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Fernandinho se inspira em Senna e lidera City por sonho da Champions

Fernandinho se inspira em Senna e lidera City por sonho da Champions

Primeiro brasileiro a erguer a taça de campeão da Premier League como capitão, no último domingo (23), Fernandinho, 36, ..

Folhapress - quinta-feira, 27 de maio de 2021 - 17:00

Primeiro brasileiro a erguer a taça de campeão da Premier League como capitão, no último domingo (23), Fernandinho, 36, tem a chance de, no próximo sábado (29), protagonizar também no cenário europeu o feito inédito para o Brasil.

Dono da braçadeira do Manchester City, o meio-campista liderará o time na final inglesa da Liga dos Campeões contra o Chelsea, no Estádio do Dragão, no Porto, às 16h (TNT).

Há oito anos em Manchester, Fernandinho é tetracampeão inglês e agora busca o primeiro título do clube no maior torneio da Europa, principal objetivo do xeque Mansour Bin Zayed al Nayan, bilionário membro da família real dos Emirados Árabes que é proprietário do City desde 2008.

O brasileiro, homem de confiança de Pep Guardiola, ostenta status de grande ídolo da torcida. Internamente, conquistou o respeito e a admiração dos funcionários. Nesta temporada, foi escolhido capitão em eleição com votos de todo o staff do departamento de futebol.

Em entrevista à reportagem, ele conta como já utilizou Ayrton Senna em vídeos motivacionais para o elenco, qual é o principal aprendizado em cinco anos sob o comando de Guardiola e como lida com o fato de ter mais prestígio na Inglaterra do que no Brasil, onde é quase sempre associado às derrotas da seleção brasileira para a Alemanha (7 a 1) e para a Bélgica (2 a 1), nas Copas do Mundo de 2014 e 2018, respectivamente, e foi vítima de racismo.

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Pergunta – O que significa para você a oportunidade de disputar a primeira final de Liga dos Campeões na sua carreira e na história do City?

Fernandinho – É uma satisfação muito grande, um prazer imenso poder jogar uma final de Liga dos Campeões para todos nós, não só para mim individualmente, mas para o clube em geral. Acredito que durante muito tempo a equipe buscou esse objetivo. É um momento especial, não tem como negar. O que nos resta agora é tentar nos preparar da melhor maneira possível e continuar fazendo o que demonstramos na competição, porque foi isso que nos trouxe até a final. Manter a tranquilidade, jogar bem, manter o nosso princípio de jogo, a nossa base, o nosso alicerce e tentar conquistar um título tão almejado por tantas pessoas e por tantos jogadores e clubes ao redor da Europa.

Na Inglaterra, o posto de capitão tem um significado ainda mais especial do que no Brasil. Você poderia explicar por quê?

F – Em todos os anos, o Pep faz uma eleição interna para a escolha de quatro ou cinco capitães, de 1 a 5, e todas as pessoas que trabalham com o time profissional têm direito a voto. Neste ano eu fui o escolhido. Sem dúvida, foi um momento de orgulho e felicidade para mim, porque represento o clube em diferentes situações e de maneiras variadas. A figura do capitão aqui na Inglaterra é muito bem-quista, porque tem uma participação bem efetiva no dia a dia do clube, primeiramente com os jogadores no vestiário, mas também em outras situações que acontecem no centro de treinamento, como em decisões que precisam ser tomadas. Obviamente que em um clube de futebol você precisa ter o maior número de opiniões para chegar à melhor conclusão possível.

No meu entendimento, eu procuro sempre estar focado no que acontece dentro de campo, principalmente na relação com os outros jogadores e com a comissão técnica. No final das contas, o carro-chefe de um clube de futebol são o vestiário, os jogadores e dependemos muito de nós para que o sucesso seja alcançado.

Até onde vai a sua influência? Você poderia dar um exemplo de algo que você teve de fazer por ser o dono da braçadeira?

F – Para falar bem a verdade, são vários assuntos. Como estou no vestiário todos os dias, algumas pessoas precisam comunicar jogadores de algum assunto e usam a minha figura para isso, seja na parte de nutrição, fisiologia, departamento de análise. Se tiver uma situação mais delicada, passamos só o que é o necessário para o jogador. Em contrapartida, se o jogador precisa de alguma coisa, também fazemos esse meio de campo. A parte das multas por causa de atraso acabou sendo criada por nós, se o camarada não se pesar todos os dias tem uma questão punitiva. No final das contas, o seu comportamento diário faz diferença e reflete em treinos e jogos. Até chegar aos resultados, existe um processo trabalhado ao longo do caminho.

Mesmo antes de assumir o posto, quando você sentiu que a sua liderança tinha impacto no vestiário?

F – A questão da liderança acaba sendo uma questão muito natural. Talvez uma simples conversa ou uma atitude gera essa questão da liderança. A palavra do capitão acaba sendo a última, mas a troca de opiniões por um bem maior é muito favorável. Sempre tive essa capacidade de dialogar com as pessoas na tentativa de organizar a parte interna para termos bom rendimento nas partidas. Esse ano essa responsabilidade aumentou, porque mesmo com ótimo relacionamento com os outros quatro capitães .

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