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Alceo Rizzi

 

O general e ex-ministro da Saúde prestou para si mesmo um grande desserviço, dentre os tantos já cometidos também à instituição militar, ao se recusar em depor na CPI da Covid no Senado na primeira convocação, sob pretexto falacioso de ter mantido contato dias antes com assessores infectados pelo vírus. Deveria já ter percebido na cambulhada em que se meteu e que só aumenta a cada dia que passa ao acatar sugestões e aconselhamentos de gente do governo, de quem seguiu orientação.

Parecem mais atrapalhados e amedrontados que ele diante da perspectiva de seu depoimento. E só atraem sobre ele a atenção e a expectativa redobradas, com nível de tensão e carga emocional ainda mais elevados para quem já não faz questão de dissimular o amedrontamento fisiológico de comparecer, como se já não fosse suficiente a personalidade frágil e o caráter sabujo já demonstrados quando exercia o cargo de ministro.

Já pensaram e se debatem em todas as fórmulas e alquimias na tentativa de tira-lo, pela segunda vez, da cadeira de testemunha da CPI. Até mesmo em recorrer à Justiça, com ingresso de habeas-corpus preventivo para que ele nao compareça pela segunda vez. Manobra que, independentemente de dar certo ou não, talvez esteja agora provavelmente comprometida, diante do ofício que teria sido enviado, no final da tarde de quarta-feira ao senador que preside a CPI, assinado pelo Comandante do Exército, informando que o general foi comunicado sobre a data de seu depoimento, passados os 14 dias de sua pretensa quarentena.

A economia de palavras e o recado implícito contido no ofício de comando, parece mais que ordem unida. Antes, os mesmos gênios de lamparinas que o aconselham, teriam sugerido que, na hipótese inevitável de sua presença na CPI, ele compareça para depor vestindo sua a farda de general. Foi o vice-presidente, também general, quem desta vez deu o recado, para que ele deva comparecer para depor vestindo trajes civis.

Para quem assumiu o Ministério como especialista em logística e já confundia hemisférios, e em meio a tanto fogo cruzado dá para imaginar a confusão e o pesadelo em que se meteu o bravo. Se comparecer e não ficar calado, já é mais que um depoimento. É promessa de espetáculo.

 

Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal