Pedro Ribeiro

Por Alceo Rizzi

Pode-se não gostar do ex-presidente Lula, por muitos motivos justificados e outros tantos apenas por antipatia, seja ela política, ideologia, pelo partido que ele representa ou por repulsa a todas as denúncias de corrupção e condenações havidas, comprovadas ou não em seus governos. Mas, Lula, na primeira entrevista que concede agora com direitos políticos readquiridos, temporariamente ou não, a depender da estabilidade judicial da Suprema Corte, mostra que não perdeu as qualidades que o tornaram maior líder popular da História do País.

Ressurge de sua própria sombra com a mesma retórica, coloquial, intuitiva, direta, inteligência emocional e carisma capaz de convencer muita gente a comprar bilhete premiado.

Muitos sabendo o que fazem diante da opção em escolher viver ou reviver nova e fantasiosa ilusão, ou a manter cenário sombrio e de trevas, de psicose doentia e primitiva que mantém o País em pernicioso e contínuo sobressalto. A menos que o tempo do destino opere milagre e o salve de nova polarização nas próximas eleições presidenciais.

Pelo andor dessa procissão, o Santo que se carrega talvez seja apenas detalhe sem importância diante da tragédia e da escuridão a que se assiste hoje presentes na pandemia e no comando do País. Mesmo que alguns ainda prefiram os círculos de fogo, parodiando a Divina Comédia.

 VAI DAR TRABALHO

Sem entrar em mérito de conteúdo, simpatias ou devoções, fato é que já na primeira entrevista concedida depois de readquirir seus direitos políticos, o ex-presidente Lula conseguiu fazer com que o atual se sentisse levado às cordas, e nem sequer houve pancadas que justificassem. Reagiu de imediato como alguém atordoado, deu eco à entrevista do ex-presidente ao rebater questões pontuais do discurso com retórica conhecida, quando Lula sequer tenha se declarado candidato a sucessão, ainda que isso seja uma falácia.

A estupidez ignorante sempre que provocada reage. Dá para prever o que pode acontecer daqui para a frente e depois, quando o ex-presidente for candidato e modular seus discursos com seu faro intuitivo. Parece que pode faltar cordas e analgésicos. É o que parece! Bem ou mal, já estava na hora de alguém conseguir dar um chega pra lá na insanidade, ainda dele se questione. Logo, logo desmontam o circo cercadinho com os aloprados de aluguel nas saídas do Palácio do Alvorada.

Ou contratar monges budistas como conselheiros, para meditação conjunta durante café da manhã, antes da saída, para domar o instinto de estupidez primitiva. Vai dar trabalho!

 

Alceo Rizzi é jornalista e colaborador do Paraná Portal