Pedro Ribeiro

Temos acompanhado, ao longo do período em que se instalou a pandemia do coronavírus no Brasil e no Paraná, entidades classistas clamando pela abertura do comércio, com cartas e manifestos recheados de sentimentalismo, tentando sensibilizar as autoridades da área da saúde e gestores públicos municipais. Em nenhum momento, no entanto, não vemos tais lideranças assumirem responsabilidade em caso de uma explosão da Covid-19, como bem alertou e está acontecendo, o secretário da Saúde do Estado, Beto Preto.

A Associação Comercial do Paraná (ACP), representada pelo seu presidente, o empresário lojista Camilo Turmina, é uma dessas entidades que dia sim, dia não, pede a interferência da Prefeitura de Curitiba para abrir o comércio com a justificativa de que empresas estão falindo e o desemprego está aumentando. Todos nós sabemos disso e é um preço alto que o país está Pagando por não ter um sistema de saúde que de respostas rápidas à pandemias como a do coronavírus.

O prefeito Rafael Greca, um político e um cidadão curitibano altamente comprometido com a cidade, seus cidadãos e principalmente com a saúde geral, tem, a contragosto, dobrado os joelhos para atender os interesses exclusivos do comércio e dos empresários lojistas, mas está certo quando diz que não pode assumir sozinho esta responsabilidade.

A abertura do comércio com restrições ou cuidados, foi autorizada pelo prefeito, com aval da Secretaria Estadual da Saúde e acompanhamento do Ministério Público.

Agora, vejo nas redes sociais, Camilo Turmina voltando à carga, pedindo para que os empresários do setor do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana evitem superlotações nos ônibus. Será que o presidente da ACP não sabia que isto seria inevitável?

Entendo que é um direito dos comerciantes de abrirem suas lojas, da Abrabar reclamar pela abertura dos bares e restaurantes, mas entendo, também, que é preciso responsabilidade de ambas as partes neste momento crucial em que vive o Paraná.

Que neste momento, onde já observamos um aumento no número de casos e mortes pela Covid-19, que todos assumam o papel de protetor e que não fiquem ditando normas, regras de dentro de suas confortáveis casas e deixando à mercê de consequências graves os cidadãos comuns.

É válido, sim, a ACP recomendar o uso de máscaras, dotar todas as lojas de álcool gel e controlar o número de cidadãos que entram nos estabelecimentos. Mas, pelo que nos parece, há muitas pessoas que ainda não entenderam a gravidade do perigo.