Foto: DER PR

Leo de Deus termina em 6º na final dos 200 m borboleta

Ao descobrir que largaria na raia cinco, uma das melhores para uma prova de natação, a primeira coisa que Leo de Deus, 3..

Ao descobrir que largaria na raia cinco, uma das melhores para uma prova de natação, a primeira coisa que Leo de Deus, 30, lembrou foi de um episódio ocorrido quase uma década atrás.

Seu pai, Domingos, havia comprado um ingresso para a final dos 200 m borboleta das Olimpíadas de Londres-2012. Mas o filho não se classificou para a disputa de medalha. “Ele fez um vídeo para mim e me enviou. Dizia ‘sonhei desde quando você era pequeno que estaria em uma final olímpica. Você não está aqui hoje, mas este vídeo é para te motivar, porque você vai estar’. Demorou um pouquinho mas cheguei à final olímpica”, disse ele, que se definiu como o “titio Sukita” da equipe de natação, devido à idade.

Levou nove anos, mas o nadador compensou a espera do coronel aposentado da Força Aérea Brasileira que fez faculdade de marketing esportivo para ajudar na carreira do então atleta iniciante. Domingos não foi a Tóquio por causa das restrições e teve de acompanhar pela TV a tão esperada disputa da medalha.

O brasileiro terminou a final na sexta posição, com o tempo de 1min55s19, enquanto o ouro ficou com o favoritíssimo húngaro Kristof Milak, com 1min51s25. Em suas duas Olimpíadas anteriores, em Londres e no Rio, Leo de Deus havia parado na semifinal. Chegar ao menos à última prova se tornou uma obsessão.

“Isso coroa toda uma carreira de muito sucesso, muito jogo limpo, de muita dedicação. Não só minha, da minha família, de todo mundo que trabalha comigo”, festejou. Antes mesmo de cair na piscina ele já estava confiante. Nesta segunda, ao se classificar para a prova final, ouviu que enfrentaria Milak, Federico Burdisso (Itália) e Leon Marchand (França) e não se abalou: “Mas vai ter Leo de Deus também”.

O brasileiro não conseguiu o mesmo tempo da semifinal, quando bateu em 1min54s97 e durante os 200 metros na piscina nesta terça brigou para tentar alcançar o sul-africano Chad Le Clos, que terminou com a quinta posição. Na virada dos 100 metros, ficou claro que alcançar a medalha seria difícil para Leo.

Mesmo assim, o resultado é uma redenção. Não devido ao que aconteceu em 2012 e 2016. Mas pelos problemas que passou para treinar durante a pandemia, quando teve de deixar o filho Theo, hoje com 11 meses, para treinar no Rio.

Pela tensão da seletiva, quando enfim conseguiu o índice olímpico. Pelas conversas com Thiago Pereira, prata nos 400m medley em Londres-2012, para quem Leo precisava ficar mais animado. Por perceber que a pressão estava forte demais e que precisava de ajuda psicológica.

Principalmente por causa da família. “Lógico que a relação com a minha família gera pressão. Eu vi meus pais fazendo de tudo, minha irmã abdicando de muita coisa para quem eu pudesse fazer o que fiz hoje.”

A mãe Jeane era professora e fez faculdade de nutricionista para ajudá-lo. A irmã Deborah administra sua agenda. Leo de Deus também vê tudo o que aconteceu até agora com ele e com o time do país como um incentivo para a natação brasileira. Na Rio-2016, em casa, nenhuma medalha foi conquistada.

“Dá um ânimo para a equipe, que sentiu no primeiro e no segundo dia, mas agora a gente caminha para excelentes resultados”, afirma. E o seu já era esperado há nove anos.