Pedro Ribeiro
Foto: DER PR

 

Por Alceo Rizzi

Vinte anos depois do apagão energético, o País se defronta com nova crise no setor, por deliberada inépcia de governos mais do que pela escassez de chuvas necessárias a abastecer reservatórios que movimentam sua matriz, dependente de hidrelétricas. Balela dizer que não há ameaça futura de racionamento.

Das águas dependem mais de 60% da energia gerada. A eólica, com ainda inexpressiva parcela apenas engatinha. O que houve foi apenas estímulo à expansão de poluentes termelétricas, antes quase em desativação e hoje responsável por quase 1/4 da potência gerada, modelo anacrônico, de caríssimos custos, de investimentos e também de manutenção, e que servem apenas para justificar o sistema de remuneração de tarifas, com dividendos à acionistas.

Em um país tropical, ensolarado como o Brasil, a geração solar, de custo zero se for considerada na equação do tempo permanente em que se paga diante de eventuais investimentos feitos, sua participação é ridícula.

Não por outro motivo que a Agência Nacional de Energia, cogitou tarifá-la e, diante do insucesso à tentativa de assalto desistiu. Não há política governamental que se contraponha a interesses envolvidos nem projeto para incorporar essa fonte na matriz de geração.

O Chile, já se beneficia de uma das maiores usinas de energia solar instalada no deserto de Atacama. Países da Europa investem na mesma fonte, em consórcio com outras matrizes com capacidades de geração.

O País progride em seu atraso refém de interesses que não são seus e que determinam as políticas delinquentes junto com prevaricações impunes. Sem que se mencione as arapucas em que se transformaram as agências reguladoras, por eles eventualmente aparelhadas e, em tese, criadas para evitar o escárnio.

Agora sob pretexto da maior crise hídrica dos últimos 100 anos numa bacia que pode por em colapso o modelo de transmissão integrada, o sistema e os acionistas se remuneram com a desfaçatez criminosa de sempre e colocam nas costas dos consumidores reajustes de tarifas. E fica por isso mesmo.

Alguém tem que pagar a conta, como sempre acontece.

Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal