Foto: DER PR

Paraná caminha a passos lentos na vacinação e combate da Covid-19

O presidente Jair Bolsonaro começa a pagar a pesada conta pela displicência com que tratou e vem tratando o problema da ..

O presidente Jair Bolsonaro começa a pagar a pesada conta pela displicência com que tratou e vem tratando o problema da pandemia do coronavírus no País, com a perda acelerada de popularidade. Foi irresponsável na condução da crise, com seus múltiplos efeitos trágicos.

Assim, um dia após o país bater recorde de 2.798 mortes em 24 horas, Bolsonaro bate, também, recorde de rejeição ao seu trabalho na condução da crise na saúde. 54% dos brasileiros reprovam sua gestão, segundo pesquisa Datafolha.

Mais desolador ainda é quando observamos que gestores estaduais não deram, no início, a devida atenção em relação ao mostro que saiu da China para devastar o mundo.

No Paraná, as autoridades sanitárias tinham amplo conhecimento do perigo, mas também negligenciaram ao não fazer uma previsão, no caso, de medicamentos, leitos hospitalares, equipamentos e contratação de pessoal para atender à demanda que surgia no horizonte.

Por isso, a grave e trágica crise sanitária que colocou o País no epicentro da pandemia aos poucos também está revelando o despreparo e a incapacidade gerencial de pretensos líderes com a falta de planejamento, chegando a limites do território da displicência vergonhosa.

O caso do Estado do Paraná passa a ser emblemático neste cenário, com gestores titubeantes na condução do combate ao vírus, acontecendo por demandas imediatas causadas pela doença, a ponto de chegarmos ao colapso do sistema de atendimento hospitalar e que pode também se estender para a rede funerária.

Como explicar, por exemplo, que no Estado tenha em seu estoque a ridícula quantidade de sedativo para tratamento de pacientes que necessitam de intubação, suficientes apenas para mais dois dias, como disse o secretário estadual da Saúde.

Ainda: como explicar que o Paraná, que sempre foi um Estado modelo em ações de gestões públicas e privadas, pode estar tão atrasado na vacinação de pessoas idosas. Enquanto São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e alguns do Nordeste estão vacinando idosos com 72 anos aqui, no Paraná, ainda estamos na faixa etária de 77 anos. Em Curitiba, a justificativa da Prefeitura Municipal é a de que a programação depende do número de vacinas repassadas pelo Ministério da Saúde. É vergonhoso.

Temos que questionar como o Estado chegou a uma situação dessas com ausência absoluta de providências antecipadas e de planejamento, com  previsibilidade de que esse medicamento poderia faltar, agravando ainda mais o quadro da tragédia?

Entre outras coisas, a pandemia acaba revelando como o País está carente de homens e mulheres qualificados  para o exercício da gestão pública, para enfrentar desafios,  principalmente diante de catástrofes como a que estamos vivendo, e da qual o Paraná não fica de fora.

Não que seja talvez possível, pela índole de muitos deles, que se revelem líderes como o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que  mudou a História do planeta ao opor corajosa resistência contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial, enquanto outras nações caíam de joelhos, mesmo Londres sendo colocada abaixo pelos bombardeios.

Poderiam ter ao menos a coragem de não serem omissos. No Paraná, o governador assiste a uma luta hercúlea de prefeitos desesperados com o avanço da contaminação, como faz o prefeito de Curitiba,  e o governo do Estado ainda assim adota apenas medidas paliativas, tentando agradar a gregos e troianos. E não impõe a outros municípios que sejam adotadas restrições de circulação de pessoas e, se preciso o fechamento de atividades não essenciais.

De que vai adiantar o esforço do prefeito de Curitiba, com todo o ônus que possa haver, se alguns municípios da região metropolitana continuam funcionando como se nada houvesse, sem que o governo do Estado também faça sua parte? Não podemos afirmar que o governador do Paraná tenha se mantido omisso. Mas, neste caso, demorou a adotar medidas, a ter atitude.

O que nos parece é que o governador Ratinho Junior, ao longo do período da pandemia, temia retaliação do presidente perturbado. Esta na hora do Governo do Paraná bater na mesa e mostrar ao País que aqui tem comando, coragem, planejamento, competência e a ousadia  necessária diante das calamidades. Está na hora de Ratinho Junior cobrar igualdade nas vacinas e não ficar atrás do Rio Grande do Sul.

Afinal, lealdade ele provou ao presidente Bolsonaro.