Morre Jefferson Kulig, estilista paranaense e veterano da SPFW, aos 54

Dono da marca Use Natureza, o estilista Jefferson Roberto Kulig ficou conhecido por sua moda voltada a peças conceituais que remetiam a arte, música e ciências

O estilista Jefferson Roberto Kulig, paranaense que participou de mais de dez edições da São Paulo Fashion Week, morreu na última terça (1º), aos 54 anos. A informação foi divulgada pela irmã de Kulig, a também estilista Karina Kulig Wolff, em suas redes sociais.

“Um criador e estilista incrível que colocou o Paraná em evidência na moda nacional nos anos 1990 e 2000. Infelizmente, ele não suportou mais as pressões e angústias da vida”, escreveu, sem revelar a causa da morte. Ele morreu em casa e foi sepultado nesta quarta (2) no cemitério paroquial da Colônia Orleans.

Dono da marca Use Natureza, Kulig ficou conhecido por sua moda voltada a peças conceituais que remetiam a arte, música, literatura e ciências. Filho de um casal dono de uma fábrica de tricô, ele lançou sua primeira coleção aos 20 anos, ainda que sua formação tenha sido primeiro em economia. Depois, estudou moda no Studio Berçot, em Paris.

Nascido em Curitiba e criado em São Luiz do Purunã, desde jovem começou a se interessar por tecidos ainda acompanhando o negócio dos pais. Nesse sentido, a pesquisa de materiais sempre foi um dos focos do seu trabalho, na busca por tecidos sustentáveis e tecnológicos. Entre eles, destaque para o “tk-borracha” e pelo uso de seda e algodão orgânicos.

Após cerca de 15 anos de carreira, foi convidado para integrar a São Paulo Fashion Week, um dos maiores eventos de moda do mundo. Kulig foi um nome pioneiro do Paraná no evento. Como exemplo de seu trabalho, na SPFW de 2004, sua grife desfilou capacete de sensores com fios conectores e peças com estampas feitas a partir de trabalho com pólvora e areia foram usadas seguindo esse conceito.

De acordo com Kulig, conforme disse a este jornal, remetiam “quimicamente à fisicalidade do corpo e sua estrutura basal”. Na mesma ocasião, como acessório, o estilista criou bases acopladas ao corpo e conectadas a hastes metálicas que, segundo ele, “além de sua função estética funcionam como músculos artificiais, potencializando a atividade físico-motora”.

Em 2013, porém, ele abandonou as passarelas para se dedicar à sua marca, voltada à sustentabilidade. Na ocasião, disse a este jornal que o desfile, na época custando cerca de R$ 100 mil, não atraía compradores suficientes para fechar o caixa. “De todas as pessoas que viram meus desfiles da Fashion Week, se vi dez depois no ‘showroom’ foi muito”, afirmou, defendendo a rentabilidade de seus projetos pessoais.