
Cinco delatores da Lava Jato já citaram fundos de pensão
Narley Resende
12 de setembro de 2016, 14:24
Em depoimento na Justiça Federal do Paraná, o publicitário Marcos Valério, que cumpre pena pelo escândalo do mensalão, d..
Roger Pereira - 12 de setembro de 2016, 20:56
Em depoimento na Justiça Federal do Paraná, o publicitário Marcos Valério, que cumpre pena pelo escândalo do mensalão, disse que chegou a assinar o contrato para um empréstimo de R$ 6 milhões de sua empresa, a 2S, ao PT, tendo como destinatário final o empresário de Santo André Ronan Maria Pinto, mas desistiu de fazer o depósito depois de buscar informações a respeito do motivo do empréstimo e sobre o histórico do empresário.
“A assinatura é minha, o contrato foi assinado por mim mesmo. Fui procurado pelo Sílvio Pereira, que falou que estava com um problema, que o presidente (Lula) estava sendo chantageado e que precisava pagar R$ 6 milhões para um cara, o tal do Ronan Maria Pinto”, disse. “Saí de lá e fui falar com José Janene, expliquei a situação e ele elaborou o contrato. Mas me orientou a descobrir, antes, quem era o Ronan. Fui até Brasília pesquisar e o que descobri não me agradou, então, informei ao Sílvio Pereira que não faria o depósito”, acrescentou.
Questionado sobre qual seria o motivo que o fez mudar de ideia, ele não quis falar. “Eu gostaria de não responder a essa pergunta, porque é uma situação muito grave e o senhor não tem condições de garantir a minha vida”, disse o depoente, sem dar nenhum detalhe. Investigações da força-tarefa da Lava Jato chegaram a relacionar o caso ao assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, mas não avançaram sobre a questão. “Eu disse que era uma situação muito delicada e que eles precisavam de uma pessoa de extrema confiança do presidente para fazer isso. E essa pessoa, não era eu”, firmou
Marcos Valério disse que, após sua negativa, Sílvio Pereira ainda pediu para que falasse com Ronan Maria Pinto para que ele ganhasse tempo a procura de um novo financiador. “Fui ao encontro dele. Na conversa, ele falou que queria o empréstimo para comprar metade do diário do ABC Paulista, que o jornal estava criando embaraços para eles lá em Santo André e que surgiu a oportunidade de comprar o jornal”
Valério contou que nunca mais soube nada sobre a transação até que, durante a CPI do mensalão foi informado por Paulo Okamoto, segundo ele escalado pelo PT para acompanhá-lo durante a crise do mensalão, que o empréstimo tinha sido viabilizado através do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, através do Banco Schahin.
Marcos Valério depôs na ação penal que apura o destino de metade dos R$ 12 milhões emprestados pelo Banco Schahin ao empresário José Carlos Bumlai, que teriam como destino final Ronam Maria Pinto. O caso é alvo da Operação Lava Jato porque o empréstimo teria sido quitado junto ao banco através da contratação do Grupo Schahin para operar uma sonda da Petrobras.