
Filho coloca Bolsonaro entre o sacrifício do cordeiro e a credibilidade do governo
Pedro Ribeiro
19 de janeiro de 2019, 08:47
Jornalista, escritor e publicitário Alceo Rizzi escreve verdades em forma de crônica que nos leva à r..
Pedro Ribeiro - 19 de janeiro de 2019, 17:01
ANÚNCIO
Jornalista, escritor e publicitário Alceo Rizzi escreve verdades em forma de crônica que nos leva à reflexão sobre nosso passado recente e as dúvidas se seremos capazes de enfrentar a grande batalha da desigualdade e da injustiça que nos aguarda. Em rápidas palavras aponta, em meio a esperança de um governo promissor às expectativas do povo, constrangimentos desnecessários que nos fazem questionar se a esperança da virada para um novo tempo é efetiva ou duradoura.
ANÚNCIO
Por Alceo Rizzi
Dentro da escala dos constrangimentos, o da vergonha alheia talvez não seja o mais exposto, mas é um dos mais desconfortáveis e cruéis porque é passivo. É uma vergonha solidária, dessas que nos despertam reações intimas mas solitárias, deixam-nos contrafeitos e encabulados diante de situações fora dos nossos controles, deles somos apenas espectadores.
Quando esse sentimento mexe com a nacionalidade, o efeito talvez seja poderosamente ainda mais perverso, de dimensão elevada, porque o constrangimento adquire proporção e sensação coletivas. Mexe com a autoestima e, como espécie de reflexo e efeito rebote, nos torna então cumplices involuntários de um protagonismo indesejado e fora de nosso alcance.
O País sobreviveu ao resultado perverso de uma aventura que nos fez mergulhar na pior crise de sua História, em nome de um projeto de governo que se revelou em rotundo fracasso e em grande armadilha, em saques de suas riquezas. Passamos por este constrangimento de vergonha alheia perante os olhos do mundo como uma Nação de baixa credibilidade, de belezas naturais invejáveis e de um povo alegre e generoso, mas ao mesmo tempo dolorosamente sofrido, fácil de ser iludido e conduzido.
Nesses tempos de sobrevivência, com maior perspectiva em que se inicia da retomada de um esperança de passar a régua no passado e não repetir seus erros, uma espécie de vergonha alheia ainda nos persegue em nossa nacionalidade. À cada a dia que passa nos defrontamos com constrangimentos desnecessários e ainda mais surpreendentes, que nos fazem questionar se a esperança da virada para um novo tempo é efetiva ou duradoura.
O que ocorre no âmbito do País, em todas suas instâncias de poder e dimensões contemporâneas, tem conspirado contra. Parece que ainda teima em prevalecer uma vergonha alheia pelo pertencimento de um País que se debate em sua incapacidade de juntar os trapos e seguir um novo rumo
Quando da planície se avista um planalto disforme, com sombras indefinidas e fora de foco, junta-se a dúvida se seremos capazes de enfrentar a grande batalha da desigualdade e da injustiça que nos aguarda. O movimento deslocado e tresloucado, como sugere desde o início o deslocamento de algumas colunas da tropa no enfrentamento necessário, nos transmite amarga e indesejada sensação de sermos novamente expostos à vergonha alheia, nem por isso já solidária.
É uma vergonha constrangida apenas, de dúvidas e de questionamentos se seremos capazes de nos fazer merecedores de nós mesmos diante de tudo e perante aos olhos do mundo. Sem o constrangimento de passar a régua no passado, guarda-lo apenas com seus sábios ensinamentos. Com a firmeza necessária que se exige, mas com serenidade, ponderação e cautela, para que se possa seguir em frente, sem tropeços ou armadilhas.
Ou ficaremos todos em eterna e dividida discussão de caráter político e ideológico, devorados pela soberba dos que não reconhecem a responsabilidade pela crise que geraram, ou e pelos que, com a mesma ferocidade, se julgam mensageiros e proclamadores de uma modernidade tão obtusa quanto a que ficou para trás.