano, começou o ano em seu menor nível, a 2%, e deve terminar acima de 7%.

Na mesma direção, a intensa instabilidade política e fiscal vivida no país e incertezas quanto à retomada jogam contra a renda variável, que é extremamente sensível a esses ruídos. O quadro deve se agravar até as eleições de 2022.

Em momentos de turbulência no mercado financeiro, historicamente os investidores buscam aplicações mais seguras, com baixa volatilidade.

Com isso, títulos do Tesouro, por exemplo, ganharam tração, porque, além de serem ativos seguros, passaram a remunerar mais.

Em junho, quando a Selic foi a 4,25%, o estoque de títulos públicos alcançou R$ 66,35 bilhões, aumento de 2,1% em relação ao mesmo período de 2020.

Aplicações de renda fixa haviam perdido atratividade após o ciclo de baixa da Selic, quando investidores migraram para a Bolsa em busca de maior retorno financeiro.

Em 2020, o número investidores quase dobrou. A B3 (Bolsa de Valores brasileira) superou 3 milhões de CPFs cadastrados. Atualmente, são 3,86 milhões de contas.

Segundo Bernardo Pascowitch, presidente do buscador de investimentos Yubb, as pesquisas na plataforma já mostram inversão desse movimento.

“Percebemos o aumento da procura por renda fixa e uma diminuição de interesse por renda variável, no nosso sistema. Isso reflete a busca por ativos menos voláteis”, afirma Pascowitch.

O executivo diz, contudo, que mesmo com a alta da Selic, muitos produtos de renda fixa ainda não superam a expectativa de inflação para 2021, que está em 6,79%, segundo o boletim Focus do Banco Central.

“Acredito que muitos devem aumentar o percentual desses ativos na carteira para reduzirem o risco, mas entendendo que talvez percam para a inflação. Alguns títulos do Tesouro, como os pós-fixados, ficaram mais atrativos, mas no fim do dia é preciso diversificar”, afirma.

Pascowitch pondera que outros ativos de renda variável podem ser interessantes para quem quer reduzir o risco.

“É importante dolarizar a carteira para se proteger em momentos de oscilação da moeda americana. Existem fundos, BDRs , o investidor teve de buscar novas oportunidades e viu que risco e retorno andam lado a lado”, diz Mallet.

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COMO FICAM OS INVESTIMENTOS?

Projeções feitas tomando como base a projeção para a inflação do último Focus, de 6,79%. Também considera a média de rentabilidade dos ativos e alíquota de 20% de Imposto de Renda, referente a prazos de vencimento entre 181 e 360 dias. Os investimentos com asterisco são isentos de Imposto de Renda.

Poupança nova*

Rendimento bruto: 3,68%

Rendimento líquido: 3,68%

Rendimento real: -2,92%

Poupança antiga*

Rendimento bruto: 6,17%

Rendimento líquido: 6,17%

Rendimento real: -0,58%

Tesouro Selic

Rendimento bruto: 5,15%

Rendimento líquido: 4,12%

Rendimento real: -2,50%

CDB (Certificado de Depósito Bancário) banco médio

Rendimento bruto: 6,70%

Rendimento líquido: 5,36%

Rendimento real: -1,34%

CDB (Certificado de Depósito Bancário) banco grande

Rendimento bruto: 4,12%

Rendimento líquido: 3,30%

Rendimento real: -3,27%

LC (Letra de Crédito)

Rendimento bruto: 7,21%

Rendimento líquido: 5,77%

Rendimento real: -0,96%

LCA* (Letra de Crédito do Agronegócio)

Rendimento bruto: 5,05%

Rendimento líquido: 5,05%

Rendimento real: -1,63%

LCI* (Letra de Crédito Imobiliário)

Rendimento bruto: 5,25%

Rendimento líquido: 5,25%

Rendimento real: -1,44%

RDB (Recibo de Depósito Bancário)

Rendimento bruto: 7,00%

Rendimento líquido: 5,60%

Rendimento real: -1,11%

Debênture incentivada*

Rendimento bruto: 7,78%

Rendimento líquido: 7,78%

Rendimento real: 0,92%

Fonte: Yubb

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