Foto: Divulgação/LIDE Paraná

Denzel Washington volta ao crime e caça um serial killer em Os Pequenos Vestígios

Denzel Washington, Jared Leto e Rami Malek bem que tentaram, mas não conseguiram. O novo filme estrelado pelo trio de os..

Denzel Washington, Jared Leto e Rami Malek bem que tentaram, mas não conseguiram. O novo filme estrelado pelo trio de oscarizados, “Os Pequenos Vestígios”, tinha todo o jeito de ser um forte jogador na atual temporada de premiações, especialmente pelo elenco, mas acabou embolsando apenas indicações para Leto no Globo de Ouro e no SAG -termômetros que, nesse caso, não previram tão bem quem chegaria ao Oscar.

Dirigido por John Lee Hancock, o longa é mais um de seus filmes que geram expectativa pelas performances empolgantes e elogiadas, mas que acabaram de fora das categorias principais das premiações -foi assim com Michael Keaton em “Fome de Poder” e com Emma Thompson e Tom Hanks em “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”. Antes deles, em 2009, é justo dizer, Sandra Bullock conquistou o Oscar por “Um Sonho Possível”.

O destino quis que outras estrelas de Hollywood ficassem com as indicações de atuação deste ano, fato que, aliado à pandemia, pode ter contribuído para a Warner adiar a estreia do filme no Brasil diversas vezes. Originalmente previsto para janeiro, ele chegou no último dia 22 às cidades com cinemas abertos.

Nos Estados Unidos, “Os Pequenos Vestígios” foi um dos primeiros filmes da Warner -estúdio que adotou algumas das medidas mais radicais durante a pandemia- a serem lançados numa estratégia híbrida, saindo ao mesmo tempo em salas de cinema e o streaming HBO Max.

Quando anunciada, a decisão surpreendeu muita gente e os próprios diretores e atores que trabalham em produções do estúdio foram a público para criticar. John Lee Hancock também não gostou muito da situação, mas, em conversa por telefone, diz que a compreende.

“A parte chocante foi que anunciaram isso sem discutir com ninguém antes, o que magoou muita gente, incluindo eu mesmo. Mas com a pandemia eles não podem sentar em 20 filmes e esperar mais de um ano para lançar. Eu não lidei tão bem com isso, mas eu entendo e sou grato pelo apoio que recebi nesse trabalho.”

Em “Pequenos Vestígios”, Denzel Washington vive um policial que caiu em desgraça após um erro durante uma operação. Anos mais tarde, depois de ser transferido para uma cidadezinha pacata, ele volta a Los Angeles para resolver burocracias de um caso, mas acaba se envolvendo numa investigação comandada pelo personagem de Rami Malek, uma estrela em ascensão que caça um assassino em série.

Todos os caminhos apontam para Albert Sparma, interpretado por Jared Leto, mas seus olhos vidrados, jeito excêntrico e hábitos reclusos parecem dar uma solução óbvia demais para crimes dos quais, apontam as evidências, ele passou longe.

A saga para levar “Os Pequenos Vestígios” às telas antecede, e muito, a pandemia de Covid e seus fechamentos. Cerca de 30 anos se passaram desde que Hancock escreveu o roteiro. Foi entre 1992 e 1993, embalado pela onda de filmes policiais da década, que o cineasta teve a ideia para a história. Ele reaproveitou elementos frequentes -como a parceria inusitada entre dois agentes da lei díspares e os assassinatos em série- e os tentou expandir para além do subgênero.

Steven Spielberg, Clint Eastwood, Warren Beatty e Danny DeVito foram alguns dos nomes cotados para dirigir o longa, antes de o roteirista Hancock se converter em diretor. O projeto foi engavetado e redescoberto recentemente. O primeiro a embarcar nele, além do próprio cineasta, foi Denzel Washington, figurinha carimbada dos suspenses de crime.

“Eu não olho para os filmes pensando muito no gênero, eu só leio o roteiro e descubro se estou interessado, se é uma história da qual eu gosto, se me fez dormir, se me deixou empolgado para descobrir o que vai acontecer”, afirma o ator.

Ele diz que a possibilidade de atuar ao lado de Malek e Leto o deixaram animado para “Os Pequenos Vestígios”. E, de fato, esse é o ponto alto do longa -ver dois atores de uma geração mais jovem, mas já premiados, ao lado de um veterano de talento inquestionável e do calibre de Washington.

A conversa com o ator aconteceu em janeiro, antes da condenação do policial branco que assassinou George Floyd nos Estados Unidos, mas a expectativa em torno de seu julgamento já era latente na época -Derek Chauvin foi considerado culpado e sentenciado em três categorias de homicídio na semana passada.

Washington, o segundo negro na história a ganhar um Oscar de melhor ator e que neste novo trabalho vive justamente um xerife, no entanto, foge de comparações entre o assassinato e seus papéis policiais, mesmo que em “Os Pequenos Vestígios” ele interprete um agente pouco afeito ao livro de regras.

“Nos meus trabalhos eu senti um gostinho dos perigos aos quais esses policiais e militares estão expostos, então é importante reconhecer a importância deles também”, ele se limita a dizer.

Em seu próximo trabalho, Washington não vai se descolar das tramas encharcadas de sangue de “Os Pequenos Vestígios” ou de outros de seus longas, como “O Protetor” e “Protegendo o Inimigo”. As fardas, no entanto, não estarão presentes dessa vez. Ele terminou de filmar, recentemente, “The Tragedy of Macbeth”, versão da igualmente violenta tragédia de Shakespeare, com previsão de estreia para este ano.

Veja o trailer: