Pedro Ribeiro

Jair Bolsonaro, como Presidente da República, não deveria sair em defesa de um suposto criminoso e foragido da polícia, como Fabrício Queiroz, deixando missões importantes, como levar informações precisas à população sobre a pandemia.

O presidente deveria verificar porque as verbas de R$ 400 bilhões destinadas pelo próprio governo federal para a saúde pública ainda estão paradas no meio do caminho, pois menos de 40% desses recursos chegaram ao destino para o combate à doença.

Colocar a culpa na imprensa pela paralisação das reformas, defender um ministro incompetente como o da Educação, Abrahan Wintraub, são ações incômodas que poderiam ser evitadas pelo presidente que procura polemizar tudo.

Para lembrar, Queiroz foi preso sob acusação de interferir na coleta de provas no caso em que é investigado por suspeita de participação em esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

No esquema, funcionários de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual, devolviam parte do salário que recebiam. O dinheiro era depositado numa conta de Queiroz, que fez movimentações bancárias consideradas suspeitas em fiscalização federal.

Para o Ministério Público, trata-se de uma organização criminosa montada no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Mas, para Bolsonaro, isso não passa de uma prisão injusta e escandalosa. Desde que o escândalo emergiu, em dezembro de 2018, o presidente e Flávio Bolsonaro, seu filho, dizem que se trata de perseguição política.

A reação de Flávio Bolsonaro à prisão de seu antigo assessor segue nessa linha: “Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro. Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve nenhuma vírgula contra mim. Bastou o presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!”, escreveu o senador numa rede social. (Estadão desta sexta-feira).

Nos trancos, Bolsonaro tenta governar um país mergulhado em crises mas não consegue sair do lugar justamente por perder precioso tempo na defesa de seus filhos, seja no esquema da “rachadinha” ou nas fake news.

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta tinha razão: a prioridade é outra e a saúde fica para um plano inferior. Deu no que deu.