Pedro Ribeiro
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Nesta quarta-feira, pela manhã, alguns ruídos em algumas ruas da periferia de Curitiba, com gritos de ordem como “intervenção militar, já”, chamaram a atenção das pessoas que defendem a democracia e a ordem social. Dias desses houve barulho semelhante no Rio Grande do Sul.

Os fracos batidos de bumbos e berros caricatos de psicopatas surgiram após o novo ministro da Defesa, Braga Netto, fazer alusão ao golpe militar de 1964 com discurso possivelmente encomendado pelo seu chefe, o presidente Bolsonaro. Sempre houve uma comemoração dentro dos quartéis, mas o tom da carta do novo ministro trouxe uma frase para pensar: diz que é papel das Forças “garantir os poderes constitucionais”.

O vice-presidente, Hamiltom Mourão, general da Reserva, defendeu respeito ao critério de antiguidade na escolha da nova cúpula militar. A saída conjunta foi decidida por Bolsonaro após demitir o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e ver os oficiais se recusarem a politizar as Forças Armadas. Não deixa de ser um recado.

"Eu julgo que a escolha tem que ser feita dentro do princípio da antiguidade, até porque foi uma substituição que não era prevista. Quando é uma substituição prevista, é distinto. Então, se escolhe dentro da antiguidade e segue o baile", afirmou o vice.

O ex-ministro de Secretaria de Governo do governo Jair Bolsonaro, Carlos Alberto dos Santos Cruz que disse: a solução para o país está no Legislativo, no Judiciário e no Executivo e que ‘Forças Armadas não são poder moderador’. Santos Cruz também classificou como ‘estapafúrdia’ e ‘fora de qualquer ética’ a decisão de Bolsonaro de trocar os três comandantes militares.

Em entrevista ao Jornal da CBN nesta quarta-feira (31), Santos Cruz disse que a solução do Brasil “não está na porta dos quartéis”. Para ele, a presença de militares na gestão Bolsonaro gera a percepção de que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica estão envolvidos com o governo, entendimento que não considera positivo para as Forças Armadas. Santos Cruz ainda afirmou que o excesso de militares acaba gerando uma deformação social, já que o país tem gente capacitada em outros setores que poderiam ajudar.

O general disse que vê na postura de Bolsonaro “deformações de comportamento preocupantes” e “anormais”. Em sua avaliação, isso pode levar a problemas e irresponsabilidades. “Você pode esperar qualquer coisa porque não é possível que uma pessoa normal tenha esse tipo de reação. O que a gente tem que ficar atento é que pode gerar qualquer surpresa desagradável”, alertou.