A tornozeleira que falta ao Rio

Jornalista Alceo Rizzi faz uma análise sobre a recusa do deputado em usar tornozeleira eletrônica por determinação da Justiça

A tornozeleira que falta ao Rio

Por Alceo Rizzi

Esse brutamontes anabolizado e deputado carioca que se recusa a cumprir nova ordem judicial,  para voltar a usar tornozeleira eletrônica  por seu contumaz comportamento delinquente, talvez seja apenas expressão e evidência do que se transformou a desgovernada ex-capital da República, a bela  Rio de Janeiro.

Em que pese a idade  mental do sujeito, fosse isso um atenuante. Parece vítima dele mesmo, desajustado por formação. Alçado ao convívio de ambiente que não entende e nem domina, retirado de um habitat, onde o Estado formal existe  apenas no papel, sempre esteve omisso, quando não cúmplice.

O Rio se especializou em se transformar, em décadas,  em Estado paralelo dentro do Estado oficial. Espécie de laboratório,  escola de graduação marginal do universo do submundo, com seu arcabouço próprio  de leis não escritas, códigos e costumes. Um Arcabouço abrangente e variado que se tornou espécie de Constituição consuetudinária da delinquência,  criminosamente ágrafa, para  facilitação do entendimento.

 Cinco governadores presos por corrupção em menos de três décadas, desembargadores denunciados, deputados idem, policiais envolvidos com o crime,  regiões inteiras dominadas pelo tráfico de drogas e d armas, em posição  alternada com  milícias que, associadas ou isoladas, também controlam venda de drogas e de serviços. Universo de onde parece ter surgido esse sujeito, eleito na trágica descarga mal cheirosa  que deu notoriedade à tantos outros de áreas pantanosas, de onde surgiram.

Tornozeleira  pode servir novamente para ele tentar aprender a deixar de ser besta.

A tornozeleira no Rio é que parece difícil de se colocar.

Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal

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