Outros casos
Além do caso remetido ao juiz Sérgio Moro, outro caso foi remetido para a Justiça Federal do Rio de Janeiro: a denúncia de que o ex-deputado teria cobrado vantagens indevidas em contratos de navios sonda da Petrobras. O caso foi para a Justiça Fluminense porque envolve a prefeita de Rio Bonito, a ex-deputada Solange Almeida, aliada de Cunha, que tem a prerrogativa de ser julgada pelo Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro.
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A primeira denúncia contra ele na Lava Jato é de ter recebido R$ 5 milhões de propina em contas não declaradas na Suíça. A jornalista Claudia Cruz, esposa de Cunha, tembém responde por lavagem de dinheiro e evasão de divisas em outro processo relativo ao desvio de recursos da Petrobras, referente ao caso de Benin.
Brasília - O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, embarca para Curitiba após ser preso pela Polícia Federal. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil.
Investigação
Em dezembro, a residência do ex-deputado foi alvo de mandados judiciais. As ações de busca e apreensões fizeram parte da Operação Catilinárias, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Em nota, a PF informou que os mandados estão relacionados a sete processos instaurados a partir de provas obtidas na operação, com a finalidade de evitar que provas importantes fossem destruídas pelos investigados.
Em março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República e determinou que as investigações sobre contas no exterior ligadas a jornalista Claudia Cruz e a Danielle Dytz da Cunha, mulher e filha do ex-deputado fossem enviadas ao juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância.
A esposa é apontada como beneficiária de uma das contas mantidas por Eduardo Cunha na Suíça. Já a filha, teria um cartão de crédito vinculado a uma das contas. As investigações apontam que as duas teriam utilizado o dinheiro em viagens internacionais. Os gastos passam de 50 mil dólares apenas em lojas de luxo, como as grifes Prada e Chanel.
Citado
Em abril, durante sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sobre a abertura do processo de cassação do então deputado Eduardo Cunha, o empresário Leonardo Meirelles, dono do laboratório Labogen, disse que o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do esquema de corrupção da Petrobras, usava contas de suas empresas para receber e repassar valores e que Eduardo Cunha teria feito pressões para uma grande transferência de valores para uma de suas contas.
“Youssef só me passava valores e pedia para checar pelas contas. Geralmente, eram off shores e é muito difícil ter os nomes de pessoas físicas”, disse Meirelles, que recebia uma remuneração por cada transferência efetuada. O empresário relatou que, em um almoço com o doleiro, após ter visto o empresário Júlio Camargo ter deixado o escritório do doleiro, Youssef disse que estava aliviado por ter finalizado um contrato. “Ele comentou sobre a pressão que sofria por ser uma transferência grande. Era de Eduardo Cunha os valores desta transferência”, afirmou Meirelles.
“Ele , nesta Casa por três vezes. Não estou aqui para prejulgar ou acusar ninguém. Só estou colocando fatos que já foram elucidados”, acrescentou.
Depois, no mesmo mês, o ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, em seu primeiro depoimento ao juiz federal Sérgio Moro na qualidade de delator na Lava Jato, confirmou que só conseguiu receber a propina negociada com a Samsung e a Mitsui após interferência de Cunha.