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UFPR descobre órgãos em fósseis de animais marinhos

UFPR descobre órgãos em fósseis de animais marinhos

A descoberta coletada no Paraná, em Ponta Grossa, é considerada rara em todo o mundo; cientistas da UFPR conseguiram descrever esse processo

Mirian Villa, com assessoria - sábado, 7 de outubro de 2023 - 07:00

Cientistas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) conseguiram descrever um processo geológico raro que permitiu a conservação de órgãos em fósseis de serpente-do-mar. A descoberta sobre os fósseis coletados no Paraná é considerada rara em todo o mundo, por tratar-se de um animal frágil, exigindo condições excepcionais de fossilização.

Os ofiuroides – grupo de animais marinhos – coletados na região do município de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, são os primeiros a registrarem conjunto de órgãos sobre os fósseis. Dessa forma, é possível conhecer em detalhes a anatomia das espécies já extintas.

Até hoje, a preservação por carbonificação não tinha sido registrada em nenhum fóssil de animais marinhos. O mais comum é que apenas as partes duras, como espinhos e pequenos ossos, desses animais sejam preservados como fósseis. As partes moles, como os órgãos, costumam se decompor rápido demais para fossilizar sob condições ambientais normais.

Apenas alguns lugares do mundo registram restos ou vestígios de animais preservados com traços de partes moles, indicando antigos ambientes que permitiram a fossilização de restos orgânicos de certos organismos. 

Reprodução/UFPR

O pesquisador responsável pela descoberta, Malton Carvalho Fraga, explica que tais locais são conhecidos como “Konservat-Lagerstätte”, que quer dizer depósitos com fósseis em excepcional condição de preservação.

“Além da ótima qualidade de preservação, alguns desses ofiuroides também registram evidências de predação, algo muito raro, mas que nos dá a oportunidade de entender mais sobre os predadores desses animais ao longo da história do planeta”, destaca Malton.

A descoberta está registrada no artigo Preservation models of ophiuroids in epicontinental basins: Examples from a new Devonian echinoderm Lagerstätte from Brazil, publicado na revista científica internacional Journal of South American Earth Sciences.

Os estudos os estudos indicam que os animais prosperaram em diferentes fundos marinhos, embora tenham sido preservados principalmente em regiões mais próximas da foz de rios, onde esses animais são anestesiados e soterrados por sedimentos ricos em água doce.

A carbonificação ocorre após o soterramento, quando as partes orgânicas do corpo de um organismo, seja vegetal ou animal, são comprimidas pelo peso do sedimento acumulado acima. O processo é mais frequente em amostras que contém substâncias como quitina, queratina, lignina ou celulose.

Animais Marinhos no Paraná

A fossilização permitiu identificar que os animais marinhos prosperaram no mar polar que cobriu o Paraná e outros estados do Brasil durante o Devoniano – período em que a Índia, África, Austrália, Antártida e América do Sul ainda estavam unidas no antigo supercontinente Gondwana. 

O estudo aponta também que esses animais alimentavam-se de restos de carcaças e de partículas orgânicas presentes no sedimento e na coluna d´água, migrando para novas áreas marinhas mais ricas em alimento quando necessário.

A pesquisa propõe o uso do termo Ponta Grossa Konservat-Lagerstätte para referências às rochas do Paraná ricas em ofiuroides bem preservados, além do bom potencial de preservação de outros grupos fósseis associados. As informações são da Revista UFPR

Malton Fraga/Labpaleo-UFPR/

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