José Fernando Ogura/AEN

Segundo semestre deve ser de retomada robusta da economia com vacinação, diz BC

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central avalia que a economia deverá ter retomada robusta no segundo sem..

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central avalia que a economia deverá ter retomada robusta no segundo semestre deste ano.

Para a autoridade monetária, a atividade responderá ao avanço da vacinação contra Covid-19.

“A despeito da intensidade da segunda onda da pandemia ter sido maior que a esperada, os últimos dados disponíveis de atividade têm surpreendido positivamente. Para o Comitê, o segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”, avaliou na ata da última reunião, divulgada nesta terça-feira (11).

Segundo o documento, dados do mercado de trabalho formal indicam que a atividade econômica tem se recuperado, apesar da alta na taxa de desocupação.

“O Copom avalia que os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto , apesar do aumento da taxa do desemprego”, pontuou a ata.

A ociosidade da economia indica o nível de produção em relação à capacidade do setor real. Se a ociosidade é elevada, a economia ainda pode produzir mais a estrutura atual. Quando ela diminui, indica que a produção está próxima da potência máxima.

O mercado de trabalho é um indicador importante para medir a ociosidade da atividade.

Na última reunião, o Copom elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,75% ponto percentual, a 3,50% ao ano, conforme indicado na decisão de março.

No comunicado, o BC sinalizou nova alta na mesma magnitude em junho, para 4,25%.

A análise do Copom é de que haverá uma “normalização parcial” da taxa de juros. Ou seja, a atividade econômica ainda precisará de estímulo monetário ao longo do processo de recuperação econômica.

O Colegiado considerou diferentes trajetórias de normalização de juros, levando a taxa básica próximo ao seu patamar neutro, aquele que não estimula nem reduz a atividade, estimado entre 6,0% e 6,5%.

Atualmente, a Selic está bem abaixo do juros neutro, com alto grau de estímulo à economia.

“Os membros do Comitê apontaram que ‘normalização parcial’ reflete suas opiniões sobre a política monetária adequada para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, disse o texto.

O BC reforçou que reavalia seu cenário a cada reunião para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, para quando a autoridade monetária entende que a política monetária faz efeito (atualmente entre 2021 e 2022).

“Levando em conta o cenário básico e o balanço de riscos, o Comitê avaliou que na próxima reunião seria adequado outro ajuste da mesma magnitude, caso não haja mudança nos condicionantes de inflação. Adicionalmente, observou que elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até o patamar considerado neutro implicam projeções consideravelmente abaixo da meta de inflação no horizonte relevante”, trouxe o documento.

“O Copom reafirmou que essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, continuou.

Na reunião, os membros avaliaram que as projeções de inflação estão levemente inferiores à meta para 2022.

“O Comitê ponderou que os riscos fiscais de curto prazo seguem elevados, implicando um viés de alta nessas projeções. Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando assim uma elevação de juros de 0,75 ponto percentual nesta reunião”, detalhou a ata.

Com relação ao cenário internacional, o Copom afirmou que a economia global também deverá apresentar crescimento robusto ao longo deste ano, mas discutiram sobre “reflação”, movimento de retomada da alta de preços nas principais economias.

“A discussão sobre reflação, em particular sobre o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos, poderia tornar o ambiente para as economias emergentes mais desafiador”, pontuou o documento.