Adeus às armas
Alceo RizziAtos de indisciplina de oficiais de baixa patente, mesmo de soldados, estimulados pela decisão de não ..
Alceo Rizzi
Atos de indisciplina de oficiais de baixa patente, mesmo de soldados, estimulados pela decisão de não se punir o general de Divisão da ativa e ex-ministro da Saúde, por transgressão ao código de conduta da instituição, pode ser o menor dos problemas do comandante do Exército daqui para a frente. Seja como oficial investido no cargo, ou no aspecto de respeito pessoal, o maior desafio agora talvez seja o de recuperar a credibilidade e dar demonstração de capacidade de comando à tropa. Incluindo nela generais da ativa e admiração dos da reserva, a começar pela Alta Cúpula, muitos deles favoráveis à uma punição do militar que transgrediu o código de disciplina ao participar de ato político junto com o presidente. Colocou o Exército de joelhos ao aceitar interferência e quebra da hierarquia em uma relação direta de um comando sobre seu subordinado, apenas por ceder à pressão do presidente, a pretexto dele ser o Chefe Supremo das Forças Armadas. Ao acatar interferência indevida, ainda que do presidente em um grau de relação de hierarquia no qual o infrator disciplinar não tem envolvimento e que, ainda assim se torna o maior beneficiário, a despeito da humilhação e do desgaste a que é submetida a instituição militar. Frágil a justificativa da decisão, para se evitar eventual crise na relação com a presidência. Ela estaria como sempre esteve assegurada na relação do respeito à hierarquia estabelecida constitucional e operacionalmente. Também ao presidente, a eventual sensação de vitória obtida na proteção à punição de um general e seu vassalo, pode ter sabor efêmero, diante do ressentimento que deixou na tropa mais graduada.
Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal