Pedro Ribeiro

 

As ameaças do presidente Jair Bolsonaro às instituições democráticas feitas neste Sete de Setembro, com cheiro de golpe quando exorta a desobediência à justiça, pregando terra de ninguém ou só dele, poderá ter sido um grande tiro no pé. Hoje, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, deverá se pronunciar diante dos ataques porque não atingiu apenas o ministro Alexandre de Moraes, como os pilares do STF.

Também grande número de congressistas, apoiadores ou não do bolsonarismo, estará reunido nesta quarta-feira para uma análise mais apurada da fala presidencial que jogou para os holofotes e campanha para reeleição. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco cancelou as sessões da casa após as ameças golpistas de Bolsonaro.

O efeito colateral da ameaça de golpe chegou como rastilho de pólvora também na Câmara dos Deputados. Arthur Lira, presidente da casa, terá que se pronunciar diante do estrago e lidar com várias pedidos de impeachment, a começar pelo PSDB que se reuniu neste mesmo Sete de Setembro com este objetivo.

É certo que Bolsononaro conseguiu levar muitas pessoas às ruas – 125 mil na paulista – outras 30 ou 40 mil em Brasília, mas não soube aproveitar a oportunidade para falar sobre o Brasil e seus problemas. Mostrou, mais uma vez, que não governa.

Bolsonaro não disse uma palavra sobre a situação da pandemia, desemprego à beira dos 15 milhões de brasileiros, 19 milhões de miseráveis, inflação perto de dois dígitos, gasolina a R$ 7 em vários estados, gás para cozinhar a R$ 100 ou R$ 120 e problema hídrico que poderá paralisar o país.

O pronunciamento de Bolsonaro foi duro com as instituições democráticas e com séria ameaça de golpe. Ele quer o poder a qualquer custo e, com isto, defender sua família de uma série de acusações.

Me lembrou Idi Amin Dada. Ou Napoleão de hospício. Ou, efetivamente, república das bananas.