Foto: Geraldo Bubniak./AEN

Apesar de associação garantir manutenção do Bussulfano, solução é considerada temporária

Um comunicado da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular) afirmou que uma atuação conj..

Um comunicado da ABHH (Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular) afirmou que uma atuação conjunta com o Conasems (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) garante a manutenção do medicamento Bussulfano, que é essencial para a realização de transplante de medula óssea, até 2022 (leia o aviso completo aqui). 

Porém, por se tratar ainda de uma tratativa para que ocorra a importação emergencial, não é garantido que a distribuição do medicamento ocorra até o próximo ano.

Ontem, o laboratório francês Pierre Fabre, distribuidor exclusivo do Busilvex no país, afirmou que está em processo de negociação com o laboratório Otsuka pedindo a importação do medicamento “visando atender o mercado brasileiro até a metade de 2022”.

“Nós sabemos que essa é uma solução muito temporária e que necessitamos buscar junto aos órgãos competentes algumas tratativas para que esse problema não ocorra mais. Não podemos relaxar e precisamos continuar pressionando os órgãos competentes para achar uma solução definitiva”, explicou Carmem Maria Sales Bonfim, chefe do Serviço de TMO do HPP.

Nesta semana, o HPP (Hospital Pequeno Príncipe), que é referência em TMO, estimou que a suspensão do medicamento pode comprometer 70% dos procedimentos. Em 2019, foram realizados 534 transplantes de medula óssea em crianças e adolescentes no Brasil. No hospital paranaense foram feitos 61 procedimentos, ou seja, 11% do total.

Associado ao tratamento oncológico, o transplante de medula óssea também surge como única esperança de vida para pessoas com diversas doenças raras. Entre elas, a “doença da bolha”, como é conhecida a imunodeficiência combinada grave. Nestes casos, sem o TMO, a expectativa é de que 98% dos bebês diagnosticados com a síndrome morram antes de completar dois anos.

Infelizmente, atualmente não existe outro medicamento que substitua o bussulfano. “Se não resolvermos esta situação, todo o transplante de medula óssea realizado no país estará comprometido, e muitos pacientes brasileiros não poderão mais receber este tratamento”, avalia Carmem.

Sobre a demanda pelo medicamento essencial para o transplante de medula óssea, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) informou que o estoque de bussulfano pode durar somente três meses.

O laboratório Pierre Fabre encaminhou uma nota afirmando que a interrupção no abastecimento surgiu de uma questão operacional, confira abaixo!

“A Pierre Fabre é a distribuidora exclusiva no Brasil de Busilvex®, medicamento do qual a licença pertence ao laboratório japonês Otsuka. A Otsuka subcontrata a fabricação do Busilvex® em um terceiro.

A possibilidade de interrupção do abastecimento surgiu de uma questão operacional, decorrente do encerramento da atividade de produção do medicamento no local de fabricação atualmente aprovado pela Anvisa.

Queremos reforçar que não interrompemos a distribuição de Busilvex® e o estoque atual atende os pacientes brasileiros até junho de 2021. O paciente é o centro do nosso propósito e atuação da Pierre Fabre.

Como parte desse compromisso, realizamos na data de 08/01/2021 uma reunião com a Anvisa para apresentar uma nova opção de fornecimento de Bussulfano ao mercado brasileiro, que estamos buscando viabilizar em conjunto com a Otsuka.

Como providência imediata após reunião com a agência reguladora, a Pierre Fabre irá oficializar um pedido de excepcionalidade de importação de Bussulfano proveniente de um outro parceiro da Otsuka, que atenderia o mercado brasileiro até metade de 2022, para que haja mais tempo de se buscar uma solução definitiva para a normalização das importações.”