Janaina Chiaradia

In loco: transmitindo informações e compartilhando experiências

 Da série “A Bíblia e a Gestão de Pessoas”

 A série de hoje, do In Loco, vai nos proporcionar mais uma das lições do mestre, Paulo de Araújo, portanto, aprecie a lição e aprimore seus conhecimentos:

Tem algo que ainda não percebemos…

A maioria dos erros que cometemos são de natureza comportamental. Se um sujeito tem dificuldade para se organizar em suas finanças não basta ensiná-lo como fazer uma planilha de seus gastos mensais, isto é relativamente fácil e ele poderá aprender.

A questão é se ele está disposto a mudar seus hábitos de consumo, a fazer pesquisa de preços antes de adquirir um produto ou serviço; se é capaz de exercer autocontrole em termos de impulso de compras; se consegue auto disciplinar-se a ponto de estabelecer uma meta mensal de poupança a fim de “juntar” o montante necessário para adquirir a vista. Estas ações não envolvem conhecimento técnico, são atitudes. E isto é de natureza comportamental. Se um indivíduo se atrasa para seus compromissos ou mesmo esquece de algum deles, não basta ensiná-lo a usar uma agenda; é praticamente certo de que ele tem consciência de que deve aprender a utilizar este recurso.

Aliás, hoje temos as agendas eletrônicas as quais se constituem numa ferramenta muito eficiente. Seus descuidos e até mesmo suas procrastinações em relação aos compromissos assumidos são de natureza comportamental. O que este indivíduo precisa é mudar seus hábitos, suas atitudes, sua maneira pensar.

Quando analisamos os erros cometidos na administração pública, por exemplo, facilmente constatamos que eles não ocorrem porque falta competência técnica aos gestores (em alguns casos até é possível que ocorra). A maioria possui as competências adequadas ao cargo que ocupa.

No entanto, o Estado e suas instituições sofrem com a prodigalidade de seus administradores, uma vez que os gastos superam a arrecadação. E por que isto ocorre? Porque muitas decisões são de caráter político e não técnico. Porque os interesses particulares se sobrepõem aos da coletividade – o mau caratismo, ou se preferir a falha em forjar um caráter idôneo interfere de forma vil no processo decisório quanto ao gasto público. Este problema não tem origem técnica, é uma questão de atitude, de comportamento fundamentado em valores apreciáveis e desejáveis. Se um funcionário de uma organização é promovido a um posto de chefia, mas sua atuação como líder deixa a desejar, apesar de todos os treinamentos e capacitações proporcionados pela empresa, é provável que suas deficiências estejam associadas a questões de ordem comportamental.

Talvez seu quociente de inteligência emocional seja baixo. Neste caso, especificamente, não lhe falta conhecimento técnico, mas sim outras habilidades que têm a ver com a inteligência emocional, como por exemplo: assertividade, comunicação eficaz, relacionamento interpessoal, empatia e outros. Observe, são aspectos que dizem respeito às competências comportamentais.

Neste caso o saber cognitivo contribui com uma parte do processo, a outra tem a ver com trabalhar elementos inconscientes a fim de que se transformem em atitudes conscientes.

A Bíblia Sagrada registra a impressionante história do profeta Daniel que, por um decreto real, foi lançado na cova dos leões. Este, além de profeta, foi um dos principais ministros no reino da Babilônia. Ele foi vítima da inveja de seus pares, os quais tramaram contra sua vida. Daniel, segundo descrito no livro sagrado, era um homem estudioso versado em várias ciências. Seu perfil excelente o fez ascender ao segundo escalão do governo babilônico. Porém, seu brilho passou a incomodar e por isso tentaram denegrir sua imagem perante o rei.

O texto bíblico assim o define: “Os presidentes e os sátrapas procuravam ocasião para acusar a Daniel a respeito do reino; mas não puderam achála, nem culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.” Veja, isto é o que podemos classificar como um bom caráter. Ainda que culto, o que o diferenciava dos demais não era o conhecimento nem as habilidades, mas sua atitude. Ele era um homem comprometido com o que era correto.

Portanto, conhecimentos e habilidades sem atitudes e valores éticos não faz diferença alguma.

Paulo Roberto de Araujo – especialista em gestão de pessoas. www.gentecompetente.com.br