Pedro Ribeiro
(Foto: Andrea Román/Pexels)

A Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Covid – hoje com mais de mil páginas, está deixando de lado seu objetivo principal que é o de confrontar as ações do governo federal em relação à pandemia e partindo para ataques pessoais e até mesmo para resgatar senadores acusados de corrupção e colocando-os como paladinos da justiça no País. Tudo errado.

Ao incluir o deputado federal e líder do Governo, Ricardo Barros, na lista dos investigados da CPI da Pandemia, o senador Renan Calheiros atropela as boas práticas jurídicas e investigativas, e reforça a ação arbitrária e oposicionista da Comissão.

Renan argumentou que Ricardo Barros passou a constar na lista “pelo conjunto da obra, pelos indícios, pelo envolvimento, pela comprovação da participação dele em muitos momentos”.

A frágil justificativa não se sustenta pelos fatos e muito menos nos depoimentos colhidos pela CPI. Basta uma consulta aos vídeos e às notas taquigráficas das sessões para reduzir a pó a fala de Renan Calheiros.

Todos os depoentes ouvidos na Comissão – sejam funcionários públicos de carreira, ex-servidores comissionados, empresários ou representantes do setor privado – negaram a participação de Ricardo Barros em qualquer negociação ou contrato junto ao Ministério da Saúde.

Ontem, 24, em depoimento aos senadores, o presidente da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, disse que Barros não se envolveu nas negociações da vacina chinesa Cansino.

Mais um na lista formada pelo técnico do Ministério da Saúde, William Santana; a fiscal de contrato do MS, Regina Célia; o ex-diretor do Ministério, Roberto Dias; os representantes comerciais Luiz Paulo Domenguetti e Cristiano Carvalho; o ex-servidores do MS, coronel Marcelo Blanco e Francieli Fantinato.

Todos negaram influência do deputado Ricardo Barros nas decisões do Ministério da Saúde ou na comercialização de vacinas.

Aliás, desde que foi citado na CPI, há cerca de dois meses, o líder do Governo vem rebatendo todas as ilações levantadas pela Comissão ou pela imprensa. Não houve um tema sem resposta ou explicação.

Algumas reportagens, inclusive, foram baseadas em dados e informações sigilosas vazadas criminosamente de dentro da CPI. Prática absolutamente covarde com o objetivo de manter a narrativa mentirosa na mídia.

O tão aguardado depoimento de Ricardo Barros, que havia sido marcado e cancelado duas vezes sem justificativa, foi interrompido logo no início, por uma decisão abrupta do comando da CPI.

Acostumados a comandar uma inquirição espetaculosa e sem espaço para a divergência, os senadores não suportaram o contraditório e o desmonte das versões impostas até aquele momento.

Com firmeza Ricardo Barros apresentou dados, informações e vídeos que refutaram uma a uma as alegações apresentadas pelo relator. Provou que as acusações não passam de narrativas inverossímeis para desgastar o governo.

E ao expor o óbvio, que o ambiente inquisicional da CPI está afastando fornecedores de vacinas e insumos do Brasil, Ricardo Barros escancarou o viés intransigente e autoritário da Comissão.

A verdade é uma só: a CPI da Pandemia só está interessada em ouvir o que lhe convém.