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Câmara Federal inicia análise da PEC de Alvaro Dias que amplia produção de remédios que salvam vidas

Câmara Federal inicia análise da PEC de Alvaro Dias que amplia produção de remédios que salvam vidas

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, assinou Ato nesta quinta-feira (23/09) em que determina a instalaçã..

Pedro Ribeiro - sexta-feira, 24 de setembro de 2021 - 15:07

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, assinou Ato nesta quinta-feira (23/09) em que determina a instalação, na próxima terça-feira, 28 de setembro, destinada a apreciar e proferir parecer sobre a PEC 517/10, de autoria do senador Alvaro Dias, que autoriza a iniciativa privada a produzir, sob regime de permissão, todos os radioisótopos de uso médico.

O projeto de Alvaro Dias chegou à Câmara em agosto de 2010, após ter sido aprovada pelo Senado, e já teve a sua admissibilidade aprovada pela CCJ em julho de 2013. Agora, a PEC será analisada pela Comissão Especial, que será composta por 34 deputados (além de 34 suplentes). Se for aprovada, seguirá para votação no Plenário da Câmara.

O projeto do senador Alvaro Dias, que autoriza a iniciativa privada a produzir todos os radioisótopos de uso médico, quebra o monopólio estatal sobre a atividade. Atualmente, a Constituição já autoriza, sob regime de permissão, a comercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso médico. A produção só é permitida no caso de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas.

Ao defender a aprovação da PEC, o senador Alvaro Dias argumenta que, hoje, a produção de uma série de radioisótopos com meia-vida superior a duas horas – essenciais na medicina nuclear – está sob monopólio da União, o que limita o atendimento a milhares de pacientes de câncer, por exemplo. Os radioisótopos e radiofármacos podem ser produzidos somente por dois órgãos estatais – o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) e o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente.

Nesta semana, a imprensa revelou que o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC), informou aos serviços de medicina nuclear que vai suspender temporariamente sua produção. O órgão alertou que não tem condições de manter sua produção diante da impossibilidade orçamentária para aquisições e contratações.

O Ipen importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no tratamento do câncer. O material é usado na radioterapia e exames de diagnóstico por imagem, entre outros. No documento revelado pelo jornal Estado de S.Paulo, o Ipen explica que está fazendo todos os esforços para manter a produção, mas destaca o cenário desafiador e o momento delicado que a medicina passa diante da pandemia do coronavírus e do corte de verbas.

Diante dos problemas orçamentários para a produção dos radiosótopos, aumenta a necessidade de a Câmara dos Deputados aprovar com maior celeridade o projeto do senador Alvaro Dias. O monopólio na produção dos radioisótopos, segundo o senador, acarreta uma série de prejuízos à população. “Em primeiro lugar, somente hospitais e clínicas situados nas cercanias podem ser abastecidos com radioisótopos de meia-vida curta. Além disso, a logística que envolve o transporte desses produtos até o destino final acaba por encarecer os procedimentos médicos”, explica Alvaro Dias.

Com o projeto que propôs, o senador Alvaro Dias espera viabilizar o estabelecimento de centros de medicina nuclear em diversas regiões do País. “Os pacientes, por sua vez, são obrigados a se deslocar até os centros médicos que dispõem da tecnologia. Essa condição sobrecarrega as poucas unidades de saúde que oferecem os serviços e limita o acesso da população aos benefícios da medicina moderna”, diz o senador.

Exemplos de radioisótopos que poderão ser produzidos em outros estados a partir da aprovação do projeto são o iodo-123, que tem meia-vida de 13,2 horas; o tecnécio-99, com meia-vida de seis horas; e o samário-153, com meia-vida de 46 horas. Os dois primeiros são usados na avaliação de funções tireoidianas e o último é utilizado na terapêutica de pacientes com metástases ósseas.

De acordo com o ato assinado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, a comissão especial será instalada em reunião a ser realizada às 14hs do dia 28 de setembro, no Plenário 10 do Anexo II. Na ocasião, além da instalação da Comissão Especial que vai proferir e votar parecer sobre o projeto, serão eleitos o presidente e vice e o relator da PEC de Alvaro Dias sobre os radioisótopos.

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