
Executivo diz que imóvel foi ‘retribuição’ para Lula
Narley Resende
06 de junho de 2017, 08:31
Narley Resende e Mariana OhdeO ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso no Complexo Médico-Penal na região de Cu..
Narley Resende - 06 de junho de 2017, 09:00
Narley Resende e Mariana Ohde
O ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso no Complexo Médico-Penal na região de Curitiba, é alvo de um novo mandado de prisão preventiva. Na mesma ação, o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves foi preso na manhã desta terça-feira (6), em um desdobramento da Operação Lava Jato. Aliados do presidente Michel Temer, ambos são do PMDB e foram presidentes da Câmara dos Deputados.
A nova operação é baseada em delações da Odebrecht e investiga corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal (RN). O sobrepreço identificado chega a R$ 77 milhões.
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já está preso no Paraná desde outubro de 2016, em decorrência da Operação Lava Jato. A prisão é referente ao processo em que Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de petróleo em Benin, África, e de usar contas na Suíça para a lavagem de dinheiro.
Cerca de 80 Policiais Federais cumprem 33 mandados judiciais, sendo cinco mandados de prisão preventiva, seis mandados de condução coercitiva e 22 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Norte e Paraná.
Coletiva de imprensa da Polícia Federal em Brasília:
Investigação
Segundo a PF, a investigação começou após a análise de provas coletadas na Operação Lava Jato que apontavam solicitação e recebimento de vantagens indevidas pelos dois ex-parlamentares, cujas atuações políticas favoreceriam duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio Arena das Dunas.
A partir de delações premiadas e afastamento de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos, foram identificados diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre 2012 e 2014, que se tratavam de propina. A polícia também identificou que os valores supostamente doados para a campanha eleitoral em 2014 de um dos investigados foram desviados em benefício pessoal.
Os investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
Sobre o nome da operação, é referência ao provérbio latino “Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat”, cujo significado é: uma mão esfrega a outra; uma mão lava a outra.
No dia 18 de maio, Eduardo Cunha já havia sido alvo de mandado de prisão no âmbito da Operação Patmos e foi notificado na prisão. O mandado foi expedido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Operação Patmos foi deflagrada após o vazamento da delação premiada dos empresários Joesley e Wesley Batista, proprietários do frigorífico JBS. O conteúdo foi publicado pelo jornal “O Globo”. Além de Cunha, também foram alvos dos mandados o senador Aécio Neves (PSDB), sua irmã e assessora, Andrea Neves, e o primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros.
Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos e quatro meses por crimes de corrupção no âmbito da Lava Jato.