Pedro Ribeiro

 

 

Quando pensávamos que estaríamos caminhando a passos largos no combate à corrupção no país, vem uma pesquisa que coloca um balde de gelo em todo o trabalho, não apenas da Operação Lava Jato, mas de todo o sistema de controle de desvios de verbas públicas dos cofres da União.

 

Dados divulgados nesta quinta-feira pela Transparência Internacional revelam que o Brasil alcançou sua pior colocação e a pontuação mais baixa no ranking sobre a percepção da corrupção desde 2012. O País aparece na 106ª posição entre 180 países avaliados pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC) em 2019.

 

Um dos entraves ao combate à corrupção no País, segundo o relatório da Transparência foi a “interferência política” do próprio presidente  Jair Bolsonaro em órgãos de controle e a paralisação de investigações que utilizavam dados do Coaf. Esta interferência provocou danos políticos ao ministro da Justiça, Sergio Moro.

 

Outro entrave na agenda da corrupção, de acordo com os dados do relatório, foi a liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que determinou a paralisação das investigações criminais que utilizavam dados do Coaf e outros órgãos de controle sem autorização judicial prévia. A ação “praticamente paralisou o sistema de combate à lavagem de dinheiro do país”, diz o relatório. O plenário da Corte reviu a proibição no fim de novembro.

 

De acordo com a Transparência Internacional, em 2018, o País ficou na 105ª colocação, com 36 pontos, e em 2017 alcançou 37 pontos, no 96.º lugar. O índice é calculado com base nos níveis percebidos de corrupção no setor público por especialistas e empresários – quanto menor a nota maior é a percepção de corrupção no país. Foram utilizadas 13 fontes de dados para o cálculo do índice, entre elas instituições como o Banco Central e o Fórum Econômico Mundial.

 

Em relação a  Bolsonaro, o documento afirma: “Dentre os desafios atuais, há a crescente interferência política do presidente Bolsonaro nos chamados órgãos de controle e a aprovação de legislação que ameaça a independência dos agentes da lei e a accountability dos partidos políticos”.

Os cinco mais bem colocados no ranking são Dinamarca (87), Nova Zelândia (87), Finlândia (86), Cingapura (85) e Suécia (85). Os cinco piores são Venezuela (16), Iêmen (15), Síria (13), Sudão do Sul (12) e Somália (9). A região com a maior pontuação foi a Europa ocidental, com pontuação média de 66. Já a pior região no Índice é a África Subsaariana: 32 pontos de 100.

RANKING

  • Dinamarca
  • Nova Zelândia
  • Finlândia
  • Singapura
  • Suécia
  • Suíça
  • Noruega
  • Holanda
  • Alemanha
  • Luxemburgo
  • Brasil