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Darlan Romani chega perto de novo, mas não vai ao pódio no arremesso de peso

Darlan Romani chega perto de novo, mas não vai ao pódio no arremesso de peso

Darlan Romani, 30, fez tudo o que podia, mas não conseguiu deixar para trás a sina do quase conseguir. Ele viu escapar p..

Alex Sabino - Folhapress - quinta-feira, 5 de agosto de 2021 - 00:49

Darlan Romani, 30, fez tudo o que podia, mas não conseguiu deixar para trás a sina do quase conseguir. Ele viu escapar por pouco a medalha na Rio-2016. Deveria ter conquistado pelo menos o bronze no Mundial de 2019, em Doha, no Qatar. Nos Jogos de Tóquio, nesta quinta-feira (5), de novo bateu na trave.

Seu arremesso de 21,88 m não foi o bastante para levar o Brasil ao pódio nos Jogos pela primeira vez na história da modalidade e o deixou na 4ª posição.

Para quem teve tantos problemas nos últimos 18 meses, o resultado precisa ser colocado sob perspectiva. Seu ciclo olímpico foi acidentado. Teve Covid-19. Ficou sem o técnico que lhe acompanha durante toda a carreira. Treinou em terreno improvisado. Pensou em parar com tudo.

“É difícil falar. Foi um susto para nós. Meu irmão, mãe e eu ficamos com Covid. Mas é isso, a gente ergue a cabeça, batalha e corre atrás”, afirmou ao se classificar para a final na última terça-feira (3), em entrevista ao SporTV.

Quando foi infectado pelo novo coronavírus, ele perdeu 10 kg em 14 dias. Com as academias fechadas, assim como o centro de treinamento mantido pela CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) em Bragança Paulista (interior de São Paulo), improvisou.

Arremessou como deu em um terreno vizinho à sua casa, pegou aparelhos de musculação emprestado da confederação e nos momentos de estresse fez o que mais gosta: passeou de caminhão por Bragança.

Quando criança, o atleta sonhava em ser motorista de ônibus. Seu pai era dono de uma empresa de transporte.

Romani chegou perto da medalha olímpica na Rio-2016. Ficou em 5º. Mais dramático ainda foi o Mundial de 2019. Em uma das provas mais fortes da história, arremessou para 22,53 m. Uma marca que lhe daria a medalha de ouro em todas as Olimpíadas anteriores e o faria ser bronze em Tóquio. Mas acabou no quarto lugar e fora do pódio.

“É difícil chegar assim tão perto e não conseguir. Mas tudo serve como aprendizado para a gente ter a revanche no futuro”, afirma o atleta que, apesar de febre alta no dia anterior, foi ouro no Pan-Americano de Lima, em 2019.

Romani ficou a reta final de preparação para as Olimpíadas deste ano sem se encontrar com seu técnico, Justo Navarro. O cubano viajou para Havana no final de 2020, de férias, e não conseguiu voltar ao Brasil por causa das fronteiras fechadas. Em fevereiro, o arremessador passou por cirurgia para retirar uma hérnia de disco e ficou cinco semanas sem treinar.

O brasileiro andou de um lado para o outro pela área em que seria a disputa pela medalha nesta quinta, toalha na mão por causa do calor de 35º C no estádio. Duas vezes deu saltos para soltar o corpo. Logo percebeu que a competição seria forte. No seu primeiro arremesso, o americano Ryan Crouser atingiu 22,83 m, um novo recorde olímpico.

Darlan Romani fez 21,88 m, sua melhor marca no ano e que o fez terminar a primeira rodada na terceira colocação. Quando o neozelandês Tomas Walsh chegou aos 22,17 m e o empurrou para quarto, o brasileiro se afastou. Colocou a toalha na cabeça e virou as costas para a prova. Quando se virou para olhar novamente, viu Crouser superar a própria marca e bater nos 22,93 m.

Romani passou o resto da prova tentando passar dos 22 metros. Não conseguiu. Quando chegou a apenas 20,70 m em sua última tentativa e viu o sonho da medalha acabar, colocou as mãos na cabeça e ficou longo tempo sentado em um banco. Só se levantou quando a disputa já havia acabado com a medalha de ouro obtida por Crouser. O também Joe Kovacs foi prata e Walsh, bronze.

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